Como a mentira tem
pernas curtas, acaba sendo alcançada pela verdade. Muitas mentiras foram alcançadas
e desbancadas por verdades. Não faz tempo que a mentira de ser a terra quadrada
foi desmascarada pela verdade de ser redonda, e apenas alguns dias atrás quem
precisasse atravessar um rio tinha primeiro que rodar feito peru em torno do
deus dono do rio para através de mil mesuras, paracés e muita adulação conseguir
sua permissão para atravessar o rio dele sem ficar pelo meio. Atualmente, passa-se
sobre vários rios sem pagar pedágio para o deus deles, e nem se molha os pés.
Outras mentiras começam a perder o prazo de validade e em poucas gerações
muitas delas serão desbancadas. As mentiras às vezes tem conexão entre si e
quando morre uma delas morrem várias que a ela se ligavam.
A maior de
todas as mentiras de todos os tempos, e que carrega consigo enorme penduricalho
de outras mentiras, já está ficando fraca dos quartos e começa a claudicar: é a
mentira de haver vantagem em ajuntar riqueza num só lugar. Nem o poder de toda
a riqueza já ajuntada no mundo conseguirá manter por muito mais tempo a
indiferença com esta situação de haver muita riqueza em poucas mãos. Isto é altamente
prejudicial à sociedade. Pessoas de várias
partes do mundo já não estão mais lendo nesse catecismo de haver vantagem em
ajuntar um montão de riqueza num lugar e um montão de pobreza em outro lugar muito
maior do que o lugar onde fica a riqueza, e como se não bastasse esta
circunstância, por inacreditável que possa parecer, mas a verdade ainda
escondida é que a população da parte da pobreza é quem faz a riqueza da parte
da riqueza.
As pessoas que
não se deixam seduzir por axé e futebola já perceberam a realidade de se viver
uma irrealidade insustentável e dão início a um movimento ainda fraco, mas que
haverá de se tornar invencível. É o movimento da desimbecilização que não
permite ver a visível e palpável injustiça de um sistema perverso que eleva vagabundos
à categoria de reis e celebridades que só tem de célebre a ignorância, e sobre
quem são escritos livros que os eternos bobos compram. Vai sair um livro sobre
a vida de um ator de filme pornográfico que certamente será sucesso para a
mentalidade reles dos babacas que rodopiam no axé e se estraçalham no futebola.
Pois, a sociedade que valoriza esse tipo de gente condena trabalhadores a um
salário mínimo, e apenas enquanto tiver vigor para produzir e não levar para
casa nem um terço do que produziu porque a maior parte do que gerou seu
desgaste físico fica de lucro para a fábrica onde trabalha e para fazer as
compras dos desempregados. O que o trabalhador deixa por conta das tungadas seria
suficiente para que tivesse uma velhice despreocupada. Entrementes, a realidade
é bem outra: quando não aguentar mais movimentar a máquina da fábrica, aí, ó, o
trabalhador que faz a riqueza dos ricos vira bagaço na fila do hospital.
Os chamados
pensadores sempre cogitaram de desconfiar da verdade sobre o porquê dessa moda
de enriquecimento de algumas pessoas, e apresentaram suas cogitações a
respeito. O velho Marx pegou todas estas cogitações e ajuntou numa explicação
fácil de ser entendida: A riqueza do rico tem duas fontes de abastecimento:
falcatruas e a sobra da força-trabalho que bilhões de trabalhadores em todo o
mundo deixam nas fábricas onde trabalham. Do trabalho do trabalhador sobra para
ele apenas uma caneta lambuzada de ouro para enfiar no bolso, segundo Chico
Buarque. A maior parte do que produziu seu trabalho vai se juntar com as outras
partes dos outros trabalhadores para fazer a riqueza dos donos das fábricas.
Para os eternos
bobos (para quem a morte é uma perda irreparável) nada há de anormal no fato de
uma menininha ficar vinte e quatro horas num hospital com um bracinho quebrado
e chorando, enquanto o filho do rico Eike Batista chega num hospital
acompanhado de quatro automóveis num grande aparato de seguranças armados e é
atendido imediatamente apenas para saber se tá tudo bem. Não pode estar nada
bem nessa situação esquisita em que aos que nada fazem, tudo, e aos que tudo
fazem, nada. Isso não vai dar certo nunca.
A mania de
juntar riqueza é uma loucura tão perigosa quanto a loucura de jogar pedra. Os
ricos sofrem de um tipo de paranóia oriunda do medo da fome dos tempos em que a
comida era tão rara que era comum o ser que viria a ser um ser humano ser morto
na tentativa de conseguir alimento. Os ricos são loucos varridos. Tem medo de
passar fome com os supermercados abarrotados de comida. Eles usam o poder da
riqueza para manipular os cordões que movimentam os eternos manés-gostosos que
compõem a humanidade, sendo a Economia Política a mais poderosa máquina de
carrear dinheiro para os ricos, sendo os economistas da Prostituição da Consciência
os manipuladores dos controles que convencem os Manés-minha-égua de ser normal balançar
os quartos no axé e no futebola indiferentes ao sofrimento da menininha do
bracinho quebrado.
Mas, assim como há juízes tipo Joaquim Barbosa
e há juízes tipo juiz Lalau, há economistas da Prostituição da Consciência, mas
também há economista como a peso pesado da economia mundial Loretta Napoleoni,
que diz verdade como a registrada na página 59 do livro Economia Bandida:
“Fabricam-se falsas esperanças
difundindo-se, por exemplo, as altas taxas de crescimento da economia
norte-americana. Mas isso é pura ilusão. Um trabalho essencial feito pelos
economistas norte-americanos Ian Dew-Becker e Robert Gordon mostra que de 1997
a 2001 a maior parte desse crescimento enriqueceu os executivos das grandes
empresas, como os ex-diretores da Enron, além de atores e atletas famosos,
figurões da mídia e celebridades em geral”.
Desse jeito aí fica muito claro que o
futuro desse presente não tem futuro. Estas palavras da mulher pensadora
desnudam toda a trama armada pelos ajuntadores de riqueza. Como se vê, o
destino da riqueza é o mesmo em qualquer lugar: uma parte para as grandes
empresas, outra parte para a mídia, e o restante para promover os promotores
das brincadeiras que prendem a atenção dos eternos bobos para que eles não se
lembrem de lembrar do erro que é se esforçar tanto para ter como recompensa
virar bagaço na fila do hospital.
A insensibilidade dos brutos seres
humanos precisa ser contida pela polícia porque chega a ponto de escravizar
também na modalidade proibida da escravidão do chicote e da senzala, que causa
horror enquanto a televisão estiver ligada. A escravidão negra era tão
torturante para o negro quanto é torturante para quem pensa ter de conviver com
quem não pensa porque uns e outros tem objetivos completamente diferentes.
Enquanto as pessoas que não pensam não sabem porque precisam chorar na fila do
hospital, pessoas que pensam perceberam que o choro, as filas e toda a
inquietação em que vivemos é tudo por falta da dinheirama canalizada para os
alforjes dos ricos. Estas pessoas se juntaram para devassar contas
secretas nos infernos fiscais onde se encontram os alforjes dos ricos com o
dinheiro do pobre. Quem quiser saber sobre o fuxico do escândalo das montanhas
de alforjes que aquelas pessoas já esmiuçaram, basta pedir ao amigão Google:
International Consortium of Investigative Journalism. Lá diz que os meios de
comunicação estão mais interessados em esconder o conluio dos ladrões do que
zelar pelo interesse público, o que não é novidade. Como disse a economista de verdade,
os donos da mídia também tem lá os seus alforjes. E também diz que o Brasil não
se interessa pelo assunto, o que também não é novidade porque Maluf é um dos
ladrões, mas é assim ó com os home e cum a muié.
Tirando fora as
bombas que os países chamados civilizados jogam em cima de quem tem petróleo, e
as que explodem no corpo de jovens que se pipocam na esperança de conseguir com
isso fazer orgia no céu, sem lhes ocorrer de que apenas o povo brasileiro é
capaz de proporcionar orgias no céu para Lula e Rose, afora estes pipocos, nos
vários lugares do mundo onde pipoca uma bomba, é sinal de que alguma mentira
está sendo contestada. Nós, entretanto, continuamos procedendo como o povo mais
ridículo do mundo e capaz até de contrariar o preceito estabelecido no
Eclesiastes, Três; Quatro, de haver tempo de prantear e tempo de dançar. Por
aqui nóis pranteia e devorteia na merma da hora. Inté.