segunda-feira, 30 de junho de 2014

ARENGA TRINTA E OITO


As expressões “esquerda” e “direita”, embora os requebradores de quadris pensem ser o rumo que alguém toma ao entrar nos terreiros de futebola ou axé, significam na realidade dois ideais cada um afirmando ser sua proposta de organização social melhor que a proposta do outro. Aqueles que alcançaram discernimento suficiente para se libertar da condição de manada sabem da ocorrência de um movimento na França no final do século XVIII, objetivando introduzir mudanças na forma de administrar a sociedade francesa daquela época dos reinados e da nobreza. Na assembléia onde os assuntos eram discutidos, os defensores de melhores condições sociais e benefícios para o povo foram se identificando naturalmente entre si e terminaram por se posicionar num só lugar, e este lugar era o lado esquerdo da sala onde se reuniam, enquanto os mais conservadores, aqueles que defendiam um tipo suave de mudança, também terminaram por ocupar os acentos situados de um só lado da sala das reuniões, e este lado era o lado direito da mesma sala, surgindo, em consequência, as denominações de esquerda e esquerdista para quem está certo de ser melhor uma administração que leve em consideração o direito que o povo deve ter de participar das benesses na distribuição dos recursos públicos, tendo em vista ser ele o responsável pela existência destes recursos. Este é o ideal dos esquerdistas que se identificam com aquele pessoal lá da assembléia francesa na sua vontade de fazer reconhecer algum mérito ao trabalho do povo. Por outro lado, os adeptos da direita, os direitistas, os que se identificam com a turma lá da assembléia francesa que não queria nem mesmo perder os anéis, estes estão certos de que o povo deve se conformar apenas em cuidar da produção dos recursos, ficando fora da decisão sobre como, quando, e em que empregá-los, o que pode até vir a ser bom ou mesmo ótimo, quando os recursos públicos forem corretamente aplicados, o que só será possível quando se cumprir a profecia do governador de São Paulo quanto a faltar guilhotina.

A realidade, entretanto, é que não é o medo que convence ninguém a mudar de comportamento. Se assim fosse, não haveria crime onde há pena de morte. O que leva alguém a proceder de determinada maneira é o convencimento. As explicações, os exemplos, podem contribuir para o convencimento, desde que haja da parte de quem ouve a devida receptividade. O tempo e a observação da vida são os convencedores mais eficientes do mundo. Exatamente por isso que o Mestre do Saber Thomas Paine disse estas palavras que copiei da introdução do livro Senso Comum: “O tempo faz mais convencidos que a razão”. Nada mais correto. A criancinha capaz de colocar o dedo no buraco onde há eletricidade, com o passar do tempo será totalmente incapaz de fazê-lo por espontânea vontade.

Aqueles que reúnem as condições de ter observado a vida por muitas décadas e de ter entrado em contato com os ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, percebem estar errado tudo isto que aí está. Tão errado que já se fala até em guilhotina. E por falar em guilhotina, o movimento denominado Revolução Francesa demonstrou que apesar da lentidão com que ocorre, o comportamento humano tende a evoluir para a civilização. Houve tempos mais bárbaros ainda do que os tempos da revolta dos franceses, que eram tempos ainda mais bárbaros que os tempos atuais, tão bárbaros que os seres humanos se matam entre si numa brutalidade superior à brutalidade dos irracionais. Entretanto, apesar da selvageria em que vive a humanidade, é inegável a incidência de uma réstia de luz civilizatória sobre a mente dos brutos seres humanos iluminando com luz de candeia a escuridão por onde caminham os seres humanos a partir do topo das árvores, quando nenhuma diferença havia entre eles e os outros bichos, passando pela fase atual em que se diferenciam completamente dos outros bichos no aspecto físico, mas muito pouco no aspecto espiritual. Tão atrasados espiritualmente estão os seres humanos que de refrega em refrega estão a se autodestruir num morticínio no qual se inclui matar até por amor. Inventaram um tipo especial de matador chamado de passional, merecedor de certa compreensão pelo fato de ter sido tomado de forte emoção e ter agido fora do normal. Isto que chamam de emoção nada mais é do que a raiva do tempo de bicho que aflora nascida do inconformismo de perder o objeto no qual encontrava prazer ou proteção e uma felicidade imaginária e falsa por depender de ter a outra pessoa os mesmos sentimentos e vontades, coisa nem sempre possível.

Da baixeza espiritual decorre a insensibilidade social da qual resultam comportamentos que levam alguém a entrar no elevador primeiro do que os que lá estavam a esperá-lo, motivo suficiente para demonstrar a necessidade de cutucar a juventude com ferrão para caminhar mais depressa em direção a um mundo onde pessoas educadas possam viver bem também. O pouco desenvolvimento mental humano não permite ainda a percepção de um sistema de organização social menos primitivo. Até se diz que a democracia, a forma adotada na maioria do mundo para montar sua organização social é a menos pior das formas já experimentadas de administração pública, o que é mais um motivo de alerta a para o fato de estar sendo a juventude conduzida por um sistema apenas menos pior do que os demais tentados. Não há razão para permanecer nele já que não é bom. Se não o é, precisa ser mudado para outro, até que se encontre um bom sistema de administração pública. Nenhuma lógica existe em se administrar uma organização de um modo ruim por não existir um modo bom e não procurá-lo. Quando uma pessoa ou uma sociedade não está se sentindo bem é por existir necessidade de se mudar alguma coisa. Nossa sociedade, por exemplo, carece de mudar tudo, mas como fazê-lo, se os donos dos traseiros acomodados nas poltronas do poder e que não os quer fora de lá seriam os responsáveis pela mudança que os tirasse do bem bom da situação dos deuses do Olimpo?

Já se diz acertadamente não haver problema sem solução, tirando fora o problema de recolocar a pasta de volta ao tubo. As infelicidades que os seres humanos causam a outros seres humanos tem efeito negativo também sobre os causadores em virtude da comunhão social desconsiderada por pura falta de conhecimento da sua existência. Quem sai de uma festa para entrar em outra não tem tempo para aprender que uma usina nuclear pipocada no Japão pode perfeitamente danificar a saúde até de nós lá na Barra da Choça. É um grande erro não se levar em consideração o entrosamento que existe de fato entre nós componentes da sociedade. Quem requebra os quadris, nem sequer se lembra de agradecer aos responsáveis pela construção do lugar com participação variada de quem cavou o alicerce, construiu, iluminou com a energia que para existir e chegar ao local do requebramento demandou outra pá de gente, sem conta os organizadores da festa, os responsáveis pelo som que marca o momento exato em que os quadris devem estar do lado direito e do lado esquerdo. Pois é de uma imensidão de pessoas que depende o cumprimento do dever cívico de requebrar os quadris ora para um lado, ora para o outro lado.

Na verdade, a democracia não é apenas a menos ruim por ser tão ruim quanto as outras já tentadas. O primeiro defeito desse sistema está na forma de escolher os responsáveis pelas chaves dos vários cofres onde estão amontoadas fortunas imensas. É de total infantilidade o processo pelo qual se faz esta escolha que apesar de importante assemelha-se a brincadeira do faz-de-conta. Todos os pretendentes à posse da chave juram de pé junto ser honesto e digno de ser portador da chave e um grande alvoroço se estabelece entre tantos patriotas cada um querendo dar mais de si em benefícios dos interesses do povo. É tanto patriotismo que devia servir de cartão postal do Brasil no lugar do futebola. É verdade haver quem queira ver as coisas em ordem como nossa Heloisa Helena e Joaquim Barbosa, mas, por isso mesmo, perseguidos, fato que por si só mostra o quanto é falho o processo de escolha dos felizardos que irão ocupar o único emprego que torna rico o empregado e empobrece o patrão. É inadmissível um processo de escolha que escolhe os menos indicados para os cargos. Ninguém individualmente escolhe o menos apto para executar algo para si. Entretanto, quando se trata do coletivo, cada um faz escolha dos piores e é em função deste processo maluco que são publicadas nas páginas policias as notícias sobre os responsáveis escolhidos para receber a chave do cofre. Mas como o saco já encheu, arengaremos depois, Inté.

 

 

 

 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

ARENGA TRINTA E SETE


Comparar a imprensa ao espelho que reflete a alma da sociedade é uma boa comparação. As notícias mostram a alma da nossa sociedade em desespero a clamar por um exorcismo da imoralidade e de tudo quanto é ruim e da preferência dos brasileiros, colocando paz e felicidade no lugar do demônio que infelicita esta pobre nação desde que os primeiros estrangeiros das bundas brancas colocaram aqui seus pés em forma de pé-de-cabra, portando muita religiosidade e muitas imagens de santo. A aflição maior da alma social é ver sua juventude se tornar completamente imprestável para qualquer coisa que não seja brincadeira, recusando-se, inclusive, a aceitar a maturidade, tornando-se adultos com tão pequeno desenvolvimento mental que não chega a ser suficiente para lhes permitir distinguir já não serem mais crianças, razão pela qual vivem a brincar de soltar bombas e requebrar os quadris do mesmo modo como faz uma doce e inocente menininha colocando as duas mãozinhas na cintura. Esta infantilidade levou os adultos a aprenderem a rebolar, coisa que eles fazem com orgulho, para tristeza e lamento da alma de nossa sociedade de idiotas que por não poderem ser mais idiotas, esburacam as orelhas, o nariz e os beiços para colocar objetos de metal nos buracos.

É tamanho o envolvimento com brincadeiras que os adultos não alcançam o enorme significado escondido em uma simples notícia de jornal dando conta do impasse em que estará a presidente Dilma no caso de ter de comparecer ao encerramento da Copa do Mundo se o Brasil for o vencedor. Como a única coisa que os brasileiros sabem fazer além de roubar, imitar, e não ter vergonha, é jogar futebola, é grande a possibilidade de ganhar, o que deixará a presidente anfitriã deste monumental desperdício de dinheiro público no dilema de cumprir seu dever de comparecer ao congraçamento final, mas se aparecer por lá será com certeza xingada, vaiada, espinafrada. Esta situação que nada significa para os comedores de hóstias e soltadores de bombas, no entanto, expressa o perigoso descompasso no relacionamento entre líder e liderados, do que resultam todos os motivos pelos quais sofre a alma de nossa sociedade. Ela se ressente enormemente de ver inimizade entre o povo e sua líder maior porque o natural, a forma como a natureza determinou, não é assim. O líder é sempre bem-vindo à presença de seus liderados e até nos filmes se tem o exemplo de que o líder está sempre junto a seus liderados para o que der e vier. Quanto maior a dificuldade dos liderados, maior a presença do líder. Como se explica, então, uma situação em que a líder teme seus liderados? Disto se queixa a alma social do Brasil nas pessoas que conseguiram por esforço próprio sair do meio da manada porque só com muito esforço individual se deixa de ser conduzido mentalmente visto que o sistema de educação não quer nem saber disto por ser mais conveniente aos senhores donos das negociatas na rendosa indústria da educação.

O entendimento desta situação e iniciativa para reverter isso daí é o único caminho de salvação da derrocada total desta sociedade de manada por ser uma situação insustentável esta de completo afastamento entre governantes e seus governados. O governo permanece enclausurado num mundo fantasioso onde nada falta e tudo sobra, e os pés afundam nos tapetes que só faltam voar pelo ambiente mágico dos palácios, tão mágico que transforma analfabeto em doutor, pobre em milionário, milionário em bilionário, antigos desafetos em amigos aos abraços, e criminosos em inocentes. Ao contrário, o povo vive às turras com bandidos e a polícia. É deste divórcio entre governo e governados que nasce um ambiente de brutalidade e sofrimento como o vivido, quando uma parte da população vive de esmola da cesta básica paga pelo trabalho da outra parte, e, juntas, requebram os quadris no axé e no futebola enquanto adoram “celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo.

Se a juventude não despertar para o imbróglio em que está sendo envolvida, estará pavimentando o caminho por onde suas criancinhas rechonchudas caminharão para um Armagedon. Um despertar é necessário, e consiste apenas em prestar atenção às coisas e aos acontecimentos à volta. Não é preciso se dedicar ao estudo porque quem não sabe a diferença entre “come” e “comer”, como não sabem os jovens, é por não saber ler. Assim, um simples momento de reflexão sobre os acontecimentos vivenciados no dia a dia é suficiente para perceber estar tudo errado. Mas esta percepção só poderá aparecer quando o desenvolvimento mental acompanhar o desenvolvimento físico. No momento em que isto acontecer, perceber-se-á a realidade de se viver num mundo ilusório. Só assim se explica tanta alegria a ponto de se gastar muitos bilhões para fazer festa, com total escárnio dos que lamentam suas dores de carentes.

Os bailarinos de axé e comedores de hóstias não sabem, e jamais saberão enquanto suas companhias preferidas forem “celebridades” e “famosos” que preferem Copa a escola e hospital vivendo num país de doentes e analfabetos. Passada essa fase de estupidez homérica, tomarão conhecimento de um ensinamento que ensina ser a propaganda a arte de explorar a estupidez humana. Prova ser verdade esta afirmação o fato de fazer a propaganda com que as pessoas são tomadas por um impulso irresistível de “ir às compras”, principalmente quando se pode tornar pública a chiqueza de comprar em Me Ame.  É exatamente esta estupidez que alimenta a ilusão de se estar sendo bem governado. O governo se distanciou tanto do povo que o contato entre ambos é feito através de propaganda. Como ninguém é contra si mesmo, situação até prevista na lei que dá direito a não ser obrigado o fazer prova contra si próprio, o governo propaga que ele é que é o bom, e o faz com o dinheiro dos que ouvem a sua propaganda de ser o tal e que ficam convencidos de ser mesmo.

Trata-se de uma situação desgraçada que precisa ser pensa e repensada até ser modificada. Não pode dar certo este modo tradicional de se administrar a riqueza pública porque o instinto de rato que a todos afeta, uns com maior intensidade como os brasileiros, outros com menor, mas todos os seres humanos sentem saudade do tempo em que se procurava precaver da escassez de alimento, tempos em que não havia necessidade de se respeitar a integridade física alheia. É esta saudade da brutalidade que impele à enganação para dela tirar proveito, razão dos conflitos que a todos infernizam, sendo, portanto, necessário surgir uma juventude que se contente apenas com os buracos que a natureza botou em seu corpo e use o tempo de fazer novos buracos em coisa mais digna perante seus descendentes como matutar numa forma de se reverter o quadro desolador atual para o bem-estar tanto dos governados e seus descendentes quanto dos governantes e seus descendentes porque num ambiente de paz as pessoas dos governados não precisariam ter medo das ruas e as pessoas dos governantes não precisariam ter medo da sombra fantasmagórica da guilhotina do governador de São Paulo. Mas como saco tem limite, arengaremos depois de desopilá-los. Inté.

 

 

 

 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

VERSO E REVERSO


Os Ricos donos do mundo estão a se borrar de medo do monumento de dignidade, o ministro Joaquim Barbosa. Os lacaios da imprensa dos ricos denigrem a imagem daquele homem íntegro e amante da justiça. Como a ignorância do povo é do tamanho da riqueza dos ricos donos do mundo, e sua incapacidade de raciocinar ainda é maior, de calúnia em calúnia a banda podre da sociedade faz crer que a podridão está é na banda sadia da qual fazem parte Joaquim Barbosa, Heloisa Helena e Eliana Calmon. Na falta de uma juventude participante, acaba prevalecendo a canalhice e o Brasil segue navegando seu mar de lama no qual chafurda um povo de monumental ignorância e mal caráter que prefere a corrupção da Copa do Mundo a escolas e hospitais, perpetuando o estado mórbido social que espalha pedaços de corpo humano pelas ruas e o roubo aberto do erário.

É possível um país de sorte tão desgraçadamente ruim quanto este Brasil de triste sorte? Como podem canalhas se arvorar impunemente a denegrir a imagem de um homem de quem nunca se ouviu uma canalhice sequer, em meio a tantas que inundam as páginas dos jornais? À falta de alguma improbidade praticada pelo homem a quem procuram a todo custo denegrir, acusam-no de comprar um apartamento modesto, coisa absolutamente normal. Cadê uma juventude capaz de entender as entrelinhas dos escritos desta corja assalariada pelos ricos para caluniar quem quer implantar ordem nesse ambiente de canalhices e torpezas? O ódio que as matérias jornalísticas destilam contra o ministro Joaquim Barbosa seria destilado contra Lula se ele não fosse um politiqueiro apenas, mas fosse realmente o estadista que fingia ser, tivesse feito o que prometia: imposto sobre grandes fortunas, reforma agrária e educação eficiente para os pobres. Em vez disso, o que ele fez foi dar a mão a Edir Macedo, aliar-se a Maluf, Sarney, Renan, Barbalho, ficar tão rico quanto eles, razão pela qual, também como eles, tomado de pavor ante a possibilidade de vir o ministro Joaquim Barbosa a pegar-lhes no pé.

Sempre foi assim e assim será enquanto a burrice do povo impedir atitudes inteligentes que permitam distinguir entre canalhas e homens de bem a quem entregar a administração dos recursos de sua sociedade. Em vez disso, escolhem viciados em ajuntar riqueza e canalhice. Entre os milhões de acontecimentos inaceitáveis em qualquer ambiente normal, mas que nada significam para o povo, o mais recente deles é o fato do presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro usar policiais militares como vigias de sua fazenda, enquanto o povo das localidades onde se implantou espalhafatosamente a palhaçada inútil da pacificação clama por um vigia que o proteja dos bandidos sem gravata. São os adeptos da prática de assenhorar-se dos bens públicos que bradam impropérios contra homens como Joaquim Barbosa porque fosse ele o presidente da república, como os bandidos do Mensalão, não encontrariam a moleza que encontram os bandidos nas CPIs onde declaram nada haver a declarar, recebem afagos, pedidos de desculpas pelo incômodo, autógrafos, salamaleques, e voltam para suas ricas residências e a vida de mafiosos. Até quando? Isso vai dar em coisa muito ruim para as criancinhas rechonchudas de hoje.

Vive-se uma mentira maior do que o país. Juristas que contorcem as interpretações na medida do bolso do favorecido fazem pose para demonstrar erudição inútil ao ministrar aulas sobre uma constituição também inútil e que serve apenas para fornecer brechas pelas quais escapam os protagonistas dos mais variados tipos de sacanagens armadas contra o povo indiferente a tudo que não sejam brincadeiras, “celebridades” e “famosos”, todos ridículos e desprezíveis num ambiente de pessoas não idiotas. Os juristas frequentadores de palácios, posudos, e movidos a altas recompensas em troca de bajulação aos ricos donos do mundo estão sempre a alegar ofensa à constituição pelos mais variados motivos sempre que algum figurão do mundo corrupto precisa legalizar uma canalhice, como ficou evidente no julgamento do Mensalão, quando se viu um ministro mancomunar com bandidos para ficar com parte do produto do roubo que eles fizeram do dinheiro público considerado de ninguém pela turba de requebradores de quadris. No citado julgamento, apenas o ministro Joaquim Barbosa, e somente ele, se empenhou em punir os culpados, enquanto se percebia claramente o esforço de colegas seus para beneficiar a cambada de Mensaleiros que o detestam juntamente com seu partido pela justa razão de que o medo dá origem ao ódio e a todos apavora a idéia de um Joaquim Barbosa na presidência da republica.

Os posudos e eruditos juristas tão afeitos ao rigor constitucional não explicam o motivo pelo qual não é inconstitucional a inexistência da segurança, a saúde e nem a educação que lá estão garantidos.

Felizmente, no meio do povo imbecilizado já despontam alguns gatos pingados que tomam consciência de algo errado nesse ambiente de inversão de valores que premia os menos aptos a uma convivência civilizada e premia os inimigos da paz e amantes do banditismo e da ignorância. Assim, faz-se urgentemente necessário que mais e mais indiferentes às investidas das mentiras e prestem atenção no que dizem Joaquim Barbosa, Heloisa Helena e Eliana Calmon, e meditem sobre o que eles dizem. Quem é capaz de meditar, é por não ser tão burro assim. E quem não é tão burro assim haverá de concluir que naquelas pessoas está a salvação das futuras gerações. Está na hora de deixar a burrice de lado. Inté.  

     

 

domingo, 22 de junho de 2014

O REI E A SEGUNDA PROFECIA


O velho rei-pai, ao entregar a chave do curral ao jovem rei-filho recém coroado, depositou ao lado do prato de ouro e do talher de ouro, a taça, também do ouro tomado dos Incas assassinados, e, como se pensasse alto, falou: “Filho meu, filho meu: maneje com sabedoria o gado teu”.

As criancinhas rechonchudas vão ter a chance de deixar de ser manada. O nobre senador Pedro Simon declarou a disposição de fazer um trabalho junto aos jovens no sentido de conscientizá-los politicamente, coisa que o sistema educacional procura evitar por motivos só conhecíveis através das entrelinhas, aquele fato me parece alvissareiro e atiçou ainda mais minha disposição de atiçar os jovens na arte de aprender a pensar. Os jovens são a única força capaz de revirar esse mundo como ele precisa ser revirado, e a única forma de se fazer esse reviramento é através dos jovens, por serem as únicas criaturas receptivas a novas idéias quando percebem serem mais convenientes que velhas idéias. Até tive orgulho em sentir o senador voltar sua atenção para a juventude, porque, como iletrado, ao contrário do senador, tenho tentado dizer aos jovens da vantagem de ensinar a seus filhos e filhas a serem amigos e amigas da paz encontrada na espiritualidade e na sociabilidade das quais resulta a irmandade, o ânimo para a cooperação e o desânimo para a competição por ser mãe da violência e da infelicidade.

Hoje, Sara e eu levamos a um salão de brinquedos três crianças de amigos trabalhadores rurais que vieram nos visitar e que batalhavam conosco quando eu era tão mais idiota a ponto de acreditar na atividade de pequeno produtor rural onde só fiz penar e ser vítima da legislação trabalhista com a qual o governo desestimula os pequenos agricultores para dar uma força ao agribiuzinesse, como se não bastasse escancarar-lhe as portas do BNDES. Enquanto as crianças brincavam, eu observava com tristeza que as brincadeiras preferidas eram as de matar inimigos e destruir coisas com armas que vomitam fogo e espalham destruição. Não passa pela cabeça dos jovens pais que a inoculação da violência na personalidade de seus filhos vai torná-los jovens tão malucos a ponto de disparar metralhadora sobre outros jovens.

A cultura milenar de tirar proveito do próximo está tão profundamente enraizada na personalidade da juventude, que eliminou em suas mentes a possibilidade de se viver sem precisar tomar nada de ninguém, muito menos violar sua integridade física, coisa tida como de somenos importância, mas razão de tanta infelicidade e choro desnecessários caso fossem evitados os transtornos que lhes dão causa. É impossível aos jovens deixar de futucar os aparelhos que viciam em futucação, cuja necessidade lhes é incutida por papagaios que papagaiam em microfones, mas não é impossível para eles orientar seus filhos no sentido de evitar que fiquem também tão viciados em futucar aparelho eletrônico a ponto de almoçar e futucar ao mesmo tempo, o que os danifica tanto quanto as drogas. Os jovens que já são viciados em drogas, se gostam de seus filhos, ensine-os inteligentemente que as drogas usadas com sabedoria e sem afoiteza são extremamente necessárias na velhice apenas porque a mente do velho é tão complicada que só se pode sentir, mas não explicar. Estas complicações mentais produzem às vezes algum mal-estar inexplicável que o uso moderado de alguma droga leve ajuda a superar, do mesmo modo como o analgésico disafasta a dor de cabeça. Mas para que o jovem chegue à velhice em disposição física que permita usar alguma droga que não as da UTI, é preciso que ele guarde para o futuro velho que ele vai ser alguma reserva da saúde de agora, o tempo de jovem. Usando drogas na juventude, nenhum jovem chegará à velhice em condições de poder usar o analgésico para os mal-estares mentais da inevitável velhice. Os jovens devem e precisam dar um jeito, cada um do seu modo, mas precisam afastar as crianças das drogas, sendo isso possível apenas pelo convencimento. Nunca por medo a alguma coisa.

Não há processo capaz de aferir o tamanho da estupidez em se deixar de se viver de um modo melhor e fazer opção por se viver de um modo pior. Mas isso é o que acontece, e acontece unicamente pelo fato de não se procurar saber se há outro modo de se viver que não este a que se está acostumado, de andar pelas ruas se desviando de cadáveres ou mesmo pedaços deles. A vida como é vivida pelos seres humanos é ainda mais bruta que a vida dos irracionais a perseguirem-se mutuamente porque os humanos não tem necessidade de perseguir ninguém desde que disponham a usar a capacidade de raciocinar, maior presente da natureza, e adotar procedimentos dos quais resultem bem-estar em vez de mal-estar, precisando para tanto apenas de um despertar para as vantagens de uma vida civilizada em oposição ao mundo de selvageria, falsidades, mentiras, crueldades, desfaçatez, ignorância, brutalidade e falta de vergonha em que se encontra a humanidade, mormente povos ainda menos dotados de sociabilidade como nós que vivemos em meio a tiroteios e promessas e mais promessas de mudança que só acontecem para deixar a vida ainda pior do que era antes da mudança. A única mudança capaz de superar os conflitos é implantar um sistema educacional que forme cidadãos porque para pessoas esclarecidas não há ser humano que mereça a indignidade com que é tratado o povo. Uma parte do povo, como toda construção, inclusive a riqueza, precisa de material, foi classificada pelos economistas por ordem dos ricos donos do mundo como material Humano. Os demais são considerados inconvenientes pela petulância de reivindicar tratamento de gente, devendo, portanto, na cultura do capitalismo, serem enviados a uma cova onde haverão de se sentir mais anchos que na vida, no dizer do nosso Chico, o poeta maior.

                 Torço com toda minha força e vontade para que funcione a jornada que o Professor Pedro Simon vai empreender no sentido de abalar da letargia a juventude e despertá-la para a verdade de que este modo de vida não é modo de se viver, fazendo ver aos jovens que tudo decorre do seu alheamento quanto ao destino de sua sociedade. Armou-se um circo destinado a prender a atenção dos espectadores por “famosos” e “celebridades” de M. enquanto seus bolsos são esvaziados sem necessidade de sutileza como mostra esta notícia no jornal O Globo de hoje, 22/6/14: FARRA DE ADITIVOS NA ABREU E LIMA: 770% ACIMA DO PREVISTO, o que é o maior dos absurdos, mas que a ninguém incomoda. O dinheiro que o povo fornece para os gastos sociais é canalizado diretamente para o bolso do mundo corrupto dos ricos donos do mundo sem o menor constrangimento. Magina só que situação desgraçada em que um empreendimento orçado em 2,3 bilhões de dólares venha a custar 20,1 bilhões, setecentos e setenta vezes mais caro. Apenas isso: setecentas e setenta vezes mais caro. Nenhum dono de nenhuma das empreiteiras que comeram essa grana deixaria de fuzilar um gerente seu que malversasse apenas um bilionésimo desse embróglio. Só nas entrelinhas se pode encontrar a explicação do porquê de estarem todas as atenções voltadas para as notícias sobre a festa do futebola. É para tirar a atenção destas coisas que existem as festas. Segundo matéria escrita pelo frei Beto na revista Caros Amigos, a Copa teria custado vinte e oito bilhões no lugar dos dez a doze bilhões previstos inicialmente. Assim, de surrupiamento em surrupiamento é que falta recurso para tudo, menos para roubo e circo, sendo perceptível apenas a quem lê nas entrelinhas o motivo de tantos idiotas risonhos e felizes nas notícias da imprensa sobre futebola compartilhando a ignorância de quem prefere Copa a escolas e hospitais.

Felizmente, quem repudia a vida idiota vivida por idiotas já pode contar com uma ainda tênue, mas pelo menos uma réstia de esperança na campanha do senador Pedro Simon porque ele tem conhecimento destes fatos, é contra eles por ser honesto como estadista que é, tem poder de convencimento tanto por falar a verdade quanto por sua oratória brilhante e elevado nível cultural. Assim, Dr. Pedro Simon, os brasileiros que não integram a manada lhe desejam melhor sorte do que teve o Menestrel das Alagoas, no dizer dos nossos compositores maiores, Milton Nascimento e Fernando Brant, em referência à maratona levada a efeito pelo seu colega Teotônio Vilela, também na tentativa de fazer com que a verdade sobrepujasse a mentira. Avante, pois, bravo senador! As futuras gerações reconhecerão seu mérito de enfrentar na condição de meu colega de velhice a luta que os jovens pais deles não tiveram a sabedoria de lutar contra os desmandos que certamente anularão a possibilidade de virem elas a viver sem grandes tormentos no futuro.  Por isso, nada mais bem-vindo do que um bravo senador em carne e osso, ainda que mais osso que carne, a cavalgar um imaginário Rocinante, portando um discurso de paz no lugar da espada, arrebatando as atenções para as mazelas que precisam ser combatidas com sabedoria para evitar que da tentativa de trazer o bem sejam produzidos outros males como tem acontecido nos processos violentos de mudança. Dos ensinamentos que Vossa Excelência transmitirá aos jovens certamente os convencerão de que a paz deve ser o objetivo maior de se lutar em defesa do futuro das criancinhas rechonchudas que pilotam os carros de compra no supermercado. Inté.  

 

 

 

   

 

 

sábado, 21 de junho de 2014

O REI E A PROFECIA


O velho rei-pai ergueu a taça com a água de tomar o remédio e fez o seguinte brinde ao jovem rei-filho: “Filho meu, filho meu, não te disse que um dia tudo isto seria teu?”

Nada justifica que a estas alturas dos tempos ainda haja no mundo forma monárquica de governo. Embora inexista uma forma ideal de governo porquanto todas se baseiam em excluir o povo da participação na distribuição da riqueza que ele produz, a monarquia é uma instituição anacrônica e descartada por levar ao exagero o direito privado sobre o bem público. Embora o povo nunca tenha deixado de ser depenado na medida da prodigalidade, luxo e enriquecimento dos governantes e seus asseclas, esta limpeza dos bolsos da sociedade é feita sob disfarce em todas as outras formas de governo, menos na mumificada monarquia que dispensa os arrodeios e passa de pai para filho o reino com os vassalos como se fosse uma fazenda e o gado como a que nosso pai passou para nós, comportamento que levou a sensibilidade do poeta a comparar povo a manada. Povo sob monarquia, então, ainda mais se identifica com manada.

Em época alguma o povo já recebeu o que merece em troca da contribuição que dá à sociedade. Jamais houve governo de qualquer forma que levasse em conta esse detalhe importante. É para não corrigir esta injustiça social que ainda não foi criada a forma ideal de governo, uma vez que não falta capacidade de fazê-lo como provam os muitos feitos já feitos pelo homem. Afirma-se ser preferível a democracia por ser a menos ruim de todas as outras formas de governo já experimentadas, razão pela qual o povo sempre se deu mal. É só porque ainda não se inventou uma forma boa de governo que o mundo está aos frangalhos e guerras pipocam por todo canto e pelos mais variados motivos, até em nome de Deus, quando, na verdade, tem por fim a satisfação mórbida que ainda alimenta o ser humano em sua ignorância e paixão por riqueza e poder. A falta de uma forma civilizada de governo se deve ao fato de não haver civilização suficiente entre as pessoas para dar origem a líderes verdadeiros e sentimento de irmandade entre os liderados, resultando daí que os postos de mando são ocupados por falsos líderes com objetivo de se locupletarem, razão pela qual estão sempre ao lado dos ricos donos do mundo para os quais o povo não é senão massa de parvos apenas suportáveis pela necessidade de colocar em funcionamento suas máquinas de produzir as bugigangas que os parvos são obrigados pela televisão a comprar.

Pois o povo está deixando de lado sua parvoíce e exigindo deixar dessas bestagens de gastar dinheiro com armas, guerras, brincadeiras, fazer compras em Me Ame, fazer turismo espacial, procurar planeta habitável pelo cosmos, a fim de se fixar a atenção aqui onde estamos para que se comece a pensar em corrigir as distorções das quais resultam as desarmonias reinantes consideradas coisas normais, mas que levarão a sociedade à ruína. E todas estas desarmonias tem como única origem a cultura escravocrata de tratar o povo porque a realidade é que a servidão nunca deixou de existir em todas as formas de governo que até aqui existiram. Não é diferente a situação atual do povo a sacrificar sua vitalidade na produção de riqueza para regozijo dos ricos donos do mundo daquela outra situação em que o povo sacrificava sua vitalidade também para regozijo dos ricos donos do mundo daquela época que se divertiam com o espetáculo de pessoas sendo comidas por leões, uma vez que inexistiam as máquinas para comê-las.  Ora de uma forma, ora de outra forma, mas o papel do povo sempre foi o de escravo, e esta é a razão das distorções que levam a sociedade humana a viver em conflito.

Há cerca de vinte anos escrevi do modo como não sei escrever um troço intitulado AOS JOVENS, alertando a juventude para a necessidade de substituir a velharia que marca o rumo de caminhar a sociedade. Pois, qual não é minha surpresa de ler hoje a notícia de que o senador Pedro Simon declara afastar-se da política partidária para dedicar-se ao seu ideal de uma sociedade civilizada, o que só será possível, como afirma, com outro tipo de política a ser implantada pelos jovens, acredita o honestíssimo político. Que coincidência! Não é outro o mote que anima este mal amanhado blog senão uma educação para as crianças da qual resulte em jovens espertos e dignos do nome de homem e mulher, diferentemente dessa massa amorfa de idiotas a jogar privada para cima, requebrar os quadris e adorar “celebridades” e “famosos” que não sabem fazer um “O” com um copo. Pois não é outra a idéia do professor Pedro Simon, nome que honra os brasileiros, promover encontro com jovens, coisa fácil para ele como professor, e alertá-los para o perigo de uma convulsão social se não houver logo uma mudança que, segundo o próprio senador, só a juventude tem força para implantar. Fico admirado de coincidir com a idéia do doutor Pedro Simon a minha idéia de iletrado de que só ensinando cidadania às crianças haverá uma juventude que preste para salvar seus descendentes de uma derrocada total.

Só falta aos jovens o convencimento de valer a pena lutar por um mundo melhor. A vida como é vivida só não é repudiada porque não se sabe haver outro tipo de vida. Mas há. Há um tipo de vida em que as pessoas se estimam em vez de se odiarem mutuamente. Para se chegar a esse tipo de vida onde inexiste medo de sair às ruas e onde os sofrimentos se limitam aos inevitáveis, para tanto basta haver vontade de assim viver por pelo menos metade da população, o que só será possível quando mais da metade da população estiver convicta de ser efêmero o tempo das brincadeiras e mais consistente o tempo da realidade de enfrentar as dificuldades que a vida apresenta logo depois de deixar a proteção dos pais.  Mas como não há nenhuma forma de governo interessada em esclarecer a juventude, está aí o monumento de dignidade Pedro Simon disposto a comprar esta briga. Boa sorte professor Simon. Dentro da minha insignificância, luto a mesma luta de Vossa Excelência por uma forma de governo moderna e capaz de colocar a verdade no lugar das mentiras. O jovem Edward Snowden declarou em entrevista que no Senado Americano um general respondia com mentiras às perguntas que os senadores lhe faziam e estes acatavam as respostas como se fossem verdades, mesmo sabendo serem mentiras. Estamos cansados de assistir a isto nas CPIs. Na última delas, vimos um sujeito com um olho mais baixo do que o outro falar mentiras que confirmaram a mentira da presidente da república ao afirmar apuração rigorosa que haveria de doer em quem tivesse de sentir dor pela roubalheira de Pasadena.

A única esperança de salvação para esta sociedade de babacas ridículos é botar esperança numa juventude diferente destes idiotas que nem cuidam da própria saúde física, que dirá da mental. Custa nada sonhar, né não? Inté.

 

 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

ARENGA TRINTA E SEIS


Todo prazer tem um custo. Embora eu não saiba muito bem o que isto quer dizer, soa bonito e serve para fazer pose. Além disso, já ouvi dizer que vale a pena medir as consequências antes de satisfazer um desejo porque pode ser que as consequências decorrentes do gozo desfrutado podem trazer dissabores que anulam qualquer vantagem obtida. Esta ponderação, se exagerada, resultaria em que uns e outros pelaí teriam de resolver na mão o que gostariam de resolver de um jeito do qual pudesse ter como consequência numa criança para encher o saco de tanto comer, cagar e gritar, podendo até resultar em cadeia se faltar a pensão.  É por isso que vale a pena medir o preço antes de comprar porque tudo tem realmente um custo a ser pago, até mesmo a única coisa a nos colocar em superioridade às outras espécies animais, a capacidade de pensar.

 Por acaso, alguém pelaí já esteve na situação de querer avisar alguém de algo que esse alguém não pode perceber, mas que lhe vai ser desagradável? Quando o aviso evitar o transtorno para o avisado, é gratificante para o avisante vez que se trata de alguém cuja espiritualidade o faz tão solidário aos outros seres humanos que é capaz de sentir mal-estar com o problema alheio. Certa vez em Salvador, no antigo cinema Guarani, com minha namorada, subimos para o camarote onde sempre ficávamos por ser lugar mais apropriado para pombinhos bicadores, e como o filme havia começado, procurando lugares às escuras, notei uns sujeitos rindo baixinho ao me dirigir para uma parte que parecia estar vazia, quando uma voz distante no escuro me avisou para voltar de onde estava porque havia uma cadeira suja por lá. É de se notar a diferença de personalidade. Os caras que riam baixinho certamente sabiam que aquela pessoa que se dirigia para a ala desocupada podia passar por um grande sufoco, mas isto os divertia. Enquanto há quem veja contentamento em algo desagradável para outra pessoa, também há quem procure evitar que a outra pessoa passe por algo desagradável. A depender da personalidade deste tipo que se incomoda com as outras pessoas, pode ela ou ele vir a padecer de algum sofrimento ao presenciar comportamentos dos quais resultará dano para quem os pratica, mas a porca torce o rabo porque o aviso sem o convencimento não serve prá nada, e são raros os casos em que o convencimento pode acompanhar o aviso. Sem o convencimento, o aviso é tido como “prosa” ou dor de corno de velho por não ser mais capaz das faceirices nos requebros solicitados pelo axé e o futebola. Mas a verdade é que dá uma agonia do diabo ver estes pobres inocentes jovens desprezando a própria saúde, o bem mais precioso recebido da natureza, amiga de verdade e amiga da onça num só tempo.

A longa experiência de vida e algum conhecimento pescado nos livros produziram em mim uma grande vontade de avisar à juventude sobre os transtornos com os quais ela não está sabendo que vai dar com a cara. Vontade de pegar na orelha da juventude, torcer, e dizer: “Olha aqui, burralda! Não é por aí, não, sô! Tão grande é esta vontade que até me leva a escrever sem saber. Não esqueço a jovenzinha que mastigava o almoço enquanto bebia refrigerante e futucava um aparelho, tudo ao mesmo tempo. Diante daquele quadro, é possível avisar àquela jovem de ser aquele comportamento equivalente a se fazer uma reserva futura para a UTI? Evidente que não. E não, porque ela não tem o convencimento que tem quem já perdeu a saúde. Muitos jovens conhecedores do funcionamento do corpo humano danificam sua própria saúde apenas por falta do convencimento. É tão decisivo o convencimento na mudança de comportamento que nem mesmo o conhecimento que tem os médicos impede que alguns deles cheguem a uma velhice infeliz e arrependido de não ter se cuidado.

Leitura de jornais ensina que a saúde exige determinados procedimentos ao ingerir o alimento de onde vai tirar a energia necessária para manter o motor em funcionamento. Aprende-se observando a vida que uma refeição não é apenas engolir qualquer coisa de qualquer modo. É preciso escolher o quê e como engolir. Infelizmente não se pode convencer disso porque ao convencimento se chega por indução em vez de discurso, mas leva muito tempo para a indução trazer o convencimento, o que resulta na sua chegada tardia para impedir a prática do comportamento, resultando este retardamento no tardio e inútil arrependimento.

É nesta estranha situação em que se encontra a juventude, preparando seu infortúnio de se transformar em velhos completamente vazios e infelizes por não poderem mais fazer a única coisa que aprendeu para lazer porque não dá mais para requebrar os quadris. Como o lazer é indispensável à saúde mental, privando-se dele ficará apenas a nostalgia de esperar pelo paraíso lá no céu, sendo estranho que havendo um paraíso à espera, por que não ficar alegre?

Depois de formada a personalidade no ambiente caseiro onde se aprendeu a comer hóstia, ver putaria na televisão, requebrar os quadris, adorar riqueza, “celebridades” e “famosos”, depois de levantado o cangote dentro de um ambiente desse tipo, a partir daí fica muito difícil trocar este estado mental mumificado por outro novinho em folha que apressasse o convencimento quanto à melhor forma de se comportar para se dar melhor na vida, ou para viver com menos dissabores. Como o convencimento não pode ser imposto, deve ser implantado nas crianças ensinando-lhes justamente o contrário do que é ensinado. Crianças que aprendem os motivos pelos quais precisamos viver agrupados, e o comportamento que se deve ter a fim de se poder viver pacificamente em grupo, serão adultos dotados de cidadania, portanto, sociáveis o bastante para dar origem a uma sociedade agradável para gente civilizada e conhecedora de outros conhecimentos além de fazer compra em Me Ame.

Ao contrário, crianças que aprendem a conviver com a amoralidade e mesmo a imoralidade de não haver mais moral nem orgulho em ser honrado, vão se transformar em adultos com estas características na personalidade. Mas se ao chegar o momento de levantar o cangote, o jovem estiver convencido de valer a pena mudar de comportamento, a partir do momento em que estiver estabelecido tal convencimento nem mesmo a televisão teria poder de induzir o convencido a promover em vez de combater a corrosão do tempo sobre sua saúde. A força que garante a atividade física se baseia no vigor da saúde corporal, isto é mais do que razão para não se descuidar da saúde do corpo porque ela tem duração menor que a saúde mental, mas a saúde mental depende da saúde física para lhe fornecer a energia de que precisa para não caducar.

Enfim, como não dá para abrir a cabeça da juventude e colocar lá um vídeo sobre o modo como a vida funciona, o jeito é martelar o teclado e estropiar o português. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

UMA CARTA


 

Embora desta carta nunca tomará conhecimento quem lhe deu origem, ela é uma carta aberta ao eminente Professor Leonardo Boff, ao qual, com o devido respeito, peço permissão para entrar no meio de sua conversa no Jornal do Brasil desse dia 19. Não tenho cultura, não sei escrever, mas sou igualmente desejoso de viver num ambiente civilizado onde só houvesse pessoas educadas. A bronca que o senhor passa nos brasileiros que vaiaram, xingaram e espinafraram a presidente Dilma deve ser visto também de outro ângulo. Nosso povo é constituído de macacos portadores do instinto de rato, fato do conhecimento do mundo através dos gringos que armam conluios com brasileiros portadores de pastas 007 transitando entre os suntuosos palácios e o BNDES. Com a formação que tem o brasileiro, é impossível encontrar finura nesse povo cuja cultura, como se conclui da leitura de Laurentino Gomes, teria sido moldada com lama em vez de barro. Talvez sejamos aquele povo que uma religião antiga dizia ter sido feito por Deus para ser um povo inferior, e por isso o fez usando lama em vez da terra usada para fazer outro povo destinado a ser superior.

Nunca seremos civilizados enquanto uma parte das nossas crianças aprende a valorizar a riqueza e a menosprezar o respeito às outras pessoas, e a outra parte aprende a ser bicho porque outra coisa não é quem tem por cama o chão e o lugar de repouso é o lugar onde está quando o corpo não aguenta mais ficar em pé. O tratamento que o governo dispensa a estas crianças é o mesmo dispensado aos cães vira-lata por quem estava a gosto num lugar antes deles chegarem. Povo resultante de crianças com esse tipo de educação não pode ser de outro modo senão o modo de ser do brasileiro que oscila entre o canalha colarinho branco e o canalha que atira na cabeça de uma criança de cinco anos para silenciá-la.  

               Contar com civilidade nos brasileiros seria o mesmo que procurar sutiliza num elefante. E se o povo está em tal situação, a responsabilidade é do governo, e um governo que leva seu povo a se sentir bem vivendo de cesta básica não merece outra coisa que não xingamento. As vaias e os xingamentos, caro professor, além de serem inteiramente justificados, não visavam apenas a presidente, mas sim todo o governo nas pessoas de Lula, Maluf, Sarney, Renan, Mantega, Edson Lobão, e que tais.

Não há desrespeito ao professor Leonardo Boff nas minhas observações. Uma pergunta que eu gostaria imensamente de poder fazer ao nosso ilustre frei é se ele está realmente convicto de não existir nada com idade superior a seis mil anos. Cordiais saudações deste arremedo de blog, caríssimo professor.    

 

terça-feira, 17 de junho de 2014

NAS ENTRELINHAS, A VERDADE III


Coisas aparentemente insignificantes para quem ainda não aprendeu a pensar podem ter grande significação para quem medita ou pensa sobre as informações de qualquer tipo que lhe chegam. No supermercado, um pai pegou na prateleira e colocou na boca de um seu filho, um garotinho de cerca de cinco anos, um instrumento semelhante a uma corneta, apropriado para fazer barulho durante o jogo de futebola, para que o garotinho assoprasse, o que fez a inocente criança, causando um barulho insuportável ao qual as demais pessoas presentes eram tão indiferentes quanto aquele garoto e seu igualmente inocente pai. Embora muitas outras pessoas participassem daquele acontecimento, garanto e assino embaixo que ninguém mais ali, pela indiferença de suas expressões, sabia estar sendo prejudicado em sua saúde ao ser alcançado pelo barulho. Quem quiser saber os danos provenientes do barulho basta pedir ao amigão Google algo relacionado com “lei do silêncio”, ou “declaração da ONU sobre barulho”. Qualquer coisa nesse sentido leva a uma recomendação dos cientistas daquela instituição aos governos do mundo para tomar por prioridade o combate ao ruído dados os malefícios dele decorrentes. Para se ter uma idéia, o barulho causa envelhecimento precoce e impotência sexual, entre infinitos outros danos, inclusive levar jovens a disparar metralhadora sobre outros jovens.

Não há como se entender como presunção a afirmativa categórica de que ninguém mais teria se sentido prejudicado em nada. O fato de eu me sentir prejudicado e ninguém mais dos que lá estavam explica-se por outro fato de ser eu o único velho presente ao acontecimento, e, por esta justa razão, conhecedor de alguns dos muitos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, coisa que passa ao largo das preocupações dos jovens que por isso mesmo nada sabem de sociabilidade e cidadania, como também nunca saberá o adulto em que se tornará aquela criança que o pai ensina não haver necessidade de considerar a presença de outras pessoas quando se quer atender a algum desejo, tipo de orientação que leva ao comportamento dos bichos que atendem suas necessidades sem levar em conta incomodar ninguém, comportamento que leva as pessoas a entrar no elevador antes de quem lá se encontrava à espera.

Desse tipo de deseducação egoísta e grosseira é só um pulo para agressões de outros tipos. Agressão à sensibilidade alheia foi o que aquele pai ensina a seu filho, mas ninguém no ambiente sabia estar sendo agredido. Exatamente por ignorar como se viver em sociedade é que aquelas pessoas chegarão a uma velhice infeliz, irritadiça e doentia, razão pela qual se diz com absoluta correção ser a ignorância a fonte de todos os males.

Como nenhum pai ou mãe ensinam a seus filhos a necessidade de cuidar da própria saúde, como se vê nos carrinhos de supermercado as garrafas imensas de refri, nome metido a carinhoso para disfarçar a agressividade dos refrigerantes que os pais tomam juntamente com suas crianças vendo putaria na televisão. Quem não cuida da saúde pessoal também não cuida da saúde social por absoluto desconhecimento ou ignorância de existir uma saúde social. A máfia dos planos de saúde e dos laboratórios embolsa montanhas de dinheiro com os danos que as pessoas causam a si mesmas e que as levam a lotar as UTIs, os corredores e as salas de esperas dos hospitais, tudo em função da falta de oportunidade de aprender porquanto os pais não sabem o que ensinam os Grandes Mestres do Saber. E não sabem porque a máfia da deseducação não lhes ensina a fim de também embolsar montanhas de dinheiro partindo da premissa de que quem não sabe não tem de que protestar, uma vez que quem não sabe é como quem não vê, e quem não protesta acaba se tornando manso, e no lombo do manso é mais fácil montar.

O mundo ficaria bom se às crianças fosse ensinado o contrário do que hoje se ensina. Fazer uma criança se tornar viciada nas futilidades que constituem a bagagem cultural das “celebridades” e “famosos” por deixarem de usar calcinha ou cueca é o mesmo que viciá-la em drogas porquanto as futilidades também afetam a capacidade mental ao reduzir os pensamentos às mediocridades. Terá sérios problemas para entender a vida uma criança à qual apenas se ensina o fato, mas não a necessidade de se pensar sobre aquele fato. Ao ensinar amor ao esporte, deve-se ensinar também a verdade de se tratar de negócios e negociatas dos quais resultam imensas riquezas tiradas das pessoas seduzidas e desconhecedoras da verdade de não se tratar de esporte, mas de um auxiliar que distrai os inocentes enquanto a politicagem faz também outra festa de fartas remessas para os infernos fiscais, verdades estas percebíveis somente para iniciados no conhecimento dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, onde se aprende ser uma idiotice sem tamanho deixar de lado preocupações com estes assuntos para comer hóstia, axé e futebola. Muito mais importante do que as atividades tidas como de única necessidade: trabalhar, comer, encher latrinas, casar, ter filhos, comprar carro e apartamento, mais importante para um ambiente civilizado é considerar a necessidade de cuidar da sociedade. Afirmam os inocentes tratar-se de assunto do governo, mas ignoram que o governo só governa sob pressão, como acaba de provar os integrantes do MTST que arrancaram na marra o atendimento de suas pretensões sob ameaça de entupir as ruas de gente e impedir a corrupção na festança da Copa. Muito menos desconfiam os inocentes do malogro que é tirar a atenção das coisas das quais depende o bem-estar social e dedicá-la ao circo ardiloso e malandro dos divertimentos. Como esta é a terra dos absurdos, até quem pode ser considerado um Grande Mestre do Saber, o doutor Joaquim Barbosa, se declara admirador desta canalhice corrupta e anti-social de Copa do Mundo, fazendo coro com os papagaios amestrados que papagaiam em microfones uma alegria fingida quando anunciam alguma brincadeira, tudo por causa do salário que lhes pagam seus patrões donos da imprensa.

     A sociedade dos comedores de hóstia, axé e futebola caminha a passos largos rumo ao imenso brejo que em breve se afundará a manada humana com toda sua brutalidade infinitamente superior à brutalidade das manadas que pastam seu capim a que se sentem ofendidas por terem sido comparadas à manada que lota igrejas e terreiros de axé e futebola.

Nada nessa sociedade faz sentido. Estamos mais para um amontoado de bichos a se destruírem mutuamente numa imensa confusão imperceptível apenas porque o brilho e o barulho das festas prendem totalmente a atenção fazendo crer serem festas as únicas coisas a merecer debate e troca de idéias. Neste exato momento, voltam-se as atenções para a agressão verbal de baixo nível à presidente da república, uma demonstração de total falta de educação e excesso de ignorância. Mas, como esperar atitudes educadas de brutos? Não pode haver civilidade em pessoas que foram crianças aprendendo não haver necessidade de se levar em conta a presença de outras pessoas, que nunca leram um livro sequer, e cujo mundo gira em torno de riqueza e fofocas sobre “celebridades” e “famosos” e suas declarações sobre lugares inusitados onde transaram, ou de ter colocado maior quantidade de silicone na bunda. Quem formou a personalidade em tal ambiente só pode ter comportamento de idiota. Que país! Que juventude! Inté.  

 

 

 

 

sábado, 14 de junho de 2014

NOVIDADE À VISTA!


Desopilados os sacos, é preciso continuar incentivando a juventude a pensar. Em primeiro lugar, pensar no quanto tem sido boba ao negar-se a participar da organização de sua sociedade. Embora seja esse o costume desde sempre, é um costume do qual precisa se desacostumar. Nenhuma sociedade progride sem a participação interessada dos seus associados. Entretanto, esse interesse está tão distante que a sociedade está a aplaudir o afundamento de uma montanha de dinheiro numa festança cujo barulho encobre os lamentos de quem chora no corredor do hospital. Nada, absolutamente nada, justifica o festejamento da Copa ou qualquer outro festejamento se a sociedade está correndo grave risco de confusão. As velharias precisam ser deixadas para trás. Novos ares são indispensáveis a um ambiente saudável como deve ser o ambiente onde todos tenham educação social. A palavra comumente citada “cidadania” tem um sentido tão amplo que abrange o convencimento do qual resulta o comportamento que faz com que todos tenham bom relacionamento social, ambiente ideal para os descendentes dos atuais jovens, mas que não poderá ser alcançado se estes jovens permanecerem indiferentes ao destino de sua sociedade como sempre estiveram e ainda estão.

Quererão os jovens que suas criancinhas rechonchudas venham a andar pelas ruas saltitando sobre pedaços de cadáver? Pois, a continuar a estúpida letargia, é o que vai acontecer. É preciso tomar outro rumo. Um rumo orientado pela sensatez. Sem frescuras nem brutalidade, mas um rumo que leve a um ambiente onde haja coerência entre os acontecimentos, as falas e os comportamentos. É insensato viver um ambiente de fantasia e brincadeiras porque um dia chega a obrigação de encarar o mundo real, e quando isto acontece de chofre dá origem a sofrimentos desnecessários porquanto inexistiriam se houvesse um mínimo de preocupação com as coisas das quais dependem a tranquilidade, a paz e a saúde, elementos sem os quais a vida não tem qualquer valor e pode ser ceifada a qualquer momento até mesmo como alvo para se treinar a pontaria. Tais são as perspectivas macabras do ambiente a ser herdado pelas criancinhas rechonchudas por culpa da teimosia de seus pais em não pensar um pouco nestas coisas. Um bem tão precioso quanto a vida não pode ser relegado ao acaso dos acontecimentos. Ao contrário, a vida precisa ser levada em conta em vez de apenas existir como o boi e a vaca. É por não se ligar na vida que a vida está tão ruim. E a vida não deveria jamais ser ruim.

Mas, enquanto houver hostilidade entre as pessoas em lugar de irmandade, a vida não poderá ser de outra forma senão ruim. As pessoas são as células do corpo social, de modo que uma apenas a destoar das demais termina por causar problemas graves no corpo social, do mesmo modo como acontece com as células do corpo humano. A hostilidade que no momento ocorre entre o povo e a presidente da sua república é algo perigoso porque pode resultar em desordem ainda maior. Quando a liderança está em desarmonia com os liderados é por culpa da liderança. No caso da liderança política, a desarmonia começou a existir no momento em que a primeira pessoa no mundo notou que seu líder político tá mais é a fim de se cuidar às custas do erário. À medida que mais e mais pessoas passavam a perceber esta verdade, mais a desarmonia entre liderados e liderança aumentava, o que é um processo inevitável porque o discurso que nunca corresponde à realidade terminou por desnudar a irrealidade que é a forma pela qual é administrada a sociedade. Uma vez ciente de estar sendo enganado, a reação é imediata e contrária porque ninguém gosta de ser enganado depois de tomar conhecimento do fato de estar sendo enganado. É por terem adquirido algum conhecimento sobre o modo como funciona a sociedade que algumas pessoas estão se insurgindo contra os enganos envolvendo o absurdo de se jogar fora montanhas de dinheiro como está acontecendo a olhos vistos na Copa do Mundo e na Petrobrás, chegando a coisa ao cúmulo do escárnio quando considera todo mundo mais burro do que a própria burrice ao apresentar como justificativa a palavra de que na época tinha sido muito bom para o país. É por causa deste tipo de “muito bom” que o Brasil sempre foi desse jeito sem jeito, e é essa falta de jeito que está levando algumas pessoas à compreensão de certas coisas que escapam à absoluta maioria de quem tem uma bola de futebola onde as pessoas sensatas tem a cabeça, e, nos olhos, dois jogadores de futebola no lugar onde as pessoas sensatas tem as pupilas. 

Nunca houve vantagem no negócio da Petrobrás e a compra da refinaria, como tem afirmado a senhora Graça Foster reiteradas vezes. E a Copa do Mundo? Muita gente grande não tem a desfaçatez de afirmar haver vantagem na Copa do Mundo. Tal fato se explica porque as pessoas aprendem a ganhar dinheiro, mas não aprendem a pensar. A realidade é que a festa da Copa, seus promotores e o público a que se destina, podem ser comparados a um cachorro sevado, mas parasitado por pulgas e carrapatos. A festa da Copa é o cachorrão sevado, o público representa o sangue que dá vida ao cachorrão, e os promotores da festança são os parasitas que sugam a vitalidade do cachorrão sevado e mal cuidado. O fato de haver mesmo em pequena monta protestos contra esta situação logicamente insustentável, indica mudança a caminho porque o governo sempre esteve apartado do povo, mas agora tem gente descobrindo que tem direito e que está dando bobeira em não ir atrás deles. O MTST acaba de impor ao governo o atendimento do que pediam. Isso é novidade e é bom saber o rumo que esta novidade tomará que tipo de mudança provocará na sociedade porquanto outras mudanças ocorreram no mundo sem que resultassem em tranquilidade. Ao contrário, deixaram um rastro de infelicidade.

Como quem avisa amigo é, ficam os jovens e as jovens avisados e avisadas de que seu amigo aqui que se gaba de ter sido um bom autodidata no entendimento da vida lhes recomenda seja você rico, pobre, arremediado, seja lá que sebo for, a se unirem na salvação inclusive dos próprios velhos que conduzem o mundo para o abismo. Como é preciso repousar os sacos, Inté.

     

quinta-feira, 12 de junho de 2014

QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ.


Quando o comunismo merecia respeito, porque minha lembrança diz que ele já mereceu, e como sou eu que estou com o direito que a internete me deu à palavra, fica dito que once apon a time (falando ingreis leva mais fé) o comunismo já fez por merecer respeito. E por falar em internete, uma organização como ela, com tanta gente talentosa e bem preparada mentalmente não deveria valorizar tanto estes “famosos” e “celebridades” porque eles não tem coisa alguma para serem nem celebridades e muito menos famosos fora de um ambiente de nível cultural medíocre. Na mesma internete onde se encontram os mais variados assuntos do conhecimento humano, não lhe cai bem a companhia de assuntinhos mixurucas sobre quem estava sem calcinha, mesmo porque se trata de fato para ser visto e não lido. A notícia de que o jogador de futebola não usa cueca confirma que esse pessoal foi reduzido apenas aos pés. Supondo que aquele jogador de futebola venha a ser político, não vai ter onde esconder os dólares.

Mas o direito que a internete me deu para falar, eu quero gastar falando sobre o respeito que o comunismo já mereceu quando ele queria que se apurasse direitinho essas tais dívidas externa e interna porque se afirma que é jogada impiedosa dos ricos para chupar o dinheirinho dos requebradores de quadris e comedores de hóstia. Merecia igualmente respeito o comunismo quando lutava por uma reforma agrária que traria imensa vantagem para ricos e pobres como beneficiou ricos e pobres nos lugares onde existe. Quem não acredita é porque só viaja para ver o que o turismo mostra ou para fazer compras em Me Ame. Também merecia respeito quando avisava que o circo era preparado para que o povo não viesse a descobrir o poder que tem quando unido em torno de um objetivo. Explicava que o objetivo do povo deveria ser buscar conhecimento para entender como é que a sociedade funciona, porque sendo dono da sociedade, o povo não pode deixar sua propriedade apenas gerida pelo mundo dos ricos porque os ricos tem o defeito incorrigível por eles mesmos de tomar conhecimento dos requisitos necessários para a formação de uma sociedade civilizada, precisando serem conscientizados desta realidade.

Pois bem, quem deseja uma sociedade boa e agradável, com o mínimo de sofrimento, onde todos possam sair despreocupados às ruas a qualquer hora, merece realmente respeito. É, ou não é? Pois, dessa nobreza, desceu o comunismo para a avacalhação em que se encontra. No comunismo antigo, qualquer comunistinha pé de chulé considerava as festas artimanha para grudunhar a atenção do povo. Hoje, vejam só, tem-se um ministro comunista responsável pelo hasteamento da lona sob a qual está sendo torrada imensa fortuna dos comedores de hóstia, axé e futebola exatamente para lhes tirar a atenção do lugar onde ela deveria estar, como está acontecendo de fato. Apesar de ter funcionado sempre, esta tática começa a negar fogo haja vista o medo da presidente de mostrar a carinha redonda e bonitinha na festança que ela mesma dá e onde até já foi vaiada, a coitadinha. Além disso, o fato de haver quem se manifeste contra a festança do ministro comunista, sendo a festa de futebola e no país onde se mata com privadada na cabeça por causa do futebola, este fato tem grande significação por mostrar que o conhecimento abre caminho entre as trevas da ignorância generalizada.

Mas, apesar de suas boas intenções, como não há quem não erre nunca, não tendo a virtude de saber esperar, como não a tenho eu, o comunismo não teve a astúcia de usar o ensinamento do Grande Mestre do Saber Thomas Paine de que o tempo faz mais convertidos que a razão, e procurar tornar as pessoas convertidas ao ideal de uma sociedade de pessoas felizes, de modo que elas adquirissem o desejo de viver numa sociedade assim e que tivessem o conhecimento de ser isto possível, além da percepção de que as relações sociais desarmoniosas terminam por levar a sociedade à ruína para infelicidade das criancinhas rechonchudas que dirigem os carrinhos no supermercado. Em vez ir pelo conhecimento, o que fez o comunismo? Simplesmente botou o revólver no peito da sociedade para que ela pensasse do jeito que ele queria. Ora, isso não pode dar certo porque a sociedade é a soma dos indivíduos e os indivíduos de todo o mundo em termos de sociabilidade estão muito bem representados na figura daquela personagem do filme sobre Lamarca, na cena em que um camponês brasileiro mostrava a seu vizinho um dinheiro com o qual compraria um burro novo para sua carroça e contava muito satisfeito com o grande feito de ter mostrado à polícia o lugar onde se escondia Carlos Lamarca, um comunista que queria o bem do povo, mas que foi vítima desse povo exatamente porque ainda não houve tempo de que ele esteja convicto da necessidade de viver de outro jeito. Se aquele camponês tivesse conhecimento das idéias do Lamarca, ficaria convencido de não valer a pena fazer o que fez. O convencimento é que determina o comportamento. Sujeito que for convencido que é bom vestir um cinturão de dinamite e tacar fogo ele faz isso na maior tranquilidade. Mas, o convencimento não pode ser imposto na marra como provam os adultérios.

Não resta dúvida alguma de que nossa sociedade não vai longe da forma em que se encontra estruturada. De todas as falas de todos os políticos de todo o mundo e de todos os lugares, a mais importante foi do governador de São Paulo quando disse que se o povo “soubesse das coisas” iria faltar guilhotina. É monumental a importância desta fala por ser o único pronunciamento de um político de conteúdo verdadeiramente sincero e verídico. Sabendo-se que a guilhotina foi uma máquina que cepou fora do corpo a cabeça de governantes quando o povo cansou de ser maltratado, como está no capítulo intitulado Revolução Francesa, de qualquer bom livro de História Geral. Mas, para não se saber que o povo pode mudar uma forma de governo para outra forma de governo, para que o povo não saiba o poder que tem, é que existe o ministro comunista segurando a corda que sustenta a lona do circo Copa do Mundo.

Entretanto, quem tem conhecimento dos horrores praticados pelos revoltosos da França de 1789, que entre outras barbaridades relatadas pelo historiador Edward McNall Burns, em História da Civilização Ocidental, mataram violentamente milhares de padres e freiras, além de invadirem um símbolo do poder até então vigente onde eram mantidas as ossadas de ex-poderosos donos do poder que foram lançadas ao relento. É por isso que são importantes as palavras do governador que tanto sabe das barbáries da Revolução Francesa, quanto sabe que elas foram provocadas em virtude de uma situação social da qual estamos chegando perto, e ele é quem mais tem dados para saber disso por ser inteligente e fazer parte da turma que causa a situação perigosa. Mas, como a internete continua me dando direito à palavra, palavrearei depois de desopilados os sacos. Inté.

    

 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

NAS ENTRELINHAS, A VERDADE II


Só a leitura das entrelinhas mostra a malandragem embutida na notícia. É por isso que Lula é importante e famoso. Ele não sabe ler nas linhas, mas nas entrelinhas ele é craque. Dizem que ele ficou tão poderoso depois de sair da condição de pau-de-arara que obrigou Roberto Carlos a deixar a bestagem de ser vegetariano. Eu, cá prá mim, não acredito nisso. Mas, aqueles que gostam das coisas muito bem explicadinhas nos seus mínimos detalhes, esses poderão tirar a prova dos noves fora indo à casa de Roberto Carlos e perguntando à cozinheira real.

Fosse eu professor, convidava meus alunos e alunas a ler as entrelinhas de algumas notícias de jornal como estas duas, por exemplo:

NOTÍCIA 1 – Jornal Folha de São Paulo, 9/6/14, reportagem de Tânia Cavalcante e Luiz Antônio Santini, afirmando que a proibição de fumar em recintos coletivos reflete preocupação do governo com a saúde das pessoas, principalmente dos jovens inexperientes e mais facilmente cooptáveis pelo chamamento do hipnotismo televisivo através das armadilhas embutidas nas propagandas convincentes.

NOTÍCIA 2 – Revista ISTO É, 11/12/13, reportagem de Leonardo Attuc, compara Lula a Mandela e afirma que Lula liderou um processo inédito de distribuição de renda e inclusão social, e que os ricos ficaram ainda mais ricos.

Fosse eu aluno, minha interpretação do conteúdo das entrelinhas da primeira notícia seria pela existência de diversidade entre o que a notícia faz crer que é, e aquilo que realmente é, que é o fato de nunca ter havido governo em qualquer parte do mundo que se preocupasse com o povo sob qualquer aspecto. O governo sempre esteve para o povo como o leão está para sua presa (aqui entre nós todo fim de ano aparece um leaozão danado a exigir declarações de rendimento). Todo governo tem uma fome leonina por dinheiro. Quando pinta alguém de coração mais mole com pretensão a ser chefe de governo, os outros chefes de governo dão um jeito de tirar ele do jogo que é para não melar a cultura do bem-bom dos palácios onde o pé afunda no tapete, e o direito de ficar poderoso depois de ser chefe de governo. Ainda que um coração mole chegue a chefe de governo, ele não poderá se preocupar com o povo porque a obrigação dos governos é com os vários interesses dos ricos donos do mundo. É para isso que eles queimam uma nota preta prá botar a chave do cofre nas mãos de alguém a eles submisso. Desse modo, os governos tem mesmo é que cuidar de proteger os donos dos mercados de saúde, educação, e um mercado mais novo e também rendoso, o da segurança privada. Esta é a atividade primordial dos governos que são obrigados a mandar seus liderados para a guerra por ordem dos ricos donos da indústria bélica e da indústria das negociatas.  Quem se preocupa com alguém nunca mandaria esse alguém morrer na guerra e ficaria com a alma lavada depois de colocar uma rudia de flor no pé de um poste. Para os ricos, o povo é só mais uma peça na engrenagem de sua máquina de produzir riqueza, e, como toda peça de toda engrenagem, também é descartado quando não presta mais para dar conta do seu trabalho. Se houvesse preocupação em relação ao povo não haveria velho chorando no corredor do hospital depois de ter gasto sua vida azeitando a máquina de produzir riqueza.

Do mesmo modo, minha conclusão da leitura das entrelinhas da notícia número dois também é pela completa divergência entre o que é e o que diz ser a notícia. Não há como comparar Lula a Mandela porque nunca se soube, salvo se meu pouco conhecimento não me deixa saber, que Nelson Mandela fosse alguma vez acusado de ser ladrão como é o Lula no livro O Chefe. Pode ser mentira, mas que se diz, se diz. Depois, afirma a notícia que Lula liderou um processo inédito de distribuição de renda e inclusão social, e que os ricos ficaram ainda mais ricos. Ora, debaixo da saia dessa notícia tem outra mentira cabeluda. É impossível num país estagnado que os ricos fiquem ainda mais ricos ao mesmo tempo em os pobres tivessem ficado menos pobres através de distribuição de renda. Só quem tem renda são os ricos, e para distribuí-la é preciso que eles consintam, o que nunca fariam. E não o fariam porque não podem fazê-lo por terem sido sevados na cultura da riqueza em primeiro plano que os faz acreditar ser insuportável a vida de quem não tem riqueza para mostrar na Revista Forbes. Tocar em sua riqueza enfrenta a mesma garra com que defende a vida qualquer requebrador de quadris. O que os jovens jornalistas não sabem ou não podem falar é que isso aí que eles estão chamando de distribuição de renda é esmola dada com o dinheiro alheio, do povo igualmente alheio, retirada do erário. Como o erário não é renda, a notícia ou tem intenção de confundir, ou está equivocada. Em vez de ser um bem como sugerem os jornalistas, como toda esmola, também esta apelidada de “distribuição de renda” prejudica em vez de ajudar. A esmola condena à pena de morte a dignidade do orgulho de ser homem ou mulher.

Esse negócio de viver de fantasia vai acabar mal prá todo mundo. Não tem futuro uma juventude tão vazia que tem por líderes os líderes que tem nestas “celebridades” que não sabem fazer um “O” com um copo.  Nossa sociedade está na mesma situação de um barco à deriva, com a diferença de que em vez da apreensão própria de náufragos, a população do imenso barco Brasil está a fazer gigantesca festa. Tá faltando juízo,e muito. Inté.

 

  

 

 

 Nossa sociedade está na mesma situação de um barco à deriva, com a diferença de que em vez da apreensão própria dos náufragos, a população do imenso barco Brasil está a fazer gigantesca festa