Se a sociedade é composta de foliões,
torcedores e frequentadores de igrejas, tipos incapazes de raciocinar que bailam
enquanto seus irmãos são esmagados debaixo de árvores e soterrados vivos pelas
tempestades resultantes das ações insensatas dos ajuntadores de riqueza, embora
os ajuntamentos dessas pessoas sejam chamadas de sociedades civilizadas, não são
nem sociedades e nem civilizadas. Os ajuntamentos humanos, por se tratar de
seres que também andam sobre dois pés mais se assemelham a ajuntamentos de
cangurus, caso não fossem mais perigosos. Um povo mais atrasado do que outro
povo anda bem mais vagarosamente no rumo da civilização do que este último. Daí
nossa permanência tão demorada no atraso mental que nenhuma diferença há entre
as atuais “celebridades” e os “nobres” de chapéu de couro, botas enlameadas e
esporas transformados em condes, duques e barões em troca do dinheiro com o qual
foi fundado o primeiro Banco do Brasil (Veja a respeito o livro 1008, de
Laurentino Gomes).
Não que falar em civilização numa sociedade na
qual ladrãozinho da bunda suja amarga cadeias insalubres que funcionam como
instituições especializadas em transformar gatuno em criminosos de alta
perigosidade enquanto a ladrões de fortunas imensas é permitido desfrutar da
riqueza roubada, não obstante causarem mal maior à sociedade do que seus
famintos concorrentes pés-de-chinelo. A probabilidade maior é que os seres
humanos sejam extintos sem alcançar civilização. Milhões de anos se passaram de
primatas a modernos e ainda se estraçalham em guerras fraticidas, destruindo
inclusive os recursos naturais dos quais dependem.
Considerando a realidade de ter o empresário por
único objetivo lucrar, extorquir impiedosamente a sociedade tanto quanto lhe
for permitido, haja vista a exorbitância do aumento dos preços daquilo de mais
necessita um povo infelicitado por alguma calamidade, como se aceitar que
papagaios de microfone e cientistas de politicagem jurem de pés juntos que o
bem-estar social depende da presença deles? As recentes mortes de milhares de
turcos e sírios são atribuídas à ganância dos empresários da construção que para
economizar construíram prédios fora dos padrões de segurança exigidos pelas
leis daqueles países. E nos escritórios dessa gente nunca falta um Cristo
Crucificado. Mas este triste episódio também envolve a seguinte questão: A
displicência do governo em não fiscalizar as construções não seria a
materialização da realidade de que os governos não podem prescindir de fiscalização?
Como pode a juventude ser tão indiferente à necessidade de sua efetiva
participação na política? Aos maus, nunca faltam argumentos para que os meios
de comunicação transformem suas maldades em bondades.