O doutor
Carlos Velloso demonstrou comportamento ético quando recusou o Ministério da
Justiça por ver nisso a possibilidade de haver influência positiva a favor da
clientela de seu escritório de advocacia, uma vez que, segundo informa a
jornalista Eliane Cantanhede no Estadão, passaria a ter informações
privilegiadas de imenso valor para seus clientes. O mundo da política é mesmo
um mundo que precisa ser revisto por ser tão sem pé nem cabeça que uma pessoa
pode ser ético ao mesmo tempo em que exerce atividade antiética. Há nobreza no
comportamento do doutor Velloso frontalmente contrário ao comportamento das
muitas outras pessoas que ocupam cargos públicos para dele usar em benefício próprio
ou de alguém. Na história política não é novidade cargo de secretária servir de
fachada para concubinas. Portanto, há de se louvar o gesto nobre do doutor
Velloso, oposto a tudo que com muita tristeza presenciamos no ambiente
putrefato da politicagem como, por exemplo, o doutor Nelson Jobim condenar a
tentativa de moralização política da Lava Jato da mesma forma como fazem os
declaradamente desonestos. Em sendo banqueiro o doutor Jobim, fica esclarecida
sua ojeriza a quem é contra parasitas sociais. Entretanto, se é que há, e não
pode deixar de haver ladrão do dinheiro público entre os clientes do escritório
do doutor Velloso, não seria antiético defender criminosos cujos crimes levaram
os brasileiros à situação aflitiva em que se encontram de completo abandono,
como fizeram todos aqueles advogados, entre eles o doutor Thomaz Bastos, no
julgamento dos criminosos do Mensalão, e fazem ainda todos os advogados que
garantem e assinam embaixo serem inocentes seus clientes sendo eles ladrões
ainda mais socialmente prejudiciais do que os milhares que abarrotam as
pocilgas/presídios.
O princípio
de direito segundo o qual ninguém deve ser condenado sem defesa se justifica
plenamente quando há possibilidade de ser inocente o acusado. Mas, em se
tratando de políticos, nenhuma possibilidade há de não se tratar de criminoso
porque as evidências falam por si sós. A imprensa mostrou um secretário
municipal de São Paulo que durante a gestão adquiriu mais de cem imóveis, o que
afasta totalmente alguma dúvida quanto existência de ação criminosa. Do mesmo
modo, as imensas áreas de terras adquiridas por políticos e mostradas no livro
O Partido da Terra, de Alceu Luís Castilho, as acusações constantes dos livros
Honoráveis Bandidos, Privataria Tucana e O Chefe, são provas suficientes para
condenar os acusados uma vez que não partiram com tudo prá cima dos acusadores
como faria qualquer cidadão honrado acusado de ser ladrão. Entretanto, o que se
vê são advogados riquíssimos de uma riqueza extraída do produtos de crimes e
até mesmo pessoas investidas de autoridade para defender a sociedade defendendo
os inimigos dela. Os descendentes destas personalidades torpes haverão de
envergonhar-se de tais ascendentes, salvo se portadores do mesmo aleijão moral.
É claro que o trabalho dos advogados trazem grandes benefícios à sociedade.
Mas, como em toda profissão, há também profissionais com espírito de Midas do
tipo o oftalmologista Rui Cunha e o cardiologista Nilzon qualquer coisa cujos espíritos
de Midas levaram-nos a encontrar em mim falsa necessidade de cirurgia. Para
tais profissionais o dinheiro está acima de qualquer consideração de ordem
moral. Mas canalhas desse tipo, felizmente, são minoria. Já fui beneficiado
pelo profissionalismo sério e competente do advogado que me salvou de ser
vítima da fome de dinheiro dos bancos Bradesco e Itaú. Nem por isso deixa a
sociedade de ser prejudicada pelo trabalho dos famosos escritórios de
advocacia, entre eles o da mulher do governador do Rio de Janeiro, hoje na
prisão por conta de crimes dos quais resultou a situação vexatória dos
trabalhadores no serviço público do Rio dependendo da boa vontade da população
para que possam se alimentar.
O mundo
carece ser repensado porque depois de tanto tempo de existência os seres
humanos ainda não concluíram estar num caminho tão errado que produzem sua
própria infelicidade. A brutalidade ainda existe até naqueles agrupamentos que
se sobressaem entre os demais como os mais civilizados como mostra a notícia de
ter sido transmitido ao vivo pelo Facebook um estupro coletivo na Suécia. Há de
se cogitar com ênfase sobre o que disse o escritor Nelson Rodrigues: “Os idiotas
vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são
muitos”. Com a devida permissão, poder-se-ia
acrescentar a esta sábia observação esta outra observação que não precisa ter a
genialidade do famoso escritor para ser observada e que é a realidade de serem
os idiotas que sempre dominaram o mundo depois da invenção da democracia. Se
antes dela aqueles que punham a carga no lombo o burro/povo eram levados a os
postos de parasitagem por uma questão de nascimento, caso em que o bicho povo
não interferia, inventada a democracia são os próprios parasitados que escolhem
seus parasitas. Depois de domesticados, os bichos não vivem sem a condução de
quem os domesticou, razão pela qual o bicho/povo não pode dispensar liderança.
Aí está a massa ignara a lamber o saco de Lula sem que lhe passe pela cabeça a verdadeira
pretensão de qualquer líder.
Resulta de idiotia a notícia de que o parceiro de falcatruas de Sergio
Cabral, o governador Pezão, será testemunha de defesa do seu companheiro de
exploração sobre a massa bruta de cariocas, o que é uma estultice do tamanho do
mundo uma vez que a lei não obriga que alguém promova provas contra si mesmo. Os idiotas a que se refere Nelson Rodrigues
são, efetivamente, a quase totalidade dos seres humanos, mas não a totalidade.
Havendo os que não são idiotas, é injusto, que estas exceções sejam conduzidas
por idiotas tão idiotas que ante a aproximação de circunstâncias grandemente
infelicitadoras de fome, sede, doenças e um crescer assombroso da violência,
como loucos incapazes de um só comportamento coerente, vivem num festejamento
inexplicável para quem não foi tomado da idiotia a que se refere o famoso
escritor e teatrólogo. A mesma idiotia faz com que sem nenhuma justificativa, seres
na realidade menos importantes entre os menos importantes dos humanos sejam
considerados tão importantes a ponto de serem reverenciados com riqueza e os
termos “famosos” “celebridades” e “excelências”.
Na página 1009 do segundo volume de História da Civilização Ocidental, o
historiador Edward Mac Nall Burns diz o seguinte: “Todo
aquele que vive muito acima do nível animal recorre constantemente às lições da
História”. Acima do nível animal só pode ser interpretado como sendo aqueles que integram a exceção à
regra da idiotia. Portanto, tal observação corrobora a afirmação de Nelson
Rodrigues porque absolutamente nenhum ninguém que enquadre na sua classificação
de idiota se interessa por estudo de história porquanto suas mentes não
ultrapassam o interesse pelo exame de urina de jogador de futebola, igreja e
axé, enquadrando-se, desta forma, na classificação de animal feita por Burns.
Entre as muitas manifestações da idiotia está a afirmação pomposa de não se
incomodar com opinião alheia porque os paramentos brincos, tatuagens, etc., são
colocados exatamente em função das outras pessoas uma vez que ninguém se
enfeita para ser apreciado por si mesmo. Aliás, o escritor/pensador Edimilson
Movér afirma que as mulheres se enfeitam muito mais em função das mulheres do
que dos homens. Dá o que pensar tal afirmação. Carece absolutamente de
fundamento a afirmação de independência pessoal porque as opiniões alheias têm
peso imensurável quando se está nu, cagando, trepando, e até mesmo mijando,
embora vestido.
Os idiotas a que se referia Nelson Rodrigues são os que formam a massa
amorfa de povo. A palavra povo encerra a ideia de coisa insignificante, reles,
desqualificada em termos de organização social civilizada porque povo não se
incomoda com barulho, grosserias e se interessa por vulgaridades. Mas não são
apenas os frequentadores de igreja, axé e futebola que integram a trupe ordinária
de povo cuja idiotia atrasou o avanço civilizatório da nossa sociedade quando
apoiou o assassinato dos nossos jovens progressistas pelo impropriamente
chamado Movimento Revolucionário de 1964, ordenado pelos Estados Unidos. Integram-na
também tanto os imbecis que pavoneiam suas montanhas de riqueza na revista
Forbes, quanto seus paus-mandados, os papagaios de microfone, escritores e
filósofos assalariados e as “autoridades” porque também estes impedem o
desenvolvimento civilizatório social por aniquilarem o dinamismo da
inteligência jovem que sem a orientação maléfica destes biltres mentais produziria
excelentes frutos em vez de imbecilidades como futucar telefone, frequentar
igrejas, axé e futebola. Inté