Daqui a um quaquilhão de anos luz
ainda não haverá alguém capaz de acreditar na barbaridade dos tempos atuais.
Diariamente nos chegam ao conhecimento fatos que desnudam a ferocidade de
monstro que ainda habita o ser humano. O caso que vou narrar ninguém me disse
ter acontecido, está no cotidiano desta vida de bichos indiferentes ao
sofrimento dos semelhantes. Cenas pavorosas de degradação humana passam ao
largo das preocupações dos frequentadores de igrejas, terreiros de axé e de futebola.
O caso a que nos referimos
envolve uma família constituída de um casal de bilionários e dois filhos
rapazes e herdeiros de todo um grande império de riqueza dos seus pais. Como é
comum entre todos os irmãos bilionários do mundo, também as conversas destes
dois irmãos giravam sempre em torno de novas emoções que lhes custavam cada vez
maior quantidade de dinheiro à medida que necessitavam de emoções mais fortes
para manter o alto grau de novas sensações de prazer e extravagância. Certa vez, a emoção forte escolhida pelos
dois para aquele dia foi uma corrida disputada em suas motos milionárias.
Quando estavam quase a voar, a moto do irmão que ia à frente teve a roda dianteira
danificada por uma pedra e perdeu o controle. Foi de encontro à murada da ponte
e atirou o bilionário lá muito abaixo dentro da água revolta. Embora o irmão
que vinha atrás tivesse visto tudo, inclusive o obstáculo que causou o
acidente, foi tomado de súbito pela idéia de que se o irmão desaparecesse ele
teria muito mais dinheiro para novas emoções. Como é normal para a cultura de
bestas em que se tornou o ser humano, alegou que vinha na frente e que nem
tinha percebido a falta do irmão porquanto o ronco ensurdecedor do possante
motor de sua moto não lhe permitia saber que o irmão acidentado não o
acompanhava.
O baixíssimo nível de
espiritualidade que orienta o comportamento desse irmão desnaturado é o mesmo
que orienta uma sociedade tão desnaturada quanto esta monstruosidade em que
chafurdam os ignorantes e tão depravados seres humanos que negociam xoxotas na
imprensa e garantem que a prostituição não é tolerada pela moral e os bons costumes.
Porém, como se falar em moral e bons costumes em lares que convivem com cenas
de prostituição mais depravadas do que as do meretrício, com a agravante de
participarem delas todos os membros da família?
A absolutíssima maioria dos seres
humanos teve anulada sua capacidade de raciocinar em consequeência da ação enganadora
dos falsos líderes através dos meios de comunicação. Além da parceria diabólica
com a religião, os falsos líderes da política também fizeram parceria maligna com
os meios de comunicação e formaram uma trindade maldita na divisão do trabalho
de enganar. Não faz tempo uma emissora de televisão dizia aos enganados que o
ateu é capaz de cometer crimes bárbaros, procedimento que visa fazer com que os
enganados nunca cogitem de ser ateu para não cometer crimes bárbaros nem deixar
de levar o dízimo que faz a riqueza dos pastores como mostra a matéria “riqueza
dos pastores” publicada pela Revista Forbes. É para esse supermercado da fé (como
disse o Arnaldo Jabor) que vão os suados tostões do aposentado tão enganado que
ouve o pastor dizer que Lennon morreu porque Deus o matou por tê-Lo afrontado.
Não ocorre a quem ouve tamanha enganação nem um lapso de pensamento sobre a
inconseqüência de tal afirmação. Quem matou o Lennon foi um cara com revolver
que atirou nele. Se Deus é o mandante, Ele deixou Seu pistoleiro divino à
própria sorte, na cadeia. Também disse o
mesmo gigolô da fé que os Mamonas Assassinas morreram porque Deus guiou o avião
para bater na montanha e há entre os enganados quem veja sentido nisso. Se o
Deus que os enganados pensam existir é bom como eles dizem, Ele não mataria
ninguém. Além disso, por que mataria Deus também o pobre do piloto? Como todo
enganado, certamente também ele era temente a Deus, mas deixou sua família
desfalcada do companheiro.
O poder enganador dos meios de
comunicação (principalmente da luz inebriante da televisão) sobre os enganados os
mantém na corda curta, sujegados ali, ó, na obrigação de não desviarem a
atenção das brincadeiras nem dos lugares de fazer compras. Seus agentes são
chamados Formadores de Opinião, mas são na realidade Deformadores de Opiniões.
Geralmente são senhores rechonchudos cujo trabalho consiste em fomentar a
eterna bestagem que faz os enganados dançar logo depois de chorar. Os
deformadores de opiniões não são bobos como os enganados. Há neles inteiro
conhecimento da situação porquanto ao tratar de assunto onde não haja lugar
para o trabalho de enganação percebe-se neles lucidez e conhecimento, faltando-lhes,
entretanto, a percepção do mal coletivo resultante do trabalho de imbecilizar
os enganados porque é nesse ambiente de imbecis cada vez pior por eles fomentado
onde viverão seus descendentes. O plim plim dos enganadores tem o mesmo efeito
do pêndulo que o mágico balança diante dos olhos de alguém e que impede esse
alguém de olhar em outra direção senão o movimento do plim plim, isto é, do
pêndulo. Lá no país que joga bomba na cabeça de quem tem petróleo, um enganado
morreu pisoteado por uma manada de outros enganados quando abriu a porta da
loja e eles avançaram para obedecer ao “ir às compras” imposto pelo “plim plim”
que até criou datas nas quais se é obrigado a dar presente às crianças, outra
para as mães e os pais, outra para a namorada, e muitas outras mais. A passagem
de cada uma das datas do “ir às compras” faz com que as lojas pareçam
formigueiros e façam estardalhaço para atrair o maior número de enganados com o
barulho de auto falantes, numa demonstração de grosseria espiritual.
Embora a enganação imposta pelos
falsos líderes possa ser percebida de vários modos, um exemplo magnífico desta
trama é a Venezuela. Os deformadores de opinião pintam o presidente Chávez como
um bandido. Entretanto, o jornal Le Monde Diplomatique Brasil deste mês de
abril traz matéria do jornalista Steve Rendall com o título PARA AS MÍDIAS, UM
HOMEM A ELIMINAR, sendo o título revelador do ódio nutrido pelas mídias conta o
presidente venezuelano a ponto de querer eliminá-lo é o efeito do trabalho de
enganar. O motivo pelo qual os falsos ídolos pagam ao plim plim para pintar o
Chávez de demônio perante os enganados é porque aquele líder natural teria
cometido o mesmo crime de Jesus Cristo ao ombrear com os humildes. Revela a
matéria jornalística que o crime do Chávez foi aplicar o dinheiro do petróleo
em educação, saúde e programas alimentares, em vez de dividi-lo como é de
costume com os capitalistas, classe que substituiu os nobres na mudança de
regime ocorrida no final do século XVIII com a Revolução Francesa.
Toda vez que os enganadores se
sentem seguros bastante para descuidar dos cuidados com a enganação, a
descoberta da situação de enganados tem levado estes a subverter a situação por
meios violentos. Nada era mais sólido que o poder da igreja antes da Revolução
Francesa. No entanto, segundo a História, cerca de dois mil a três mil padres e
freiras foram assassinados durante o período revolucionário. Entretanto, nenhum
movimento visou acabar com a enganação. Os que eram enganados passam a ser
enganadores e continua a eterna servidão dos eternos enganados com seus
enganadores tão seguros de si como sempre estiveram. Até quando? Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário