quarta-feira, 11 de março de 2015

ARENGA 97


A observação não consiste apenas em concentrar o pensamento em algo. O ato de observar mexe com as faculdades mentais porque da observação surgem questionamentos cujas respostas exigem maior atividade cerebral, o que desenvolve a capacidade de raciocinar, consequentemente, também a inteligência. Na página 112 do livro Uma Breve História do Século XX, de Geoffrey Blainey, há uma frase que não despertaria nenhuma estranheza a nenhum jovem ungido pela altíssima cultura das mais famosas universidades do mundo. Antes de mencionar a frase, entretanto, é preciso esclarecer que ela se refere às ambições dos italianos de se tornarem uma grande potência e a decepção que tiveram no momento da divisão dos despojos resultantes da Primeira Guerra Mundial. Os italianos ficaram queixosos por receberem muito menos do que esperavam em troca dos jovens mortos na guerra. Dito isto, aqui vai a frase: “Muitos italianos se desiludiram ao ver seus grandes sacrifícios humanos na guerra tão parcamente recompensados”. Os polidos, empoados e engomados egressos de altos estudos das altíssimas e refinadas sapiências do mundo dos Grandes Mestres Da Arte De Ganhar Dinheiro nada encontram de anormal nisso aí porque eles aprendem que o dinheiro é mais importante do que a vida. O mundo foi transformado numa bomba gigantesca em função de dinheiro. Não fosse por dinheiro, que outro motivo justificaria tantos equipamentos destinados a matar e destruir? Para os aprendizes dos ensinamentos do feioso Henry Kissinger (que apesar de aspecto horroroso e farta bunda branca vivia arrodeado de belas mulheres) até o tempo é feito de dinheiro para essa gente. Entretanto, considerando que o ideal de todos é desfrutar de bem-estar, isto nunca acontecerá por mais que se deseje ou faça oração, sem antes existir uma mudança de direção no rumo da noção de valor. Sendo a vida o bem mais precioso de que dispõe o ser humano, nada deve superar seu valor, e nem deve tal preciosidade ser tão mal usada como tem sido desde sempre. Sempre foi dado maior valor à riqueza do que à vida. Não é outra coisa que mostra a frase sobre a qual estamos pensando. Os italianos sentir-se-iam muitíssimo satisfeitos se da morte dos seus jovens na guerra resultasse muito dinheiro em seus bolsos, o que deveria ser motivo de vergonha trocar por dinheiro as vidas de milhares de conterrâneos.

Nesta inversão de valores está a origem do monumental atraso mental em que se encontra a humanidade, atraso este muito bem demonstrado pelos vazios de espiritualidade que fazem pose na revista Forbes. Desde os brutamontes que inventaram as fantasias da bíblia, onde os secretários de Deus eram por Ele orientados a passar a fio de espada homens, mulheres crianças e animais, inclusive em êxodo 22-24 onde é o próprio Deus que promete matar Ele mesmo à espada uns e outros por lá que o aborreceram. Continuando o raciocínio sobre a frase, chega-se à conclusão de haver necessidade de se mudar tudo. Já dá prá perceber haver modo melhor de se viver do que o jeito irracional como sempre se viveu a procurar riqueza com a mesma selvageria de cães famintos procurando comida. Tanto é preciso dar à vida o valor que ela tem como é preciso fazer que ela seja prazerosa. Mas isso só se conseguirá com uma correspondente elevação mental capaz de permitir perceber a distinção entre o falso e o verdadeiro. O mundo vive mergulhado em falsidade e a religião é a maior de todas as falsidades que infelicitam a humanidade por fazer crer em coisas inteiramente opostas à realidade, afastando atitudes positivas e espiritualmente elevadas, ingredientes indispensáveis à formação de uma sociedade humana que substituísse esta manada que pasta os verdes do planeta e destrói tudo que a natureza criou. A religiosidade funciona como um tapa-olho colocado na humanidade que não a deixa saber onde está a verdade. A leitura do livro A História, que se propõe contar a história contida na bíblia, é o bastante para convencer a quem o lê sem o tapa-olho que tudo aquilo é a fina flor da mentira. Na página 82 do citado livro há uma pequena amostra das inconsequências tidas pelos bichos em forma de gente como coisa a ser respeitada. Conta que Deus pulou prá fora de uma nuvem, e isto teria levado Moisés a fazer um discurso tecendo loas para Ele e em meio à puxação do saco de Deus como Ele exige que se faça, Moisés afirmou que Deus castiga nos filhos as faltas de seus pais. Isto é mentira deslavada. Só um burro de todo tamanho pensaria em castigar criança. Ao contrário, se às crianças for ensinada a arte de pensar, de modo a se tornarem adultos sem o tapa-olho, a vida se tornará melhor. As crianças aprendem tudo que lhes for ensinado. Se não lhes é ensinado a ter interesse na administração pública é algo a ser muito bem pensado a respeito. Inté.

  

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