Há livros
apresentando soluções para os problemas sociais que inviabilizam uma vida
agradável para todos, mas que na realidade não solucionam nada para ninguém. Há
quantidade tão grande destes livros que se encamboados dariam a volta ao
mundo. Entretanto, apesar de tantas sugestões de melhoria, a sociedade
está pior a cada dia. No momento, o “quente” na área de solucionar problemas
sociais são os livros do Sr. Thomas Piketti, entre os quais O Capital no Século
XXI, que propõe melhorar as condições de vida dos pobres como medida
socialmente recomendável, linha esta seguida por todos os demais escritores
ganhadores de prêmios supostamente em reconhecimento ao talento e à preocupação
do escritor ao colocar sua sabedoria para mostrar um caminho melhor para a
sociedade, como fazem os Grandes Mestres do Saber. Mas não é nada disso por ser
absolutamente impossível haver tranquilidade para ninguém com base na
orientação apresentada nestes livros. Todo o falatório em torno de tais livros
e os prêmios conferidos aos seus autores devem-se à quantidade de livros
vendidos. É, como sempre, a maldição do Mercado. Não tem outro sentido a
qualificação de “best sellers” para os livros mais famosos uma vez que a
palavra “best” é aumentativo de “bom” e a palavra “sell”, corresponde a
“vender”. Na realidade, o que todos estes escritores tentam é manter um castelo
de ilusão muito bem representado pela revista Forbes, esquecendo ou fingindo
esquecer que um castelo é muito pesado para ser sustentado por colunas feitas de
mentiras. Como a mentira tem as pernas bem curtinhas, vão sendo alcançadas pela
verdade que age como a oxidação a corroer as colunas feitas de mentiras até que
o fantasioso castelo venha abaixo.
Se até um
Zemané pode enxergar, só interesse em distorcer a verdade pode fazer com que
intelectuais não enxerguem a realidade de ser impossível chegar a uma sociedade
civilizada enquanto for mantida a separação em duas classes distintas porque do
próprio conceito de sociedade participa a ideia de homogeneidade face pertencerem
todos os seres humanos a uma mesma categoria do ponto de vista da natureza, e a
natureza não pode ser desvirtuada impunemente pelas convenções sociais. Se a
natureza nos fez iguais, nunca que vai dar certo haver uma separação social tão
grotesca quanto esta de uma única pessoa possuir imensa fortuna e várias
pessoas morrerem de fome. É uma coisa destas que os escritores querem
sustentar, mas o resultado é uma sociedade cujos membros vivem brigando entre
si. Para piorar ainda mais a situação de dividir a sociedade em duas bandas,
permeia entre elas uma injustiça de clamar aos céus, como diriam os comedores
de hóstias. Consiste tal injustiça no fato de que uma destas duas classes,
embora infinitamente menor em número, é quem apenas desfruta, enquanto que a
outra classe, embora infinitamente maior em número, é quem apenas produz. É
aqui que está a origem de toda a desarmonia que os nobres escritores por vários
motivos omitem e que é imposto pela natureza ao não permitir que nenhum ser
vivente morra de fome sem tentar alcançar a comida, principalmente se ela está
por perto. Esta realidade é o fermento mais forte que corrói a coluna de
mentiras que sustenta o castelo de fantasia da revista Forbes. Não é difícil
perceber estarmos vivendo de modo extremamente desagradável. Nem mesmo os
requebradores de quadris e nem os perfumados frequentadores de igreja, com a
mais absoluta das certezas pode-se garantir, gostariam de poder rezar e
requebrar com mais tranquilidade. Observando-se que esta falta de tranquilidade
cresce a olhos vistos, fica evidente a falta de correspondência entre a verdade
e o conteúdo de cada livro dos que dariam a volta do mundo, se encamboados,
todos visando o impossível porque é realmente impossível haver tranquilidade
para ninguém num ambiente em que apenas uns gatos pingados esbanjam riqueza e
ostentação, criando a fantasia de um mundo encantado dos ricos, mundo do “Faça
o que digo, mas nem pense em fazer o que faço”. Enquanto os ricos
imprudentemente Esbanjam em extravagâncias, a grande maioria vive das sobras
que caem de sua portentosa mesa.
Os
despossuídos constituem um rebotalho chamado de pobres, levada em conta apenas
a título de filantropia como mostra esta notícia da imprensa: Rei da Arábia
Saudita faz "agrado" aos súditos e distribui US$ 32 bilhões. Aqui
entre nós há uma tal de “bolsa” que vai no mesmo sentido, o que mostra ser a
classe pobre tratada como algum tipo de animal cujos cuidados não precisassem
passar do alimento que sobrar, se sobrar. É esta dicotomia que os escritores
ganhadores de prêmios não levam em consideração como inviabilizante de suas
falas. A traça da verdade a cada dia desnuda um pouco mais a realidade de ser
insustentável esta situação em que o desgraçado que chora no corredor do
hospital tenha de ajudar com o produto de seu esforço a criar grandes fortunas
particulares. Um ambiente assim, por si só se destrói. Os Grandes Mestres do
Saber recomendam união. Inté.
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