domingo, 15 de outubro de 2017

ARENGA 452


A origem dos advogados que enriquecem jurando de pé junto que bandido rico não é bandido pode ser encontrada nas páginas 53 e 54 do livro História da Civilização Ocidental, de Edward McNall Burns, editora Globo, quando o grande historiador narra sobre a religião dos antigos egípcios no tocante às exigências para que o morto fosse admitido no céu, e que eram as seguintes: Na presença do deus Osíris, seria o morto julgado de acordo com suas ações na Terra. Exigia-se que ele declarasse inocência de quarenta e dois pecados. Depois de responder positivamente as perguntas, a veracidade de suas alegações seria confirmada por um teste final que consistia em ser posto na balança o coração do julgado e Tuma pena, considerada o símbolo da verdade. Se o coração pesasse menos que a pena, o morto seria aprovado e entraria num reino celestial onde gozaria de bem-aventurança. Caso contrário, se o coração pesasse mais do que a pena, denunciando falsidade naquilo que declarou, era o julgado condenado à fome e sede eternas num lugar escuro. Mais tarde, em consequência do crescimento do poder dos sacerdotes, aproveitando da credulidade das massas, passaram eles, os sacerdotes, a vender fórmulas mágicas capazes de evitar que o coração do morto denunciasse a falsidade de suas declarações, garantindo livre acesso aos gozos celestiais até para bandidos. Consta, inclusive, que nestas fórmulas havia ameaças aos deuses que não acatassem como verdadeiras as alegações do morto.

É incrível que ainda hoje ocorram exatamente as mesmas coisas depois decorridos mais de três mil anos. Aí estão chefes religiosos arrancando da massa crédula dinheiro suficiente para lhes permitir fazer pose na revista Forbes, aí estão os advogados que a troco de dinheiro também garantem fervorosamente serem santinhos os malandros que da massa crédula arrancam mansões, iates, jatinhos e vida regada a champanhe e caviar. O fato de contarem estes protetores de bandidos com apoio de altas autoridades denuncia uma situação totalmente insustentável de subverter a finalidade do governo de usar os recursos públicos para promover a tranquilidade social. A materialização desta subversão está aí à vista de quem tem olhos para ver. Como os brasileiros só têm olhos para as igrejas e pão e circo, crimes e bandalheiras são as únicas coisas que provêm de nosso governo. Na verdade, não há governo no mundo inteiro cuja preocupação com a sociedade vá além de um faz de conta, o que merece debruçar sobre a situação e meditar sobre ela. Afinal, absolutamente nada justifica suar a camisa para o desfrute das “autoridades”. Como se admitir que só entre elas e seus chefes, os ricos donos do mundo, uma criança não morra por falta do dinheiro de comprar o remédio? Pois, apesar de ser inadmissível, é o que acontece. Enquanto isso, o que faz a juventude? Se liga no que Xuxa tem a dizer sobre Pelé e no luxo do jatinho de Neymar.

O que acontece com governo do Brasil também acontece nos demais governos, apenas de modo mais discreto porque os governantes dos povos “civilizados” que jogam bombas sobre crianças deixam cair de sua mesa farta para seu povo migalhas maiores e de melhor qualidade que os satisfazem de modo tão absoluto que se consideram tão felizes quanto os porcos quando também migalhas lhes são servidas. O fato de ter supurado a pústula da imoralidade do governo brasileiro servirá para alertar a juventude do mundo sobre o fato de que em menor escala também acontece em suas sociedades, uma vez que seus governantes também são capachos dos ricos donos do mundo, sendo que alguns deles são chefes de muitos governos. Não só o Brasil precisa ser passado a limpo como apropriadamente clama Boris Casoy, mas o mundo inteiro carece de nova cultura. Uma cultura para a qual todas as pessoas precisam comer, morar, vestir e elevar-se espiritualmente. Inté.

  

 

 

 

 

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