Está
faltando gente a espernear contra os desmandos a que as autoridades do nosso
país submetem a população, deixando-a subserviente e na condição de servir a
todo tipo de exploração, eternizando assim nosso país na situação de colônia
ridicularizada perante outros grupos humanos que conseguiram rapar um pouco as
arestas da monumental ignorância humana da qual nenhuma nação do mundo escapa.
Os que se dizem civilizados, na realidade, apenas avançaram na arte de produzir
dinheiro e infelicidade. De sociabilidade, entretanto, são tão bárbaras quanto
as outras aglomerações que se digladiam a ponto de se encontrar pedaços de
cadáver pelas ruas onde já faz parte da rotina o pipocar de tiros e o zumbido
de balas. Os agrupamentos considerados superiores em civilização estão ainda
tão inferiores quanto os demais visto que nenhuma sociedade humana ainda
conseguiu superar a cultura bárbara de desperdiçar grandes esforços para
construir templos tão inúteis quanto suntuosos e caros como o construído pelo
rei Salomão através da escravização do seu povo, prática ainda usada hoje, diferenciando-se
da primeira apenas no fato de que os trabalhadores dos templos modernos não
sabem ser escravos e por isso se consideram homens livres. Se os escravos que
fizeram o Templo de Salomão em Jerusalém eram subjugados pela força bruta, os
escravos que fizeram o Templo de Salomão em São Paulo o são pela força
hipnótica da televisão. Falta à humanidade lucidez que lhe permita optar por outro
modelo de civilização por estar este falido. Os povos que alcançaram o objetivo
estabelecido pelo atual modelo de civilização baseado no acúmulo de riqueza,
são, na verdade, tão infelizes quanto os que ainda se encontram no primeiro
degrau da escada que leva até onde eles já chegaram, mas que só é primeiro
mundo nesse mundo sem qualquer classificação em termos de elevação mental e
espiritual, na verdade uma grande merda. Nenhuma vantagem há em ser o primeirão
num mundo de merda.
O
sustentáculo das mazelas de onde provêm os transtornos humanos, infinitamente
maiores entre grupos compostos de ainda iletrados como o nosso, são os meios de
comunicação. Pode parecer estranho porque se pode ouvir nos rádios e televisões
ou ler nos jornais e revistas belos e indignados pronunciamentos não só contra
a corrupção que suga o erário, mas também pela observação da moralidade.
Acontece, porém, não passar de uma grande ilusão na qual acreditam até mesmo
muitos destes chamados formadores de opinião que através dos meios de comunicação
fazem acreditar que é bom para a saúde beber Coca-Cola e que “celebridades” e
“famosos” são realmente pessoas célebres e dignas de fama, motivo pelo qual é
preciso interessar-se em saber quais as “celebridades” ou os “famosos” que não
usam calcinha ou cueca. O que se verifica na prática é que os meios de
comunicação deformam em vez de formar uma opinião coletiva condizente com o
comportamento exigido para que se possa formar uma sociedade civilizada.
Qualquer Zemané sabe que para isso se faz
necessário empregar muito dinheiro em saúde e segurança, mas, sobretudo numa
educação que ensine cidadania, dinheiro esse que em vez de estar sendo transformado
em bem-estar social se encontra escondido nos infernos fiscais, boa parte dele
pertencente aos donos dos meios de comunicação de onde saem matérias e mais
matérias sugerindo moralização e comportamentos éticos. Como se vê, se a
opinião pública é determinada pelos ricos proprietários dos meios de
comunicação, e se eles adotam procedimento antissocial, fica evidente que a
eles não interessa a moralização porque se beneficiam da imoralidade que se
torna ainda mais imoral pelo fato de ser legal a prática de especular através
de agiotagem com recursos dos quais depende a segurança social, procedimento
adotado pelos donos dos meios de comunicação com fortunas na Suíça na agiotagem
do banco HSBC.
Não pode
alguém esclarecido o bastante para escrever bem e bonito desconhecer a
realidade de ser impossível segurar uma verdadeira malta de desprovidos das
mínimas condições de dignidade a se limitar em apenas contemplar as posses que acham
muito bonito fazer pose na revista Forbes. Mas, apesar de insustentável tal
situação, é no que acreditam os deformadores de opinião como o escritor famoso
Vargas Llosa. Pois este senhor, muito mais para artista de cinema do que para
formador de opinião, faz veemente defesa dessa coisa desaglutinadora chamada de
regime capitalista que precisa urgentemente ser substituído por algo que
conduza os seres humanos à paz em vez da guerra. No livro “Conversas com Vargas
Llosa”, de Ricardo Setti, na página 215 e seguinte aquele escritor e deformador
de opinião diz que o comunismo apodreceu por sua incapacidade de satisfazer as
mínimas aspirações das pessoas, enquanto que o capitalismo deu excelente
resultado nesse sentido. É o que garante o escritor, demonstrando com tal
comportamento a necessidade de mais gente para espernear contra as mazelas que
infelicitam a todos sem distinção. Da ignorância do rico à do pobre que chegou
aqui independentemente de sua vontade, mas que por não ter onde morar merece
ser queimado, não passam de infelizes uns e outros. Os primeiros usam o tempo
de vida para produzir infelicidades alheias que haverão de infelicitar sua
velhice. Os segundos, estes são infelizes porque desejam ser como os primeiros.
O famoso escritor
Llosa acerta quando diz que o comunismo não proporciona bem-estar pessoal, mas
erra fragorosamente quando diz que o capitalismo pode fazê-lo. Será que o
escritor acredita mesmo ser boa esta forma de governo que governa o mundo através
das mesmas guerras de saque com que Deus mandou Josué trombetear e saquear
Jericó e dividir os despojos com Ele? Pois este iletrado ousa contradizer o
douto senhor Llosa provando ao apontar com o indicador da mão direita absurdos
como o fato de convencer o homem de ser normal trabalhar durante sua fase
produtiva e ter por recompensa um corredor de hospital onde chorar quando a
vitalidade esgotar. É verdade que o comunismo seja monstruoso, mas também o é o
capitalismo. Se aquele quer impor o pensamento pela chibata em lugar do
convencimento que só se obtém através da verdadeira educação, também o
capitalismo impõe a forma de pensar através dos meios de comunicação que
transformam jovens sadios em completos idiotas futucadores de telefone e
analfabetos de tirar zero na prova do Enem, além de adoradores de igrejas e
campos de brincadeiras. Desse modo, fica evidente a carência de gente para
buscar um meio de vida onde se possa viver em harmonia com a natureza porque
não vai dar certo ser inimigo dela como querem os defensores de uma cultura
baseada na produção de grandes e desnecessárias riquezas, procedimento do qual
resultarão consequências muito desagradáveis.
Entretanto,
a insinceridade dos meios de comunicação se expõe pelo entusiasmo com que se
refere a atividades esportivas, havendo eles até quem afirme que o esporte
educa, o que não tem fundamento porque da educação se pressupõe a cooperação em
vez da competição. Na verdade, a distração que o esporte proporciona custa um
preço tão caro que seria capaz de desestimular a euforia caso viesse ao
conhecimento público o mar da mesma lama que emporcalha a política também a
emporcalhar o esporte, principalmente o futebola. Sabedores destas coisas, por
que será que os meios de comunicação incentivam monstruosidades como o fato de
um jovem ser transformado em multimilionário apenas por jogar bola? Quem gosta
de seus filhos precisa ser gente a espernear por tranquilidade porque o rumo
indicado pelos meios de comunicação sugere intranquilidade. Inté.