quinta-feira, 23 de abril de 2015

ARENGA 106



Tirando fora o cabresto da religiosidade, a bíblia é um livro de história cuja leitura revela a intenção dos historiadores bíblicos de manter a humanidade em nível mental correspondente ao das crianças. Mas eles se enganaram ao supor que a falta de discernimento fosse durar eternamente, coisa que não se verifica na prática porque ainda que mais lentamente do que devia, é inevitável à percepção humana adquirir algum conhecimento ante a realidade dos fatos que o cercam, de modo que aos poucos este conhecimento vai desnudando as trevas da ignorância alimentada pelas mentiras que vem iludindo os crédulos em sua inocência de criança, a quem se engana facilmente. A cada dia cresce o número dos que percebem ser a realidade bem diferente da que nos é apresentada pela religião e pela política, os dois polos de cultura que decididamente conduz a humanidade, mantendo-a em erro por interesse daqueles que conseguiram ocupar posição cômoda na sociedade em não querer compartilhá-lo com os demais. É um modo perverso de comportamento num livro que se propõe pregar o amor e a sabedoria, quando, na realidade, faz com que os que ficaram de fora das benesses que o dinheiro pode dar, convencendo-os através de mil artifícios ser melhor aguardar para depois da morte a conquista de alguma comodidade lá no céu. É muito difícil compreender o que se passa na cabeça de alguém convencido da existência de um lugar no espaço onde a vida continuasse. Felizmente, entretanto, já não são poucos os que desafiam esta farsa e desnudam sensatamente as mentiras que por séculos vem mantendo a humanidade distante da busca pela verdade. Se de um lado a religião convence da comodidade celeste, por outro lado, a política convence da necessidade de possuir muitas coisas como recurso para ter comodidade. Mas, a cada dia, mais pessoas percebem o papelão de inocente útil desempenhado por quem vive em meio a parábolas, milagres, santos, demônios, pecados, orações e igrejas, desperdiçando o dinheiro de comprar comodidade para sustentar um sem número de gigolôs da religião e da política. São nocivas à sociedade as pessoas que deixam de acreditar na verdade visivelmente materializada de que o bem-estar depende da boa aplicação dos recursos públicos, havendo necessidade de fiscalizar sua aplicação, apegando-se, ao contrário, em vez dessa atitude socialmente salutar, na mentira de que o bem-estar depende de observar as recomendações bíblicas. Inúmeros são os casos de superação dos sofrimentos oriundos do manancial de males com os quais a natureza nos castiga, desde quando se pode contar com os recursos provenientes do desenvolvimento científico, mas nunca se viu ninguém curado de um câncer ou tumor no cérebro através de oração. Só há uma explicação para tudo isso. Ela se chama IGNORÂNCIA porque o ignorante sofre mais os efeitos da maldade humana em sua boa fé de ignorante como se percebe olhando para a frequência nas igrejas, no axé e no futebola.


É necessário bradar contra a religiosidade com a mesma persistência com que o ferreiro malha o ferro à exaustão. É extremamente necessário montar uma OPERAÇÃO IGNORÂNCIA ZERO para eliminar o maior entrave a impossibilitar o avanço da verdadeira espiritualidade, aquele sentimento de solidariedade humana inexistente nas histórias bíblicas manchadas de sangue, escravidão, ouro, prata, bronze, rebanhos imensos e terras que não acabam mais, enfim, tudo que é contra a paz e o sossego, culminando na maldade suprema de ensinar a caridade em vez da dignidade. O conhecimento do mecanismo de funcionamento da vida social foi alcançado pelos Grandes Mestres do Saber. Mas como só por acontecimento fortuito alguém toma conhecimento de seus ensinamentos, a quase totalidade dos seres humanos vive dentro da previsão de infantilidade mental feita pelos historiadores que escreveram as histórias da bíblia com o intuito perverso de manter o sistema desumano em que muitos trabalham e poucos desfrutam. Eles representaram em sua época o mesmo papel hoje desempenhado pelos escritores grã-finos também buscando defender um lugar ao sol na sociedade. Como não há lugar ensolarado que caiba toda a humanidade, os que estão a gosto distraem os demais com Papai Noel e festas de Páscoa que todo ano mata centenas de idiotas em acidentes, razão pela qual devem ser punidos os pais que iniciam as crianças nesse mundo de falsidade e morte, eliminando nos jovens a capacidade de dar azas à inteligência porquanto a religião ensina a desnecessidade de raciocinar sobre as coisas de Deus. Como dizem os pobres coitados que Deus está em tudo, arredondaram a regra e não pensam em nada. Apenas acatam o que lhes é dado a conhecer ainda que em circunstâncias inaceitáveis de analfabetos contradizendo cientistas. Enquanto um analfabeto portando uma bíblia debaixo do sobaco garante que se pode ser o que quiser através do livre-arbítrio, o filósofo Aldous Huxley diz na página 12 do seu complicado livro Admirável Mundo Novo, que os seres humanos são dotados de livre-arbítrio para escolher entre a insanidade e a demência. Esta observação do Mestre do Saber confirma outra que diz decorrerem da ignorância todos os males da humanidade. Com efeito, só pode ser insano ou demente quem persiste no erro de conduzir sua vida para um caminho no qual aumentam os sofrimentos à medida que se caminha. A política de desbaratamento da riqueza pública, os tornados, furacões, enchentes, cheias, secas, o incremento das doenças e o fantasma da fome e da sede a rondar, absolutamente nada significa para os obcecados frequentadores de igreja que encontram sabedoria na bíblia.


Não há outro modo de encarar as histórias bíblicas submetidas ao crivo da razão senão como pura infantilidade ou histórias da carochinha. É totalmente desprovido de capacidade mental quem nada encontra de estranhável na narração encontrada em Mateus, 3: 16, ou Marcos, 1: 10,11, ou Lucas, 3: 22, segundo a qual Deus desceu das alturas na forma de uma pomba, ao tempo em que uma voz poderosa anunciava que Cristo era Seu filho. Tá certo um negócio desses por acaso? Certa vez um padre me disse que os mistérios de Deus devem ser aceitos sem maiores cogitações a respeito, prova de ter por escopo tal afirmação a idiotização dos frequentadores de igrejas. Não tem cabimento Deus virar pomba porque a Ele só se refere como masculino, caso em que não poderia ser uma pomba. Quando o padre disse que os mistérios de Deus não devem ser questionados, livrou-se de tentar o impossível de explicar o motivo pelo qual Deus faz tantos arrodeios. Ora conversa de dentro de fogo ou de nevoeiro, ora como pomba. Pregador algum no mundo será capaz de convencer a quem pensa haver justificativa para o fato de ter deixado Deus de usar seu superpoder e passar a mandar que os humanos se encarregassem das coisas que Ele queria fazer. E como seria que um pregador explicaria o fato de Deus aprovar a escravidão e gostar de sangue de gente e de bicho, além de matar crianças? Que bondade ou sabedoria demonstra Deus ao matar o pobre Uzá (Samuel, 6: 6 – 8), em troca da presteza com que o pobre coitado agiu em defesa da arca?


Como há tempo para cada coisa, como diz a própria bíblia, é chegado o tempo de se perceber que a religiosidade não presta prá nada e que é bobagem empregar nela recursos suficientes para proporcionar o bem-estar inutilmente buscado nos templos suntuosos. Todos os templos do mundo são inúteis e deviam se mirar no espelho do suntuosíssimo templo de Jerusalém, cujo custo pode ser conhecido pedindo ao amigão Google “templo de salomão”, tendo aquela suntuosidade se prestado apenas para gerar outros gastos para ser derrubado e mais outros para ser consertado. Para esperança de quem almeja uma sociedade civilizada, as entidades constituídas de ateus ganham adeptos entre a juventude que não tira zero na prova do Enem. Com o título FILHOS DE PAIS NÃO RELIGIOSOS TEM VALORES ÉTICOS MAIS FORTES, pode ser vista na internete a seguinte matéria: Um dos argumentos mais comuns aos que defendem a religião na vida de uma criança é que a fé ajuda a desenvolver fortes valores morais e éticos. Mas pesquisa da universidade do sul da Califórnia – O Longitudinal Study of Generations (Estudo Longitudinal de Gerações) -, que mapeou a relação entre a religião e a vida familiar na população norte americana por 40 anos, revelou que pais ateus tem conseguido melhor desempenho do que as famílias ligadas a alguma religião. Além disso, segundo o estudo, quando esses adolescentes tornam-se adultos, eles tendem a apoiar a igualdade feminina e os direitos dos gays, ser menos racistas, menos autoritários e em média mais tolerantes que os religiosos”. Aí está um comportamento de americano que os brasileiros como seu papel carbono deviam imitar e poupar seus filhos do aprendizado prejudicial da existência de Deus, ensinando-lhes, em vez disso, a terem por princípio, acima de tudo, o respeito à dignidade própria e alheia. Mas a notícia sobre a desvantagem da religiosidade também diz o seguinte: Os “nones” – como são conhecidas as famílias seculares e, de forma geral, as pessoas que não se identificam com nenhuma religião – estão em ascensão nos EUA e já representam um terço dos adultos com menos de 30 anos. No Brasil, essa parcela da população cresceu 580% nos últimos 30 anos – saindo de pouco mais de 2 milhões em 1980, para mais de 15 milhões de pessoas em 2010”.


A situação de calamidade em que se encontra a humanidade tem sua origem em coisa completamente diferente do pecado de adão. Procurar por ela em outro lugar que não na igreja dará melhor resultado tanto para quem faz pose na revista Forbes quanto para quem esmola na sarjeta. Inté.


 


 


 


 


 


segunda-feira, 20 de abril de 2015

ARENGA 105

                Escrever vicia igual tomar coca-cola e fumar roliúde. Quem se dá bem com isso são os escritores que escrevem bonito porque ganham dinheiro com seus livros bons de venda ao tempo em que satisfazem o vício de escrever, ao contrário dos que gastam dinheiro para cumprir os caprichos de seus vícios. Como o vício de escrever não é privilégio dos almofadinhas das letras, também os caras-de-pau que escrevem sem saber tem coceira se não escrever. Foi por isso que não sabendo sobre o que escrever, inventei ter sonhado que a juventude futucadora de telefone tinha sido torrada em fornos crematórios e substituída por outra juventude inteligente que atormentou tanto o governo, puxando sua casaca prá lá e prá cá, até que o ele resolveu implantar um sistema de educação onde se aprendia a ser cidadão. Não acreditando no que li e ouvi na imprensa sobre o assunto, perguntei à professora Heloisa Helena se era verdadeora esta notícia, e ela respondeu que era sim sinhô. Disse com ares de preocupação que ela era a presidente da república e que em lugar do Congresso Nacional havia agora um Conselho de Ministros formado pela doutora Eliana Calmon, os doutores Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot e os mais velhos entre a rapaziada da Lava Jato e Polícia Federal, e que este órão tinha aprovado uma lei instituindo uma educação que ensiva cidadania em vez de ganhar dinheiro. Eu estava que não cabia em mim de tanto contentamento com a possibilidade de um futuro digno para as crianças. A presidente Heloisa Helena notou meu entusiasmo e me chamou para tomar um cafezinho enquanto me falava que as pessoas passariam a ter educação, a não gostar de barulho e a não passar na frente de quem chegou primeiro ao elevador. Esperta como é, logo percebeu que eu não me convencia daquilo tudo e, para completar meu espanto, disse que o povo que eu ia encontrar nas ruas quando saisse do lugar onde me achava não era o mesmo povo que eu havia deixado lá, razão pela qual eu não precisava mais comprar uma dinamite do arrombador de caixa eletrônico para jogar numa construção de ferro em frente e de onde saem diariamente milhares de tinidos semelhantes ao tinir do canto da araponga, que só a mim parece incomodar. Quando eu retornasse para casa, garantiu a presidente, os responsáveis pela construção já teriam aprendido que não se pode viver em sociedade sem respeitar a presença das outras pessoas. De repente, já me encontrava na reunião, ouvindo da doutora Eliana Calmon a confirmação do que ouvira da presidente da república. Entre as novidades citadas pela ministra estava a afirmação de que os jovens tomariam aulas intensivas sobre a técnica de distinguir “celebridade” e “famoso” de celebridade e famoso.
Entretanto, como ainda havia alguns integrantes da velha guarda de futucadores de telefone que escaparam da cremação por ter faltado energia, a nova juventude inteligente concordou em conceder aos futucadores de telefones como último desejo antes de serem torrados a realização de um jogo de futebola. Um “jogão”, diziam os condenados cuja euforia ante a presença dos jogadores fazia crer que nem se incomodavam em virar cinza. Em retribuição à boa acolhida que a cidade dispensou aos jogadores, a equipe incumbiu o jogador mais “famoso” a conceder uma entrevista aos condenados. Como a entrevista era no mesmo local do pronunciamento da ministra Eliana Calmon, onde me encontrava, resolvi esperar para também fazer perguntas. Perguntei ao “famoso” jogador se ele sabia o motivo pelo qual era “celebridade” e ganhava tanto dinheiro a ponto de ser grande milionário, ao que respondeu que era porque graças a Deus jogava futebola muito bem e se esforçava sempre em busca da vitória para alegrar a torcida. Perguntei em seguida se ele sabia o motivo pelo qual jogar muito bem futebola graças a Deus fazia ficar rico e famoso. Depois de pensar um pouco, disse que é porque o povo não é burro e sabe dar valor ao que tem valor. Tanto sabe que fez de Pelé um rei. Nesse momento, alguém perguntou se era verdade que ele podia caminhar sobre a água, ao que respondeu que acreditava ser capaz, mas não podia responder de pronto porque ainda não tinha tentado. Nisso, acordei. É assim de se diz quando se conta sonho. Acordei e fiquei a pensar que um dia indaguei no malamanhado blog que futuro pode ter uma sociedade onde os rapazes gostariam de ser como Neymar e Justin Bieber, enquanto as moças digladiam pelo direito de abrir as pernas para tidos desse tipo. Percebi que a resposta à minhas dúvidas está aí na presença dos zumbis futucadores de telefone que infelizmente não iam ser mais torrados embora houvesse ainda energia suficiente para isso, de modo que continuaríamos a ter por companhia indiferentes comedores, bebedores e inaladores de veneno e de bosta além de especialistas em zigzaguear por entre os zumbidos das balas perdidas.
                Se as primeiras manifestações intelectivas que separaram os homens dos bichos ocorreram a cerca de quatro milhões de anos, como ensina o Mestre do Saber Ubirajara Brito, decorrido tão longo período já era para o homem ter superado a mediocridade mental que o torna desagradável àqueles que por qualquer motivo vieram a ter um conhecimento sobre a realidade da vida. Pensei nisso ao lembrar a afirmação de um Mestre do Saber que dizia ser para ele uma verdadeira doença a presença do homem comum. Lembrei-me da moça que me disse ser o pecado de Adão o responsável pelo nascimento de uma criança aleijada. Nesse momento, na rua, passou uma maldita moto com um alto-falante a todo vapor, o que causou mal-estar a mim, pessoa comum, fazendo-me imaginar quão sofrível para os Grandes Mestres do Saber é a convivência com manada. Inté.
 
 




 

 

 
  

 

   

 

 

 

 

terça-feira, 14 de abril de 2015

ARENGA 104

                Quando se diz que a imprensa é a alma da sociedade, dir-se-ia com maior propriedade que as notícias da imprensa o são. IMPRENSA faz parte do mundo dos ricos. NOTÍCIA envolve também o rebotalho do lado de fora do mundo dos ricos. As notícias, sim, dão a medida exata da qualidade do ambiente que dá origem a elas. Por exemplo, a notícia de que o piloto do avião presidencial pode virar ministro do Superior Tribunal Militar traz a realidade de uma sociedade sem maiores cuidados com a eficiência de suas instituições. Mesmo que o Brasil merecesse respeito, e que o piloto da Presidência da República transportasse o presidente de um país soberaníssimo e respeitado mundo afora pela sua capacidade de levar paz onde há arma, ainda assim, esse piloto não poderia ocupar um cargo que nada tem a ver com sua altíssima especialização na técnica de aviador de alta qualidade. Esta situação lembra o dizer do general De Gaulle sobre a insinceridade do Brasil. Aqui são administradas com total irresponsabilidade as instituições públicas. Coisas que não acontecem na empresa privada são comuns quando é do povo a empresa. Não vale citar a Petrobrás porque ninguém aguenta mais ouvir falar na Petrobrás. A Petrobrás é uma vergonha total e dá tristeza ouvir a palavra Petrobrás.  Do mesmo modo, também a indicação do piloto para ministro de justiça é resultado da irresponsabilidade com que são administradas as instituições nesse exuberante, mas desgraçado país, por abrigar uma população de uma ignorância e queda por roubo do tamanho do mundo. Nada por aqui precisa ser sério, como disse o general De Gaulle. Para assumir a responsabilidade de transportar presidentes ainda que indignos, certamente o piloto ocupa todo o seu tempo nos assuntos relacionados com a sua responsabilidade de ser o comandante daquele aviaozão, responsabilidade bastante para que seu tempo lhe permita dedicação a outras atividades a ponto de também estar pronto para outra responsabilidade tão grande quanto a que está vinculado, mas que exige especialização completamente diferente. Tomar decisões com base na legislação requer alguém que tenha nessa atividade a mesma prática que o piloto tem de tomar decisões baseadas nos conhecimentos sobre aviação. A cultura do descaso com a coisa pública até faz crer que não tem dono ou que é de graça. Da irresponsabilidade com que é cuidada a instituição da educação resulta uma juventude que tira zero no Enem e faz fila na madrugada para mendigar empréstimo ao estudo que a constituição lhe garante por conta dos impostos. Presenciei há muitíssimo tempo uma cena, que mesmo ainda sendo jovem o bastante para ser burro como todo jovem, me fez pensar sobre o que acabara de perceber naquela situação. Em conversa, alguém perguntou ao prefeito de uma cidadezinha o motivo pelo qual ele contratara um técnico menos experiente do que o outro que concorria ao cargo, e a resposta do prefeito foi que o critério era político. A irresponsabilidade no critério da indicação para a administração pública vai da mais humilde prefeiturazinha do interior lá do interior do interior até o suntuoso palácio que o povo paga para ouvir os semideuses que lá habitam avisarem da janela para ter paciência que o bolo, ó, só tá que cresce.
                Outra notícia que também é a cara desta sociedade de fazer vergonha é a seguinte: SE FOSSE PAÍS, SÃO PAULO ESTARIA ENTRE AS 50 POTÊNCIAS MUNDIAIS. Nas entrelinhas está o que os Grandes Mestres do Saber denominaram de causa dos males do mundo: a ignorância. O corre-corre por dinheiro só permite aprender como correr atrás de dinheiro. Se ligar em coisas imateriais sem ser religião resulta em melhor qualidade de vida. Tomar conhecimento, por exemplo, da qualidade que deveria ter o que se come e bebe, e a qualidade que realmente tem a comida e a bebida sobre a mesa, este conhecimento resultaria em grande recompensa, inclusive ganhar o dinheiro que o hospital vai ganhar na tentativa de recuperar o estrago feito pelo veneno que não podia estar na comida ou na bebida. Está errado quem dedica a vida à cata de dinheiro. São Paulo tem tanta riqueza e é infeliz. Seu povo não sabe ser infeliz porque é povo. Diferentemente de São Paulo, as sociedades sem complexo de pavão vivem de forma mais menos infeliz, sem tanta necessidade de se vitimar nas estradas em busca de paz. Aprender sobre a ligação existente entre o fato de fazer fortuna e as crianças transformadas em bicho é uma excelente forma de elevar a espiritualidade acima do rame-rame de apenas trabalhar escravizado pela obrigação eterna de fiscalizar se não está faltando nada da riqueza ajuntada além de fiscalizar o trabalho do empregado escravizado pelo emprego.
                Não fosse o perigo de se transformar em choro, seria de causar risos a seguinte notícia no jornal: TIROTEIO SUSPENDE LARGADA DO 'DESAFIO DA PAZ' NA VILA CRUZEIRO. É ou não é a expressão exata de uma sociedade de completos imbecis? É através de gestos ridículos como abraçar prédios e praças, zuar panelas e tambores num ambiente onde não faltam os requebros, que esse ajuntamento socialmente imprestável de manada reivindica mais capim. O barulho e as orações inúteis são a forma de reivindicação dos bichos em forma de gente, incapazes do menor raciocínio. A lucidez evidencia a queda gradativa da religiosidade, coisa imperceptível a quem é povo. A dinâmica da vida que o poeta chamou de roda viva vai diminuindo a credibilidade nas coisas da religião até chegar ao ponto de se tornarem ridículas muitas delas. As remanescentes, entretanto, levam multidões às igrejas onde muitos viram alvo de metralhadoras e outros tem cepadas fora do corpo as cabeças. O que hoje é mitologia já foi religião e sua única utilidade hoje não vai além de curiosidade e agradável deleite espiritual através de suas histórias infantis. Para quem já deixou de ser povo, as palhaçadas da religiosidade como os pedidos de paz do papa, transformação de lembrança de mortos em santos, produção de imagens vendidas aos montes nas lojas com as quais os mendigos espirituais trocam ideias, tudo isso representa a mesma falta de lógica existente na mitologia. Os gregos, por exemplo, segundo Thomas Bulfinch escreveu no livro MITOLOGIA, explicavam de modo muito mais interessante a criação das coisas do que as explicações sem pé nem cabeça da criação divina atual. Acreditavam eles na existência de um lugar habitado por seres que não morriam e viviam uma felicidade eterna, os hiperbóreos. Afirmavam ser completamente inacessível tal lugar por terra ou mar, de forma que ninguém jamais chegaria lá. Aqui está a evidência de que a única coisa a exercer influência em nosso destino são as nossas ações. No tempo em que os gregos afirmavam a inacessibilidade ao lugar onde vivia a raça especial, uma vez que era aqui na Terra, deixou de ser inacessível depois do transporte aéreo. Se houvesse petróleo por lá, com certeza Bush tascava um drone na cuca dos hiperbóreos.
                Não resta a menor dúvida, todo o mal do mundo é causado pelas consequências de acontecimentos como o que gerou a seguinte notícia: MAIS RICO DO BRASIL PASSA DE R$ 2 BI PARA R$ 32 BI EM 9 ANOS – JORGE PAULO LEMANN AUMENTOU FORTUNA ENTRE 2004 E 2013. Tá faltando esperteza para substituir a “esperteza” Nenão? Inté.

 
  

 

 

 

 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

ARENGA103

                Não é que este mal amanhado blog tenha atirado no que não viu e acertado no que viu. Mas ele vem falando e não é de hoje que o mundo anda carecendo de civilização. Por várias vezes nele consta que o mundo é habitado por trogloditas de cabo a rabo. Os seres humanos são ainda mais brutos que as feras que matam pela necessidade imperiosa de viver porque elas não dispõem de outro meio de se alimentar senão matando outros seres vivos, como nós, a obra prima de Deus, recheada de bosta, prova de não haver inteligência na natureza como pensam os frequentadores de igreja. Nenhuma inteligência por mais medíocre que fosse jamais permitiria o quadro pavoroso e cruel de um animal sendo devorado vivo, muito menos uma inteligência capaz de bolar o universo com todas suas complicadas minúcias. Embora tivesse o cérebro da espécie humana se diferenciado do cérebro das outras espécies que deu aos humanos a capacidade de raciocinar e tirar conclusões, permitindo perceber haver mais vantagem em viver juntos do que isolados como se vivia, é de se lamentar que esta vantagem da cooperação o instinto de bicho não deixou evoluir e até hoje a desunião impede uma vida coletiva saudável e o mundo chafurda na desunião das guerras de competição por riqueza. Tomando como exemplo de incivilidade a sociedade dos ingleses das bundas brancas, povo exemplo de civilização no mundo, eis o que diz matéria denominada “HOW CORRUPT IS BRITAIN?”, publicada no blog Outras Palavras, escola de alfabetização política. Ali se vê que a corrupção que grassa pelas repúblicas de banana também se encontra entre os supostos civilizados. A mesma matéria jornalística dá notícia de uma reportagem com o título LONDRES, A MECA DOS CORRUPTOS, de George Monbiot, um jornalista do “THE GUARDIAN”, onde se lê o seguinte: “Como o sistema financeiro internacional converteu a capital britânica no centro global de reciclagem para riqueza de políticos inescrupulosos, ditadores e crime organizado - Quase todos os dias, jornais e televisões inglesas estão repletos de histórias que cheiram a corrupção”. Se as sociedades mais antigas ainda se encontram nesse atraso mental, fica descartada a possibilidade de se falar em civilização no mundo.

 
O monstro da corrupção aproveita da ignorância do povo do mesmo modo como a fera aproveita da distração da presa. Os ladrões do dinheiro público tiram dos requebradores de quadris e frequentadores de igreja, axé e futebola a possibilidade de uma vida com menos sofrimentos tomando-lhes os recursos com os quais atenderem suas necessidades. Na verdade, é da corrupção que resultam o choro no corredor do hospital, a criança abandonada, a falta de tudo. É um negócio tão desgraçado essa tal de corrupção que a todos deveria provocar indignação. Ela tira da sociedade o produto do trabalho coletivo que deveria custear os gastos com a manutenção dos trabalhos indispensáveis ao bem-estar social. Privar a sociedade desses recursos, portanto, deixando-a à míngua como fazem os corruptos, é ignorar o modo como funciona a vida coletiva, e onde predomina este tipo de ignorância não se pode falar em civilização. Existe até um organismo chamado Transparência Internacional que mede a dosagem de corrupção de cada sociedade humana, e a Grã-Bretanha “civilizada” ocupa o 14º lugar entre 177 nações. Assim, dá prá falar em civilização de jeito nenhum, Nenão? Mas, se não dá, por que não correr atrás dela? Inté.
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 7 de abril de 2015

ARENGA 102


Certa vez recorri à única instituição que reúne uma juventude de se botar fé: o MINISTÉRIO PÚBLICO. Antes disso, descobri coisa do arco da velha procurando saber o que a legislação diz a respeito do barulho, uma vez que eu queria pedir àquele órgão que com muita justiça se faz acompanhar da qualificação de “douto” porque o sentido dessa palavra inclui a noção de “grande sabedoria”, qualidade presente em jovens que batalham para organizar uma sociedade honrada, mesmo se arriscando a contrariar interesses mafiosos inseparáveis do sistema capitalista e sua sede de riqueza responsável pela criação de muitas infelicidades. O certo é que para me dirigir a tão nobre instituição pesquei por meio do amigão Google alguma coisa do que diz a legislação sobre a poluição sonora, e pedi que a promotoria obrigasse nossa prefeitura a cumprir seu dever de nos livrar do inferno provocado pelos vários tipos de veículos portando alto-falantes a todo volume. Descobri que cientistas da ONU afirmam decorrerem do barulho, além de outros males, o envelhecimento precoce e impotência sexual. Embora nas entrelinhas da declaração pode-se ler não se tratar de espírito de solidariedade humana, mas tão somente evitar gastos com a saúde dos frequentadores de igrejas e terreiros de brincadeiras de todo o mundo, com o que diminui a possibilidade de inadimplência das prestações mensais de suas compras através das quais se fazem as riquezas a serem enviadas para os infernos fiscais. A ONU recomendou a todos os governos do mundo a dar prioridade ao combate à poluição sonora em virtude dos graves danos à saúde dela decorrentes. Se eu fosse a ONU, eu escreveria em todos os muros do mundo a necessidade de dar prioridade urgente urgentíssima (sem ser de brincadeirinha) ao combate à ignorância por decorrerem dela todos os outros males, inclusive o barulho. Basta uma olhadinha nas lojas para se perceber que as mais barulhentas são as preferidas da manada, razão dos alto-falantes que atraem povo como açúcar atrai formiga. Ao lado da recomendação para combater a ignorância, eu acrescentaria que Rui Barbosa aprendeu e nos ensinou que a ignorância é a mãe de todos os males do mundo, expressão que expõe uma realidade infelizmente desconhecida do povo porque povo não é ainda gente, não pensa, não lê nas entrelinhas, onde se esconde a verdade.

O oba-oba em torno da excrescência social da redução penal para dezesseis anos é uma espetacular evidência da veracidade da afirmação de Rui Barbosa. É um mal digno do inferno, decorrente da mesma ignorância que levou o pobre diabo espiritual a mostrar onde estava escondido o Lamarca, em troca do dinheiro para comprar um burro novo prá sua carroça. Outra demonstração de ignorância foi o apoio que os frequentadores de igreja e de axé deram ao movimento militar de 1964 que matou vários jovens, inclusive um grande amigo meu cuja única maldade era querer menos injustiça social. O projeto aplaudido pelos meios de comunicação que pensam pelo povo e que o leva a agir contrariamente aos próprios interesses para agir a favor dos interesses deles, dos meios de comunicação, visa tal projeto atender ao interesse dos ricos donos do mundo em dar sumiço no excedente de pobres necessários para ligar os motores das indústrias. O projeto de meter crianças em cárceres imundos onde serão vítimas das mais torpes brutalidades e doenças que pais nenhuns admitiriam para seus filhos só trará malefícios por se tratar da fracassada e retrógrada política de combater a violência com truculência em lugar da sabedoria que ensina ser o convencimento o mais eficiente dos meios de se criar um comportamento. Se pessoas são convencidas de ser beleza pura para Deus ver cepar fora a cabeça de outra pessoa ou mesmo a própria, muito mais fácil é convencer uma criança a ser cidadã.

Nas entrelinhas dos pronunciamentos sobre a necessidade de meter na cadeia esses moleques, está o conluio baseado na monumental ignorância referida por Rui Barbosa. Os politiqueiros passam a aparecer nos meios de comunicação como agindo em benefício da tranquilidade, com o que garante o voto da turba que não sabe que pode pensar, enquanto que os meios de comunicação se veem livres do excedente de pobres. Aí se fecha o círculo da maldade desse sistema desumano de vida.

Filhinhos de papais do tipo “sabe com quem está falando?” em seus sofisticados e luxuosos automóveis dirigidos por bêbados e em alta velocidade matam os frequentadores de igreja, e, como consequência, em vez da cadeia, tem aumentadas suas qualidades de “famosos” e “celebridades” festejadas por esse mesmo populacho que quer ver nas masmorras as pobres crianças pobres. Ouvi no boteco que um destes garotões tidos por “celebridades” foi barrado na entrada de um clube pelo porteiro. Com a empáfia dos arrogantes, perguntou ao porteiro se ele sabia quem era o seu pai, ao que o porteiro respondeu que se nem mesmo a mãe do garotão grã-fino sabia quem era o pai dele, como poderia ele, o porteiro, saber? A realidade é que o congresso que vai votar a medida monstruosa é formado por criminosos, segundo a imprensa, e religiosos acostumados com a matança bíblica de crianças, e por isso certamente será aprovada a medida monstruosa em todos os sentidos. Os frequentadores de igreja e campo de futebola certamente retrucariam que se levar essa criança de dezesseis anos à escola ela mataria a professora no primeiro dia de aula, o que é verdade. Mas é verdade também que estas crianças cometem crimes porque foram criadas como bichos abandonados à própria sorte. A criança que mataria a professora, na verdade, só tem o aspecto de criança. No lugar da espiritualidade que caracteriza e orienta quem convive com gente, estas crianças são orientadas apenas por instinto. É por isso que ela mataria a professora, do mesmo modo como o faria um cão raivoso. O comportamento aos dezesseis anos reflete o aprendizado dos tempos de cueiro, tempos em que as crianças que os religiosos como Datena querem meter na cadeia, em lugar do bê-a-bá, aprendiam a roubar para comer. Quando eu era vaqueiro, acontecia de uma vaca rejeitar o bezerro. Nós cuidávamos de alimentá-lo e protegê-lo até saber se virar e tomar conta de si, com o detalhe de que o garrote em que se transformou o bezerro abandonado não precisava comprar nada. Caso ele só pudesse viver se fosse obrigado a comprar capim e água, aí nós teríamos também a obrigação de providenciar para que não lhe faltasse o dinheiro do qual dependia sua vida. A forma irresponsável de administrar a riqueza pública é a causa da falta de condições para cuidar das crianças rejeitadas. Sendo a sociedade responsável pela escolha dos administradores irresponsáveis, a sociedade é diretamente responsável pela situação destas crianças, razão pela qual se configura a punição da vítima no lugar do causador do dano. Os gestores públicos escolhidos pela malta ignorante de que se constitui a sociedade, e que elege palhaço para senador, tem como única atividade construir bueiros por onde escoar o dinheiro fazer daquelas crianças grandes seres humanos em vez de raivosos e perigosos como feras. Os estrangeiros, que conhecem mais o Brasil do que os brasileiros, publicaram no jornal “The Economist” um escândalo ainda maior do que o Lava Jato. O assunto mereceu matéria do jornal do Brasil e dá conta de que a Polícia Federal executa agora a operação Zelotes no encalço de mais dezenove bilhões surrupiados do Conselho Administrativo de Recursos Financeiros. Coisa reveladora da situação degradante em que se encontra nossa sociedade é o fato de ter o Jornal do Brasil perguntado onde se encontrava a repulsa da sociedade brasileira, resposta que está lá dentro do mesmo jornal dando noticia de que a Via Sacra levou multidão à Rocinha. É nas igrejas e nos campos de brincadeira os lugares onde está o povo, e sua indignação só acontece quando algum espetáculo de dança ou oração é cancelado. Desse modo, com tal mentalidade, jamais perceberá que a ideia da redução da maioridade penal é uma grande maldade e indiferença ante a figura inocente da criancinha que vai deixar de ser criança no inferno de uma cadeia. A tudo isso falta ajuntar a hipocrisia que leva a uma ocorrência que mencionei nesse arremedo de blog há muito tempo e que se refere a duas senhoras conversando sobre o desrespeito que era um lugar aqui em nossa cidade onde as crianças se reuniam para consumir droga. Em resposta a esse comentário da primeira senhora, a segunda senhora respondeu que eles eram os culpados pela situação em que se encontravam por terem usado errado seu livre arbítrio. É com esta indiferença e ignorância de sociabilidade que os enchedores de igrejas, terreiro de brincadeiras e latrinas se referem a estas infelizes crianças que se cuidadas não teriam nenhuma diferença das que fingem dirigir o carrinho no supermercado, como também não há diferença entre o cadáver de uma criança pobre morta pela polícia e uma criança rica morta pela natureza. Se houvesse inteligência na natureza ela não colocaria no lixão uma criança amada por Cristo. Tá faltando juízo pelaí, nuntanão? Inté.

 

 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

ARENGA 101

                Empossa-se um ministro da educação e a imprensa faz um alarde em torno do assunto como se se tratasse de uma panaceia capaz de resolver o problema da deseducação, verdadeiro objetivo da educação. Não há paradoxo nisso aí uma vez que as autoridades apenas representam um papel de bobo da corte do sistema que desgoverna o mundo porque governar seria promover o bem-estar coletivo, enquanto a situação em que se encontra o mundo mais para inferno que qualquer outra coisa mostra ser bem outro o fim a que se propõem todos os governantes, triste realidade que sempre acompanhou os seres humanos a partir da formação de grupos. Em função da diferença entre os seres humanos, uns com mais capacidade de observação e outros com menos, o instinto de bicho porquanto o ser humano ainda se encontra nesta fase, levou os de maior capacidade de percepção a usá-la para tirar proveito levando vantagem sobre os menos capazes. Tem sido assim desde sempre, de modo que os de maior capacidade de observação, na verdade, ao tirar proveito da incapacidade mental dos demais, a grande maioria, sem que o saibam, estão se condenando a si mesmos à infelicidade resultante de uma sociedade onde raros são aqueles que podem ostentar esbanjamento de riqueza enquanto a maioria absoluta não pode sequer satisfazer as necessidade primárias. O resultado disso é o que aí está: o choro que acompanha a infelicidade. Para que se sustente uma forma tão desconexa de organização social faz-se necessário um grande aparato tecnológico destinado a impedir que os enganados percebem a enganação, sendo o sistema educacional o motor principal que garante seu funcionamento. Portanto, qualquer que seja o ministro, sua função será impedir que a turba se esclareça através da educação para facilitar o trabalho de enganar por parte dos exploradores dos menos espertos, na verdade não menos bobos que os explorados, que exatamente por serem bobos, acham-se muito sabidos.

O Xis do problema, pois, não está na pessoa a ocupar a pasta. Mas, sim, no programa que o ministro não pode deixar de seguir, e cuja finalidade além de dificultar o acesso ao estudo, visa à formação de técnicos em produzir um dinheiro que por meio de mil e um subterfúgios irá parar nas mãos dos aproveitados da inocência dos inocentes cuja inocência lhes é ministrada juntamente com a educação que lhes ensina haver tremenda recompensa no céu depois de gastar a vitalidade por aqui. Escapa aos enganadores a realidade de não ser mais possível a suntuosidade de um Rei Salomão a fazer pose na revista Forbes num mundo com mais de sete bilhões de pessoas demandando o consumo de recursos necessários para viver. A escassez ou mesmo inexistência desses recursos para muitos em virtude de se encontrarem restritos apenas aos enganadores faz com que a desarmonia ocupe o lugar da harmonia indispensável à tranquilidade que deve ser o principal objetivo a ser alcançado pelos seres humanos. Assim, é nada mais que perder tempo tagarelar quem vai ser qualquer coisa na política se tem ela por objetivo enganar os menos dotados de percepção. Inté.

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sexta-feira, 3 de abril de 2015

ARENGA 100

                A notícia no jornal de que Estudantes enfrentam longas filas para tentar financiamento em faculdade de São Paulo demonstra o quando estes jovens são indiferentes à política. “Por que não viver esse mundo, se não há outro mundo”, diz o poeta, no que está absolutamente certo. Será que viver este mundo da forma como se vive é uma boa forma de se viver? Não havendo outro lugar para se viver, o correto seria fazer deste um lugar agradável para se viver como se faz quando procura um imóvel para morar. Povo, com certeza, não faz exigência nenhuma porque povo não sabe que barulho faz muito mal à saúde, não sabe que esgoto a céu aberto mata as crianças, não se incomoda com a presença de barata e ratos. Como o número de povo é infinitamente superior ao número de gente, a vida não pode ser agradável e o país é mais dos estrangeiros do que nosso. Aqui por estas bandas as igrejas e as festas nos diversos terreiros de brincadeiras anunciam haver só felicidade. Entretanto, para conhecer a realidade da vida deste provo festejador não é preciso mais nada do que assistir aos programas Brasil Urgente e Cidade Alerta para se concluir não haver motivo para as festas. A hipocrisia, a burrice, o espírito de rato, a mediocridade e a banalização da prostituição se tornaram nossa característica. A despedida da morta Inezita Barroso foi aproveitada mediocremente para fazer propaganda de um cantor de bobagens cujo nome aparecia destacado numa rudia de flor depositada junto ao caixão. Aqueles pobres estudantes mendigando empréstimo estudantil são incapazes de exigir o direito que lhes garante a Constituição Federal, submetendo-se à maldade de um ministro da fazenda tão frio quanto a chuva que os fustigava na madrugada paulista. E o pior de tudo isso é que muitos daqueles jovens pobres de espírito que imploravam pelo empréstimo já o obtiveram antes e estão cursando a faculdade, ficando, assim, numa situação esquisita porque o retorno do dinheiro já recebido é para ser feito com o dinheiro ganho no exercício da profissão. Se não se formar por falta do restante do financiamento, como poderão cumprir a obrigação de efetuar o pagamento? E por que isto acontece? Exatamente porque aqueles jovens são povo e por isso não pensam. Se pensassem, saberiam que estudo é obrigação do Estado. Se se tratasse de gente, os pais daqueles jovens enfileirados no frio, na chuva, na fila, teriam ido ao governo e exigido com energia e polidez o cumprimento do dever constitucional de fornecer o estudo já custeado pelos impostos, propondo-se, inclusive, a ajudar o governo a fiscalizar o erário.
O fato de haver jovens querendo passar da condição de povo para a condição de gente, como prova a existência da união de jovens ateus, que também desejam um mundo agradável para as criancinhas que dirigem os carrinhos de supermercado e as que pedem esmola, dou uma dica esperta que será um tremendo empurrão para ajudar a atravessar a ponte que separa o mundo de povo do mundo de gente. Esta dica consiste em futucar seu aparelho para ver coisa diferente de notícia sobre o resultado do exame de urina do jogador de futebola. Em vez disso, peça ao amigão Google o seguinte: “preambulo da constituição brasileira” e soletrar o pequeno texto até conseguir ler. Depois, esforçar um pouco para conseguir entender. Depois de entender, aí, sim, estará ingresso na qualidade de gente. Para quem nada sabe, qualquer Zemané pode ser professor. Assim, proponho pensar junto com os possíveis interessados no aprendizado que leva à condição de gente, em primeiro lugar, como quem não pensa acredita que a coisa mais importante é Deus, está dito lá no fim do preâmbulo pelo pessoal que fez e aplica a constituição que eles agiam sob a proteção de Deus. Como não cumprem o que a constituição determina, estão procedendo em relação à confiança de Deus do mesmo modo como os desobedientes israelenses a ignorar as recomendações divinas e a esquentar a moringa de Moisés no deserto, lugar onde já existe muita quentura.
A mais importante de todas as promessas não cumpridas da constituição é o de assegurar o bem-estar social porque onde existe bem-estar é porque não está faltando nada. Se não falta nada é porque está todo mundo de barriga cheia, despreocupado porque nada ameaça sua segurança em todos os aspectos, situação em que se pode garantir haver bem-estar. Assim, aos poucos, os jovens interessados perceberão a realidade de impor respeito à constituição porque assim não será necessário endividar-se para pagar uma coisa que já está paga. Com o maior dos convencimentos, pode-se afirmar que sem pensar não dá para ser diferente de manada. Inté.