terça-feira, 30 de junho de 2020

arenga 621


O motivo pelo qual se diz ser a democracia a melhor forma de governo apenas porque não existe outra ainda pior encontra sua razão de ser no fato de ter sido fundamentada Na premissa falsa da existência de deus vez que a superioridade de um sistema que priorizasse a soberania do povo era defendida pelos seus adeptos com base na crença de que a voz do povo representa a voz de deus. Como nunca existiu deus nenhum, não podia ter a voz de deus. Além disso, o sofrimento do povo eleito por deus como de sua preferência, os judeus, é motivo bastante para não se esperar nada de bom de sua palavra. O que a turba diz ser a voz de deus é uma tremenda baboseira que ignorantes inventaram e registraram na bíblia onde o suposto deus se gaba de ter criado o surdo, o mudo e o cego (Êxodo 4:11). Quando imbecis em suas melhores roupas, aos domingos, com a bíblia debaixo do sobaco, marcham orgulhosamente rumo às igrejas, o fazem pela irracionalidade que caracteriza a trupe de igrejistas incapazes de perceber a estupidez de desperdiçar com igrejas o dinheiro de comprar bem-estar para seus filhos. São idiotas apaixonados pelas compras em Me Ame, indiferentes à invasão de seu idioma pela língua inglesa de forma tão espetacular que não demora para que palavras inglesas concorram em pé de igualdade com as palavras em português.
Quando os esfarrapados mentais que constituem o elemento asqueroso povo se tornarem capazes de raciocinar, perceberão que o tal livro sagrado que acreditam conter a palavra de deus contém mesmo é um amontoado de inconsistências como ter Jonas permanecido por três dias engolido por uma baleia e saído de lá fagueiro como se nada tivesse acontecido. Em Gênesis 8:20, ao desembarcar da arca, Noé ofereceu a deus sacrifício de animais. Caberia questionar qual a serventia de carne e sangue para deus e se não prejudicou a reprodução se era um casal de cada espécie. Em Gênesis 5:2 consta que deus criou homem e mulher e lhes deu o nome de Adão. Mas, não é Eva o nome da mulher? Em Gênesis 4:17 consta que Caim coabitou com sua mulher e gerou Enoque. Mas, se só havia Adão, Eva e Caim, de onde surgiu a mulher com quem Caim acasalou? Como se vê, tudo ali é uma confusão dos diabos.
É preciso ter o dever de combater a intenção da religião de transformar em idiotas seres potencialmente inteligentes, tornando-os conformados e cabisbaixos, incapazes de sacudir dos ombros com sabedoria, portanto, pacificamente, o jugo da escravidão a que vem sendo submetido desde que o mundo é mundo como mostra o filósofo Thomas More, nas páginas 33 e 34 de A Utopia, quando diz ser conveniente ao governante que o povo seja pobre porque a riqueza exacerba a insubordinação, levando à desobediência, e que a pobreza e a necessidade, ao contrário, amolecem e degradam a coragem, habituando o homem à paciência, extirpando dele o germe da audácia e da rebelião.
Daí terem pensadores ilustres afirmado ser a religiosidade um grande mal para a humanidade. Ela não condiz com inteligência e é mais forte quanto também seja mais forte a ignorância. Dostoievski demonstrou esta realidade quando afirmou em Notas do Subsolo o seguinte: “Sou supersticioso apesar de ter instrução bastante para não ser”. Inté.     



segunda-feira, 29 de junho de 2020

ARENGA 620


No ano de 1789 na França, os abusos dos governantes tiveram como resposta a Revolução Francesa, fonte de ensinamentos políticos dos quais a juventude não deveria prescindir. Como aos agentes políticos e religiosos interessa escamotear a verdade, nega-se aos jovens o conhecimento da realidade da vida como recurso para produzir adultos tão alienados politicamente que deixam seu futuro sob a responsabilidade destes falsos líderes que lhes enganam com tanta facilidade como se enganam crianças. Quando Platão observou que “A DIREÇÃO EM QUE A EDUCAÇÃO INICIA UM HOMEM DETERMINARÁ SEU FUTURO NA VIDA”, tinha sido levado pelo raciocínio a concluir acertadamente ser o adulto o resultado daquilo que se aprendeu em criança.  Daí que o sistema educacional no mundo objetiva despertar nos jovens interesses imediatistas como deus e riqueza, mas total desinteresse pelo futuro, resultando deste aprendizado que o presente no qual nos encontramos e que é o futuro do passado, deu em pandemia, portanto, em infelicidade, e o futuro desse presente promete ser ainda pior. O sistema educacional objetiva evitar o surgimento de outros Platões porquanto quem quer que seja levado a raciocinar também chegará à sabedoria. Daí ser Paulo Coelho considerado inimigo de governantes tradicionais em função de ter sugerido a inovação de incluir no sistema educação matéria que incrementasse nos jovens a capacidade de raciocinar.
Trazemos aqui pequeno trecho da análise que faz o historiador Edward McNall Barns no capítulo 21 de sua História da Civilização Ocidental sobre as causas daquele movimento revolucionário francês cujo conhecimento levaria à percepção de não serem diferentes das que atualmente são vistas com total indiferença graças à inversão dos valores intelectuais imposta pela necessidade de desviar o interesse coletivo para o pão e circo do qual resulta a crença de serem toupeiras mentais reis, famosos e celebridades. Vamos, pois, à análise do historiador: “... um fator de caráter precipuamente econômico que contribuiu para acender o rastilho da Revolução Francesa, foi o sistema de privilégios arraigado na sociedade do velho regime. Antes da Revolução, a população da França se dividia em três grandes classes ou “estados”: a primeira se compunha do clero, a segunda dos nobres e a terceira do povo. O Primeiro Estado compreendia, na realidade, duas categorias diferentes: 1) o clero superior, composto dos cardeais, arcebispos, bispos e abades. 2) o clero inferior, formado pelos padres das paróquias. Embora todos esses servidores da Igreja passassem por fazer parte de um grupo privilegiado, um vasto abismo separava os dois níveis. Os membros do clero inferior eram amiúde tão pobres quanto seus mais humildes paroquianos e em geral tendiam para simpatizar com o homem comum. O clero, superior, em contraste, vivia na abundância e privava com as rodas elegantes e alegres da corte. Não compreendendo mais de 1% da população total, possuía, não obstante, cerca de 20% de toda a terra, sem falar de enormes riquezas compostas de castelos, obras de arte, ouro e joias. Muitos bispos e arcebispos tinham rendimentos que orçavam em centenas de milhares de francos. Como é natural, muitos desses opulentos prelados pouco se interessavam pelos assuntos religiosos. Alguns se envolviam na política, ajudando o rei a manter o poder absoluto. Outros jogavam ou cultivavam vícios ainda mais escandalosos. Não se pode afirmar que todos fossem depravados e remissos no cumprimento dos seus deveres profissionais, mas o número dos corruptos, prepotentes e viciados era bastante grande para convencer muita gente de que a igreja estava podre até o cerne e os seus próceres roubavam o povo e dilapidavam os recursos da nação.
A juventude conhece Pelé, Roberto Carlos, Ronaldinho, Neymar, Luciano Huck, Anita e todas as demais marionetes do pão e circo, mas, como mostra a Juventude de Fé, desconhece a verdadeira finalidade da religião, que outro não é senão, como diz o autor, ajudar o poder político a enganar e espoliar o povo, levando-o à indiferença quanto ao seu futuro expressa na crença de que O FUTURO A DEUS PERTENCE quando a realidade é que sendo o futuro o resultado das nossas ações no presente, depende exclusivamente de nós mesmos. Inté.



sábado, 27 de junho de 2020

ARENGA 619


          A prodigalidade da mendicância espiritual impede que a humanidade possa enxergar com os olhos da mente o significado de coisas como: uma menininha correndo nua, queimada por produto químico que o governo americano mandou jogar – um pinguim recoberto de petróleo e peixes mortos – manchas de óleo sobre as praias – aquecimento do clima – derretimento de gelo – banalização do uso de veneno e o enriquecimento da Monsanto – consequências para crianças da apologia à prostituição materializada na exibição de imensas bundas e peitos artificiais – liberdade para agiotagem do sistema financeiro, lucro dos bancos e profissionais na arte de engabelar a justiça, até com suborno, livrar da cadeia o ladrão e ficar com parte do roubo – venda de feijão milagroso que acaba com pandemia – isenção de impostos para igrejas e bilionários – importância exagerada de esportes, “famosos” e “celebridades” de nenhuma importância.
          Excluindo a mendicância espiritual, não seria o caso de se questionar o custo astronômico para a sociedade com a inutilidade absoluta dos governantes, uma vez que não cumprem a finalidade de promover o bem-estar social que justificaria sua existência? Vai daí que os brutos seres humanos se veem envolvidos em tão espetacular malandragem que compram pagam, não recebem o produto da compra e não se incomodam com isto. Como não pode haver negócio melhor para um vendedor do que não ter de entregar o produto vendido, não é de se esperar que venha dos governantes que vendem sem entregar a correção desta situação que embora ruim para a sociedade, é ótima para eles em função da avareza resultante da ignorância humana que fomenta com vigor o “venha a mim e os outros que se danem” que caracteriza a cultura capitalista antissocial.
          Embora a felicidade no entendimento dos débeis mentais igrejistas, axesistas e futebolistas motiva filosofias baratas de filósofos que filosofam a troco da despensa abastecida, a tão misteriosa felicidade depende apenas do cumprimento do dever pelos governantes porquanto se resume em poder satisfazer as necessidades. Ter a barriga abastecida, morar bem, ter saúde, instrução e desnecessidade de medo, nisso se resume a felicidade. O “felizes para sempre” dos filósofos assalariado vira pancadaria e caso de polícia quando os outrora pombinhos que só ia um aonde o outro fosse são obrigados pela pandemia a ficar juntos.
          É universal o conformismo da manada humana em não receber a felicidade comprada dos governantes a quem proporciona vida regalada, mas é ainda maior entre nós, os brasileiros ladravazes, onde as privatizações são uma festa, uma mão na roda, um roçado verdejante para governantes afanadores. O livro O Príncipe das Privatizações mostra esta triste realidade. Nesse exato momento está-se lubrificando no congresso o ferro com o qual será atochada a malta de frequentadores de igreja, axé e futebola com a privatização das águas. Se a personalidade do ser humano, segundo Thomas Hobbes, é me segura senão eu mato um, a personalidade do brasileiro é me segura senão eu roubo um. Ou povinho craque na arte de afanar, sô. E a coisa vem de longe, daqueles que nos deram origem, porquanto lá no século XVII a atividade de roubar inspirou o padre português Manoel da Costa a escrever o livro A Arte de Furtar. Devia tal arte ser encarada como trabalho enobrecedor tanto quanto o trabalho dos “famosos” e “celebridades” daqui porque escritores da época escreveram também A Arte de Navegar e A Arte de Orar, ambas de grande importância, embora apenas navegar fosse realmente importante. inté.



quinta-feira, 25 de junho de 2020

618


Sob o olhar indiferente de uma juventude imbecilizada e futucadora de telefone a política é transformada em assuntos policiais e futricagem de comadres que faz a festa da papagaiada de microfone que para ter a despensa abastecida precisa falar, falar e falar dia e noite sem cessar, mas, sem tocar no assunto de ser o destino do povo carregar nos ombros uma plêiade de parasitas acastelados em palácios vivendo regaladamente sem ser afetada pelos males que afetam aqueles que não lhes deixam faltar inclusive o desnecessário e que pagam os impostos que eles se recusam a pagar. Não há algo de estranho em parecer que intelectuais desconhecem esta realidade aparentemente inexplicável?  
Como não tem exceção para a regra de que toda regra tem exceção, também há quem seja capaz de raciocinar entre os irracionais frequentadores de igreja, axé e futebola que constituem a raça humana, e foi assim que surgiu no meio da malta inglesa um pensador chamado Thomas Hobbes, que por ser conhecedor da história humana percebeu tratar-se de seres brutos em função de ainda integrar sua personalidade a agressividade dos tempos de bicho e concluiu que cada um deles representa um lobo para o outro. Aproveitou, então, o senhor Hobbes,
a dica de terem seus antepassados distantes inventado um monstro sanguinário com forma humana destinado a coibir a brutalidade espiritual dos brutos seres humanos a quem deram o nome de deus e comparou outro mostro também sanguinário que seus antepassados haviam criado com o nome de Estado, destinado a coibir a brutalidade material dos brutos seres humanos que sem ser contida inviabilizaria completamente a possibilidade de serem utilizadas as vantagens que descobriram haver na forma de vida coletiva. A esta invenção o senhor Hobbes deu também a forma humana e o nome do mostro bíblico Leviatã. Como não tem dimensão a brutalidade humana, estas invenções vieram a se mostrar tão inúteis quanto o arrependimento, um bispo, um cardeal, ou um papa.
E nem podia deixar de ser inútil o Estado, porquanto os encarregados de seu funcionamento são tão lobos quanto aqueles sobre os quais tem o Estado o dever de impor civilidade. Levados por um instinto ainda mais feroz do que o de lobo cuja fome pode ser saciada, os responsáveis pelo funcionamento do Estado cuja fome de riqueza não pode ser saciada deturparam o poder estatal de forma tão espetacular que praticam crimes em busca de riqueza se auto isentaram das punições que aplicam nos outros praticantes dos mesmos crimes, criando para garantia de impunidade uma profissão socialmente imoral, mas que é considerada não só normal, mas também honrosa, a profissão de advogado, técnicos especializados em evitar punição para ladrões que roubam valores altos o bastante para agraciá-los com polpuda parte do roubo.
A sociedade foi tão degenerada que a prostituição, atividade apreciada, útil e necessária sobretudo para quem já perdeu os dotes físicos que atraem uma fêmea bela e jovem, o que lembra a historinha ouvida no Aerobar entre goles de uísque sobre um velho que tendo deixado sua coroa em casa, contratava um programa com uma jovem garota de programa que lhe perguntou se estava achando caro o custo do programa, ao que o velho respondeu: –  minha filha, comigo se não for cara é coroa –.  Apesar de sua utilidade, a apologia à prostituição, que era considerada uma contravenção penal, em função da deturpação da moral social, é hoje fonte de renda para noticiosos que sob pretextos vários expõem  “as partes” de gostosíssimas e convidativas “famosas” e “celebridades”.   Foi nisso aí que resultou a esperança de que com a criação do Estado fosse possível evitar a autodestruição entre os elementos constitutivos do elemento asqueroso povo.
E é notável a falta de percepção de estar nesta ferocidade a causa de toda a infelicidade humanidade, atribuída erradamente a formas e sistemas de governo, quando ela está no próprio governante que por ser também lobo, visa apenas os próprios interesses. Daí que a não ser pela necessidade de fazer jus ao salário não se justificar o infindável palavrório da papagaiada de microfone sobre novas expectativa pela posse de uma autoridade uma vez que todas elas, sem exceção alguma, da mesma forma que os papagaios de microfone, têm de seguir a cartilha estabelecida pelos ricos donos do mundo, agiotas do sistema financeiro, que parasitam impiedosamente a humanidade que parece gostar de ser hospedeira dos vermes que lhe sugam a vitalidade e descartam o que resta para as lamentações nos corredores de hospitais, da mesma forma que se descarta o bagaço da cana. Tal ferocidade é ainda mais cruel do que a ferocidade do assassinato de alguém porque a ação dos malditos Midas do mundo resulta na infelicidade de toda a espécie humana.
Desta forma, estando na personalidade de lobo que ainda determina o comportamento humano a causa dos males do mundo, como cachorro correndo atrás do rabo, intelectuais apontam para tais males várias outras causas que não são as verdadeiras dando a impressão de fazerem vista grossa para a realidade. Um exemplo: nas páginas 13 e 14 do livro COMO AS DEMOCRACIAS CHEGAM AO FIM, de David Runciman, consta que depois de ter lido durante a viagem de navio de Londres para a Índia o trabalho de E. M. Foster sobre tecnologia, Gandhi teria ficado convencido de que além do fato de deixar a cargo de governantes a responsabilidade de tomarem decisões pelas pessoas, a democracia também pecava pela artificialidade do mecanicismo da tecnologia. Embora Gandhi estivesse correto quanto a ser falha a democracia por ser um governante responsável pelo destino das pessoas, erra, e muito, ao afirmar estar esta falha na tecnologia porque ela está é no mal uso que se faz da tecnologia e não na tecnologia em si mesma, capaz de fornecer valorosos recursos para o bem-estar do ser humano  infelizmente a serviço de apenas párias sociais tidos como famosos e celebridades em função de ser marionete do pão e circo ou ser seu mantenedor.
Segundo o autor do livro citado, Gandhi afirmava que as pessoas deviam viajar só até onde as pernas pudessem levá-las e se comunicar apenas até onde a voz alcançasse. Aí está, pois, a demonstração de haver grande distância entre a realidade e a opinião do filósofo indiano porque a impossibilidade de vir a democracia ou qualquer sistema político a ter sucesso em promover o bem-estar social é que em função da ferocidade de lobo do ser humano, nenhum dos sistemas políticos tem tal preocupação por objetivo porquanto, como lobos que são seus dirigentes, visam apenas os próprios interesses bajulando a classe dos ricos que erradamente acreditam encontrar tranquilidade no acúmulo da riqueza para cujo ajuntamento subornam os executores de qualquer sistema político para agirem visando seus interesses antissociais de avaros. Assim, não está na tecnologia, mas no mau uso que dela se faz o fracasso das políticas em promover bem-estar social. Caso Hitler, Mussolini, Stalin, ou qualquer ditador feroz visasse o bem-estar comunitário de seu povo inteiro em vez de determinada classe apenas, teriam pleno sucesso em alcançar a paz e tranquilidade cuja falta a humanidade tanto padece.
Desta realidade se conclui ser impossível haver paz e tranquilidade sem que sejam impostas por quem padece de paz e tranquilidade. Não havendo no mundo quem não aspire por estes bens espirituais de paz e tranquilidade, a materialização desta aspiração está na união de todos os aspirantes. Só assim haverá poder de impô-la à malta que transformou o mundo em propriedade privada e montou poderosos exércitos que embora compostos por pessoas do povo, foram induzidos a matar e morrer seus iguais em proteção daqueles que são a causa de sua infelicidade. O problema está é em como tirar do torpor em que se encontra o asqueroso elemento povo, que embora carente de paz e tranquilidade está tão a cômodo em sua infelicidade que vive um eterno festejamento, convencido de haver felicidade na vida estressante de correr prá cima e prá baixo por exigência da condição de empregado.
Desta forma, supondo-se bem, acredita o povo não haver necessidade de estar melhor, e esta crença anula a possibilidade de mudança no que está estabelecido, que os intelectuais inúteis chamam de “establishment” e que outra coisa não é senão o efeito do mau uso da tecnologia que por meio da arte de explorar a estupidez humana, processo conhecido como propaganda, destrói a capacidade de raciocinar e transforma povo em manada, embrutecendo-o de tal forma que o barulho passa a ser ingrediente indispensável do seu mundo, o que explica o estardalhaço do pipocar de bombas e das espalhafatosas notícias sobre esportes, todas em altíssimo volume, e a algazarra nos estádios caríssimos para os jogos avidamente consumidos pela manada que não sabe arcar com o custo desses elefantes brancos.
Daí que juntando a animada notícia ouvida na rádio Bandeirantes AM de São Paulo, por volta das seis horas da manhã do dia 26/06/20 sobre o deslocamento de cerca de duzentos atletas que participarão das Olimpíadas em Portugal, não obstante a pandemia que assola o mundo, ao lado da notícia sobre multa para quem recusar a usar máscaras de proteção contra a terrível doença, ocorreram-me duas lembranças, sendo uma delas a afirmação do pensador de ser o convívio com o povo tão desagradável quanto uma doença, e a outra lembrança foi do tempo em que eu ainda era tão inocente a ponto de acreditar ser possível algum sucesso na pequena agricultura e implantar uma lavoura de café no município da Barra do Choça, na pequena fazenda que denominei Mãe Terra, onde eu e Sara morávamos, há oito quilômetros da cidade que dá nome ao município. Certo dia, sentindo um mal cheiro ao passar perto de uma das janelas, lá fora encontrei um cachorro grandão e muito bonito de pelo de veludo preto e brilhante com uma enorme ferida nas costas onde larvas faziam festa semelhante às que o povo faz no axé e no futebola. A continuar, da mesma forma como a festança do povo lhe consome os recursos, as larvas consumiriam o pobre e simpático animal que com a cara encostada no chão olhava para cima, para mim, com ar tristonho e com olhos compridos de quem pede ajuda. Com muito medo, amarrei-o, abriguei-o longe de casa e pedi ajuda do meu irmão Bira, excelente médico veterinário, que depois de prescrever os medicamentos recomendou colocar no pescoço do animal um dispositivo apropriado para evitar que lambesse a ferida, inutilizando o efeito da medicação. Pois, apesar do aparelho, o cachorrão conseguia impedir que o ferimento cicatrizasse lambendo-o. A identificação do comportamento do cachorrão ao precisar ser obrigado a não impedir a proteção do curativo é idêntica ao comportamento de quem precisa ser obrigado a se proteger da terrível doença, estupidez que faz compreender o mal-estar que a convivência com o povo causa a quem pensa. Inté.




 






segunda-feira, 22 de junho de 2020

ARENGA 617


O registro na História da humanidade da existência de pessoas inteligentes, de altíssimo nível intelectual e caráter imaculado como líderes religiosos levanta uma questão intrigante porque uma pessoa não pode ser dotada de tais características e, ao mesmo tempo, exercer uma atividade que depende de aproveitar da ignorância que ainda assola a humanidade para induzir as pessoas a erros como o de comprar feijão mágico para cura da doença maldita que está dizimando os seres humanos exatamente por serem os humanos  tão facilmente enganados que assistem passivamente a destruição dos recursos naturais de que depende sua vida. Para perceber que a religiosidade não passa de uma grande farsa basta ser capaz de raciocinar sobre o motivo pelo qual ela é mais forte entre pessoas mais desprovidas de intelectualidade, portanto, de conhecimento outros que não técnicos/científicos, portanto, mais inocentes da realidade da vida, portanto, mais fáceis de serem enganadas, o que explica a inexistência de ateu analfabeto, muito embora tal evidência passe ao largo da observação da manada humana. O conhecimento sobre a trajetória feita pelo ser humano desde que se tem notícia de sua existência até o presente momento mostra que à medida que se recua no tempo tanto cresce a falta de conhecimento, a ignorância, quanto também cresce a força da religiosidade, até chegar-se a um poder e desconhecimento tão exuberantes que a união destes dois fatores foi capaz de obrigar Galileu a abjurar sua crença de que a Terra é redonda, ou quando se comprava passagem para o reino de deus do mesmo modo como se compra para ir a Me Ame deixar as economias. E ao recuar-se ainda mais chagar-se-á do tempo em que se fazia oração para o espírito de um rio caudaloso que se precisava atravessar.
Talvez o crescimento da força da religiosidade à medida que se recua no tempo seja o motivo pelo qual os filósofos antigos quase sem exceção fazem referência a deus. Incompreensível, entretanto, é haver ainda, depois do avanço espetacular da ciência, homens de grandes conhecimentos que se mostram religiosos, salvo se em troca de dinheiro como acontece com os cientistas que recebem polpudos prêmios da Fundação americana John Templeton em troca de opinião favorável à religiosidade. Assim como o Prêmio Nobel premia quem puxar o saco da farsa da economia capitalista que vai levar o mundo a um desastre espetacular, o Prêmio Templeton premia quem puxar o saco de deus, outra farsa também espetacular. A questão intrigante é que pessoa alguma pode ser ao mesmo tampo culto, inteligente e honesto ao tempo em que promove a expansão da ignorância. 
A crença de que algo seja verdadeiro não quer dizer que realmente o seja, e vários são os exemplos desta realidade. Um deles é o fato de que a cambada antiga de frequentadores de igreja acreditava estar na reciprocidade da prática criminosa a correção da criminalidade ou ter uma família o direito de matar um membro de outra família que matou alguém da sua, de furar o olho de quem furou um olho, de cepar fora a mão de quem cepou fora uma mão, conforme Êxodo 21-24,25 e Deuteronômio 19-21. Porém, em decorrência da diminuição da ignorância, os menos desinformados entre a cambada atual de frequentadores de igreja sabem que de acordo com a legislação vigente não é assim, e que a pena, em vez de caráter punitivo, tem por objetivo recuperar o criminoso e torná-lo apto à convivência social. Um passo rumo à civilização uma vez que o criminoso pode ter sido levado ao crime por circunstâncias além de sua capacidade de comedimento. O legislador reconhece esta realidade quando atenua a pena para o crime famélico. Se criminosos continuam sendo castigados em vez de educados é por conta da deturpação política que chega ao cúmulo do absurdo de se voltar aos tempos do estado teocrático, quando o presidente da república brasileira, vergonhosamente, aparece risonho ao lado de um impostor que vende feijão mágico. Inté.


sábado, 20 de junho de 2020

ARENGA 616


O papo da papagaiada de microfone sobre transparência e liberdade de informação é algo tão sem nexo quanto a apologia do agrobiuzinesse fabricador de cânceres ou o fato também enigmático de ser religiosa uma pessoa comprovadamente inteligente e de reputação imaculada, uma vez ser a religiosidade um grande embuste que a experiência vem desmascarando graças a pensadores como o que observou que se alguém rezar para chover, choverá do mesmo modo como se não tivesse rezado. Não faz sentido falar em informação se o que existe é desinformação uma vez que a atividade política é exercida de modo contrário ao que devia ser, razão pela qual a realidade precisa ser escondida debaixo de sete chaves, como recomendou Maquiavel. Daí não fazer sentido também falar-se na transparência exigida pela papagaiada de microfone porquanto em tais circunstâncias aquilo de que se faz necessário é a obscuridade para justificar que uma obra pública custe várias vezes o valor real, a prostituição seja atividade meritória, esporte seja mais importante do que qualidade de vida, que a juventude seja vítima de um sistema educacional politicamente alienante, que ricos e igrejas não paguem impostos, que o erário arque com o custo de 86 auxiliares para um senador, ou que os executores da administração pública usem impunimente seus cargos para locupletação e esbanjem o dinheiro público a seu bel-prazer, entre outras tantas coisas que se vê porque o mesmismo da tradição diuturnamente martelado pela papagaiada de microfone é o cachimbo que entorta a mentalidade, impedindo que se perceba ter sido totalmente desviada de sua finalidade a atividade política ao ter por objetivo o bem-estar dos ricos em detrimento da coletividade.
Em A UTOPIA, página 25 da Coleção Obra Prima de Cada Autor, Thomas More nos lega com a simplicidade própria dos sábios o triste papel dessa gente que gravita em torno de governantes. Instado por um amigo a se tornar conselheiro de algum príncipe face não só ao seu grande cabedal de conhecimento, mas também à sabedoria, inteligência e hombridade, confirmando tratar-se realmente de um sábio, a pessoa que assim fora aconselhada pelo amigo respondeu: “Os conselheiros dos reis julgam-se tão sábios que dispensam o auxílio de outrem; outros, ainda, vergonhosamente compartilham e aplaudem a opinião insensata dos seus superiores. Todo o seu esforço se dirige no sentido de obterem as boas graças dos favoritos dos príncipes”.
Como se vê, embora Thomas More se referisse à política de sua terra, a Inglaterra do século XVI, a atividade política deteriora cada vez mais e foi esta deterioração que inspirou Lima Barreto, já no século XX, a imaginar a República de Bruzundanga retratando a inversão de finalidade da política brasileira que não difere da política do mundo inteiro. No capítulo IV consta que o país dos bruzundanguense vive na miséria embora seja rico em todos os minerais, todos os vegetais úteis e todas as condições de riqueza; que a primeira coisa em que pensa um político bruzundanguense depois de guindado ao cargo é supor ser de carne e sangue diferentes do resto da população;  que, ao contrário do que disse Bossuet de ser o fim da política fazer a felicidade dos povos, o fim dos políticos de Bruzundanga é fazer a infelicidade dos povos.
Se a ficção de Barreto gira em torno de uma política que deve ser extinta, a de More gira em torno de uma que deve ser implantada. Na introdução de A Utopia consta que os utopianos sofrem menos do que os outros povos em virtude de se encontrarem os encargos sociais repartidos equitativamente pelos membros do corpo social em vez de ficarem apenas com as classes oprimidas.
Se uma sociedade menos injusta continua ainda no plano da utopia, cabe expurgar o cabisbaixismo da conformação decretado pela religiosidade e pôr em prática o ensinamento do romancista alemão Robert Musil, conforme ainda a introdução de A Utopia, que a utopia pode se tornar realidade se removidas as circunstâncias que obstaculizam sua realização. Sendo a recusa de trocar o velho pelo novo o único obstáculo que impede tornar real a ficção de uma sociedade sem tanto sofrimento, depende da juventude superar a condição de manada que lhe é imposta pela religião e o pão e circo fomentado pela papagaiada de microfone a mando dos ricos donos do mundo, agiotas do sistema financeiro, e mandar para os quintos dos infernos as ideias com ranço de sarcófago que dão origem à situação completamente inusitada de notícias sobre brincadeiras em pé de igualdade com notícias sobre milhares de mortes. Inté.
      

      

      


      


quarta-feira, 17 de junho de 2020

ARENGA 615



 
A papagaiada de microfone entrou em polvorosa. Deu chilique, esperneou e estrebuchou porque foi requisitado para fiscalização o telefone do presidente da república. – Nunca se viu em nenhum lugar do mundo apreender telefone de um presidente da república! – Bradou indignada a papagaiada de microfone. Tais coisas são ditas porque a papagaiada de microfone conta com a indisposição mental da manada de frequentadores de igreja, axé e futebola para pensar a respeito do que ouve. Em quem pensa, entretanto, tal afirmação desperta necessidade de explicação porque antes de ser presidente da república o presidente da república é um ser humano e não existe em parte alguma do mundo um único ser humano que não mije fora do pinico em termos de hombridade. A papagaiada de microfone, em troca da despensa abastecida, atua como se estivesse no tempo em que a figura de um rei que era o presidente da república de outros tempos ainda devia ser considerado uma figura divina, portanto, isenta de deslizes. Não há necessidade de se recorrer às teorias filosóficas sobre a origem ou formas de Estado para se concluir ser o estado realmente um mal necessário porquanto sem uma força ainda mais bruta do que a brutalidade dos seres humanos ficaria inviabilizada a possibilidade de vida social, única manifestação inteligente já ocorrida nos seres humanos a respeito de melhor qualidade de vida.
Sendo o Estado a única garantia da possibilidade de vida social, deve estar acima das pessoas. Sendo o presidente da república uma pessoa, por que, então, o chilique da papagaiada de microfone contra a investigação que o Estado houve por bem fazer sobre o senhor presidente da república?
O Estado deve ser poderoso desde que o poder vise o bem-estar da coletividade que para isto lhe fornece os recursos materiais. Entretanto, sempre que um Estado assume poderes absolutos exerce-o em benefício da classe privilegiada. Portanto, a auréola de pureza que os papagaios de microfone atribuem aos presidentes de república é tão falsa quanto a inexistência de explosão da sexualidade entre padres e freiras dos conventos, conforme se vê no livro Que Seja em Segredo, de Ana Miranda. Inté. 

  



  

terça-feira, 16 de junho de 2020

ARENGA 614


A pretensão que tem esse arremedo de blog de incentivar a juventude a desenvolver a atividade de meditar sobre a vida, ante o inútil tergiversar dos intelectuais em seus volumosos “Best-Sellers” tão inúteis quanto seus autores nesse sentido, não é ser pretencioso a ponto de querer ofuscar a luz do sol com uma candeia, no dizer do Grande Mestre do Saber Thomas More em A Utopia. Afinal, alguém precisa se voltar contra o desinteresse dos jovens não só por um futuro livre dos infortúnios anunciados pelo presente, mas também pela própria vida. Embora os jovens não saibam, e não sabem porque foram levados pelas culturas capitalista e da religiosidade a uma total apatia à leitura, portanto, ao conhecimento, pelo temor que ambas têm à atividade de pensar porque pensando chegar-se-ia à conclusão de não passarem suas afirmações de mentiras.

Embora não tenha sido escrito com tal intenção, o capítulo quinto, página 126 do livro CAPITALISMO CRIMINOSO, de Stephen Platt, expõe a causa de toda a desarrumação a que foi levado o mundo e que requer uma dona de casa caprichosa para pôr ordem na bagunça que fizeram com a humanidade.

No intuito de levar os gatos pingados que perdem tempo lendo as bobagens destas arengas a pensarem no que foi reduzida a atividade política da qual depende o bem-estar da humanidade é que transcrevo o que diz o autor. Lá vai: “Uma luva branca, revestida de cristais, da turnê de lançamento do disco Bad; um chapéu tipo diplomata usado por Michael Jackson no palco; uma Ferrari 599 GTE; dois imóveis na cidade do Cabo; três relógios Piaget incrustados de diamantes; um gabinete antigo André Charles Boulle; pinturas de Degas, Renoir, Gauguin, Matisse e Bonnard; 1.403 garrafas de vinho sofisticado; 109 itens adquiridos no leilão do espólio de Yves Saint Laurent; uma propriedade em Malibu de cerca de 48.500 metros quadrados; uma propriedade luxuosa com seis andares em Paris; e um jatinho particular Galfstream G-V. Todos esses itens estão listados em documentos oficiais como pertencentes ao quarentão Teodoro Nguema Obiang Mangue, “figurinha carimbada do “jet set” internacional e filho do presidente de longa data da Guiné Equatorial...” “O estilo de vida glamoroso e exuberante apreciado pelo filho do presidente, também conhecido pelo seu apelido “Teodorin”, é bem diferente do da vasta maioria de seus compatriotas (sem mencionar a incongruência com os alegados US$6.799 mensais que ele ganhava como ministro) e lhe conferiu a descrição de “exemplo clássico da elite cleptocrática africana” pela revista Time. Uma alta população da Guiné Equatorial subsiste à base de um dólar ao dia; o país ocupa o 136 lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), com uma expectativa de vida de 51 anos; e tem uma taxa de desemprego de 22%. Dez por cento de suas crianças estão abaixo do peso e o país tem o 14 pior índice de mortalidade infantil do mundo. No entanto, desde a descoberta de petróleo em 1996, este diminuto país da África Ocidental, com uma população de 736 mil habitantes, está classificado no papel como um dos países mais ricos da África, com um produto interno bruto (PIB) “per capta” de cerca de US$24 mil.

Aí está, pois, a que foi reduzida a atividade política: a mentiras. Embora pessoas vivam com apenas um dólar ao dia, a política diz que todos vivem com vinte quatro mil. Guardadas as proporções, Teodoro Nguema Obiang Mangue representa a classe política em peso se as autoridades políticas constituem uma classe tão privilegiada que se tornaram isentas de punição embora também levam vida infinitamente diferente da vida do povo. A situação, pois, evidência, sem dúvida alguma, a necessidade de mudança sob pena de sucumbir sob violência inimaginável porquanto a revolta dos deserdados não será consolada eternamente pelo pão e circo do axé, das igrejas e do futebola. Como quem avisa amigo é, e como os intelectuais não demonstram preocupação com os jovens desavisados e futucadores de telefone, demonstro-a eu, um Zemané. Inté.  




segunda-feira, 15 de junho de 2020

ARENGA613


A afirmação do filósofo Antonio Gramsci de que o velho mundo está morrendo e um novo mundo luta para nascer, leva à reflexão sobre o apego que se tem às tradições, àquilo a que se está acostumado e que é conhecido e o medo que se tem das novidades representadas pelo novo, por serem desconhecidas. Entretanto, sendo exigência da natureza, independe de querer ou não querer que o velho dê lugar ao novo, realidade da qual se foge feito o diabo da cruz. Ante a inevitabilidade da morte, este medo fez que se inventasse uma vida a ser vivida depois de ter morrido.

Negar viver a realidade e, como crianças, preferir as enganações, as fantasias, tem sido o grande erro da humanidade. A última novidade a esse espeito entre nós é a imagem do presidente da nossa república ao lado do estelionatário Valdemiro Santiago sugerindo que um feijão vendido por esse último cura a doença nova que assola o mundo e que faz a festa em nosso país de povo inexplicavelmente festivo. Esta doença terrível prenuncia outras cada vez mais letais são exatamente consequência da fantasia de haver vantagem em transformar a natureza em bugigangas para abastecer o Mercado. É possível admitir-se que o pastor se adiantou às autoridades científicas descobrindo que a cura está no feijão? Tem a maturidade necessária para ser o líder máximo de uma nação alguém tão facilmente feito de tolo?

Os obstáculos para o nascimento de um novo mundo são imensuráveis porque o apego ao tradicionalismo antissocial que permitiu a alguns gatos pingados abocanharem egoisticamente a riqueza que a todos devia servir lhes permite assalariar imensa multidão de pessoas de grandes conhecimentos e habilidade na arte de modelar a opinião pública, levando-a a se tornar temerosa das novidades de um novo mundo. Daí a ojeriza que a classe desfavorecida tem às palavras socialismo e comunismo. Um exemplo: Na rádio CBN, no dia 10/06/2020, por volta das sete horas da manhã, o entrevistador perguntou ao professor e filósofo Mário Sérgio Cortella sobre o significado do atual movimento antirracista iniciado nos Estados Unidos, e que se espalhou pelo mundo, inclusive pondo abaixo estátuas de líderes escravagistas da guerra travada no século XIX entre o sul escravagista  e o norte abolicionista. Assalariado pelo sistema do velho mundo, o filósofo conversou e conversou, falou até da substituição do nome do aeroporto Dois de Julho de Salvador, mas não tocou na realidade de se tratar o inconformismo das manifestações de insatisfação com este mundo que de tão velho está a apodrecer a ser verdade que as autoridades constituídas para cuidar dos interesses da sociedade prevaricaram e se tornaram tão depravadas que às custas da sociedade enriquecem e protegem-se mutuamente contra a ação da lei.

A juventude politicamente analfabeta e convencida da necessidade futucar telefone, frequentar igreja e se matar pelo futebola, ou abre os olhos cegos pela burrice ou então terá, se tiver, um futuro tipo do imaginado por Dante. Inté.

     


sexta-feira, 12 de junho de 2020

ARENGA612


O historiador Edward McNall Burns descreveu a Revolução Francesa como o clímax da insatisfação coletiva que pouco a pouco tomou corpo contra a supremacia de uma aristocracia decadente e perdulária em monumental banquete enquanto os pobres colhiam migalhas caídas da sua mesa farta. Observa também na página 263 do II volume de História da Civilização Ocidental, que ao se consolidar o sistema fabril resultante da Revolução Industrial, os lucros enchiam os cofres dos novos senhores. Isto nos leva a concluir que estes novos senhores a que se refere o historiador mudara, de roupa e se apresentam agora na mesma aristocracia perdulária e decadente a parasitar a massa bruta de povo. O dito de que o brasileiro prefere contornar a confrontar não é comportamento só do brasileiro uma vez que a humanidade em peso se curva ante o conformismo e o bom mocismo recomendado pela religiosidade e Papai Noel. Como a barata que morde e sobra, também os parasitas sociais usam de anestésicos como Funcionário Padrão a fim de que o hospedeiro não reclame por estar sendo parasitado. Esta história que encontrei na internete e que não resisti à tentação de espalhar é uma das muitas poucas vergonhas destes canalhas para se aproveitarem da facilidade com que o bicho povo pode ser ludibriado:

“Carlos, com seus 20 anos de casa, trabalhava em uma empresa. Era cumpridor de suas obrigações, muito dedicado e por diversas vezes fora homenageado como “Funcionário Padrão”.

Numa segunda-feira, Carlos toma uma decisão e vai logo pela manhã à sala do Diretor, fazer uma reclamação:

Meu Diretor, como o Senhor sabe, trabalho a mais de 20 anos, com toda a dedicação, porém sinto-me injustiçado. Veja o Senhor, que Nélio, que só tem três anos de casa, está ganhando muito mais que eu.

O Diretor, fingindo não estar ouvindo, disse:

É ótima esta sua visita. Estou com um problema para resolver e acho que você poderá ajudar.

Veja... Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço de hoje e quem sabe, até todos os dias. Você poderia dar uma passada na quitanda para verificar se eles têm abacaxi.

Carlos, sem entender direito, saiu da sala e foi cumprir a missão. Em cinco minutos estava de volta.

É aí, Carlos? – perguntou o Diretor. Dei uma olhada como o Senhor mandou, e o moço da quitanda tem abacaxi.

E quanto custa? Quis saber o Diretor. Isso Eu não perguntei, não Senhor... Respondeu Carlos.

Eles têm o bastante para atender a todos os funcionários do escritório? Quis saber o Diretor.

Também não perguntei isso, retrucou Carlos.

Você viu alguma fruta que possa substituir o abacaxi? Não sei não Senhor... Responde Carlos.

Muito bem, Carlos. Sente-se nesta cadeira e me aguarde um pouco.

O Diretor pegou o telefone e mandou chamar o Nélio. Deu a ele a mesma orientação que dera a Carlos. Em dez minutos, o Nélio voltou. E então, Nélio? – perguntou o Diretor.

Eles têm abacaxi sim. Em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. E se o Senhor preferir tem também laranja, banana, mamão, melancia. Os abacaxis estão vendendo a R$. 0,75 cada; a banana e o mamão a R$. 1,20 o quilo; a melancia a R$. 1,50 a unidade, e a laranja a R$. 3,00 a dúzia, já descascada. Mas como Eu disse que a compra seria em quantidade. Eles me concederam um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o Senhor, decidir, volto lá e confirmo, explicou Nélio.

Agradecendo pelas informações, o Diretor dispensou-o. Voltou-se para o Carlos, que permaneceu sentado ao seu lado, e perguntou-lhe:

Carlos, o que foi que Você estava me dizendo, quando veio visitar-me?

Nada sério não, Meu Diretor. Esqueça. Não está aqui, quem falou. Com licença...

E o Carlos deixou a sala cabisbaixo...

MORAL DA HISTÓRIA: “SE VOCÊ CONTINUAR FAZENDO O QUE SEMPRE FEZ, CONTINUARÁ RECEBENDO O QUE SEMPRE RECEBEU”. FAZER O QUE VOCÊ SEMPRE FEZ POR MUITOS ANOS NÃO GARANTEM O SEU EMPREGO E TÃO POUCO QUALQUER ALTERAÇÃO SALARIAL. NÃO BASTA ESTAR SOMENTE ENVOLVIDO, TEM QUE SER COMPROMETIDO E EM MUITAS SITUAÇÕES SABER DEFENDER CAUSAS”. 

A conclusão deve ser a imoralidade e não a moralidade da história porque é com artimanhas imorais, cretinas e canalhas desse tipo que os exploradores da classe de trabalhadores conseguem fazer com que ninguém veja nada de anormal quando “Best-Sellers” de intelectuais e filósofos de consciência prostituída mencionam como positivos dados que mostram morrer menos gente de fome, quando, na verdade, deveria ser para todo mundo causa de horror o fato de morrer alguém de fome.     

Parafraseando Millôr Fernandes quando disse que beber é ruim, mas é muito bom, o povo não merece o destino que tem, mas merece... se assim o quer. E a prova de que povo gosta de sofrimento é a necessidade de força policial para evitar que pegue a doença nova. Inté.














sexta-feira, 5 de junho de 2020

ARENGA 611


Meditar sobre a vida é filosofar. Apesar de ser uma coisa simples, que dá bons resultados, e que para ser executada basta ser capaz de pensar por exemplo em como podemos depender da economia se a economia depende do agriiuzinesse se o agribiuzinesse depende de veneno? Infelizmente, para a malta de frequentadores de igreja, axé e futebola filosofar é algo que além de inútil e complicado, é assunto para intelectual. Em Princípios Fundamentais de Filosofia o Grande Mestre do Saber Politzer disse que capciosamente tornaram a filosofia tão maldosamente ardilosa quanto a proposta de um cego que tendo de lutar com alguém propusesse que lutassem num ambiente escuro. Tamanha distorção se deve justamente aos intelectuais, quando não levados pela Prostituição da Consciência, por força da necessidade que eles têm de complicar as coisas simples. Vai daí que no concernente a meditação sobre como se viver bem de nada servem os Best-Sellers dos intelectuais e a melosidade dos elogios que sobre eles fazem outros intelectuais nas orelhas de calhamaços imprestáveis, entre eles o amontoado de 598 páginas do livro denominado ERA DOS EXTRMOS, do intelectualíssimo Eric Hobsbawm. É de se observar que a fotografia do autor na orelha da contracapa do livro indica tratar-se de débil mental em recuperação. Certo livro de intelectual sobre filosofia levanta a seguinte questão: Você está ao lado de uma alavanca que muda o trajeto de um trem desembestado, cujo sistema de freios está danificado, e que esmagará cinco pessoas que  se encontram sobre os trilhos por onde vai passar o trem. Se você mover a alavanca, o trem mudará de rumo para outra linha sobre a qual há apenas uma pessoa, de modo que você teria de optar em matar cinco ou matar uma pessoa só. O que você faria? Por que se preocupar em decidir entre matar cinco ou matar um se não é necessário matar nenhum? Aí está a bobagem a que se dedicam os intelectuais. Esta baboseira tem absolutamente nada a ver com o procedimento necessário para levar a uma vida de boa qualidade.

No livro inútil acima citado são encontradas coisas assim: “... um mundo onde passado e futuro parecem estar seccionados do presente”. Ora bolas, como seccionados? Passado, presente e futuro são fases da mesma história triste da estupidez humana. Como bobagem pouca é pouca bobagem, lá também está o seguinte: “Suponhamos que que a Primeira Guerra Mundial tivesse sido apenas uma perturbação temporária...”. Como supor ter sido temporária? Se não fosse temporária, não se falaria em fim da Segunda Guerra Mundial porque até hoje estaria rolando horrorosa matança de jovens por outros jovens convencidos de haver necessidade daquela estupidez.

Comprar livros torna-se tão necessário quanto comprar uísque, com a diferença de não se poder saber se o livro é bom ou ruim. Junto com este livro ruim aqui referido também comprei mais três porcarias: A RALÉ BRASILEIRA, DE Jessé de Souza, COMO A DEMOCRACIA CHEGA AO FIM, de David Runciman e COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. No primeiro destas três últimos encontramos bobagens como a da página 41: “... para que possamos compreender o sucesso de construção de uma identidade nacional no Brasil...”. Ora, como se falar em sucesso de identidade se o brasileiro não passa de reles imitador, invejoso de culturas estrangeiras? O próprio autor tinha acabado de reconhecer esta realidade na página anterior, a página 30 ao declarar: “Nós, brasileiros, nunca nos comparamos com a Bolívia, com a Guatemala, ou mesmo com a Argentina. Nós nos comparamos obsessivamente com os Estados Unidos”. Ao deixar de nos comparar com nossos irmãos latinos para nos compararmos com americanos das bundas brancas é por incorrermos na observação do  grandessíssimo jornalista Mauro Santayana: “Os brasileiros se sentem tão extasiados ante as coisas do estrangeiro quanto se sentiram os índios ante o espetáculo da chegada dos portugueses em suas naus”. Voltando ao livro ruim, entre suas inúteis 506 páginas temos na página 303 a repetição do que rola no meio inculto dos frequentadores de igreja, axé e futebola de ser o pouco investimento em educação que impede o Brasil de ser um país rico e desenvolvido. Em primeiro lugar isto é uma grande idiotice porque no conceito da cultura da economia capitalista não se pode ser rico sem ser desenvolvido e vice-versa. Em segundo lugar tem-se que ter tranquilidade em vez de ser rico deve ser o objetivo primeiro visto que os países mais ricos são também os mais intranquilos. Por fim, em terceiro lugar, a realidade é que o tipo de educação ministrada pela cultura capitalista do enriquecimento a qualquer custo vai no sentido oposto da tranquilidade à qual não se chega sem que se tenha a indispensável desenvoltura para a meditação sobre a vida, coisa da qual o sistema educacional capitalista foge como o diabo foge da cruz por conta do justificado medo de que se se tornarem capazes de raciocinar os frequentadores de igreja, axé e futebola superariam a fase de manada e descobririam ser possível viver de modo muito melhor do que vivem sendo os recursos públicos corretamente aplicados em vez de serem desperdiçados e roubados. Como isto vai de encontra à malandragem dos políticos que montam o sistema educacional, estimula-se o ensino religioso e exorciza-se o sistema sugerido por Paulo Freire que defendia inclusão de matéria que estimulasse a capacidade de raciocinar da criançada. Sobre tamanha distorção é que deveriam os intelectuais dedicar sua preciosa capacidade.   

Os dois últimos livros também inúteis Como A Democracia Chega Ao Fim e Como As Democracias Morrem, em que gastei um dinheiro que estaria melhor aplicado em uísque, giram em torno da ascendência de governos autoritários sobre governos democráticos e baboseiras outras como a do título “Como Morrem as Democracias” porque as democracias não podem morrer se já nasceram mortas. É uma “natimorta”, como dizem os advogados para dizer da criança que nasceu sem vida. E nem podia mesmo existir como administração pública eficiente porquanto deixando a cargo da inculta massa bruta de povo a responsabilidade pela escolha dos administradores públicos resulta na escolha de quem gasta mais dinheiro com festa e propaganda e que depois  terão de devolver a seus patrocinadores várias vezes o valor não só da grana gasta nos festejamentos, mas também para sua própria conta bancária e vida faustosa e perdulária nos palácios e falcatruas mil.

Parece caber a um Zemané mostrar à humanidade que ela não precisa ser infeliz como é. Basta substituir por pensamentos próprios os pensamentos maldosamente engendrados nos laboratórios infernais da religiosidade e dos ricos donos do mundo maldosamente espalhados pela imensa multidão pelos seus baba-ovos destas duas classes terrivelmente antissociais, os papagaios de microfone, que em troca da despensa abastecida conduzem a manada humana para um destino de cabisbaixismo ante a  escravidão determinada pelos parasitas sociais do sistema financeiro que se arvoraram a donos do mundo contando com a indiferença dos outros donos por direito.

Assim é que em lugar de meditar sobre matar cinco ou matar um, medite sobre o que disse Mark: “Os filósofos se limitam a analisar o mundo quando o necessário é mudar o mundo”. Medite sobre o resultado da Lava Jato e depender de empresários o bem-estar social. Medite sobre o que disse o filósofo: “A verdadeira felicidade custa pouco, quando é cara é porque não presta”. Medite sobre o que disse outro filósofo: “Duas mãos trabalhando são mais úteis do que milhares de mãos postas em oração”. Medite sobre ter o destino decidido por falsos líderes. Enfim, medite... Inté.