quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ARENGA 381


Por maior que seja a pompa, as mais elevadas personalidades cairiam no ridículo se determinados comportamentos viessem a público. A arte, embora encarada apenas como diversão, assim não deve ser porque através dela nos são revelados inúmeras facetas da realidade da vida, coisas que nos põem a pensar. O filme Casa dos Espíritos, que vale a pena assistir e pode ser assistido no Netflix, é um convite à meditação sobre a realidade da vida, coisa que passa a anos luz da mediocridade dos frequentadores de igreja, axé e futebola. A história do filme nos mostra a mediocridade existente nos juramentos solenemente jurados. Ante o poderia da natureza, comportamentos aparentemente irretocáveis de posudas e altas autoridades vão por terra abaixo, como acontece quando a intervenção dos encantos femininos de uma prostituta enfeitiçam algum dos chefões revolucionários cuja intervenção salvou a vida da filha de um milionário senador todo-poderoso que seria vilipendiada e morta pela brutalidade humana aumentada quando se trata de policiais porquanto do treinamento a que são submetidos os jovens a fim de se tornarem policiais a arma e a violência passam a fazer parte da sua personalidade. Aqui se faz mais que necessária a ressalva de que na referência à prostituta não vai nenhum desmerecimento às prostitutas porque em minha atribulada vida conheci muitas delas com mais nobreza de caráter do que muitas excelências pelaí).

Esse bolodório vem a propósito da necessidade de se pensar sobre a vida, porquanto ela tem sido tão negligenciada que o dinheiro passou a merecer atenção maior. A realidade da vida é completamente outra daquela que se imagina ser. Não corresponde à realidade nem mesmo a historiazinha bizarra de haver semelhança entre o entregador de pizza e o ginecologista visto que ambos sentem e cheiro, mas não comem. Na realidade, tanto entregadores de pizza quanto ginecologistas sucumbem ao ditame da natureza e, apesar dos juramentos feitos ante o dono da pizzaria e Hipócrates, com remorso ou sem ele, ambos tiram uma lasquinha nos seus instrumentos de trabalho. Mas, até mesmo no que diz respeito à História, deve-se refletir a respeito dela. Na página 1009 do livro História da Civilização Ocidental o historiador Burns questiona se nossa civilização estaria fadada a sucumbir diante de invasores bárbaros vindos de fora ou de dentro da própria humanidade e se seria ela substituída por uma nova Idade das Trevas.

Acontece ser a barbárie da própria humanidade a causa de sua destruição, e deixou ela a Idade das Trevas. Mais uma lição nos dá a arte cinematográfica através do filme Os Vikings, povo cuja cultura incutia nas crianças o ideal de serem guerreiros bravos e matadores, do mesmo modo como a cultura atual incute nas crianças o ideal de riqueza, portanto, a mesma brutalidade com a diferença apenas de que os assassinatos são praticados de forma indireta. Embora os detentores de imensas riquezas não espetam espadas na barriga e nem dá tiro em ninguém, eles matam quando impossibilitam que excluídos possam atender suas necessidades primárias. A realidade da autodestruição da humanidade por conta de sua própria barbárie está demonstrada no conceito dado à nossa História na opinião de Edward Gibbon, citado pelo mesmo historiador, página e livro acima citados, no seguinte teor: “A História seria o registro dos crimes, das loucuras e dos infortúnios da humanidade”. Inté.   

  

 

 

 

 

 

 

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