quinta-feira, 9 de abril de 2015

ARENGA103

                Não é que este mal amanhado blog tenha atirado no que não viu e acertado no que viu. Mas ele vem falando e não é de hoje que o mundo anda carecendo de civilização. Por várias vezes nele consta que o mundo é habitado por trogloditas de cabo a rabo. Os seres humanos são ainda mais brutos que as feras que matam pela necessidade imperiosa de viver porque elas não dispõem de outro meio de se alimentar senão matando outros seres vivos, como nós, a obra prima de Deus, recheada de bosta, prova de não haver inteligência na natureza como pensam os frequentadores de igreja. Nenhuma inteligência por mais medíocre que fosse jamais permitiria o quadro pavoroso e cruel de um animal sendo devorado vivo, muito menos uma inteligência capaz de bolar o universo com todas suas complicadas minúcias. Embora tivesse o cérebro da espécie humana se diferenciado do cérebro das outras espécies que deu aos humanos a capacidade de raciocinar e tirar conclusões, permitindo perceber haver mais vantagem em viver juntos do que isolados como se vivia, é de se lamentar que esta vantagem da cooperação o instinto de bicho não deixou evoluir e até hoje a desunião impede uma vida coletiva saudável e o mundo chafurda na desunião das guerras de competição por riqueza. Tomando como exemplo de incivilidade a sociedade dos ingleses das bundas brancas, povo exemplo de civilização no mundo, eis o que diz matéria denominada “HOW CORRUPT IS BRITAIN?”, publicada no blog Outras Palavras, escola de alfabetização política. Ali se vê que a corrupção que grassa pelas repúblicas de banana também se encontra entre os supostos civilizados. A mesma matéria jornalística dá notícia de uma reportagem com o título LONDRES, A MECA DOS CORRUPTOS, de George Monbiot, um jornalista do “THE GUARDIAN”, onde se lê o seguinte: “Como o sistema financeiro internacional converteu a capital britânica no centro global de reciclagem para riqueza de políticos inescrupulosos, ditadores e crime organizado - Quase todos os dias, jornais e televisões inglesas estão repletos de histórias que cheiram a corrupção”. Se as sociedades mais antigas ainda se encontram nesse atraso mental, fica descartada a possibilidade de se falar em civilização no mundo.

 
O monstro da corrupção aproveita da ignorância do povo do mesmo modo como a fera aproveita da distração da presa. Os ladrões do dinheiro público tiram dos requebradores de quadris e frequentadores de igreja, axé e futebola a possibilidade de uma vida com menos sofrimentos tomando-lhes os recursos com os quais atenderem suas necessidades. Na verdade, é da corrupção que resultam o choro no corredor do hospital, a criança abandonada, a falta de tudo. É um negócio tão desgraçado essa tal de corrupção que a todos deveria provocar indignação. Ela tira da sociedade o produto do trabalho coletivo que deveria custear os gastos com a manutenção dos trabalhos indispensáveis ao bem-estar social. Privar a sociedade desses recursos, portanto, deixando-a à míngua como fazem os corruptos, é ignorar o modo como funciona a vida coletiva, e onde predomina este tipo de ignorância não se pode falar em civilização. Existe até um organismo chamado Transparência Internacional que mede a dosagem de corrupção de cada sociedade humana, e a Grã-Bretanha “civilizada” ocupa o 14º lugar entre 177 nações. Assim, dá prá falar em civilização de jeito nenhum, Nenão? Mas, se não dá, por que não correr atrás dela? Inté.
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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