À medida que se faz repetidamente
alguma coisa, maneiras mais eficientes de fazer esta coisa vão aflorando espontaneamente
e substituindo os procedimentos anteriores que se tornam peça de museu. É um
processo natural que acompanha a mania de mudança da natureza. Do acúmulo das
experiências adquiridas resulta o aprendizado que faz o aprendiz virar mestre,
donde se deduz que o aprendizado aumenta a eficiência pela introdução de deduções
que o cérebro produz e das quais se beneficia o ser humano como prova a
introdução de novos procedimentos na ciência que estuda os dentes. Hoje sujeito
senta numa cadeira que depois vira cama, se borrando de medo, mas não sente dor
alguma se comparado com a mesma situação há cem anos, como deveria ser?
Uma vez que o
comportamento é o resultado do aprendizado, a humanidade aprende ao contrário
porque do seu aprendizado resulta malefícios em vez de benefícios, chegando ao
absurdo de ter degradado tanto sua qualidade de vida a ponto de ser ela na
modernidade inferior àquela vivida Há cem anos. Ao contrário de se aprender bom
caratismo e sociabilidade, os seres humanos aprendem idiotices e se tornam
mestres em canalhice. Lá vai uma pá de tempo do tempo que já devia ter surgido
uma juventude de homens e mulheres que merecessem ser chamados de homens e
mulheres e que ensinassem sabedoria a seus filhos. Não há maior demonstração de
amor pelos filhos do que tirá-los do aprendizado de idiotices do qual resulta
apenas três situações em torno das quais orbita a humanidade: extrema riqueza e
seu oposto extrema pobreza, ajuntando-se a estas duas situações inexplicáveis
uma terceira situação também inexplicável em que se encontra a maioria dos
seres humanos pressionados entre a necessidade de trabalhar para fazer a
riqueza dos extremamente ricos e para sustentar os extremamente pobres através
das mil cestas básicas, indenizações a pessoas enlutadas por deficiência da
administração pública, etc.
Já chega de
tanta burrice, sô! Tá na hora de pensar no que se ouve e no que se faz. Embora
muito longe ainda esteja, dia haverá de haver em que as pessoas nos encararão
com desprezo pelo fato de admitir nossa sociedade que seres humanos com
espírito de monstro posam para fotos anunciando possuir imensa riqueza enquanto
crianças morrem por imensa pobreza. Certamente compreenderão os do futuro
aquilo que os eternos bobos não compreendem: a única causa de toda a
infelicidade que grassa mundo afora é a IGNORÂNCIA produzida através de um
sistema educacional que ensina deseducação porque alguém preparado apenas para
ganhar dinheiro, como é o resultado do que se aprende no sistema educacional do
mundo, não pode ser uma pessoa educada no sentido de sociabilidade. Enquanto
não houver a compreensão da necessidade de estima entre os seres humanos a
humanidade andará às avessas, desagregando-se até o caos em consequência da
atitude burra de permanecer na situação tão infeliz em que se encontra com seus
jovens se autodestruindo.
Se o homem não
recusa as inovações introduzidas na atividade de ganhar dinheiro, a tal de
tecnologia, recusam todas as inovações no campo espiritual. A falta de
preocupação com esse tema leva pessoas nobres de conhecimento e sentimento a
não ter certeza da inexistência de inteligência na natureza. Aqueles que
realmente se empenham em estudar o assunto afirmam isso. Então, por que duvidar
deles, se não duvidamos quando médico nos diz que estamos doentes, ou quando o
advogado nos diz que é ilegal tal procedimento, ou, ainda, quando o professor
nos transmite seus conhecimentos? Só o desinteresse pelo tema pode levar à incerteza
de que temos para o universo a mesma importância e o mesmo destino que as
baratas. Quando se dispõe a pensar sobre o assunto de religiosidade logo se
percebe tratar-se de coisas inteiramente irreais. Nada melhor para
esclarecimento do assunto do que um livrinho de leitura agradável chamado Carta
a Uma Nação Cristã, do jovem filósofo americano Sam Harris. Em Eclesiastes, por
exemplo, Deus teria estabelecido tempo para se odiar e tempo para lutar. Ora, o
inferno de vida em que se encontra mergulhada a humanidade tem por causa
exatamente o ódio e as lutas. Só o apreço e um sentimento nobre de
cooperativismo entre os seres humanos poderão proporcionar uma vida de
qualidade. Pode-se afirmar categoricamente que a religião é um engodo
monumental. O Arnaldo Jabor foi muito feliz ao se referir aos templos
religiosos como os supermercados da fé.
Inteiramente
explicável a religiosidade apenas nos eternos enganados pela luzinha mágica da
televisão que os leva a se espremerem em aviões e navios, onde adquirem doenças
e não raro perdem a vida. A força da tradição impede que as pessoas pensem seus
próprios pensamentos. É por falta deles que a humanidade vaga como zumbi. Rara
é uma pessoa que não se oponha a ser levado por uma multidão de enganados, barulhentos,
de menor conhecimento e experiência, e que nem mesmo sabem para onde vão e nem o
que lá encontrarão. Tudo é incoerência. Os filhos, encarados do ponto de vista
tradicional necessários à realização do casal, precisam ser encarados
atualmente como também os causadores da extinção da vida no planeta que irá
sucumbir ante a exigência de tanta coisa para tanta gente, o que o levará à
exaustão. O petróleo, base da economia da humanidade está se esgotando. Basta
pedir ao amigo Google “reserva de petróleo” para se ver não haver motivo para
tantas festas e muito menos gastar uma fábula de energia para iluminar
terreiros de axé e futebola onde os eternos bobos se estraçalham numa falsa e
perigosa felicidade de bicho.
Reúnem-se
multidões nos templos inúteis onde não se pensa na qualidade da água que bebe e
qual será a qualidade da água que seus filhos e netos irão beber. Estão certos
os eternos enganados de que Deus não deixará acontecer nada do que a ciência
está prevendo. Se sempre houve água, sempre haverá de haver, acreditam. Tal
crença ainda persiste em função da indisposição para pensar. Uma observação
superficial é bastante para se perceber como está fraca a força da religião se
comparada com o tempo dos fabricantes de cinzas, como bem define o tempo da
inquisição o doutor Evandro Gomes Brito em seu maravilhoso livro O PAPA ALEXANDRE
VI E SUAS DUAS AMANTES.
No seu andar de
costas, a humanidade está levando jovens de sociedades tidas como das mais
civilizadas à prática medieval que consiste na luta entre dois idiotas de
mentalidade inferior à dos cavalos que montam. A estupidez consiste em derrubar
da montaria o oponente com uma estucada violenta da ponta de uma vara que cada
um dos cavaleiros aponta para a cabeça do outro e cujo impacto causa grandes
danos porque atinge a pessoa com o peso corresponde à resultante da soma das
velocidades que cada um dos cavalos desenvolve.
É nessa triste
condição de marcha-ré a que se reduz a espiritualidade humana, causando
profunda tristeza naqueles a quem a experiência faz enxergar um pouco mais à
frente. É torturante a impossibilidade de jogar uma corda mental para puxar a
humanidade de dentro das águas turbulentas e imundas da brutal ignorância em
que se encontra. As pessoas portadoras do sentimento de solidariedade, aquelas
pouquíssimas que superaram um pouco a animalidade, não conseguem suportar a
estupidez das bestas humanas indiferentes ao sofrimento de uma menininha que
ficou oito dias com uma bala no seu corpinho até morrer à míngua, como inseto, mesmo
estando num hospital. Só os bichos são indiferentes ao sofrimento de outro
bicho. É uma verdadeira tortura para quem tem sentimento, caráter, e alguma
inteligência ter de viver no mesmo ambiente em que vivem seres muito mais
semelhantes a hienas do que a seres humanos. Para quem usa a faculdade de
pensar, o comportamento da multidão é o mesmo comportamento de vacas, bois,
bezerros e bezerras. A atividade das bestas humanas se resume em trabalhar para
sustentar os ricos, da mesma forma que outros animais também condenados ao
destino de produzir proteínas e terem seu corpo destruído para que as pessoas
se apossem delas. Excluída a obrigação de trabalhar, as outras atividades dos
pobres seres humanos se resumem em brincar, comer e encher latrinas. Não ocorre
a ninguém, ao que parece, nenhuma estranheza quando a imprensa anuncia que em
determinado ano houve mais assassinatos do que o normal. É o estado de
degradação social a que chegamos a ponto de haver número normal para
assassinatos. Havendo permissão para determinado número de assassinatos, e
sabendo-se que as bestas humanas ainda se comprazem com o prazer de matar, não
se justifica tanta festa porquanto algum festeiro pode ser um portador da
permissão para ser morto. Mas, como esta prosa já está uma prosa, inté outra
prosa.
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