A
professora e psicóloga pós-graduada e especializada em Psicologia e Educação,
Maria Helena Souza Patto, escreveu um livro chamado A PRODUÇÃO DO FRACASSO
ESCOLAR, com 454 páginas, do qual acabo de adquirir um exemplar da quarta
edição, versando sobre o acanhado desenvolvimento do ensino no Brasil. Diz a
professora ser inaceitável tanta reprovação e evasão escolar e que sucessivas
pesquisas revelam total insucesso das tentativas de reversão do quadro
calamitoso do ensino brasileiro. Ora, o que acontece com a fina-flor da
intelectualidade? Será preciso que um semianalfabeto mostre a conclusão a que
chegou Rui Barbosa quando afirmou que “A chave misteriosa das
desgraças que nos afligem, é esta, e só esta: a ignorância popular, mãe da
servilidade e da miséria”?
É possível que Anísio Teixeira e Paulo Freire não percebessem estar
jogando conversa fora ao pregar uma educação capaz de formar cidadãos? Também
perde tempo em termos de benefício para a educação o trabalho da professora
Maria Helena aqui referido, simplesmente pelo fato estarrecedor de ser a
deseducação o objetivo não só dos governos das repúblicas de banana, mas do
mundo inteiro, como fica magnanimamente ensinado pelo Grande Mestre do Saber
Rui Barbosa quando se refere à ignorância como mãe da servilidade. Qual tem
sido o destino da humanidade através dos tempos senão servir aos senhores
acastelados em palácios com vida faustosa? Pessoas politicamente alfabetizadas
ou cidadãos, por acaso, se prestam ao servilismo? Absolutamente, NÃO. Como para
concordar em carregar cangalha no lombo e levar ferro no rabo é preciso ser
idiota arrematado, os donos das cangalhas e dos ferros impossibilitam uma
educação da qual resultem idiotas cuja mentalidade não vai além de igreja, axé,
futebola, “famosos” e “celebridades”. Se é assim, e é assim que é, por que,
então, escrever livros sobre o fracasso da educação se ele interessa ao Estado
que transformou a educação em fonte de renda para os ricos donos do mercado
educacional? Há dois anos paguei algo em torno de quatro mil e quinhentos reais
para que uma estudante pobre de minha afetividade cursasse um pré-vestibular.
Ano passado paguei oito mil e quinhentos para outro estudante pobre,
inteligente e esforçado, fazer o mesmo curso.
A vida no mundo é vivida tão ao contrário que busca deliberadamente a
própria extinção. A sociedade está estruturada sobre falsidades. As chamadas
autoridades responsáveis pela condução do mundo e seus discursos, o rigor à
observância das leis, a democracia, a religião, é tudo falsidade. Aqui entre
nós, por exemplo, aboliu-se do crime e do criminoso a característica de ação
antissocial, o que fica demonstrado ao se reunir a mais alta corte da justiça, o
Supremo Tribunal Federal, para decidir se réus em ação penal podem ocupar
cargos na linha sucessória de presidente da república. O fato de nem mesmo
precisar parecer ser honrado para se ocupar o mais relevante posto da administração
pública é suficiente para se concluir ser tudo uma grande armação. Daí a
necessidade da ignorância que incapacita a percepção da realidade de que a euforia da juventude é igual à da droga.
Depois de passada fica a ressaca. E a ressaca desta juventude de bosta será num
corredor de hospital a chorar o arrependimento de ter passado a vida em brancas
nuvens. Inté.
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