sexta-feira, 27 de outubro de 2017

ARENGA 456


“Os conflitos e lutas nacionais pelo império são ingredientes comuns daquilo que se chama política de poder. A expressão designa a cata de poder por estados soberanos, como um fim em si mesmo ou como meio para consecução de outros fins. Os métodos empregados têm incluído tradicionalmente quase todas as formas de burla e trapaça já inventadas pela astúcia humana. Nações que mantêm oficialmente relações pacíficas espionam-se umas às outras, emitem ameaças e contra-ameaças, formam alianças e contra-alianças, e tentam lograr-se mutuamente. Por fim, quando o mêdo (sic) e a cobiça passam a prevalecer sobre tudo mais, recorrem à guerra. Embora se costume encobrir a realidade crua com o verniz dos chás de embaixadas e das formalidades oficiais, a regra fundamental da política de poder é a lei das selvas”. Este retrato perfeito de política é conclusão a que chega o historiador Edward McNall Burns e está na página 756 do segundo volume do livro História da Civilização Ocidental, editora Globo. Estas poucas palavras expõem de forma completa a origem da infelicidade humana porquanto a humanidade não tem outra escolha senão a de ser governada pelo tipo de política descrita pelo historiador, dura realidade que deverá levar à opção pelo bom senso de decretar o fim da atual fase da história humana pela simples e clara realidade de terem os governantes por finalidade a obtenção de riqueza arrancada do lombo dos governados com a qual satisfazer sua sede incontida de poder refletida na vida faustosa que levam em seus monumentais palácios. Deste procedimento resulta que os seres humanos jamais poderão alcançar o objetivo perseguido por cada um deles de poder viver na paz da tranquilidade junto com seus entes queridos. Há tão grande distorção que este desejo também é desejado pelos próprios administradores públicos que impedem sua realização para os outros e para si mesmos porquanto de suas ações resultam-lhe a infelicidade de uma vida de mentiras e falcatruas das quais muitas vezes levam à solidão da cadeia. Da cultura política descrita acima pelo grande historiador, resultaram o militarismo e o armamentismo a consumirem fabulosos recursos empregados na arte de matar da qual resulta apenas a tristeza que acompanha o sofrimento. Este modo distorcido de viver, por mais força que tenham a religiosidade e o pão e circo, o quase nada de inteligência de que dispõe o ser humano haverá de levá-lo à conclusão de estar vivendo a um tipo de vida inferior à do asno porquanto o asno recebe de quem o explora os meios necessários para viver. Por mais desprovido da capacidade de raciocinar que seja um indivíduo, ao perceber estar sendo ludibriado por algum tipo de esperteza que o prejudica, reagirá inevitavelmente. Assim, a falta de sintonia com a realidade, a enganação a que os seres humanos são submetidos desde sempre haverá de provocar neles a reação e a derrocada da cultura atual da qual resulta a humanidade ter sido submetida pelos governantes à mesma escravidão da qual resultava haver sensatez na expressão “VÃO, E MORRAM COM HONRA!” pronunciada pelo comandante dos gladiadores no filme Spartacus, determinando que homens subissem à arena onde se digladiariam até à morte para deleite de imperadores e da massa vil também conhecida como povo cujos componentes berravam e se extasiavam quando um gladiador trespassava outro com a espada, do mesmo modo como extasiam hoje quando um boxeador quebra o queixo de outro ou quando uma marionete do pão e circo espeta uma espada no coração de um touro depois de tê-lo enraivecido tanto que o pobre animal perde a noção e lança furiosamente sobre o palhaça ovacionado pela malta asquerosa de povo.

Os brasileiros, o povo mais indigno do mundo, prestarão à humanidade grande benefício de mostrar à juventude do mundo a premente necessidade de mudar de rumo, levando-a a buscar uma vida digna num ambiente no qual a mediocridade não possa ser motivo para que alguém venha a ser célebre e famoso. Sendo a desfaçatez do disfarce a única coisa que diferencia da nossa as sociedades tidas como civilizadas, é inteiramente impossível que a juventude destas sociedades supostamente civilizadas não venham a se inclinar por um tipo de sociedade diferente da sociedade brasileira uma vez que por aqui senador faz tráfico de droga, presidente da república suborna deputados e senadores, ministros da mais alta corte de justiça se declaram publicamente coniventes com criminosos ricos, candidato à presidência da república deste belo país de triste sorte em campanha apesar de condenado à cadeia, uma instituição chamada foro privilegiado que isenta criminosos ricos da condenação, livros como O Chefe, Honoráveis Bandidos e Privataria Tucana acusam ex-presidentes da república de crimes hediondos sem nenhuma consequência, bandidos comandam suas quadrilhas de dentro da prisão, senador é traficante de droga. Nossa sociedade, desta forma, é o espelho no qual se mirar a humanidade a fim de perceber que ele reflete imagem diferente daquilo que se espera: uma sociedade capaz de colocar os administradores públicos no mesmo nível dos trabalhadores outros, obrigados ao cumprimento do dever. O não cumprimento deste dever por parte dos responsáveis por ele dá origem à indiferença dos administradores públicos em relação à sociedade que administram como prova a inversão de ser a capacidade criativa usada em benefício do indivíduo em vez da sociedade. Os benefícios decorrentes do aparato tecnológico ficam restritos apenas aos ricos e, paradoxalmente, negados aos elementos asquerosos de povo, mas accessíveis a seus empregados, os administradores públicos.

Assim, ante a inegável realidade de serem os administradores públicos os promotores da desorganização social, e ainda não haver sido engendrado outro modo de organização social capaz de prescindir da cultura de entregar a eles a responsabilidade pelo destino da coletividade, cabe repensar a vida em termos práticos, deixando para depois as preocupações intelectuais em saber se espírito e alma são coisas diferentes, sobre vida depois da morte, sobre a briga entre Platão e Nietzsche a respeito destas coisas. As especulações intelectuais, embora façam parte da salutar curiosidade humana, não podem ter preferência sobre especulações a respeito de uma forma de vida melhor do que a monstruosidade vivida atualmente da qual resulta o justificado medo generalizado uma vez que a qualquer momento pessoas podem se tornar alvos de balas e explosões. Custa nada pensar. Nenão? Inté.

 

 

 

 

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ARENGA 455


A última aquisição de livro que fiz, de autoria do jovem escrevedor de best sellers Eduardo Moreira, intitulado O QUE OS DONOS DO PODER NÃO QUEREM QUE VOCÊ SAIBA, cujo título dá a impressão de versar sobre o mal proveniente das forças ocultas, ao contrário, não é mais do que produto delas. O livro representa prova material de ser real o mundo irreal e ilusório imaginado por Platão no Mito da Caverna. Vive-se uma irrealidade tão flagrante que os livros mais vendidos, os tais de best sellers, não são mais do que mentiras monumentais pregando comportamento antissocial. Representam ideias implantadas através de lavagem cerebral pelas forças ocultas em jovens através das Harvards do mundo, criação diabólica dos ricos donos do mundo cuja finalidade é convencer jovens inteligentes de haver vantagem na acumulação de riqueza nas caixas-fortes dos infernos fiscais, paranoia da qual resulta a violência que dá origem à infelicidade que aflige o mundo. O livro do jovem Eduardo Moreira, eleito um dos melhores economistas brasileiros pela revista Investidor Institucional, faz apologia do sistema financeiro que em termos de sociabilidade é a maldição da qual resulta a miséria que fomenta a violência mundo afora.  É a repetição do recado do feioso secretário americano Henry Kissinger quando afirmou ser a competição o comportamento ideal para a vida em sociedade, o que é a materialização de uma irrealidade tão real que para ter sucesso a atual organização social precisa castrar a capacidade de meditar, o que é feito com eficiência pela cultura do enriquecimento implantada desde o berço e da qual resultam jovens inteligentes comportando-se de forma desinteligente ao fazerem apologia de comportamentos antissociais, sem qualquer preocupação quanto ao futuro das inocentes crianças nas quais será também inoculado o germe da cultura do enriquecimento, do que resultará num círculo do eterno vício de se cultivar a infelicidade de que dá notícia a matéria publicada no Jornal do Brasil, intitulada A FESTA DE PARIS E A FESTA DA COMUNIDADE, onde se lê o seguinte: “... o hospital vira um centro de contaminação, para onde os necessitados recorrem porque precisam de ajuda e saem de lá com menos saúde do que quando entraram, vindo em seguida a morrer.” Ante esta realidade brutal, por também viver num mundo irreal, certo presidente da república dizia ao povo que a saúde em nosso país estava tão perfeita que até dava vontade de ficar doente para ser tratado por tão eficiente assistência.

Se a capacidade de pensar para chegar a conclusões é a única coisa que nos distingue das feras, da supressão desta capacidade pela religiosidade e o pão e circo resulta no que temos aí: seres humanos infelizes por terem trocado sua tranquilidade pelo engajamento num engalfinhamento brutal por dinheiro. Todas as atividades essências como alimentação, transporte, segurança, saúde, foram transformadas em fonte de enriquecimento privado. Prá onde quer se volte há fomentadores da ilusão de haver vantagem em se acumular riqueza de um lado, não obstante resultar desse comportamento o oposto de acumular pobreza do outro lado. Como de tal procedimento resulta a insanidade da violência em que vive o mundo, a humanidade precisa despertar para a necessidade de se viver num mundo real. Poder-se-ia começar a mudança debruçando sobre a seguinte notícia: “Mensagem do Papa Francisco ao povo brasileiro pelos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida”. Não pode ter na cabeça senão esterco quem vê alguma coisa de real em termos de tranquilidade para os seres humanos na imbecilidade de se deslocarem cento e cinquenta mil pessoas todo ano, muitos dos quais em seus carrinhos pepas presenteados por Deus, para levar dinheiro e comprar proteção no fabuloso templo construído a custo de ouro para abrigar uma estátua de santa achado na lama e que atrai doadores de dinheiro como açúcar atrai moscas. Se Deus fez o mundo, não poderia fazer Seu próprio dinheiro?

Em pé de igualdade com a ilusão da religiosidade está também a ilusão do pão e circo fomentada por falsos líderes como eficiente meio de prender a atenção da massa ignorante da realidade dos fatos, como se vê da matéria intitulada COOPTADO PELO ESTADO, FUTEBOL SE POPULARIZOU NO REGIME COMUNISTA, publicada no jornal Folha de São Paulo, onde se lê: “No regime comunista, o futebol foi cooptado pela máquina estatal para afirmar elementos nacionais e suas instituições. O ditador Josef Stálin (1878-1953) não era um fã do esporte mas soube usá-lo a seu favor”. Vive-se tão flagrante ilusão que no mundo inteiro as brincadeiras são levadas mais a sério do que a necessidade de se voltar a atenção para o processo de viver. Vive-se de forma aleatória quando a verdade é que deve haver um planejamento para a vida, de se pensar sobre a vida e a melhor forma de vivê-la. Fazendo isto, chega-se inevitavelmente à conclusão de estarmos vivendo de maneira errada uma vez que no mundo inteiro a infelicidade progride tão assustadoramente grande que os jovens estão enlouquecendo, e comer, beber água e respirar estão se tornando fonte de doenças, e as autoridades que a sociedade paga para protegê-la de seus inimigos viraram-lhe as costas e estão a proteger justamente eles. Enquanto tudo isto acontece, a juventude futuca telefone e se anima para votar em Luciano Huck para presente da república. Custa nada pensar, nenão? Inté.

 

 

 

 

sábado, 21 de outubro de 2017

ARENGA 454


A cultura atual do barbarismo moral e político responsável pelo comportamento que faz dos humanos ainda mais selvagens que as feras não pode ser substituída de um dia para outro por outra cultura que estabelecesse comportamento civilizado. Não pode simplesmente porque as raízes do câncer da imoralidade, da mentira e da falta de vergonha da falsa liderança dos líderes políticos já se apossaram do cérebro dos seres humanos de forma tão envolvente que é preciso muita boa vontade e esforço de cada um por si mesmo para que se possa chegar a uma maturidade mental capaz de distinguir o falso do verdadeiro. A natureza dá uma “mãozinha” para a superação da dificuldade de se mudar de opinião porque o aprendizado através do senso comum, da observação das coisas da vida, aos poucos vai convencendo de não ser realidade muito aquilo que até então tem sido considerado realidade. Este aprendizado empírico acaba por conduzir à verdade, dando origem a novos comportamentos, ainda que a um prazo medido em anos luz. A história mostra que aos poucos determinada cultura cede lugar para outra cultura diferente a partir do momento em que o desenvolvimento mental, lento, é verdade, mas inegável, leva à conclusão da necessidade de se mudar de caminho. Depois de séculos, a cultura da mentira de ser necessário matar quem não acreditasse em Deus foi substituída pela cultura de não haver nada de errado em não se acreditar em deus. Aliás, observando direitinho, a convicção dos descrentes de que o bem estar social depende da boa aplicação dos recursos públicos em vez de depender de Deus torna-os mais úteis à sociedade do que a ratazana de igreja que têm pavor a quem toma uísque e torce o nariz para quem fuma maconha, ao tempo em que, ao contrário dos descrentes que por recomendação do seu Deus imaginário, no que diz respeito aos desvalidos, sua preocupação não passa do ato de dar esmola, enquanto que os descrente, ao contrário, chegaram à conclusão de que tal comportamento interessa mesmo é às “autoridades” que assim passam a contar com grande contingente de idiotas que em nome da piedade adiam indefinidamente a extinção da existência de quem precise de esmola. Desta forma, por agirem contrariamente aos verdadeiros interesses de uma sociedade civilizada, os ratos de igreja deram origem ao seguinte comentário entre duas pessoas que passavam ao largo do alvoroço de certo grupo religioso. Um dos dois homens perguntou ao outro do que se tratava aquela aglomeração, ao que o outro respondeu tratar-se de uma reunião de infiéis.

Realmente, em termos de avanço rumo à civilização os retrógados amantes da religiosidade representam atraso imensurável o que demonstram na prática de serem contra tudo que é de novo, embora a novidade sempre supera o ranço das mentalidades mumificadas que levaram estes energúmenos mentais a condenar fossem divulgadas realidades como o fato de não ser a Terra o cento do sistema solar, de não se poder intervir cirurgicamente no corpo humano por ser criação divina, de ser contra o aborto ainda sendo o feto malformado, o divórcio. O cúmulo da maldade dos ratos de igreja se materializa na monstruosidade da indiferença às infelizes e inocentes criancinhas abandonadas ao próprio destino, quando se sabe que crianças precisam de proteção e orientação. Não há maldade que supere o cinismo de se afirmar que as crianças abandonadas pela sociedade sejam as responsáveis pelo seu próprio sofrimento. Foi também o processo da evolução mental que produziu a queda da cultura de serem os governantes escolhidos em função do nascimento, passando a serem escolhidos pelo povo através de voto popular. Mas esta cultura também já está a caducar porque a vontade do povo foi substituída pela vontade dos ricos. Tendo os ricos o cérebro feito de ouro cravejado de diamantes, sua ganância estúpida de tomar para si a riqueza do mundo dá origem a males sociais dos quais decorrem sofrimentos terríveis por falta dos recursos que eles mantêm em seu poder apenas para deleite pessoal de fazer pose na revista Forbes. O cotidiano no decorrer do tempo fará com que esta realidade penetre nas pessoas independentemente de suas vontades e lhes convencerá de viverem uma vida de grande mentira e tão medíocre quanto a vida do asno, limitada a comer, trepar e cagar. Uma vez firmado o conhecimento da verdade, também ela cria suas raízes e se torna difícil de ser desacreditada, principalmente quando dos novos comportamentos por ela determinados resultar em elevação espiritual capaz de levar a humanidade à paz e à tranquilidade que deveriam ser o objetivo primeiro de cada ser humano. Como o resultado da soma decorre da união das parcelas, da união de seres humanos pacíficos e socialmente educados resultará uma sociedade também pacífica e agradável para ser vivida, objetivo que deveria entusiasmar a juventude.

Constatada a realidade de se poder trocar uma cultura por outra, é tempo de se concluir que o procedimento de entregar dinheiro às “autoridades” para que elas o empreguem em benefício da sociedade é um procedimento tão inútil quanto o meu procedimento de quando fumava maconha e entreguei um dinheiro a um guardador de carros lá em Ilhéus para me comprar um pouco da “mercadoria”. Simpático, cheio de ginga, capaz de botar no bolso o melhor malandro carioca do tempo em que a malandragem não causava tantos estragos, o cara simplesmente desapareceu. Tempos depois, estacionando no mesmo lugar, ele veio me cumprimentar e lamentar por eu ter desaparecido e não ter ido receber a “encomenda”. – Por acaso, teria acontecido alguma coisa com vossa pessoa? – Perguntou com ar de preocupado. O comportamento inescrupuloso das “autoridades” é ainda mais cínico do que o comportamento do meu comprador de maconha porque elas nem mesmo precisam fingir preocupação. Agem tão desavergonhadamente que estamos diante de uma situação inexplicável em que apesar de ser crime comprar voto, o presidente da república compra votos dos deputados a preço de ouro que o povo paga satisfeito enquanto faz oração, esperneia no futebola e futuca telefone para saber com quem determinada “celebridade” está trepando. A humanidade dá um fora monumental ao ficar de longe à espera que as “autoridades” resolvam a questão de fazer com que todos tenham acesso aos benefícios da educação, saúde e segurança. A triste verdade é que o interesse das “autoridades” pelo bem-estar das pessoas é o mesmo que tinham as “autoridades” de outrora pelos escravos no tempo do império, conforme se vê pelo que consta da página 212 do livro 1889, de Laurentino Gomes, editora Globo Livros, no seguinte teor: “A primeira lei brasileira de combate ao comércio negreiro, aprovada em 1881 por pressão do governo britânico, nunca pegou. Era, como se dizia na época, “uma lei para inglês ver”. Mesmo oficialmente proibido e condenado por tratados internacionais, o tráfico continuou de forma intensa e sob as vistas grossas das autoridades”.

A humanidade só tem mijado fora do pinico. Sua mais extraordinária burrada é empregar a capacidade criativa para beneficiar individualidades em vez da sociedade em geral, o que vai de encontro ao princípio da coletividade usado por determinados grupos como meio de alcançar seus objetivos mais facilmente. Na Idade Média, grupos de categorias de trabalhadores se juntavam nas Corporações de Ofício para proteção de suas classes profissionais. É também visando sucesso coletivo que se formam os clubes esportivos e os partidos políticos, mesmo sendo inconfessáveis os objetivos de ambos. As antigas Corporações de Ofício vieram posteriormente a ser substituídas pelos sindicatos que passaram a servir de trampolim para transformar seus dirigentes em parasitas sociais como malandros federais na feliz expressão do nosso poeta Chico Buarque. Não dá mais para esconder a realidade de vivermos uma irrealidade materializada em fatos tais como pessoas de elevada capacidade de entendimento serem obrigadas a se nivelar com a massa bruta e também se declararem apaixonadas pelo pão e circo dos esportes e das igrejas. Inté.

 

  

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ARENGA 453


Feito barata tonta pelo efeito de inseticida, papagaios de microfone de matizes que vão de jornalistas a cientistas políticos e filósofos verborragiam sobre o que está errado, mas sem dedicarem uma sílaba sequer sobre o que se deve fazer para corrigir os erros. Falam, por exemplo, que na democracia é o povo que escolhe seu governante. No entanto, se assim é, por que então o povo brasileiro em sua democracia tem um governante que não quer? Matraqueia-se sobre o que acontece na Venezuela, na Catalunha, nos governos russo, americano, da Coreia do Norte, do Estado Islâmico e o diabo a quatro, como se fossem coisas isoladas, quando, na verdade, são ingredientes do mesmo prato da estupidez humana de acreditar dar certo uma organização social na qual noventa e nove por cento dos associados entre os quais grande contingente de miseráveis sejam obrigados a custear vida faustosa e perdulária para o um por cento restante. O que deve ser motivo de especulação é o motivo pelo qual pessoas de grande capacidade de discernimento como filósofos e escritores premiados serem rebaixadas à mesma mentalidade medíocre da ralé ignorante de povo, realidade que fica exposta quando aquelas pessoas fazem coro com a massa ignara e também se declaram apreciadores das duas armas capitalistas mais letais contra a sociedade: a religião e o pão e circo que anulam o poder criativo e inovador da juventude que apesar de ser a força viva da sociedade humana, teve amputada a inteligência ao ponto de não perceber o quanto distante da realidade estão coisas como o beijo do Papa no pé do desgraçado que a sociedade abandonou ao léu e a elevação à categoria de “celebridades” e “famosos” de pessoas de mentalidade medíocre. No que corre por trás dito daí está a causa de toda a desarrumação que infelicita a humanidade, uma força oculta e tão poderosa que leva jovens a comprar bíblias como proteção e serem indiferentes aos males que os afligem e que os infelicitarão depois de passado o vigor físico da juventude, quando, então, se abaterão implacavelmente sobre eles os achaques de uma velhice desassistida. O que deve ser motivo de cogitações é o que leva o filósofo Jacob Petry, na página 27 do livro Poder & Manipulação, da editora Faro Editorial, a afirmar acreditar ser verdade que Deus e a sorte determinam metade de nossas ações, quando a realidade é ser Deus apenas uma criação dos primeiros seres pensantes que precisavam ter em quem buscar proteção contra aquilo que lhes escapava à compreensão, vindo, posteriormente, a ser esta ficção usada como engodo para manter as massas ignaras na condição de carneiros, contentes com as delícias que as esperam no céu. O que será que torna um filósofo incapaz de perceber esta realidade? Aliás, o céu deve ser na verdade um lugar muito chato onde se ora em vez de tomar uísque e desfrutar das delícias que só as mulheres podem proporcionar.

O que as forças ocultas que a Lava Jato desocultou teme tanto quanto o Diabo teme a cruz é que as pessoas atinem com o significado daquilo que disse o Grande Mestre do Saber Leonardo da Vince de que erra muito quem pensa pouco. O maior temor das forças ocultas é que os seres humanos venham a tomar aquela atitude da figura criada pelo mestre Leonardo de um homem em atitude meditativa conhecida como o pensador porque quem a tal se dispuser chegará inevitavelmente à conclusão de haver algo de muito errado com a humanidade. É impossível a quem quer que seja, independentemente de inteligência, deixar de concluir que não corresponde à realidade tanto a afirmação de que os administradores públicos existem para zelar pela sociedade quanto a existência de um Deus de bondade infinita que ama todos os seres humanos, quando a realidade mostra os humanos afligidos por sofrimentos incontáveis devido à sua condição de marionetes manipuladas por mãos tanto inescrupulosas quanto perversas. Quando a antissociabilidade do capitalismo germinava na Inglaterra e ela era o país mais rico do mundo, já naquela época, excluída a ingenuidade de se acreditar descendermos de Adão e Eva, o fato de pensar levou alguém à lucidez de perceber a insustentabilidade da cultura capitalista de muitos com pouco e poucos com muito. É o que se afere da página 225 do livro História Geral e do Brasil, de Claudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, editora Scipione, onde consta a seguinte declaração sobre tal insustentabilidade: “... as coisas na Inglaterra não podem ir bem, nem vão melhorar, enquanto todas as riquezas não forem postas em comum ...”. Embora não seja possível uma comunhão dos bens materiais dos quais depende a paz social, a estupidez capitalista do individualismo exagerado chega ao absurdo de pressupor a existência de quem não precise satisfazer as necessidades básicas de comer, morar e vestir. No saite África 21 Online, matéria sobre a prospecção da riqueza mineral africana, com o título (PORQUE É QUE A RIQUEZA DE ÁFRICA NÃO ENRIQUECE OS AFRICANOS?), tem-se o seguinte: “A elite congolesa ficou muito mais rica, bem como os prospetores, mas a população, devastada pela pobreza, não ganhou nada”.

Por deixar seu destino a cargo de estranhos, a humanidade sempre se ferrou. Daí a necessidade de novo caminho por onde seguir em frente, mas um caminho bem iluminado e sem os labirintos que levam a justiça a obrigar que as inocentes crianças sejam infectadas pelo germe divino que corrói a capacidade de raciocinar encontrado na religiosidade e no pão e circo. Inté. 

 

domingo, 15 de outubro de 2017

ARENGA 452


A origem dos advogados que enriquecem jurando de pé junto que bandido rico não é bandido pode ser encontrada nas páginas 53 e 54 do livro História da Civilização Ocidental, de Edward McNall Burns, editora Globo, quando o grande historiador narra sobre a religião dos antigos egípcios no tocante às exigências para que o morto fosse admitido no céu, e que eram as seguintes: Na presença do deus Osíris, seria o morto julgado de acordo com suas ações na Terra. Exigia-se que ele declarasse inocência de quarenta e dois pecados. Depois de responder positivamente as perguntas, a veracidade de suas alegações seria confirmada por um teste final que consistia em ser posto na balança o coração do julgado e Tuma pena, considerada o símbolo da verdade. Se o coração pesasse menos que a pena, o morto seria aprovado e entraria num reino celestial onde gozaria de bem-aventurança. Caso contrário, se o coração pesasse mais do que a pena, denunciando falsidade naquilo que declarou, era o julgado condenado à fome e sede eternas num lugar escuro. Mais tarde, em consequência do crescimento do poder dos sacerdotes, aproveitando da credulidade das massas, passaram eles, os sacerdotes, a vender fórmulas mágicas capazes de evitar que o coração do morto denunciasse a falsidade de suas declarações, garantindo livre acesso aos gozos celestiais até para bandidos. Consta, inclusive, que nestas fórmulas havia ameaças aos deuses que não acatassem como verdadeiras as alegações do morto.

É incrível que ainda hoje ocorram exatamente as mesmas coisas depois decorridos mais de três mil anos. Aí estão chefes religiosos arrancando da massa crédula dinheiro suficiente para lhes permitir fazer pose na revista Forbes, aí estão os advogados que a troco de dinheiro também garantem fervorosamente serem santinhos os malandros que da massa crédula arrancam mansões, iates, jatinhos e vida regada a champanhe e caviar. O fato de contarem estes protetores de bandidos com apoio de altas autoridades denuncia uma situação totalmente insustentável de subverter a finalidade do governo de usar os recursos públicos para promover a tranquilidade social. A materialização desta subversão está aí à vista de quem tem olhos para ver. Como os brasileiros só têm olhos para as igrejas e pão e circo, crimes e bandalheiras são as únicas coisas que provêm de nosso governo. Na verdade, não há governo no mundo inteiro cuja preocupação com a sociedade vá além de um faz de conta, o que merece debruçar sobre a situação e meditar sobre ela. Afinal, absolutamente nada justifica suar a camisa para o desfrute das “autoridades”. Como se admitir que só entre elas e seus chefes, os ricos donos do mundo, uma criança não morra por falta do dinheiro de comprar o remédio? Pois, apesar de ser inadmissível, é o que acontece. Enquanto isso, o que faz a juventude? Se liga no que Xuxa tem a dizer sobre Pelé e no luxo do jatinho de Neymar.

O que acontece com governo do Brasil também acontece nos demais governos, apenas de modo mais discreto porque os governantes dos povos “civilizados” que jogam bombas sobre crianças deixam cair de sua mesa farta para seu povo migalhas maiores e de melhor qualidade que os satisfazem de modo tão absoluto que se consideram tão felizes quanto os porcos quando também migalhas lhes são servidas. O fato de ter supurado a pústula da imoralidade do governo brasileiro servirá para alertar a juventude do mundo sobre o fato de que em menor escala também acontece em suas sociedades, uma vez que seus governantes também são capachos dos ricos donos do mundo, sendo que alguns deles são chefes de muitos governos. Não só o Brasil precisa ser passado a limpo como apropriadamente clama Boris Casoy, mas o mundo inteiro carece de nova cultura. Uma cultura para a qual todas as pessoas precisam comer, morar, vestir e elevar-se espiritualmente. Inté.

  

 

 

 

 

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ARENGA 451


A história da humanidade se aproxima de nova fase. Que cenário descortinar-se-á quando expirar a cultura do servilismo imposto aos seres humanos a partir do momento em que passaram a ser comandados por duas lideranças falsas, religião e políticos? A inegável evolução mental haverá de condenar à morte a atual cultura da subserviência que há muito se encontra na UTI sem possibilidade de convalescência. Ou a humanidade acaba com a fase atual ou será acabada por ela. Não há como se sustentar uma sociedade que destruiu sua força criativa: a juventude. Os jovens inteligentes foram levados a tal estado de infelicidade que estão se tornando depressivos e suicidas, enquanto que os demais, por força da cultura da necessidade de enganar para tirar proveito, foram transformados em cordeiros de Deus, manada pronta a vagar para onde quer que haja alguma imagem a ser cultuada, sem nem de longe perceber o engodo que os falsos líderes escondem atrás disto tudo. Estas pobres criaturas, vítimas da lavagem cerebral que os faz querer serem ricos em vez de felizes, são indiferentes a tudo que não sejam futilidades como as brincadeiras do pão e circo envoltas em grossa corrupção que consome fabulosa quantidade dos recursos públicos dos quais depende o futuro de seus filhos. A consequência da cultura do TER é fazer com que a humanidade se aproxime mais e mais do precipício. E enquanto isto ocorre, seres humanos que se destacaram entre os demais em função do acúmulo de conhecimento adquirido sobre a espécie humana fazem devorteios em torno de assuntos que não dizem respeito à única coisa que deveria merecer a atenção de todos: a qualidade de vida e mesmo a sobrevivência da espécie humana, instinto que orienta os irracionais no que diz respeito à preservação da espécie. Quanto mais perto do abismo chega, mais os seres humanos festejam sua vida medíocre de reprodutores, fabricantes de bosta e enchedores de latrina. Se o ser humano tivesse permanecido irracional, vivendo em estado puramente natural, o mundo não poderia estar em piores condições do que as atuais. É desinteligente não se dedicar a tais assuntos para divagar inutilmente sobre o que Einstein pensava sobre Deus, ou o que quis Einstein dizer ao afirmar que acreditava no Deus de Spinoza, ou o que vem a ser esse tal de Deus de Spinoza, ou o que vem a ser deísmo, panteísmo, judaísmo, catolicismo, budismo, e o diabo a quatro. Tudo isto não é senão verborreia inútil que tem o mesmo papel do pão e circo de desviar a atenção do lugar onde deveria ela estar. O filósofo e físico Marx Jammer, colega de Einstein, diz no livro Einstein E A Religião, que o grande cientista teria afirmado que através da religião os jovens são enganados pelo Estado com mentiras e que teria desaprovado educação religiosa para seus filhos, considerando-a contrária a todo o pensamento científico. Vê-se, pois, que o tagarelismo inútil mais confunde do que esclarece. Como pode alguém, conhecedor da realidade de que a religião e a política, irmãs siamesas, fomentam a ignorância por ser dela que se nutrem, e, ao mesmo tempo, acreditar em um Deus, qualquer que seja esse Deus? Enquanto se perde tempo com tais futilidades, está a bater na porta uma triste realidade prenunciada pelos incêndios, enchentes, tsunamis, doenças e violência, anunciando para quem tem olhos de ver um futuro tão triste que leva os jovens inteligentes à depressão, ao suicídio, a disparar armas sobre outros jovens.

Em meio a todo esse imbróglio nos encontramos nós os brasileiros, infelizes e alegres de uma alegria de demente mental, pobres coitados submetidos a uma violenta tempestade de imoralidades sobre esse belo pedaço de chão transformado no paraíso da bandidagem que se apossou do poder de mando. Chegamos a uma posição tão desesperadora que o jornal Folha de São Paulo publica a seguinte notícia: Recessão e desemprego freiam as denúncias de assédio sexual no Brasil   -   Medo de perder o emprego ou sofrer violência ainda maior faz mulheres optarem pelo silêncio. Ser obrigado a engolir as injustiças é de uma crueldade sem limite. Mas os brasileiros estão acostumados. Afinal, como carneiros de Deus, devem esperar pela felicidade no céu, onde não lhe faltará pastagem. Somos um povo tão desgraçado que o funcionário público Rodrigo Janot, por ser cumpridor do dever, está sendo vítima de ataques por cumprir seu dever de denunciar malfeitores. Entretanto, para alento da esperança de moralidade, o jurista Lafayete Pondé Filho em matéria publicada no caderno Painel do Leitor do jornal Folha de São Paulo fez a seguinte e lúcida declaração: “O procurador Rodrigo Janot deve se orgulhar das críticas que vem recebendo. Demérito seria receber elogios de tipos tão desprezíveis. E não custa lembrar: só se atira pedra em árvores que dão bons frutos!”. Contudo, a preferência do brasileiro é pela erva daninha.  De acordo com estas palavras do deputado presidiário Eduardo Cunha, "Moro queria destruir a elite política e conseguiu", fica demonstrada a triste realidade de ter sido o poder político assaltado pela imoralidade, falta de decoro e pelo banditismo uma vez que a elite política a que se refere o deputado presidiário é isto que estamos vendo: criminosos condenando homens justos, contando inclusive com o aval da justiça. Não se pode ter dúvida da necessidade de outro tipo de sociedade. Uma sociedade na qual os responsáveis pela administração pública devem estar constantemente sob o olhar vigilante de uma juventude inteligente para que os responsáveis pelos recursos públicos, em função do vínculo empregatício, não sejam obrigados a se tornarem representantes dos interesses escusos do grupinho de um por cento que se tornou dono do mundo e que obriga o STF a proteger celerados e exigir que as escolas públicas ensinem religiosidade às crianças a fim de perpetuar a indiferença política, fonte de todos os males.

A evidência de ter falido a cultura atual do ajuntamento de riqueza acaba de ser mostrada pela notícia de que os ricos de Nova Iorque, incomodados diante de tamanha desigualdade social, estão evitando ostentar riqueza. O rico tem o mesmo comportamento da hiena que rosna se outra fera se aproxima da carniça, mesmo sendo esta superior à sua capacidade de consumo. Mas não é apenas em Nova Iorque que existem as hienas rosnando em torno de montanhas de riqueza. É o que mostra o relatório da ONG britânica Oxfam: Seis brasileiros têm a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres, e os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Como se aceitar tamanho descompasso? Há de se cuidar do primeiro passo na efetivação da necessária mudança que se não acontecer por meios inteligentes acontecerá pela brutalidade da violência dada a realidade de se ter chegado à situação indiscutivelmente insuportável porquanto faltam recursos para as mínimas coisas enquanto fardos de dinheiro são roubados e as marionetes do pão e circo fazem apologia de monstruosidades antissociais como o agribiuzinesse e os bancos. O caderno País, do Jornal do Brasil de 07/08/2017, dá conta de que matéria do jornal ‘Le Monde Diplomatique' versa sobre dois assaltantes que se fizeram filmados enquanto roubavam um banco e diziam: "Ei, Temer, filho de p ...! Você acha que só você pode, hein? Filho de p ... Nós também podemos, veja!”.

A tal desmoralização chegou nosso país, debaixo do queixo ainda imberbe de uma juventude incapaz de sacudir fora o conformismo imbecil que lhe impõem falsos líderes políticos e religiosos e tomar atitude orientada pela sabedoria que recomenda o uso da inteligência em vez da brutalidade a fim de organizar uma sociedade realmente organizada. Esta outra notícia na imprensa dá o tom da merda moral em que foi transformado nosso pobre e infeliz Brasil: Descoberta de brasileiro rendeu Nobel de medicina a britânico. Inegavelmente, recai uma maldição sobre esta população de religiosos. Absolutamente ninguém responde a saudação “como vai” sem acrescentar um graças a Deus à resposta de estar bem. O religioso é um ser estúpido e incapaz de concluir que a religião é irmã siamesa da política. Matéria jornalística de autoria do jornalista Mauro Lopes, publicada no blog Outras palavras, intitulada RESGATE DE UMA HISTÓRIA OCULTADA, é ilustrada com a imagem de um Papa ao lado do ditador Pinochet, monstro que mandava helicópteros jogar jovens idealistas ao mar por divergência política. Chegará o tempo em que se perceberá a verdade de ter a religião por finalidade parasitar a credulidade da massa ignorante como prova a presença de chefes religiosos na revista Forbes e o banco do Vaticano. Nesse exato momento, o presidente desta sociedade infeliz faz doação à igreja católica de um terreno da massa bruta de povo, e diz estar com a alma lavada. Também está na imprensa que a Igreja Universal tem um império empresarial em nome de integrantes de sua cúpula de 23 emissoras de TV e 40 rádios, além de 19 empresas de segmentos diversos, como agência de turismo, jornais, editora, imobiliária e até uma empresa de táxi-aéreo, a Alliance Jet”. A religiosidade se nutre da ignorância, o que fica evidente ao se constatar que ela decresce à medida que cresce o esclarecimento. Embora demasiadamente lenta, é inegável haver progresso mental. Época houve em que o ateu seria torrado pela Inquisição, o que não ocorre atualmente. E quem afirma o enfraquecimento da religião não é apenas um Zemané ateu. É o que mostra este trecho da matéria publicada no jornal Folha de São Paulo: Pode levar séculos, mas as religiões vão cair em desuso. A predição é de Michael Shermer, historiador da ciência e escritor americano que fundou a Sociedade dos Céticos nos EUA. O mundo ficará bom a partir da segunda geração depois daquela cujos pais alfabetizarem politicamente os filhos e ensiná-los o motivo pelo qual professores são tratados a porradas e jogador de futebola a pão de ló. Por trás disso está a desgraça que grassa mundo afora. Inté. 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

ARENGA 450


José Ortega Y Gasset, em A rebelião das Massas, Editora Vide Editorial, pág. 18, faz a seguinte ponderação: “Nossa atividade de decisão não descansa um instante sequer. Mesmo quando, desesperados, nos abandonamos ao que vier, estamos decidindo não decidir”. A humanidade, segundo esta filosofia, decidiu não decidir sobre a qualidade de sua vida, deixando tão grande responsabilidade a cargo de líderes cuja propensão à liderança equivale a de Nietzsche a ser um pastor evangélico. Desta insensata e estúpida indiferença da humanidade quanto ao seu próprio futuro resulta não haver na face da terra um único ser humano que não esteja submetido à escravidão de proporcionar vida regalada a estes malandros travestidos de líderes que decidem o seu destino da humanidade. Estes líderes, na verdade, nada mais são do que lambe-botas dos ricos donos do mundo aos quais se submetem de rabo entre as pernas tal qual cachorro vira lata. E não pode mesmo ser de outra forma uma vez que para ocupar os cobiçados postos de liderança que lhes permitem roubar o erário é preciso contar com o apoio da massa bruta de povo, apoio esse que depende de muito dinheiro porque a massa bruta escolhe quem faz maior estardalhaço em festas, fotografias ao lado de jogador de futebola, ou que gasta mais dinheiro para que a imprensa divulgue suas mentiras, além da grana destinada aos tais marqueteiros, na verdade, tão malandros quanto seus clientes porque também se tornam multimilionários convencendo os débeis frequentadores de igreja, axé e futebola de que fulano ou beltrano é que é o cara. Uma vez que o dinheiro grosso para estas coisas está nas mãos do ricos donos do mundo, é mais do que natural que os ocupantes e os aspirantes à posse da chave do erário babem o saco de quem tem dinheiro. Uma vez empossados, passam os falsos líderes a representar a vontade dos malditos ricos dono do mundo, antas sociais, incapazes de perceber que o ajuntamento de riqueza impossibilita o equilíbrio social necessário à tranquilidade, portanto, à felicidade das pessoas, uma vez que ninguém pode deixar de ser infeliz na intranquilidade.

Ao deixar a cargo dos falsos líderes a responsabilidade pela aplicação do dinheiro que deveria ser usado para promover tranquilidade social, o elemento bruto e asqueroso de povo procede como alguém que abrisse um botequim e o deixasse a cargo do mais irresponsável e maior cachaceiro do local. Em todas as sociedades do mundo os falsos líderes cavalgam o bicho povo. Quando esse bicho povo ainda é mais bicho, como aqui entre nós, aí a coisa ainda é pior. Aqui já se chegou a uma situação tão desesperadora que embora esteja a sociedade à míngua de tudo, famílias inteiras de falsos líderes também conhecidos como excelências formam quadrilhas para assaltar o erário, o que fazem com facilidade graças à indiferença da população a tantos desmandos que a administração pública é exercida por bandidos. Nossa sociedade chegou a tal estado de putrefação moral que o crime já se tornou tão banal que a mais alta corte de justiça protege desordeiros e persegue quem faz opção pela ordem sem a qual se instala o caos graças à brutalidade humana. Há deputados condenados por crime, mas autorizado pela desmoralizada justiça a continuarem na função de deputado. É uma administração pública canhestra, exercida a favor dos administradores e seus chefes mafiosos, os ricos donos do mundo. Dela, o que sobra para a massa bruta de povo são apenas queixumes, lágrimas na televisão e nos corredores dos hospitais, além de cadáveres pelas ruas e crianças na cadeia.

No mundo inteiro os administradores públicos parasitam a sociedade humana por ordem de seus superiores. Embora integrando a classe parasitária, sendo a informação sua fonte de renda, a imprensa informa que nos Estados Unidos a Associação nacional do Rifle deu cinquenta e três milhões de dólares para ajudar a eleger políticos que agora suam a camisa para garantir o livre comércio de armas. Pode-se apostar um tostão furado como esta associação é produto da indústria armamentista, cuja finalidade é trocar armas pelo dinheiro que enche as caixas-fortes nos infernos fiscais, assim como o Prêmio Nobel tem por finalidade fazer apologia da cultura que faz crer ser normal a existência de bilionários ao lado de famintos. Finalidade também antissocial tem a Fundação Templeton, instituição americana semelhante ao Nobel, cuja finalidade é comprar opiniões de cientistas favoráveis à religiosidade, entidade esta tão inútil que o Afeganistão distribui armas aos civis para que protejam suas igrejas. A religiosidade tem por única função fazer com que os pobres de espírito, a quase totalidade dos seres humanos, prefiram as igrejas à política, única responsável pela qualidade de vida. É por conta da necessidade de não deixar cair a peteca da indiferença política que a mais alta corte de justiça torna obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas, graças ao poder das forças ocultas que a Lava Jato está desocultando. Como se vê, a sociedade humana vive sobre um pedestal de falsidades, razão pela qual precisa urgentemente mudar de rumo porque a estupidez de permanecer em erro supera qualquer outro tipo de estupidez, mesmo a estupidez de se conformar em ser presa da canalha que se apossou da riqueza do mundo, posto que até os irracionais fogem o predador.

Para o brasileiro, a estupidez é adorno. No livro O LADO SUJO DO FUTEBOL, seus autores, Amauri Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet, pela editora Planeta, mostram ter sido o esporte das multidões de idiotas transformado numa forma de esfolar o rabo das multidões de mendigos mentais que formam o elemento asqueroso povo. São mansões monumentais, relógios de ouro cravejados de diamantes, iates fabulosos, contas abarrotadas de dinheiro automóveis dos mais caros do mundo, monumentais farras com mulheres que se escondem atrás da profissão de modelo, enfim, algo só comparável, ao fantástico mundo multimilionário resultante dos conluios entre os canalhas da política e os das grandes empresas. Desta forma, estando o mundo de cabeça para baixo, é de se estranhar, e muito, que os intelectuais escrevam livros e mais livros sem que uma sílaba apenas se refira à insustentabilidade desta situação. Embora inegável ser interessante conhecer nossa trajetória evolutiva, curiosidades como o fato de ter a domesticação do fogo contribuído para o desenvolvimento do cérebro em função do aproveitamento da energia economizada com a diminuição do intestino graças ao cozimento dos alimentos, tais devaneios em absolutamente nada contribuem para o que há de mais importante para o ser humano: sua condição de vida. Contra a miséria humana, os intelectuais apenas dão dicas que a massa bruta de povo não aproveita por analfabetismo ou ojeriza aos livros. Faz-se necessário, pois, deixar de lado a intelectualidade dos intelectuais e passar a cogitar de assuntos práticos e relacionados com uma forma de vida na qual predomine o raciocínio lógico de ser descartável a quase totalidade dos sofrimentos que afligem os seres humanos. Tais infortúnios decorrem por ação dos próprios seres humanos transformados em robôs programados para produzir dinheiro, adorar santidades e festejamentos, numa alegria que acabará quando começar a fase das dores, dos remédios e do hospital, onde a cultura da riqueza fará com que profissionais da saúde façam de tudo para não deixar que se esvaia uma vida cuja única utilidade é lhes servir de fonte de renda. As divindades às quais a ignorância humana atribui sua qualidade de vida, caso existissem realmente, precisariam ser queimadas por uma inquisição benéfica em função do mal causado à humanidade por estas santidades cuja orientação resultou no atual estado de desgraças que grassam mundo afora.

Faz-se necessário que os intelectuais atuem diretamente para a mudança desse estado social medíocre para outro de elevado padrão social, visto que para seu próprio bem a humanidade não deve se ater a evoluir espiritualmente de forma tão lenta como faz a natureza no que se refere à evolução física. Na página 22 de Uma Breve História da Humanidade, de Yuval Noah Harari, editora L&PM, consta que há cento e cinquenta mil anos o ser humano já era como hoje é. As conjecturas dos intelectuais dizem respeito apenas ao seu mundo. Na página 371 do laureado livro História do Pensamento Ocidental, do não menos laureado escritor Bertrand Russel, consta o seguinte: “Ao tratarmos da filosofia nos últimos setenta ou oitenta anos, enfrentamos algumas dificuldades especiais, pois, como estamos muito perto desses acontecimentos, é difícil vê-los com o distanciamento e a imparcialidade adequados”. Tal afirmação, embora tenha tudo a ver com a intelectualidade dos intelectuais, encerra para o leigo o paradoxo de ser justamente por estarem presentes os infortúnios dos quais provêm as infelicidades que se faz necessário debruçar sobre eles a fim de detectar sua causa para que se possa neutralizar seu efeito. É sobre questões práticas que devem os filósofos filosofar. O prefácio deste livro citado começa assim: “Um grande livro é um grande mal”. Pensamento atribuído ao poeta Calímaco. Ora, como ser um mal um grande livro, se o qualificativo “grande” está relacionado a sentido positivo? Mas os intelectuais, parece, sentem necessidade de mostrar intelectualidade ainda que inútil, da mesma forma que os ricos precisam mostrar riqueza também inútil, porque em absolutamente nada tem de proveitoso em relação a uma forma agradável de vida cogitar-se sobre o significado da vida, se o mundo tem um propósito ou se o desenrolar da história nos leva a algum lugar. Não raro, porém, os intelectuais, principalmente os egressos das Harvards do mundo, distorcem a realidade. O mesmo laureado filósofo Yuval Noah Harari, no livro Homo Deus, Uma Breve História do Amanhã, editora Companhia das Letras, na página 14, há uma afirmação deletéria ao desenvolvimento do espírito de sociabilidade, único caminho que poderá levar a humanidade à tranquilidade da paz. Afirma o filósofo que embora centenas de milhões de pessoas ainda passem fome quase todos os dias, na maioria dos países o número de mortes por inanição é muito pequeno. Esta é a absurdo lógica capitalista para a qual é normal estar nas mãos de apenas um por cento da humanidade os bens materiais que a todos deveriam servir. Não há maior desumanidade do que ser indiferente a quem passa fome.

Especulações que passam ao largo da necessária mudança para uma cultura sadia que substitua esta cultura infame e doentia a cair aos pedaços de podre, devem aguardar o momento propício para outras divagações alheias à brutalidade que tomou conta do mundo. Em primeiríssimo lugar faz-se necessário substituir a cultura do faz de conta que tá tudo bem por uma cultura capaz de encarar a vida com realismo. Assim como para quem está tendo a casa incendiada é mais importante apagar o fogo do que especular sobre como ele teria começado, do mesmo modo, os desamparados pela falta de conhecimento precisam que os intelectuais lhes ajudem a superar esta fase negativa da qual provêm os males do mundo que existem por obra e graça do conformismo com a cultura brutal de acumular riqueza num canto e miséria no outro canto, graças ao comportamento antissocial dos trogloditas mentais, magnificamente delineado nos seguintes versos de La Fontaine, na página 23 do livro Fábulas, da editora Martin Claret: Um galo achou num terreiro / Uma pérola, e ligeiro, / corre a um lapidário e diz: / “Isto é bom, é de valia. / De milho um grão todavia / Era um achado mais feliz.

Um néscio ficou herdeiro / De um manuscrito, e a um livreiro / Vai à pressa, e fala assim: / “É bom, é livro acabado, / Concordo, mas um ducado / Valia mais para mim. Destas duas estrofes se conclui que a mentalidade do néscio, qualificativo que expressa com eficiência o comportamento dos ajuntadores de riqueza, é inferior à do galo, orientado apenas pelo instinto. O qualificativo néscio define com eficiência o comportamento do imbecil que pavoneia ser o mais rico, sem, entretanto, cogitar das consequências funestas de tal comportamento.

É sobre estas questões práticas que devem os filósofos filosofar. Esclarecer em vez de confundir. Esclarecer, por exemplo, a inconsequência à qual a ninguém parece interessar de serem as pessoas submetidas a uma constante lavagem cerebral através da papagaiada de microfone que por conta das forças ocultas fazem crer à massa ignara haver algo de bom em coisas altamente danosas. Um exemplo esclarecedor desta realidade é o agribiuzinesse laureado por papagaios de microfone, em franca contradição com a realidade materialmente confirmável e exposta na reportagem denominada Maldição em Sandovalina, da jornalista Inês Castilho, publicada no blog Outras Palavras, escola de alfabetização política, no seguinte teor: “O município paulista com a maior taxa de morte por câncer do pâncreas é Sandovalina, pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes na região do Pontal do Paranapanema. É também o segundo maior índice de nascidos vivos com malformações congênitas, conforme dados do Ministério da Saúde de 2000 a 2013, e o motivo é bem conhecido pela população. São os aviões que passam despejando veneno, contaminando as águas, pessoas e plantações”. O que justifica, então, fazer proselitismo de tal monstruosidade? Pensar sobre isto é mais importante do que conhecer o conteúdo das 759 páginas do livro A História da Grande Evolução, do intelectualíssimo Richard Dawkins, que na página 21 recomenda a leitura do livro A Vida do Cosmos, do físico teórico Lee Smolin. Sobre este livro recomendado, o autor que o recomenda diz o seguinte: “No modelo de Smolin, universos originam universos “filhos”, os quais variam em suas leis e constantes. Os universos-filhos nascem de buracos negros produzidos pelo universo pai, e desse herdam suas leis e constantes, porém, com alguma possibilidade de pequenas mudanças aleatórias”. O livro de Dawkins é realmente uma excelente aula sobre o processo evolutivo. Entretanto, de esclarecimento, de contribuição para superar a ignorância em que se encontra mergulhada a humanidade e que a impede de viver sem tanto sofrimento, a única coisa prática está na página 37, quando torna pública o embuste da religião ao mencionar o fato de terem teólogos alemães do século XIX adulterado a história do Antigo Testamento para adequá-la a profecias do Antigo Testamento, no que contribui para o esclarecimento de ser um embuste a religiosidade. No mais, é tudo divagações que em nada contribuem para adequar o dia a dia das pessoas à dignidade que o ser humano deve, merece e precisa ter. Inté.