Por maior
que seja a pompa, as mais elevadas personalidades cairiam no ridículo se
determinados comportamentos viessem a público. A arte, embora encarada apenas
como diversão, assim não deve ser porque através dela nos são revelados
inúmeras facetas da realidade da vida, coisas que nos põem a pensar. O filme
Casa dos Espíritos, que vale a pena assistir e pode ser assistido no Netflix, é
um convite à meditação sobre a realidade da vida, coisa que passa a anos luz da
mediocridade dos frequentadores de igreja, axé e futebola. A história do filme
nos mostra a mediocridade existente nos juramentos solenemente jurados. Ante o
poderia da natureza, comportamentos aparentemente irretocáveis de posudas e altas
autoridades vão por terra abaixo, como acontece quando a intervenção dos
encantos femininos de uma prostituta enfeitiçam algum dos chefões
revolucionários cuja intervenção salvou a vida da filha de um milionário
senador todo-poderoso que seria vilipendiada e morta pela brutalidade humana
aumentada quando se trata de policiais porquanto do treinamento a que são
submetidos os jovens a fim de se tornarem policiais a arma e a violência passam
a fazer parte da sua personalidade. Aqui se faz mais que necessária a ressalva
de que na referência à prostituta não vai nenhum desmerecimento às prostitutas
porque em minha atribulada vida conheci muitas delas com mais nobreza de
caráter do que muitas excelências pelaí).
Esse
bolodório vem a propósito da necessidade de se pensar sobre a vida, porquanto
ela tem sido tão negligenciada que o dinheiro passou a merecer atenção maior. A
realidade da vida é completamente outra daquela que se imagina ser. Não
corresponde à realidade nem mesmo a historiazinha bizarra de haver semelhança
entre o entregador de pizza e o ginecologista visto que ambos sentem e cheiro,
mas não comem. Na realidade, tanto entregadores de pizza quanto ginecologistas
sucumbem ao ditame da natureza e, apesar dos juramentos feitos ante o dono da
pizzaria e Hipócrates, com remorso ou sem ele, ambos tiram uma lasquinha nos
seus instrumentos de trabalho. Mas, até mesmo no que diz respeito à História,
deve-se refletir a respeito dela. Na página 1009 do livro História da
Civilização Ocidental o historiador Burns questiona se nossa civilização
estaria fadada a sucumbir diante de invasores bárbaros vindos de fora ou de
dentro da própria humanidade e se seria ela substituída por uma nova Idade das
Trevas.
Acontece
ser a barbárie da própria humanidade a causa de sua destruição, e deixou ela a
Idade das Trevas. Mais uma lição nos dá a arte cinematográfica através do filme
Os Vikings, povo cuja cultura incutia nas crianças o ideal de serem guerreiros bravos
e matadores, do mesmo modo como a cultura atual incute nas crianças o ideal de
riqueza, portanto, a mesma brutalidade com a diferença apenas de que os
assassinatos são praticados de forma indireta. Embora os detentores de imensas
riquezas não espetam espadas na barriga e nem dá tiro em ninguém, eles matam
quando impossibilitam que excluídos possam atender suas necessidades primárias.
A realidade da autodestruição da humanidade por conta de sua própria barbárie
está demonstrada no conceito dado à nossa História na opinião de Edward Gibbon,
citado pelo mesmo historiador, página e livro acima citados, no seguinte teor: “A
História seria o registro dos crimes, das loucuras e dos infortúnios da
humanidade”. Inté.
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