sexta-feira, 27 de março de 2015

ARENGA 99


Está faltando gente a espernear contra os desmandos a que as autoridades do nosso país submetem a população, deixando-a subserviente e na condição de servir a todo tipo de exploração, eternizando assim nosso país na situação de colônia ridicularizada perante outros grupos humanos que conseguiram rapar um pouco as arestas da monumental ignorância humana da qual nenhuma nação do mundo escapa. Os que se dizem civilizados, na realidade, apenas avançaram na arte de produzir dinheiro e infelicidade. De sociabilidade, entretanto, são tão bárbaras quanto as outras aglomerações que se digladiam a ponto de se encontrar pedaços de cadáver pelas ruas onde já faz parte da rotina o pipocar de tiros e o zumbido de balas. Os agrupamentos considerados superiores em civilização estão ainda tão inferiores quanto os demais visto que nenhuma sociedade humana ainda conseguiu superar a cultura bárbara de desperdiçar grandes esforços para construir templos tão inúteis quanto suntuosos e caros como o construído pelo rei Salomão através da escravização do seu povo, prática ainda usada hoje, diferenciando-se da primeira apenas no fato de que os trabalhadores dos templos modernos não sabem ser escravos e por isso se consideram homens livres. Se os escravos que fizeram o Templo de Salomão em Jerusalém eram subjugados pela força bruta, os escravos que fizeram o Templo de Salomão em São Paulo o são pela força hipnótica da televisão. Falta à humanidade lucidez que lhe permita optar por outro modelo de civilização por estar este falido. Os povos que alcançaram o objetivo estabelecido pelo atual modelo de civilização baseado no acúmulo de riqueza, são, na verdade, tão infelizes quanto os que ainda se encontram no primeiro degrau da escada que leva até onde eles já chegaram, mas que só é primeiro mundo nesse mundo sem qualquer classificação em termos de elevação mental e espiritual, na verdade uma grande merda. Nenhuma vantagem há em ser o primeirão num mundo de merda.

O sustentáculo das mazelas de onde provêm os transtornos humanos, infinitamente maiores entre grupos compostos de ainda iletrados como o nosso, são os meios de comunicação. Pode parecer estranho porque se pode ouvir nos rádios e televisões ou ler nos jornais e revistas belos e indignados pronunciamentos não só contra a corrupção que suga o erário, mas também pela observação da moralidade. Acontece, porém, não passar de uma grande ilusão na qual acreditam até mesmo muitos destes chamados formadores de opinião que através dos meios de comunicação fazem acreditar que é bom para a saúde beber Coca-Cola e que “celebridades” e “famosos” são realmente pessoas célebres e dignas de fama, motivo pelo qual é preciso interessar-se em saber quais as “celebridades” ou os “famosos” que não usam calcinha ou cueca. O que se verifica na prática é que os meios de comunicação deformam em vez de formar uma opinião coletiva condizente com o comportamento exigido para que se possa formar uma sociedade civilizada.

 Qualquer Zemané sabe que para isso se faz necessário empregar muito dinheiro em saúde e segurança, mas, sobretudo numa educação que ensine cidadania, dinheiro esse que em vez de estar sendo transformado em bem-estar social se encontra escondido nos infernos fiscais, boa parte dele pertencente aos donos dos meios de comunicação de onde saem matérias e mais matérias sugerindo moralização e comportamentos éticos. Como se vê, se a opinião pública é determinada pelos ricos proprietários dos meios de comunicação, e se eles adotam procedimento antissocial, fica evidente que a eles não interessa a moralização porque se beneficiam da imoralidade que se torna ainda mais imoral pelo fato de ser legal a prática de especular através de agiotagem com recursos dos quais depende a segurança social, procedimento adotado pelos donos dos meios de comunicação com fortunas na Suíça na agiotagem do banco HSBC.

Não pode alguém esclarecido o bastante para escrever bem e bonito desconhecer a realidade de ser impossível segurar uma verdadeira malta de desprovidos das mínimas condições de dignidade a se limitar em apenas contemplar as posses que acham muito bonito fazer pose na revista Forbes. Mas, apesar de insustentável tal situação, é no que acreditam os deformadores de opinião como o escritor famoso Vargas Llosa. Pois este senhor, muito mais para artista de cinema do que para formador de opinião, faz veemente defesa dessa coisa desaglutinadora chamada de regime capitalista que precisa urgentemente ser substituído por algo que conduza os seres humanos à paz em vez da guerra. No livro “Conversas com Vargas Llosa”, de Ricardo Setti, na página 215 e seguinte aquele escritor e deformador de opinião diz que o comunismo apodreceu por sua incapacidade de satisfazer as mínimas aspirações das pessoas, enquanto que o capitalismo deu excelente resultado nesse sentido. É o que garante o escritor, demonstrando com tal comportamento a necessidade de mais gente para espernear contra as mazelas que infelicitam a todos sem distinção. Da ignorância do rico à do pobre que chegou aqui independentemente de sua vontade, mas que por não ter onde morar merece ser queimado, não passam de infelizes uns e outros. Os primeiros usam o tempo de vida para produzir infelicidades alheias que haverão de infelicitar sua velhice. Os segundos, estes são infelizes porque desejam ser como os primeiros.

O famoso escritor Llosa acerta quando diz que o comunismo não proporciona bem-estar pessoal, mas erra fragorosamente quando diz que o capitalismo pode fazê-lo. Será que o escritor acredita mesmo ser boa esta forma de governo que governa o mundo através das mesmas guerras de saque com que Deus mandou Josué trombetear e saquear Jericó e dividir os despojos com Ele? Pois este iletrado ousa contradizer o douto senhor Llosa provando ao apontar com o indicador da mão direita absurdos como o fato de convencer o homem de ser normal trabalhar durante sua fase produtiva e ter por recompensa um corredor de hospital onde chorar quando a vitalidade esgotar. É verdade que o comunismo seja monstruoso, mas também o é o capitalismo. Se aquele quer impor o pensamento pela chibata em lugar do convencimento que só se obtém através da verdadeira educação, também o capitalismo impõe a forma de pensar através dos meios de comunicação que transformam jovens sadios em completos idiotas futucadores de telefone e analfabetos de tirar zero na prova do Enem, além de adoradores de igrejas e campos de brincadeiras. Desse modo, fica evidente a carência de gente para buscar um meio de vida onde se possa viver em harmonia com a natureza porque não vai dar certo ser inimigo dela como querem os defensores de uma cultura baseada na produção de grandes e desnecessárias riquezas, procedimento do qual resultarão consequências muito desagradáveis.

Entretanto, a insinceridade dos meios de comunicação se expõe pelo entusiasmo com que se refere a atividades esportivas, havendo eles até quem afirme que o esporte educa, o que não tem fundamento porque da educação se pressupõe a cooperação em vez da competição. Na verdade, a distração que o esporte proporciona custa um preço tão caro que seria capaz de desestimular a euforia caso viesse ao conhecimento público o mar da mesma lama que emporcalha a política também a emporcalhar o esporte, principalmente o futebola. Sabedores destas coisas, por que será que os meios de comunicação incentivam monstruosidades como o fato de um jovem ser transformado em multimilionário apenas por jogar bola? Quem gosta de seus filhos precisa ser gente a espernear por tranquilidade porque o rumo indicado pelos meios de comunicação sugere intranquilidade. Inté.

 

sexta-feira, 13 de março de 2015

ARENGA 98


Notícia de jornal: Estudantes enfrentam longas filas para tentar financiamento em faculdade de São Paulo.

É preciso tergiversar um pouco antes de falar sobre as implicações desta notícia, e vamos começar esta tergiversação pelo seguinte verso: “Por que não viver esse mundo, se não há outro mundo”, dito pelo poeta com absoluta certeza de estar certo, como realmente está. Mas, será que viver este mundo da forma como se vive é uma boa forma de se viver? Uma vez que não outro lugar para se viver, o correto seria fazer deste um lugar agradável como faz gente quando vai procurar um imóvel para morar. Povo, com certeza, não faz exigência nenhuma porque povo não sabe que barulho faz muito mal à saúde, não sabe que esgoto a céu aberto mata as crianças, não se incomoda com a presença de barata e ratos. Como o número de povo é infinitamente superior ao número de gente, a vida não pode ser agradável e o país é mais dos estrangeiros do que nosso. Aqui por estas bandas as igrejas e as festas nos diversos terreiros de brincadeiras parecem anunciar só felicidade. Entretanto, para conhecer a realidade da vida deste provo festejador não é preciso mais nada do que assistir os programas Brasil Urgente e Cidade Alerta. Nada mais entre nós corresponde à realidade. Tudo é fantasia e festa. As pessoas mais valorizadas são na realidade as que menos valor tem. A hipocrisia, a burrice, o espírito de rato e a mediocridade se tornaram nossa característica. A despedida da morta Inezita Barroso foi aproveitada mediocremente para fazer propaganda de um cantor de bobagens cujo nome aparecia destacado numa rudia de flor depositada junto ao caixão. Esta mediocridade mental não permite a quem ainda não é gente perceber que naquela notícia do jornal citada lá em cima está a causa de toda a desarrumação que transforma em esculhambação o que devia ser uma sociedade. Como para entender o que quero dizer é preciso pensar, aqueles pobres estudantes da notícia não podem ainda entender a afirmação de ser desnecessário o sufoco de enfrentar fila na madrugada fria e chuvosa a fim de conseguir financiamento para estudar, dinheiro esse que o também ministro da fazenda, tão frio quanto a madrugada chuvosa, talvez um dos bonecos egressos de alguma universidade famosa, cortou como uma das medidas de ajustar a diferença negativa entre o dinheiro que tem o governo e o que ele precisa ter para desperdiçar mais do que gastar cuidando da sociedade. E o pior de tudo isso é que muitos daqueles jovens pobres de espírito que imploravam pelo empréstimo já o obtiveram antes e estão cursando a faculdade, ficando, assim, numa situação esquisita porque o retorno do dinheiro já recebido é para ser feito com o dinheiro ganho no exercício da profissão. Se não se formar por falta do restante do financiamento, como poderão cumprir a obrigação de efetuar o pagamento? E por que isto acontece? Exatamente porque aqueles jovens são povo e por isso não pensam. Se pensassem, haveriam de concluir não haver necessidade de pagar para estudar porque isto é um direito garantido e sacramento como sendo obrigação do Estado. Se se tratasse de gente, os pais daqueles jovens enfileirados no frio, na chuva, na fila, teriam ido ao governo e exigido com energia e polidez o cumprimento do dever constitucional de fornecer o estudo já custeado pelos impostos, propondo-se, inclusive, a ajudar o governo a fiscalizar o erário.

O fato de haver jovens querendo passar da condição de povo para a condição de gente, como prova a existência da união de jovens ateus, que também desejam um mundo agradável para as criancinhas que dirigem os carrinhos de supermercado e as que pedem esmola, dou uma dica esperta que será um tremendo empurrão para ajudar a atravessar a ponte que separa o mundo de povo do mundo de gente. Esta dica consiste em futucar seu aparelho para ver coisa diferente de notícia sobre o resultado do exame de urina do jogador de futebola. Em vez disso, peça ao amigão Google o seguinte: “preambulo da constituiçao brasileira” e soletrar o pequeno texto até conseguir ler. Depois de conseguir ler, esforçar um pouco para conseguir entender. Depois de entender, aí, sim, estará ingresso na qualidade de gente. Para quem nada sabe, qualquer Zemané pode ser professor. Assim, proponho pensar junto com os possíveis interessados no aprendizado que leva à condição de gente. Em primeiro lugar, como quem não pensa pensa que a coisa mais importante é Deus, está dito lá no fim do preâmbulo pelo pessoal que fez e aplica a constituição que eles agiam sob a proteção de Deus. Como não cumprem o que a constituição determina, estão procedendo em relação à confiança de Deus do mesmo modo como os desobedientes israelenses a ignorar as recomendações divinas e a esquentar a moringa de Moisés no deserto, lugar onde já existe muita quentura.

Por uma questão de respeito aos que se inclinam para o lado do conhecimento, tratei primeiro da proteção divina por ser de suma importância para quem ainda não sabe que pode pensar. Para quem sabe, entretanto, o mais importante de todas as promessas não cumpridas da constituição é o de assegurar o bem-estar social porque onde existe bem-estar é porque não está faltando nada. Não estando faltando nada é porque está todo mundo de barriga cheia, despreocupado porque nada ameaça sua segurança em todos os aspectos, situação em que se pode garantir haver bem-estar. Assim, aos poucos, os jovens interessados perceberão a irrealidade em que incorre quem alega respeito à constituição. Em razão de sua inobservância é que há necessidade de implorar pelo desnecessário financiamento para pagar uma coisa que já está paga. Com o maior dos convencimentos pode-se afirmar que sem pensar não dá para ser diferente de manada. Inté.  

 

 

quarta-feira, 11 de março de 2015

ARENGA 97


A observação não consiste apenas em concentrar o pensamento em algo. O ato de observar mexe com as faculdades mentais porque da observação surgem questionamentos cujas respostas exigem maior atividade cerebral, o que desenvolve a capacidade de raciocinar, consequentemente, também a inteligência. Na página 112 do livro Uma Breve História do Século XX, de Geoffrey Blainey, há uma frase que não despertaria nenhuma estranheza a nenhum jovem ungido pela altíssima cultura das mais famosas universidades do mundo. Antes de mencionar a frase, entretanto, é preciso esclarecer que ela se refere às ambições dos italianos de se tornarem uma grande potência e a decepção que tiveram no momento da divisão dos despojos resultantes da Primeira Guerra Mundial. Os italianos ficaram queixosos por receberem muito menos do que esperavam em troca dos jovens mortos na guerra. Dito isto, aqui vai a frase: “Muitos italianos se desiludiram ao ver seus grandes sacrifícios humanos na guerra tão parcamente recompensados”. Os polidos, empoados e engomados egressos de altos estudos das altíssimas e refinadas sapiências do mundo dos Grandes Mestres Da Arte De Ganhar Dinheiro nada encontram de anormal nisso aí porque eles aprendem que o dinheiro é mais importante do que a vida. O mundo foi transformado numa bomba gigantesca em função de dinheiro. Não fosse por dinheiro, que outro motivo justificaria tantos equipamentos destinados a matar e destruir? Para os aprendizes dos ensinamentos do feioso Henry Kissinger (que apesar de aspecto horroroso e farta bunda branca vivia arrodeado de belas mulheres) até o tempo é feito de dinheiro para essa gente. Entretanto, considerando que o ideal de todos é desfrutar de bem-estar, isto nunca acontecerá por mais que se deseje ou faça oração, sem antes existir uma mudança de direção no rumo da noção de valor. Sendo a vida o bem mais precioso de que dispõe o ser humano, nada deve superar seu valor, e nem deve tal preciosidade ser tão mal usada como tem sido desde sempre. Sempre foi dado maior valor à riqueza do que à vida. Não é outra coisa que mostra a frase sobre a qual estamos pensando. Os italianos sentir-se-iam muitíssimo satisfeitos se da morte dos seus jovens na guerra resultasse muito dinheiro em seus bolsos, o que deveria ser motivo de vergonha trocar por dinheiro as vidas de milhares de conterrâneos.

Nesta inversão de valores está a origem do monumental atraso mental em que se encontra a humanidade, atraso este muito bem demonstrado pelos vazios de espiritualidade que fazem pose na revista Forbes. Desde os brutamontes que inventaram as fantasias da bíblia, onde os secretários de Deus eram por Ele orientados a passar a fio de espada homens, mulheres crianças e animais, inclusive em êxodo 22-24 onde é o próprio Deus que promete matar Ele mesmo à espada uns e outros por lá que o aborreceram. Continuando o raciocínio sobre a frase, chega-se à conclusão de haver necessidade de se mudar tudo. Já dá prá perceber haver modo melhor de se viver do que o jeito irracional como sempre se viveu a procurar riqueza com a mesma selvageria de cães famintos procurando comida. Tanto é preciso dar à vida o valor que ela tem como é preciso fazer que ela seja prazerosa. Mas isso só se conseguirá com uma correspondente elevação mental capaz de permitir perceber a distinção entre o falso e o verdadeiro. O mundo vive mergulhado em falsidade e a religião é a maior de todas as falsidades que infelicitam a humanidade por fazer crer em coisas inteiramente opostas à realidade, afastando atitudes positivas e espiritualmente elevadas, ingredientes indispensáveis à formação de uma sociedade humana que substituísse esta manada que pasta os verdes do planeta e destrói tudo que a natureza criou. A religiosidade funciona como um tapa-olho colocado na humanidade que não a deixa saber onde está a verdade. A leitura do livro A História, que se propõe contar a história contida na bíblia, é o bastante para convencer a quem o lê sem o tapa-olho que tudo aquilo é a fina flor da mentira. Na página 82 do citado livro há uma pequena amostra das inconsequências tidas pelos bichos em forma de gente como coisa a ser respeitada. Conta que Deus pulou prá fora de uma nuvem, e isto teria levado Moisés a fazer um discurso tecendo loas para Ele e em meio à puxação do saco de Deus como Ele exige que se faça, Moisés afirmou que Deus castiga nos filhos as faltas de seus pais. Isto é mentira deslavada. Só um burro de todo tamanho pensaria em castigar criança. Ao contrário, se às crianças for ensinada a arte de pensar, de modo a se tornarem adultos sem o tapa-olho, a vida se tornará melhor. As crianças aprendem tudo que lhes for ensinado. Se não lhes é ensinado a ter interesse na administração pública é algo a ser muito bem pensado a respeito. Inté.

  

segunda-feira, 9 de março de 2015

ARENGA 96.


Parece não haver empenho suficiente na exigência de moralização do país nas falas indignadas de comentaristas sobre a perigosa situação de caos reinante na política uma vez que a sociedade se encontra tão apartada de seus representantes que alguns mentem tão descaradamente na televisão que até parece estarem falando com crianças, enquanto outros declaram na cara da manada prescindir da opinião pública. A ausência de princípios morais contamina tanto as instituições sociais quanto as privadas, umas e outras mais chegadas a uma privada no sentido de latrina. Não é sem razão que a sociedade se torna cada vez pior. Já chegamos à situação em que tanto o medo quanto o sofrimento estão presentes em nosso meio do mesmo modo como nas guerras. Não precisa ser inteligente para perceber que a vida se torna inviável em consequência dos processos de produzir riqueza para ser armazenada nos infernos fiscais. É uma situação deveras insustentável esta em que pessoas do tipo daquele jovem retratado na revista com os olhos esbugalhados e boca escancarada de bicho a berrar que sua empresa dobrava a cada dez anos, mas que ele queria MUITO MAIS! Então, por meios na maioria das vezes desonestos, esse tipo de ignorante de sociabilidade açambarca montanhas de dinheiro em torno de si, tanto dinheiro que precisa ser escondido dos pobres e por isso é levado para os infernos fiscais nos países supostamente civilizados que vão movimentar um dinheiro sabidamente roubado de pobres que choram no corredor do hospital por falta dele. É preocupante a indiferença da massa ignorante de requebradores de quadris e frequentadores de igrejas ante a realidade anunciada por todas as ciências. A que lida com água garante que vai faltar água. A que lida com terra garante que vai faltar terra fértil. A que lida com comida garante que vai faltar comida. A que lida com ar diz que o ar está ficando venenoso. A que lida com transporte garante que não pode o transporte de mercadoria ser feito por caminhões e o de gente por um automóvel transportando apenas um passageiro em cada carro. Para boa qualidade de vida não se pode deixar de lado o conhecimento de sociabilidade, conhecimento este que só pode ser adquirido através dos estudos de sociologia e história, além dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber. Ajuntando a tudo isso a observação dos comportamentos entre pessoas e entre as sociedades, aí, sim, estará o indivíduo capacitado para formar uma sociedade civilizada na qual as notícias sobre seus dirigentes serão divulgadas entre assuntos de cultura e realizações sadias em vez de se encontrarem entre assuntos relacionados com crimes.

Pois, apesar disso tudo, o que se vê é festejamento de todos os tipos, inclusive pelos nascimentos de crianças e mais crianças. As maternidades dos hospitais de todo o mundo, principalmente os de pobres, mandam para a rua diariamente verdadeira multidão de mães cada uma levando uma criança para crescer e ajudar a poluir e consumir os já escassos recursos ainda existentes. São estas coisas que tiram o caráter de seriedade de pregadores de soluções que ao mesmo tempo incentivam os chamados eventos esportivos, na realidade um dos sorvedouros do dinheiro do povo convenientemente convencido de ser desnecessária sua participação na solução dos problemas que o afligem uma vez que para isso existem as autoridades, razão pela qual a manada deve se limitar a comer, cagar, trepar, parir, rezar e requebrar os quadris no axé e no futebola porque conta com de zeloso serviço de uma Presidência da República, de um Congresso Nacional, um Superministério composto por trinta e nove ministros, um Supremo Tribunal Federal, vários Tribunais de Justiça, um Ministério Público, uma Corregedoria Geral da União, um governo estadual e uma Assembleia Legislativa para cada unidade federativa, uma Prefeitura Municipal e uma Câmara de Vereadores para cada município de cada unidade da federação, sendo que de cada um destes órgão faz parte uma infinidade de outros órgão, todos voltados para trabalhar em prol do bem-estar social, motivo de sobra para a manada se ligar apenas em futilidades como “celebridades” e “famosos” que usam ou deixar de usar calcinha ou cueca. Para esta total alienação são indispensáveis os papagaios de microfones que até já transformaram o campo de futebola em unidade de medida agrária. Quando os papagaios de microfone papagaiam sobre o tamanho de uma área dizem ser do tamanho de um, dez ou mais campos de futebola em vez de um, dez, ou mais metros quadrados. É por causa destes ardis que o povo não sai da condição de povo. Não dá para se acreditar no empenho em melhorar a sociedade da parte de quem concorre para que a massa amorfa permaneça indiferente a coisas como esta advertência da ONU: “Embora precise elevar a produção de alimentos, planeta perde solos férteis aceleradamente, estando o fenômeno relacionado ao agronegócio, o que desmascara sua suposta “eficiência”.

Será que esse pessoal aí do papagaiamento tem competência maior do que os cientistas da ONU? Pois a rádio CBN tem um programa cujos papagaios papagaiam que o agribiuzinesse é a oitava maravilha do mundo. E para o povo, o quê seria para o povo esse tal de agribiuzinesse? Pode-se garantir que o povo também está certo de que os rechonchudos senhores de contas bancárias engordadas com a venda de venenos são os mocinhos e que os Sem-Terra são os bandidos. Pode até haver bandido por lá porque é impossível um lugar nesse belo país de triste sorte onde não haja bandido. Entretanto, o verdadeiro espírito de luta do movimento é corrigir a injustiça que permite a legalidade de áreas equivalentes a milhões de campos de futebola pertencendo a uma pessoa só. E para maior desastre, muitas destas terras são adquiridas em função de cargo público. Se os inúmeros órgãos do poder governamental são indiferentes a tal situação, é necessário que alguém tenha a iniciativa de corrigir tal distorção. O que o MST reivindica devia ser a reivindicação de todo pai que deseja um futuro normal para seus filhos porque uma das reivindicações é parar com esse negócio de exportar água e fertilidade já escassa do solo nos grãos destinados a produzir carne para crescer ainda mais a bunda branca dos gringos. Tem total razão querer parar esse negócio de deixar ir embora todo tipo de riqueza, até mesmo nas pastas 007. Esta mudança é salutar e mais cedo ou mais tarde estará vigorando porque a mudança é uma contingência da vida, sendo, portanto, inevitável deixar de se proceder de um jeito depois de se perceber jeito melhor. Quando eu era menino, não se podia imaginar alguém ser preso por caçar qualquer tipo de animal. Hoje, entretanto, houve tão grande mudança de lá prá cá que Deus seria preso por possuir um Tabernáculo revestido com tapetes de pele de antílope.

Nunca antes se precisou tanto de mudança. A vida não é vivida com satisfação porque a ânsia de possuir coisas não deixa, e isto não está certo porque estar satisfeito é melhor e mais conveniente do que possuir coisas. A mudança que produzirá bons frutos terá de ocorrer dentro da cuca das pessoas para que elas sejam capazes de descobrir não haver coerência nesse negócio de Deus ordenar que o amem porque o amor não pode ser imposto. Se não se pode ser obrigado a confiar, ter amizade ou simpatia, não se pode também ser obrigado a sentir amor. Tá tudo errado e tá na hora de começar a pensar nisso. É a única forma de concertar. Inté.

 

 

 

 

 

 



 

domingo, 8 de março de 2015

ARENGA 95

                  Nos tempos em que a televisão que o povo via também podia ser vista por gente, a palavra “corrupto” deu muitas dicas para o coronel Limoeiro. Otrope (Eutrópio) era xingado de corrupo (corrupto) por dizer algo que desagradasse ao coronel. Pois, com a mesma frequência com que se pronunciava a palavra corrupto na época em que os Estados Unidos mandaram os militares brasileiros fazer um movimento dito revolucionário com o pretexto de acabar com a corrupção, com aquela mesma frequência se ouve atualmente a palavra democracia.  Ela é encarada como sinônima de sociedade. Diz-se amiúde isso é ruim para a democracia, aquilo não serve à democracia, como se o governo tivesse por finalidade zelar pelo regime democrático em vez de garantir a segurança e a paz a fim de poder a sociedade desfrutar de bem-estar, como é do dever de todo governo. Deitar falação prá cima da democracia que temos é tão incompreensível quanto a falação deitada em torno de “famosos” e “celebridades” que na realidade não valem um centavo furado e ainda por cima insinua à juventude a desnecessidade de formação intelectual para se vencer na vida. A babação em torno da democracia é de deixar com uma interrogação preta em cima da cabeça porque é nesta endeusada democracia que o desafortunado trabalhador é escravizado. É ainda na democracia que a Constituição Federal serve apenas para ser mencionada nos discursos de políticos ou para perseguir jornalistas, além da inconcebível situação em que os postos mais elevados da administração pública sejam preenchidos por pessoas envolvidas em assuntos de roubalheira, podendo permanecer tranquilamente neles depois de se declararem inocentes. “Estou tranquilo”, dizem sempre, ante a certeza da impunidade. E onde mais, senão nesta badalada democracia, o órgão máximo da justiça acoberta mal feitos dos inimigos da sociedade, chegando o ministro da justiça a declarar ter atuado junto ao governo americano para proteger Maluf, um aliado do seu partido político? São infinitos os males decorrentes desta tal de democracia, inclusive o processo de escolha das autoridades que é decidido pelo povo, quando devia ser decidido por gente. Absolutamente ninguém do povo sabe quem são Joaquim Barbosa, Heloisa Helena, Eliana Calmon, Sergio Moro, Rodrigo Janot.
 Sem o exagero de Platão de que todo governo devia ser exercido por filósofos, na realidade, os escolhedores dos governos é que deviam ter o conhecimento que lhes permitisse fazer uma escolha pelo menos razoável. Ao povo, na verdade, cabe arcar com as fabulosas somas que decidem quem será o escolhido. Até na bíblia, fonte das verdades para os perfumados frequentadores de igrejas, traz exemplo dessa submissão a que sempre subjugou o povo. Quando o povo que mais sofreu atribulações em sua vida, o povo de Deus, queria um rei, Deus tentou dissuadi-lo da ideia mostrando a Samuel as obrigações a que estaria sujeito o povo sob o poder de um rei, como se vê em Samuel 8: ll - 17. Deus diz a Samuel que o rei iria tomar do povo os rebanhos, as lavouras, os filhos e as filhas para escravos. Mas como o povo queria porque queria um rei, Deus mandou Samuel ungir um sujeito chamado Saul que andava a procura de um rebanho de jumentas do seu pai a fim de torná-lo rei, tendo Samuel dito a Saul não haver motivo de preocupação com o prejuízo das jumentas porque como rei, tanto ele quanto sua família teriam à disposição toda a riqueza do povo de Israel. Como se vê, não é de hoje que o povo carrega no lombo o ônus de prover os meios de cobrir os encargos sociais, razão pela qual se trata de uma forma injusta que deve ser corrigida porque está muito enviesado tudo isso aí.  Se o povo tiver tempo de virar gente, perceberá que a finalidade de Deus é fazer o povo encarar como verdade a obrigação de ser o único responsável pelo trabalho pesado de conseguir recursos suficientes até para governante trepar acima das nuvens. Enfim, em razão do sentido atribuído à palavra “democracia” perderam o sentido as palavras “paz” e “civilização”. Inté.
 
 

sábado, 7 de março de 2015

ARENGA 94

                  Há livros apresentando soluções para os problemas sociais que inviabilizam uma vida agradável para todos, mas que na realidade não solucionam nada para ninguém. Há quantidade tão grande destes livros que se encamboados dariam a volta ao mundo.  Entretanto, apesar de tantas sugestões de melhoria, a sociedade está pior a cada dia. No momento, o “quente” na área de solucionar problemas sociais são os livros do Sr. Thomas Piketti, entre os quais O Capital no Século XXI, que propõe melhorar as condições de vida dos pobres como medida socialmente recomendável, linha esta seguida por todos os demais escritores ganhadores de prêmios supostamente em reconhecimento ao talento e à preocupação do escritor ao colocar sua sabedoria para mostrar um caminho melhor para a sociedade, como fazem os Grandes Mestres do Saber. Mas não é nada disso por ser absolutamente impossível haver tranquilidade para ninguém com base na orientação apresentada nestes livros. Todo o falatório em torno de tais livros e os prêmios conferidos aos seus autores devem-se à quantidade de livros vendidos. É, como sempre, a maldição do Mercado. Não tem outro sentido a qualificação de “best sellers” para os livros mais famosos uma vez que a palavra “best” é aumentativo de “bom” e a palavra “sell”, corresponde a “vender”. Na realidade, o que todos estes escritores tentam é manter um castelo de ilusão muito bem representado pela revista Forbes, esquecendo ou fingindo esquecer que um castelo é muito pesado para ser sustentado por colunas feitas de mentiras. Como a mentira tem as pernas bem curtinhas, vão sendo alcançadas pela verdade que age como a oxidação a corroer as colunas feitas de mentiras até que o fantasioso castelo venha abaixo.
                  Se até um Zemané pode enxergar, só interesse em distorcer a verdade pode fazer com que intelectuais não enxerguem a realidade de ser impossível chegar a uma sociedade civilizada enquanto for mantida a separação em duas classes distintas porque do próprio conceito de sociedade participa a ideia de homogeneidade face pertencerem todos os seres humanos a uma mesma categoria do ponto de vista da natureza, e a natureza não pode ser desvirtuada impunemente pelas convenções sociais. Se a natureza nos fez iguais, nunca que vai dar certo haver uma separação social tão grotesca quanto esta de uma única pessoa possuir imensa fortuna e várias pessoas morrerem de fome. É uma coisa destas que os escritores querem sustentar, mas o resultado é uma sociedade cujos membros vivem brigando entre si. Para piorar ainda mais a situação de dividir a sociedade em duas bandas, permeia entre elas uma injustiça de clamar aos céus, como diriam os comedores de hóstias. Consiste tal injustiça no fato de que uma destas duas classes, embora infinitamente menor em número, é quem apenas desfruta, enquanto que a outra classe, embora infinitamente maior em número, é quem apenas produz. É aqui que está a origem de toda a desarmonia que os nobres escritores por vários motivos omitem e que é imposto pela natureza ao não permitir que nenhum ser vivente morra de fome sem tentar alcançar a comida, principalmente se ela está por perto. Esta realidade é o fermento mais forte que corrói a coluna de mentiras que sustenta o castelo de fantasia da revista Forbes. Não é difícil perceber estarmos vivendo de modo extremamente desagradável. Nem mesmo os requebradores de quadris e nem os perfumados frequentadores de igreja, com a mais absoluta das certezas pode-se garantir, gostariam de poder rezar e requebrar com mais tranquilidade. Observando-se que esta falta de tranquilidade cresce a olhos vistos, fica evidente a falta de correspondência entre a verdade e o conteúdo de cada livro dos que dariam a volta do mundo, se encamboados, todos visando o impossível porque é realmente impossível haver tranquilidade para ninguém num ambiente em que apenas uns gatos pingados esbanjam riqueza e ostentação, criando a fantasia de um mundo encantado dos ricos, mundo do “Faça o que digo, mas nem pense em fazer o que faço”. Enquanto os ricos imprudentemente Esbanjam em extravagâncias, a grande maioria vive das sobras que caem de sua portentosa mesa.
                  Os despossuídos constituem um rebotalho chamado de pobres, levada em conta apenas a título de filantropia como mostra esta notícia da imprensa: Rei da Arábia Saudita faz "agrado" aos súditos e distribui US$ 32 bilhões. Aqui entre nós há uma tal de “bolsa” que vai no mesmo sentido, o que mostra ser a classe pobre tratada como algum tipo de animal cujos cuidados não precisassem passar do alimento que sobrar, se sobrar. É esta dicotomia que os escritores ganhadores de prêmios não levam em consideração como inviabilizante de suas falas. A traça da verdade a cada dia desnuda um pouco mais a realidade de ser insustentável esta situação em que o desgraçado que chora no corredor do hospital tenha de ajudar com o produto de seu esforço a criar grandes fortunas particulares. Um ambiente assim, por si só se destrói. Os Grandes Mestres do Saber recomendam união. Inté.