quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

ARENGA 714

 

O grande trunfo do regime democrático endeusado pelos politiqueiros como panaceia para a política correta é ser o governo do povo pelo povo e para o povo.  Entretanto, das três informações desta premissa apenas a primeira é verdadeira porque realmente cabe ao povo eleger os governantes. Quanto e ser o governo exercido pelo povo e para o povo, nem nunca foi e nem nunca será se reina o analfabetismo político demonstrado no gesto comum de alguém afirmar a título de demonstração de integridade moral não se envolver com política para não sujar as mãos, o que é de uma estupidez imensurável por ser justamente o que querem os politiqueiros. Esta indiferença permite aos maus políticos exercerem o poder em benefício próprio.

Aliás, a propósito de analfabetismo, a professora e escritor Mara Helena Souza Patto escreveu um livro onde discorre sobre o sucateamento do ensino no Brasil, Chamado A PRODUÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR. Mas tudo que a professora diz nas 454 páginas está resumido no título do seu livro porque o fracasso escolar é realmente intencionalmente produzido para permitir a má política que não encontra espaço se o povo é esclarecido o bastante para não votar em malandros. A estes interessa um povo que não queira saber o que está sendo feito com a dinheirama dos seus impostos.

É por isto que bons educadores como Paulo freire são escorraçados. Desta forma, tem-se um povo feito de carnavalescos, torcedores e frequentadores de igreja de onde não se pinça um só indivíduo capaz de dar a estas duas opiniões o valor que têm por nem mesmo ser capaz de alcançar-lhes o sentido. Daí que uma sociedade formada por pessoas desse tipo em nada difere da sociedade dos bichos. Estas duas frases de suma importância para a vida social são as seguintes e estão na página 23 do livro Filosofia do Direito: a primeira frase, do autor d livro, Ricardo Castilho diz: “a filosofia observa o direito como ele é e pensa no direito como deveria ser”. A segunda frase é do filósofo alemão Max Weber e diz:“...o homem tem menos sentido como indivíduo do que como agente social”.

Fossem observadas literalmente o sentido daquelas afirmações ter-se-ia a sociedade ideal para se viver. Nem MESMO é preciso ser inteligente para perceber o quanto distante está o direito daquilo que deveria ser porque chega a ser ridículo abrir a Lei Magna, a Constituição Federal, e se dar com o absurdo de sermos todos iguais perante a lei. Se assim fosse não haveria famintos por falta de comida e obesos por excesso.

Da mesma forma, o que preceitua a segunda frase a respeito da importância da pessoa como agente social porque o analfabeto político jamais chegará à posição de agente social apesar da importância que de se reconhecer a necessidade de se ter com a vida social o mesmo cuidado que se tem com a vida pessoal. Só assim a sociedade terá o padrão ideal para se viver bem e o dia a dia das pessoas não faria parte o ladrar de cães nem pipocar de bombas que não permitem a concentração necessária para a leitura nem escrever estas bobagens.      

 

  

domingo, 21 de janeiro de 2024

ARENGA 713

 “Como poderemos nos beneficiar das promessas do governo e ao mesmo tempo evitar a ameaça que um Estado forte representa para a liberdade individual?”. Esta é uma questão levantada no livro CAPITALISMO E LIBERDADE, do intelectualíssimo e doutoríssimo Milton Friedman, um dos pensadores econômicos mais relevantes da história, merecedor do Nobel de Economia, e coisa e tal. Este cantinho de pensar tem insistido no inutilidade das excelentíssimas figuras do mundo da intelectualidade no que diz respeito àquilo de que mais necessita a humanidade que é perceber o tamanho da inconsequência a que foram levados os seres humanos a viver. Mestre Rousseau levantou a questão de que ao firmar o contrato pelo qual é cedido ao Estado o poder de impor a ordem seria inconcebível que um povo aceitasse um contrato do qual apenas obrigações lhe coubessem. Entretanto, ao povo resta apenas a obrigação de pôr em funcionamento a máquina de fazer a riqueza dos Midas do mundo, realidade a que a intelectualidade do Best Sellers e Móbeis é indiferente. 

Na questão que abre essa “prosa”, por exemplo, é possível a quem tem o pé no chão acreditar em promessa de governo? Alguém já viu algum governo fazer o que diz que vai fazer? Já viu algum candidato dizer que vai se aproveitar do cargo para levar vantagem, o que eles realmente fazem? Mas a ninguém preocupa esta realidade. Enquanto assuntos de importância nenhuma merece atenção das pessoas do povo, assuntos que têm tudo a ver com sua qualidade de vida são como se não lhes dissessem respeito como esta questão de o governo não fazer o que tem obrigação de fazer e ver o governante do mesmo modo como viam súdito de reis medievais como figura divina a quem era devida devoção.

Além do mais, o doutor Milton Friedman parece não perceber que a fim de vir o povo a se beneficiar não das promessas porque destas estamos escaldados, mas de realizações do governo nada mais é preciso do que superar o analfabetismo político e saber que tem direito a tais realizações. Um povo esclarecido debate questões de governo e não apenas de futilidades como acontece.

No mesmo descompasso está a segunda parte da questão levantada por doutor Friedman porque se o Estado existe para coibir a brutalidade inata do ser humano, tem necessariamente de ser forte e nunca um estado tão maria-vai-com-as-outras que bota o rabo entre as pernas diante da bandidagem, e suas autoridades não mostram a cara em público para não se verem desmoralizadas por xingamento. Não é esta a qualidade de um Estado ao qual povo nenhum deve se submeter.     

     

 

 

 

 

 

 

 

  

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

ARENGA 712

 

A falta de evolução espiritual torna as pessoas que fazem o povo mais propensas às atividades baseadas no vigor físico do que no vigor intelectual ou espiritual. A explicação para isto se encontra no cerne da cultura do venha a mim e os outros que danem que por ser incompatível com vida comunitária precisa a todo custo manter a atenção do povo (facilmente influenciável) desviada dos problemas por ela causados. Multidões são tomadas de êxtase quando brutamontes se engalfinham em monumental pancadaria cuja consequência é chegarem a uma velhice infelicitada pela síndrome do boxeador. Fortunas imensas, suficientes para acabar com fome no mundo, são gastas pelos equivocadamente acreditam haver vantagem em manter o povo na ignorância política para sobre ele tirar vantagem. Na execução deste plano perverso e diabólico de impedir a evolução mental da humanidade de modo tão absoluto que se inverteram os valores sociais. As cantoras, por exemplo, não se destacam pelo canto, mas por apelo ao sexo na exposição do corpo em insinuações de erotismo. Os cantores, de voz esganiçada e enjoativa, fazem tão grande sucesso que se tornam milionários e famosos. Tais cantoras e cantores envergonhariam Elizete Cardoso, Nana Caymmi, Edith Piaf, Montserrat Caballé, Carlos Gardel, Caruso e tantos outros cantores e cantoras que se notabilizaram pela qualidade do canto sem necessidade de aproveitar de um público sem conhecimento do que seja arte.

Esta triste realidade condena a sociedade humana a um eterno atraso. Como diz Vinicius Bittencourt em Falando Francamente, os seres humanos fogem dos livros como o diabo da cruz. A esse respeito, a cartunista Laerte aproveitou o monumento em forma do livro da Constituição Federal erguido na Esplanada dos Ministérios para se referir também e de forma magistral à ojeriza do povo pelos livros. Na charge da artista, diante do monumento, uma pessoa faz a pergunta “por que um livro?” E a resposta e a seguinte: “funciona como repelente. Eles têm pavor aos livros.” Pronto! Segundo o raciocínio brilhante da cartunista e lembrando a afirmação do pensador de que uma imagem vale mais que mil palavras, a também pensadora Laerte tornou desnecessária toda essa arenga em torno de prevenção contra novas investidas aos símbolos do poder democrático porque tendo pavor a livros, ao darem de cara com um baita livrão, os bagunceiros debandarão para nunca mais. Entretanto, há um porém: sendo os responsáveis pela atividade política pessoas do povo, portanto, também não afeitos aos livros, restarão apenas gatos pingados para tantos prédios vazios.

 

 

 

 

 

 

sábado, 6 de janeiro de 2024

ARENGA 711

 

O passar do tempo traz alguma luz às trevas que envolvem a mentalidade do ser humano e que fazem a humanidade buscar nos céus o bem-estar que só pode ser encontrado aqui mesmo, bem ao seu lado. Recentemente, a imprensa publicou que técnicos americanos da área de segurança pública se dizem intrigados com o alto número de assassinatos na Cidade de Washington que a ultrapassar o número do mesmo crime aqui na Cidade do Rio de Janeiro, terra que acolheu Sérgio Cabral com os braços tão abertos quanto os do Redentor. A monumental estupidez humana é que justifica a dificuldade dos responsáveis pela segurança americana em entender algo tão simples que nem mesmo é preciso ser inteligente para perceber.  Pessoas de determinado lugar não sejam vítimas de tanta injustiça como são os excluídos só cometem crime se vitimadas por doença mental. Como para não ser excluído é preciso ter aquilo de que se necessita e para isto é preciso o dinheiro que os avarentos gatos pingados ignorantes de sociabilidade espiritual que caracteriza pessoas de má índole açambarcaram para si sós, o resultado é a exclusão da qual resultam necessitados que, por sua vez, resulta em criminalidade. Desta forma, para não perceber algo tão facilmente perceptível, para não compreender a realidade de que a precisão faz o ladrão é preciso ter razões inconfessáveis.

 Todo o problema humano é estar a humanidade dividida entre aproveitadores (poucos) e quem se presta a ser aproveitado (a grande maioria). Tendo os aproveitadores, com consentimento dos aproveitados, feito da Economia Política, fonte de exclusão, inclusive por meio de crimes, como entre tantos outros homens honrados que repudiam a falsidade e são contrários às injustiças praticadas pela cultura do venha a mim e os outros que se danem adotada pelos falsos líderes e que são todos os mandatários como prova a situação socialmente insustentável de estar a humanidade com dez por cento de desfrutadores e noventa por cento de desfrutados cuja infelicidade, aos poucos, vai se tornando pandemia. Entre os abnegados pensadores que repudiam a injustiça social citaremos aqui Stephen Platt com o livro CAPATLISMO CRIMINOSO e Joseph E. Stiglitz com o livro O MUNDO EM QUEDA LIVRE. Nas citações abaixo estes homens mostram a distorção que foi dada à Economia Política por interesses escusos tornando-a responsável pelo mal-estar da sociedade humana.

 Entre as muitas referências desabonadoras da economia por estes dois pensadores, citaremos a da página 20 do primeiro livro acima mencionado: “A lavagem de dinheiro e o favorecimento ao crime por parte de instituições financeiras são dois dos grandes males da nossa época. Eles alimentam a comercialização de drogas, o tráfico humano, a evasão fiscal, pagamento a corruptos e a prática de atos de terrorismo em todas as partes do globo. Esses dois males promovem a miséria e o sofrimento de milhões de pessoas, permitindo que os criminosos saiam ilesos e gozem os lucros de suas práticas ilícitas.” E, na página 129: “O sistema financeiro internacional é um participante essencial da própria operação corrupta ou da retenção do dinheiro acumulado por suborno ou roubo. Os bancos desempenham um papel fundamental, fornecendo contas e estruturas empresariais que possibilitam a execução de contratos ilegais, disfarçando a origem ou o destino do dinheiro e permitindo que o dinheiro advindo de corrupção seja retido para, depois, ser acessado por seu destinatário”.

E não é diferente do que também afirma o mundialmente renomado economista americano, Joseph E. Stiglitz, na página 177 do verdadeiro “livraço” O Mundo Em Queda Livre sobre os banqueiros que manipulam a Economia Política (e os políticos) a seu bel-prazer e que deram origem à crise americana de 2008. A esse respeito, ouçamos o doutor Stiglitz: “Os banqueiros que levaram o país a este estado de confusão deveriam ter pagado pelos seus erros. Em vez disso, receberam bilhões de dólares”.  E, na página 178: “Com a eclosão da crise financeira, o governo Bush decidiu resgatar is banqueiros e seus acionistas – e não apenas os bancos. O dinheiro foi fornecido de maneiras não transparentes, talvez porque o governo não quisesse que o público tivesse pleno conhecimento dos presentes que estavam sendo dados, talvez porque muitos dos responsáveis eram ex-banqueiros e a falta de transparência era sua maneira natural de fazer negócio. O Governo decidiu não exercer nenhum controle sobre os que recebem enormes somas de dinheiro do contribuinte, com base em que isso constituiria uma interferência nos mecanismos de uma economia de mercado.” E, na página 388: “Perdera-se o sentido de confiança. Quase todos os dias se revelam histórias relativas ao mau comportamento dos participantes do setor financeiro – pirâmides, informação privilegiada, empréstimos predatórios e um conjunto de esquemas de cartões de crédito que eram destinados a extrair o mais possível dos infelizes usuários.”

São estas as conclusões de dois profundos conhecedores de economia em torno da qual uma plêiade de aproveitadores assalaria outra plêiade de papagaios de microfone para que esqueçam da personalidade e endeusem a economia como a salvação da lavoura. No entanto, do mesmo modo como quando papagaiam a respeito de pleno emprego estão sendo tão falsos quanto quando papagaiam sobre desenvolvimento econômico porque de desenvolvimento resulta riqueza apenas para os aproveitadores e destruição da natureza.