terça-feira, 29 de agosto de 2017

ARENGA 447


“É inadmissível elaboração de leis imorais, cujo único propósito seja privilegiar alguns poucos indivíduos, locupletando-os injustificadamente à custa das pessoas que sustentam financeiramente o Estado com seu trabalho”.

Considerando que a função das leis é assegurar a ação da justiça em sua importante e necessária tarefa de tentar amenizar a tendência natural à brutalidade que os seres humanos carregam na alma e que os obriga a se destruírem mutuamente, embora sem sucesso nesse sentido porque sempre houve quem se locupletasse às custas de outro, ainda assim, a existência de leis e um corpo de funcionários públicos com o poder de fogo indispensável aos ambientes onde predomina a selvageria que iguala a sociedade humana à dos irracionais, ao forçar o cumprimento às determinações legais esta força bruta consegue manter pelo menos uma tênue tranquilidade que não existiria sem que nada coibisse a maldade humana que em nada difere da brutalidade do morticínio das selvas.  Desta forma, tendo as leis por finalidade assegurar que haja pelo menos um mínimo de justiça, pode haver alguma contestação quanto à perfeição do pensamento expresso na declaração em negrito que dá início a estas mal traçadas? Evidente que não. O que está dito ali é exatamente aquilo a que se propõe a fazer a justiça: coibir que alguns ressuscitem a escravidão da chibata. Pois, apesar de não haver o que retocar naquela afirmação, há quem a conteste no meio desse povo tão esquisito que sua personalidade está muito mais para rato do que para ser humano. Quase inacreditável se não se tratasse de brasileiros é haver entre os contestadores autoridades dos próprios órgãos responsáveis pela elaboração das leis e aplicação da justiça. Quem fez aquela declaração sensata e socialmente irretocável foi ninguém menos que o doutor Rodrigo Janot, que apesar de defender com unhas e dentes a sociedade contra a ação predatória da ratazana, o que equivale a proteger o futuro dos filhos dos jovens imbecis futucadores de telefone, seu trabalho merece menor reconhecimento do que o trabalho prejudicial à sociedade de fomentar o analfabetismo político executado por pobres mendigos mentais que inocentemente por conta da ignorância de sociabilidade que caracteriza o bicho povo se tornam marionetes do pão e circo aos quais é proporcionada vida abastada em retribuição à atividade de distrair a atenção da malta para as brincadeiras enquanto os malandros fazem a festa em cima do erário. Como a humanidade vive de mentiras, pessoas esclarecidas o bastante para conhecer esta realidade fazem coro com os pobres infelizes que desconhecem ser o pão e circo responsável por grande parte da dinheirama que escorre pelo esgoto da corrupção que fomenta a violência e, por conseguinte, infelicita a sociedade da qual participam os filhos dos apologistas do pão e circo nefasto. É tão desequilibrada nossa sociedade que um condenado à prisão está em campanha país afora como candidato à presidência da república, afirmando que seus acusadores é que estão errados. Sendo o doutor Janot o carro-chefe da Operação Lava Jato, contra ele e seus colegas do Ministério Público insurgem contestadores quanto à legitimidade do trabalho de procurar expurgar marginais do meio social. Conforme noticia o jornal Folha de São Paulo, esse candidato condenado à prisão teria afirmado não só que os responsáveis pela Lava Jato são canalhas, mas também que Nenhum juiz tem o direito de contar mentiras a respeito dele e dizer que ele roubou. Acontece que não é só o juiz que o condenou à prisão quem diz tratar-se de ladrão porque um jornalista/escritor chamado Ivo Patarra escreveu o livro O Chefe, no qual há todo um cabedal de denúncias de roubos e falcatruas praticados pelo presidiário/presidente sem que fosse desmentido. Como quem cala consente, prevalece o que foi dito pela acusação.

A singularidade da sociedade brasileira que a torna incomparável na prodigalidade de promover coisas ruins, de buscar mais infortúnios além daqueles que a é pródiga em produzir, esta estranha característica encontra explicação na circunstância de ser nossa sociedade formada por pessoas que dão origem a notícias como a de ter uma pastora doado chácaras compradas pelos fiéis de sua igreja ao marido dela, também pastor. Como estupidez é a marca registrada por aqui, outra notícia dá conta de que um ex-ministro do STJ recebeu propina de R$ 5 milhões. Taís notícias são regadas a muito festejamento. Coisas assim caracterizam esta sociedade de parvos frequentadores de igreja, axé e futebola, povo que faz festa com os recursos de que dispõe para comer. O segundo mais importante estado deste país de triste sorte, unidade da federação habitado pelo povo considerado o mais esperto entre todos os demais que por aqui pastam, gastou tanto dinheiro em festas que agora grande parte dele dorme debaixo das marquises e seus funcionários públicos viraram pedintes. No estado considerado o primeirão de todos em riqueza, onde vive o povo que se autoconsidera mentalmente superior aos demais, mas que é tão insignificante espiritualmente quanto os demais, talvez ainda mais pela inexistência de motivo para a petulância próprio dos ignorantes que   elegem quantas vezes se candidate um deputado condenado à prisão em outros países e que aqui é deputado e milionário às custas dos petulantes “bacanas” e “sabichões”. É, realmente uma calamidade a sociedade brasileira. A malandragem por aqui é tal que sob pretexto de trabalhar em benefício da sociedade, malandros, aventureiros, religiosos, enfim, a escória mental da sociedade, têm a desfaçatez de pleitear arrancar da comunidade a fabulosa soma de três bilhões e seiscentos milhões de reais para custear as despesas com sua eleição a cargos eletivos, o que foi magistralmente analisado pelo jornalista Ricardo Boechat como o cúmulo da safadeza a pretensão de obrigar a sociedade a ter de arcar com os custos para que malandros se tornem profissionais políticos, quando todas as demais profissões são custeadas pelos que se dispõem a exercê-las. Apesar de serem as coisas ruins a característica dos brasileiros desde que deles se tem notícia, os amaldiçoamentos que os infelicitam atingiram atualmente níveis insuportavelmente alarmantes. É de dar dó ver pobres desvalidos ostentando cartazes onde se lê “EXIGIMOS RESPEITO     .” Foi incorporada à nossa personalidade social a convivência pacífica com a ausência de pudor, moralidade e autoestima. Consta no mesmo jornal Folha de São Paulo que um ministro desse desmoralizado Estado Brasileiro declara ter estranhado ser retirado da fila na hora de entrar no avião rumo aos Estados Unidos, para onde ia a serviço, sob alegação da necessidade de ser submetido a uma revista especial. Como à tal revista especial não fora submetido nenhum outro passageiro, o ministro pediu explicação perguntando a razão pela qual ele era motivo de um cuidado à parte, ao que o funcionário lhe explicou tratar-se de ordem do governo americano. Apesar de fazer parte o ministro do ambiente de Brasília, ao optar por não viajar a submeter-se à tal revista especial determinada por Tio Sam, o ministro demonstrou ser homem de fibra, apesar de ser brasileiro. Quem observa o dever cívico de acompanhar o que diz a imprensa sobre os acontecimentos de seu país sabe que houve um ministro brasileiro que se rebaixou a tirar os sapatos como um marginal qualquer para ser revistado num aeroporto americano e outro que beijou a mão de candidato a presidente do país que dá ordens aqui dentro, o que envergonharia este país de safados que roubam até animais no zoológico, além da Cruz Vermelha, caso eles soubessem o que é vergonha e não se agachassem com tanta facilidade. As notícias sobre a sociedade brasileira giram exclusivamente em torno de roubos, viadagem, putaria, pão e circo, assassinatos, mortes através de uma gama de acidentes, e para completar a lista de patifaria, a podridão política. Coisas assim são corriqueiras: “Ex-ministro do STJ recebeu propina de R$ 5 milhões.” – “Escândalos de corrupção no governo contribuem para aumento de violência contra policiais”. – “Chega a 100 o número de PMs mortos no Rio de Janeiro desde o início do ano”. – Base no Congresso pretende usar discussão de medidas para cobrar cargos e verbas.” A jurista Herta Däubler-Gmelin, ex-ministra da Justiça da Alemanha, afirmou em São Paulo que "há dúvidas cada vez maiores" sobre se o Judiciário brasileiro coloca o país na lista de lugares onde o Estado de Direito não é respeitado”.  

 A insustentabilidade das ações governamentais no Brasil é tão flagrante que existe um ministério voltado para as brincadeiras. Dinheiro aqui é para ser roubado sob aplausos dos roubados. Os funcionários públicos zelosos do dever de proteger a sociedade são cobrados de faltar com o respeito aos ladrões. Está também no jornal Folha de São Paulo a seguinte censura aos procuradores públicos graças aos quais estão sendo retiradas muitas mutretas de debaixo do pano para serem expostas à indignação social dos capazes de se indignarem. Diz o jornal: “A Lava Jato voltou à violação imprópria da vida privada. Desta vez, divulgou uma conversa familiar entre Jacob Barata Filho e uma de suas filhas, ambos preocupados com o estado psicológico da outra filha. É só sadismo dos divulgadores”. Aí está. Era só o que faltava! Como sadismo perseguir bandidos, se sádicos são eles que roubam o dinheiro do leite das criancinhas e as deixam à míngua? Àqueles a quem é dada a faculdade da percepção certamente que meditam sobre o motivo que leva intelectuais à convicção de sermos todos uma toupeiras incapazes de enxergar sacanagens nos melindres quanto ao estado psicológico dos quadrilheiros engravatados que saqueiam o erário e sacrificam a sociedade enquanto sofredores premidos pela necessidade de roubar migalhas amargam o inferno dos presídios. Só as entrelinhas do que se ouve e lê podem explicar o que há por trás de tanto embuste. Toda a dificuldade está no fato de que o alcance ao conteúdo das entrelinhas exige muita dedicação, esforço e vontade de alcançá-lo, coisas que inexistem na massa bruta e ignorante da manada em seu corre-corre diário a fim de produzir mais riqueza para os infernos fiscais.

Embora o termo socialismo defina com maior precisão o espírito de cooperação ou o sentimento de irmandade sem o qual seremos eternamente infelizes, veio ele a adquirir conotação de determinada forma de exercer política. Como a política é sempre exercida de modo a maltratar o povo, o termo socialismo, com justa razão, passou a merecer justificada ojeriza. Entretanto, absolutamente nada justifica desinteresse pela política porque dela depende o bem-estar social. Afastar-se da atividade política é incorrer no mesmo erro de quem compra um carro usado de um brasileiro acreditando no estado de conservação descrito por quem o vende. Até quando terá esse belo país tão triste sorte? Como a juventude que tudo pode entende mesmo é de futebola, fica levantada prá ela a bola para ser iniciado o jogo de colocar sensatez e integridade onde predominam a estupidez e indecências. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

ARENGA 446


O mundo dito civilizado não é assim tão dessemelhante do mundo das republiquetas de banana que vendem carne alterada, porque lá são vendidos ovos também alterados. Mas a coisa por aqui é tão estupefaciente que acaba de sair uma declaração do governo dizendo que o caminho certo para o Brasil é o caminho da criminalidade. Se é a criminalidade o dia a dia dos brasileiros, prática encontrada por exemplo na defesa empenhada da Advocacia Geral da União para que o deputado ladrão apanhado com a mala de dinheiro não perca o direito ao seu salário, pelo menos teoricamente o instinto de rato era disfarçado. Agora, não. Agora nesta sociedade de párias sociais é o próprio governo que induz a juventude à criminalidade através em uma propaganda que termina afirmando que BRASÍLIA ESTÁ NO CAMINHO CERTO. Sendo lá em Brasília onde se localiza o quartel general de Ali Babá, declara-se, pois, que o caminho certo é o caminho da criminalidade, declaração que deixaria estarrecidos os pais desse país de triste sorte por estarem seus filhos sendo induzidos a se tornarem bandidos. Levando-se em conta que a sociedade brasileira convive harmoniosamente com a assombrosa realidade de que o crime compensa, o qualificativo sapiens em Homo Sapiens, no que se refere aos brasileiros seria mais apropriado que eles fossem qualificados de Homo Paquidermens. O brasileiro é uma espécie de gente que não parece gente. Seus falsos líderes, as “excelências”, a fim de não deixar cair a peteca da idiotia que lhes permite tosquiar o rebanho de cristo, complicaram tanto o processo simples de ir à urna e votar que em torno disso inventaram coisas assim: maioria relativa –  escrutínio majoritário plurinominalvoto proporcional –  sistema de lista abertamétodo majoritárioquociente eleitoraldistribuição das sobras quociente partidário – voto distrital – sistema eleitoral de lista aberta – sistema eleitoral de lista fechada. Entretanto, a ninguém parece ocorrer a realidade de ser isto nada mais do que a materialização da teoria de que a confusão beneficia os malandros. E tanto beneficia que os malandros responsáveis pela malandragem desta confusão em torno de eleição acabam de tomar da sociedade a fábula de três bilhões e seiscentos milhões para serem gastos com a fim de ir o eleitor e marcar seu voto. Simples assim. A imprensa diz que no Rio de Janeiro, terra do brasileiro considerado “esperto” a população já não se importa de ter as marquises por teto sob o qual dormir. Sei não, viu? Mas o brasileiro é realmente um povinho desgraçado. Como pode alguém ir dormir debaixo das marquises, sem se ligar no fato de estar seu dinheiro nas obras faraônicas do pão e circo e da corrupção? Onde está a capacidade de raciocinar de uma juventude incapaz de uma só ação em defesa de seus filhos ameaçados de terem de dormir sob marquises ao lado de monumentais templos que homenageiam o desperdício e o escárnio à população? Como aceitar dormir ao relento enquanto seu governador aluga um jatinho por dois e meio milhões? Resposta: Ora, pois, tratando-se de brasileiros que já têm o cangote calejado pela canga, nada há de se estranhar sobre eles. No entanto, é absolutamente estranho que brutamontes espirituais travestidos de líderes políticos se relacionem com a sociedade que parasitam com uma indiferença maior do que a indiferença com que senhores de outras casas grandes se relacionavam com os escravos de outras senzalas porque aqueles escravocratas se preocupavam com a sanidade de seus escravos a fim de que não ficassem impossibilitados de trabalhar, o que não acontece com os falsos líderes para os quais é indiferente se seus escravos tenham as marquises por abrigo. Eles simplesmente colocam um leão para tomar dinheiro da sociedade independentemente de qualquer consideração anterior. Possa ou não possa, o relacionamento dos falsos líderes com a massa bruta de povo é na base do ou dá ou desce. Taí, à vista, enquanto os “espertos” cariocas dormem sob marquises, seu governador aluga jatinho para ir a Brasília buscar o dinheiro que os brasileiros bonzinhos despejam no impostômetro uma vez que as contribuições dos escravos cariocas não são suficientes para as mordomias que a população está acostumada a proporcionar de bom grado aos parasitas tratados de “excelências” e a pão de ló.   

A necessidade de reformar a confusão do sistema político montada pelos falsos líderes que o embaralharam para que a confusão os beneficiasse, se feita pelos próprios falsos líderes terá por única finalidade defender seus interesses escusos, o que fica sobejamente provado com o fato de ter esta reforma logo de entrada transferido a fabulosa quantia de três bilhões e seiscentos milhões para os malfeitores das corporações criminosas denominadas partidos políticos. Como se não bastasse, segundo a imprensa, é o próprio relator da proposta de reforma que propõe ressuscitar as doações ocultas nas campanhas e ampliar os limites para que pessoas físicas possam financiar candidatos, além de colocar barreiras e vedações à divulgação de pesquisas eleitorais. Aí está, pois, a prática da política exercida por debaixo dos panos cuja malandragem já começa a ser percebida aqui e acolá. Algumas pessoas, embora sem saber de onde vem o canto, ouvem um galo cantar. Poucas pessoas, é verdade, percebem haver algo de errado e já procuram corrigi-las. Mas como do pouco também se chega ao muito, à medida que mais pessoas perceberem o papelão que fazem nessa forma de sociedade, mais perto estará o dia da mudança para algo que se espera pelo menos não ter por objetivo a produção de infelicidades. É preciso, para o bem das próximas gerações, descobrir onde canta o galo da malandragem e escutar que que ele está dizendo não ser possível à sociedade ficar a mercê do corporativismo que anula o princípio de controle entre os poderes uma vez que já existem juízes cuidando proteger malandros da política e a OAB trabalhando para não ser cerceado do criminoso o direito ao longo caminho dos infinitos recursos a fim de dar aos advogados oportunidade de ganhar dinheiro protelando indeterminadamente a condenação dos criminosos ricos ou mesmo o fim da condenação pela prescrição.   

Como para o brasileiro de triste memória sofrimento nunca é demais, depois de pisar e repisar uma encheção enfadonha e nojenta sobre esta excrescência da artimanha da reforma política, a papagaiada de microfone passa agora a virar o disco e pisar e repisar sobre alteração da meta fiscal que objetiva suprir uma inexistente falta de dinheiro.  Não desperta nos brasileiros infelizes e festeiros a necessidade de questionar se falta realmente dinheiro, o que é a coisa mais fácil do mundo de fazer. Basta assuntar para o que diz a imprensa e o que acontece e pode ser visto à volta. De acordo com a arrecadação mostrada pelo impostômetro, os brasileiros sempre de quatro entregam ao governo cerca de quatro milhões de reais a cada minuto. Para se saber disto basta pedir ao amigão Google sobre o impostômetro. Prestando atenção se perceberá que em quantos minutos a coluna dos milhões avança quatro vezes. Isto mostra ser simplesmente impossível faltar dinheiro para coisa nenhuma. Constatada a realidade de não faltar dinheiro, cabe agora assuntar para o que está sendo feito do dinheiro existente. A Operação Lava Jato mostra que o destino de grande parte de toda aquela dinheirama é consumida em falcatruas entre os ladrões das empresas e os da política, também conhecidos por “excelências”, enquanto que as mordomias destas “excelências” consomem outra gorda fatia daquela fabulosa arrecadação DE CERCA DE QUATRO MILHÕES DE REAIS A CADA MINUTO.

Quando os papagaios de microfone anunciam algo de positivo, as entrelinhas dizem ser negativo. Alardeia-se, por exemplo, nesse momento, como coisa boa o desenvolvimento do setor de serviços, o que na realidade, como diz a própria imprensa, deve-se à época em que imbecis também chamados de turistas arribam mundo afora gastando as economias que fazem para esse fim. Entretanto, com o surgimento de novas e desconhecidas doenças, estes idiotas transformados em fotógrafos se tornam um veículo transmissor de doenças para uma sociedade onde os corredores dos hospitais já estão abarrotados de doentes chorando por atendimento. Tanto a realidade quanto a irrealidade está mostrado na imprensa. Ela mostra os milagres resultantes da deturpação da política, mas esconde o demônio responsável por eles ou até mesmo os exalta quando recebe pagamento para dizer que do agribiuzinesse e dos bancos resulta algo de positivo para a sociedade. Nesse exato momento, vendo no Yahoo Notícias que o doutor Sergio Moro diz que a reforma política proposta não é uma verdadeira reforma, como realmente não é, minha veia de cidadania me levou a comentar a notícia dizendo que o doutor Moro incorria em erro porque ele, como todo cidadão, deseja uma reforma que moralizasse o sistema político, de modo a beneficiar a sociedade. Desse ponto de vista, a reforma realmente não é verdadeira. Porém, do ponto de vista dos reformadores malandros, a reforma é verdadeira e legítima do ponto de vista deles uma vez que atinge o objetivo de possibilitar o parasitismo sobre a sociedade que lhes permitiu surripiar do povo conformado a fortuna de três bilhões sob alegação de despesas com a eleição. Entretanto, antes de completar meu comentário sobre a verdadeira finalidade da reforma política, como num passe de mágica, o poder das forças ocultas fez com que o meu comentário simplesmente desaparecesse. É desta forma que a imprensa acoberta os desmandos através do poder das forças ocultas que fazem desaparecer qualquer referência verdadeira à desordem reinante, por mais humilde que seja esta referência.

Apesar de quase imperceptível, o esclarecimento é inevitável mesmo em seres de praticamente nenhuma atividade mental algo mais elevada como são os brasileiros. Até os irracionais são capazes de evitar repetir algum procedimento que lhe tenha resultado experiência desagradável. Desta forma, graças a esta inevitabilidade do processo de esclarecimento, a política exercida às escondidas começa a ser questionada, principalmente no Brasil, onde o povo é maior vítima do resultado de artimanhas como encontros furtivos noite a dentro no palácio do Jaburu e ação abertamente política de ministros do STF. Por conta deste lento mas real esclarecimento é que já se percebe não estarmos mais nos tempos de se distrair vendo leões comendo pessoas, enquanto no interior dos palácios era decidido o destino do povo sem que ninguém visse nada de errado nisso, o que já não acontece com tanta tranquilidade, evidenciando-se, assim, algum progresso no caminho da civilização, evidência esta que se faz notar no incipiente inconformismo demonstrado por gatos pingados através de comportamentos que embora inadequados não deixam de ser inconformismo, o que é melhor em termos de sociabilidade do que a conformação pura e simples de permanecer em erro.

É como diz a razão de quem observa a realidade da vida: à imprensa não interessa mudar nada num mundo em que se acha de posse do melhor quinhão daquilo que é considerado fator de tranquilidade e bem-estar: a riqueza. Entretanto, por força do ofício de informar, ela acaba promovendo a mudança indesejada por ela mesma ao mostrar a pontinha da montanha de corrupção e desmandos que fica do lado de fora do mar das mentiras, farsas e falcatruas das quais provêm os infortúnios que amaldiçoam esta sociedade paquidérmica infensa à necessidade premente de mudança mostrada cotidianamente pelas notícias da imprensa, como a que dá conta da reunião do banqueiro Henrique Meireles em com um grupo de outros sorridentes parasitas sociais, acompanhada de outra notícia dando conta de que o economista Sardenberg diz que o funcionalismo público será afetado ainda mais pela reoneração e pelo reajuste da alíquota previdenciária. As maldades são engendradas em meio a sorrisos. É como se as “autoridades” tivessem sido tomadas por um surto de sadismo que os faz achar pouco que os felizes trabalhadores são levados a ter as marquises por teto e procurassem engendrar novas maldades para infelicita-los ainda mais. Outra notícia cujas entrelinhas revelam o caos moral é a de que o mesmo senhor Meireles pede ao mundo dos negócios para não rebaixar ainda mais o Brasil. É sabido que no mundo da moralidade e da decência o Brasil não tem mais para onde ser rebaixado. Se no mundo dos negócios e das negociatas ele ainda pode ostentar alguma altura, tal realidade é mais uma evidência da necessidade de mudança porque o mundo dos negócios e das negociatas tem por base a desagregação inerente à cultura do individualismo, o que se opõe ao indispensável sentimento de solidariedade que permite a aglomeração em grupos sociais. Tamanha indiferença quanto ao mal-estar social expõe a cambada cega de parasitas às mesmas aflições pelas quais no correr da história passaram outros parasitas que também se achavam inteiramente a cavalheiro. O que pode fazer quem é de paz, e o ideal seria que todos fossem, é desejar aos produtores de infelicidades que a inevitável mudança seja feita por uma juventude capaz de merecer o qualificativo sapiens que mude o curso da história de modo que não haja necessidade de acrescentar novas infelicitações às já existentes. Inté.

 

 

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 13 de agosto de 2017

ARENGA 445


O que há de melhor a fazer aqueles que se preocupam com o futuro dos filhos é refletir sobre uma realidade inexplicavelmente aceita por se tratar de grande burrada esse negócio de deixar que falsos líderes sejam responsáveis pelo destino de seus filhos. Não é mais permitido a ninguém ignorar que a administração pública foi tão desviada de suas finalidades que nada mais justifica sua presença nos moldes como é exercida por não serem aqueles para os quais foi estabelecida e que podem ser resumidos na responsabilidade de cuidar para que seja devolvido à sociedade em serviços o total dos recursos apurados com arrecadação de impostos, coisa que não ocorre em absolutamente nenhum governo no mundo. Aqueles governos nos quais o povo se acredita em posição cômoda, o que fizeram na verdade foi espoliar outros povos de modo tão brutal que atraíram para seus governados a ira dos espoliados, e agora não podem dormir sossegados com medo de inimigo à espreita. Do desvirtuamento da finalidade da administração pública resulta um vazio administrativo que estranhamente não parece interessar aos prejudicados preencher. Se a princípio a recusa de querer ver as coisas em ordem e as instituições cumprindo seu dever de administrar com dignidade possa parecer estranho, na realidade não é. Para se entender o motivo pelo qual as pessoas só se interessarem pelo futuro no que diz respeito a dinheiro é preciso considerar a influência dos meios de comunicação sobre o comportamento destas pessoas. Sendo assunto da maior importância social a realidade de ser a imprensa que molda o comportamento humano, precisa tal assunto ser pisado, repisado, esmiuçado e remoído à exaustão porque o comportamento resultante da orientação dada pelos meios de comunicação só tem trazido desarmonia e infelicidade, razão de sobra para se fazer necessário investigar o papel da imprensa na sociedade. O futebolês, idioma que nessa pátria desamada concorre em igualdade com o inglês, define com perfeição o papel da imprensa no cenário político do qual resulta o caos atual e um futuro semelhante ao inferno de Dante para as crianças de hoje porque a imprensa não joga o jogo da necessária mudança para uma nova cultura que substitua esta velha e defasada cultura produtora de infelicidades ao colocar as pessoas umas contra as outras por força do levar vantagem enraizado na personalidade formada sob o jugo dos meios de comunicação que fazem parecer normais coisas inteiramente contra os princípios que regem vida coletiva tais como a necessidade desnecessária de comprar e a agiotagem do sistema financeiro. Mas, se não joga, a imprensa levanta a bola para ser jogado o jogo da mudança, embora como parte do grupinho dono do melhor quinhão daquilo que a vida oferece, sua atuação seja pela manutenção da situação atual na qual lhe é garantido participar da divisão desonesta do erário. Porém, como formadora de comportamento, é inaceitável que ela não se dedique à implantação de um sistema social isento de injustiça por estar interessada em participar do esquartejamento do erário. Significativa fatia do bolo de Delfim Neto vai para a grande imprensa. Quando surge algum jornalzinho metido a besta de querer se insurgir contra os desmandos, a exemplo do Pasquim, Opinião, Movimento, Tribuna da Imprensa, e outros, não só são forçados a desaparecer, mas também perseguidos seus jornalistas até à morte a exemplo de Rubens Paiva e Vladmir Herzog.

Desta forma, sendo a imprensa que faz a cabeça das pessoas, e estando ela por motivos de interesses pessoais de seus proprietários conservadores a manutenção do estado atual de desordem que os beneficia e que os faz sentirem-se a cômodo nesta situação de desordem na qual vão para poucas mãos os recursos que a todos devem servir. É por isso que a imprensa se limita a noticiar crimes sem nem de longe pensar em admitir que a causa dos crimes é justamente o inexplicável e socialmente condenável ajuntamento da riqueza num só lugar, deixando ao léu os demais lugares. A importância do dinheiro é tão grande para a sociedade que dele depende a vida de cada um. Desta maneira, torna-se descabida a prática de não haver dinheiro em todos os lugares onde haja vida. Se a imprensa finge desconhecer esta realidade é por não jogar no jogo da virada para uma sociedade civilizada, o que fica evidente no fato de ser a responsável pela criação, manutenção e distribuição do pão e circo cuja última encenação é o estardalhaço sobre a festança que iluminou a Torre Eiffel para recepcionar um jogador de futebola, peça de grande importância na máquina de desviar a atenção da política para que os jogadores do jogo da corrupção possam jogar sem marcação. Entretanto, se a imprensa não joga no jogo da mudança a ser implantada quando a juventude se alfabetizar politicamente, por força da sua atividade de informar a imprensa levanta a bola para o povo jogar quando leva a conhecimento público uma situação inusitada quanto a de uma administração pública exercida para prejudicar a sociedade que administra. Se o povo não joga o jogo que resgatará de um futuro incerto para outro futuro com chance de normalidade para seus descendentes é por não querer jogar. Mas que a bola foi levantada, isso foi. E foi porque a ninguém é dado ser apenas espectador de situações assim por conta da roubalheira: estados falidos e seus funcionários dependendo de caridade para não passar fome; liberação de três bilhões de reais para campanhas eleitorais; ataques de jovens ensandecidos sobre jovens distraídos; explosões de bombas das quais resultam mortos e feridos; a existência de mais de três dezenas de aglomerações parasitárias com o nome de partidos políticos e as mais de três dezenas de aglomerações destinadas a abrigar encobertadores das irregularidades praticados pelos chefes de governo, denominadas ministérios; crimes contra o patrimônio fazem uma vítima em SP a cada 30 segundos. Por enquanto, a percepção da necessidade de mudança chega apenas à sensibilidade de poetas como Wilson Souto nos seguintes versos denominados DISTRITÃO:
É orçamento que extrapola,
Ética que à fraude embola,
E a gangue quer outra meta,
É mudar a regra do jogo,
As leis? Jogarão no fogo...
E a mutreta se completa.
 

Vão criar um DISTRITÃO,
Que só interessa a ladrão,
Sem querer perder a teta,
Dá nojo, asco, ojeriza,
Merecem mesmo uma pisa...

Ou o espeto do capeta.

Ao levar ao público o conhecimento de ter falido a administração pública, a imprensa leva junto o antídoto para seu próprio veneno, o analfabetismo político, que tanto serve às peripécias das malandragens daqueles que se escondem atrás dos cargos de administradores públicos, peripécias estas que muito beneficiam a grande imprensa que vai abocanhar grande parte daquela fortuna que o governo destinou às eleições. O efeito do antídoto contra o veneno que faz abaixar o cangote para receber a canga já pode ser percebido na impossibilidade de poderem os deputados aparecer em público sem serem apupados com ovos, vaias e sopapos, principalmente nos aeroportos, o que inutiliza a tática que passaram a usar de voar em aviões da FAB porque os aviões não podem parar senão nos aeroportos. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ARENGA 444


No que diz respeito à necessária reviravolta que vai colocar do lado de cima o lado bom da sociedade e sumir com o lado ruim no qual vivemos, o papel da imprensa é tão inútil quanto o trabalho do cachorro correndo atrás do rabo. O que ocorre na verdade é que a imprensa precisa ter sobre o que comentar. Comenta-se e se comenta há anos incontáveis sobre os desmandos políticos, não obstante estarem eles cada vez maiores. É que a imprensa precisa ter sobre o que falar por ser esta a razão de sua existência. Quanto mais escândalos, maior é o campo de atuação para a imprensa. É por isso que ela não cogita das soluções. É preciso haver assunto em torno do qual rodopiar como mariposa na lâmpada. É inteiramente impossível que os milhares e milhares de comunicadores existentes no mundo, todos desconheçam que a política praticada por baixo dos panos vigente no mundo inteiro não quer que as coisas não sejam endireitadas simplesmente porque a obscuridade faz parte das ações sorrateiras, daí a razão pela qual a política objetiva justamente a desordem. Caso contrário não existiriam as guerras, os excluídos de uma vida com dignidade, as crianças transformadas em bandidos, os hospitais abarrotados de chorões infelizes, as cadeias abarrotadas de ladrões pobres, e a política abarrotada de ladrões ricos. Há, realmente, entre os envolvidos no processo de comunicação pessoas que apenas transmitem o recado sem noção do que está nas entrelinhas das mensagens. Tais comunicadores, como os executores do pão e circo, são apenas inocentes úteis para um trabalho antissocial. São pessoas de poucos conhecimentos que se acreditam realmente importantes e até mesmo indispensáveis à sociedade, sem a mínima noção de que a prejudicam. Ao lado destes, entretanto, há pessoas de elevados conhecimentos, os intelectuais, mas que por se encontrarem aboletados em ótimos empregos, recusam-se, e é natural que o façam, a arriscar uma situação favorável e conhecida por uma desconhecida e incerta. É como alguém que conseguisse um ótimo assento numa casa de espetáculo lotada e que naturalmente não se arriscaria a sair dali um instante sequer por receio de perder seu lugar privilegiado. Não há outra explicação plausível senão o apego ao emprego para o fato de uma pessoa dotada de relevantíssimos conhecimentos científicos e históricos demonstrados pelo intelectualíssimo filósofo e laureado escritor Yuval Noah, que apesar de tão profundo conhecimento do lado material da vida demonstrado no fabuloso livro Uma Breve História da Humanidade, editora L&PM, sobre nossa trajetória no mundo desde sua formação, e mesmo com sábias incursões sobre o aspecto social dos seres humano, o que explicita quando reconhece a indiferença dos administradores públicos em relação à sociedade, realidade que aparece, por exemplo, na página 14 do livro Homo Deus, do mesmo autor, editora Companhia das Letras, na seguinte afirmação: “Se pessoas na Síria, no Sudão ou na Somália morrem de fome, é porque alguns políticos querem que elas morram”. Entretanto, como todo intelectual acomodado em um bom emprego, coloca panos quentes no que se refere à indiscutível necessidade de uma nova cultura da qual resulte uma sociedade nova, sem uma desigualdade social tão acentuada entre seus membros que a ninguém incomoda a inexplicável aceitação de haver pessoas desprovidas de tudo. É o que aparece na mesma página 14 deste segundo livro quando diz o seguinte: “Na maioria das regiões do planeta, é improvável que uma pessoa que perdeu seu emprego e todas as suas posses morra de fome. Sistemas de seguro privados, agências governamentais e ONGs internacionais podem não resgatá-la da pobreza, mas a proverão de um número de calorias diárias suficiente para que sobreviva. Coletivamente, a rede global de comércio transforma secas e inundações em oportunidades de negócios e possibilita superar a escassez de alimentos de modo rápido e barato. Mesmo quando guerras, terremotos ou tsunamis devastam países inteiros, esforços internacionais para evitar a fome são geralmente bem-sucedidos. Embora centenas de milhões de pessoas ainda passem fome todos os dias, na maioria dos países o número de mortos por inanição é muito pequeno”. Ver normalidade no fato socialmente inaceitável de se morrer de fome é procurar disfarçar a realidade da necessidade de mudança. Tal declaração vai de encontro ao ideal de uma comunidade humana bastante civilizada para que o único motivo de morte se limite a doenças que a ciência ainda não pode curar. Assim, os conhecimentos científicos demonstrados pelo erudito escritor vão de encontro a conhecimentos sobre uma sociedade tão civilizada que não permita a morte de uma única pessoa sequer por inanição, o que é inteiramente possível porque os seres humanos produzem recursos materiais suficientes para que todos possam viver com dignidade. Se há sofrimento por falta de recursos materiais, deve-se à má distribuição destes recursos em função de uma administração pública que desvia tais recursos do seu caminho, o que de modo algum pode escapar à percepção de tão ilustre intelectual. Entretanto, para salvação de todas as pátrias, existem o conforto da esperança nas exceções, entre as quais está o também intelectual, filósofo e escritor Ladislau Dowbor, que afirmou em matéria publicada no jornal Le Monde Diplomatique Brasil, de maio de 2017, a seguinte verdade sobre as causas dos problemas que afligem a humanidade: “O capital financeiro drena o produtivo. Generaliza-se o capitalismo improdutivo no planeta. O rentismo não é só brasileiro. Voltamos ao século retrasado, em que as “famílias de bem” viviam de rendas”. Mas a regra geral entre os intelectuais é enrolar e enrolar para nada mudar. No livro Autopoiésis do professor de filosofia doutor João D. Fonseca, na página 29, temos o seguinte: “Devemos substituir a visão da adaptabilidade da vida pela visão construtivista. Não é verdade que os organismos encontram ambientes e, ou se adaptam a eles, ou morrem. Eles constroem realmente o seu ambiente independentemente das zonas do mundo. Os genes de um organismo, na medida em que influenciam o modo como aquele organismo conduz o seu comportamento, fisiologia e morfologia, estão simultaneamente a ajudar a construir um ambiente. Assim, se os genes se transformam no decurso da evolução, o ambiente do organismo também se irá transformar”. Aí está, pois, mais uma amostra do vagar e vagar em inutilidades. Desse palrar floreado nenhuma luz emana sobre a ignorância de sociabilidade da qual resulta uma sociedade tão infeliz quanto a nossa sociedade carente de conhecimentos em vez de mais confusão sobre os pobres e infelizes analfabetos mentais que vão inutilmente procurar conforto num Deus inexistente e que só infelicitou a cambada de lambe botas que O bajulou. Para se constatar tal realidade basta perguntar a Noé, Abraão, Moisés, Jonas, Jó, Cristo, São Pedro, São Paulo, enfim, à turma de fanáticos por Ele.

Desta forma, não sendo interessante à comunidade que tem capacidade mental e poder de informação que ocorra a mudança capaz de aliviar o sufoco dos sufocados pelas necessidades, e uma vez que a exceção é insuficiente para promover o conhecimento coletivo à compreensão da necessidade de mudar, resulta daí que os prejudicados na situação atual são os únicos a quem compete a tarefa de buscar solução para seus problemas. Mas a dificuldade está no fato inusitado de que aqueles que se encontram no sufoco não obstante o desconforto, se acham a cavalheiro em sua condição de sufocados, fazendo crer que as coisas continuarão do mesmo modo, e que a imprensa continuará indefinidamente correndo atrás do próprio rabo e fazendo devorteios em torno do que disse ou fez o presidente, o ministro, o senador, o deputado ou a PQP. Aquilo de que carece a sociedade humana, principalmente a juventude, é colocar em exame minucioso a cultura do levar vantagem porque ela criou uma situação inteiramente insustentável em termos de vida coletiva. Se não há outra forma de se viver senão coletivamente, e os meios de comunicação que impõem a cultura faz com que se acredite ser ideal uma cultura do salve-se quem puder, cuja inconsistência fica patente quando se vive uma organização social como a nossa na qual apenas seis brasileiros detenham riqueza equivalente à riqueza de 100 milhões de outros brasileiros, como mostra o jornal UOL, Congresso em Foco, de 17/01/2017, ou o absurdo de apenas sete famílias do mundo reterem para si a riqueza equivalente à da metade da população do mundo, sobre estas coisas é que é preciso não só falar, mas também meditar e remoer à exaustão por ser inteiramente incompatível com uma vida em sociedade, estando aí a causa da desarmonia que infelicita os seres humanos, inclusive os farrapos espirituais que dão origem a este absurdo e que acreditam na proteção da riqueza contra os males do mundo, do mesmo modo como os também molambos espirituais frequentadores de igreja que acreditam na proteção divina, bem como os trapos mentais que compõem a juventude e acreditam ser eterna a disposição de jovem. O mundo permanecerá infeliz enquanto não houver uma juventude que perceba a realidade de se viver uma farsa do tamanho do mundo. São provas desta irrealidade a figura de Papai Noel, do Papa beijando o pé do infeliz, de ser indiferente à contradição existente entre a afirmação que Deus pode tudo, ama e prega a paz, e viver o mundo em guerra e tão infeliz. Ao contrário do que se aprende, a miséria requer rebeldia contra ela. Nunca a conformação. Se os primeiros seres humanos não tivessem se rebelado e lutado contra as adversidades que os acometiam e se lançado à luta para obter alimento e abrigo, a humanidade teria perecido no começo. Por que, então, submeter-se agora aos infortúnios como querem a religiosidade e os falsos líderes políticos acomodados no seu bem bom de palácios e mil mordomias?

A estranheza com que é encarado o fenômeno morte, também é uma evidência da distonia com a realidade da vida porque absolutamente tudo, inclusive a própria forma atual do universo terá um fim. Portanto, o medo do fim da vida é apenas mais uma das muitas estultices. Os seres humanos precisam encarar a realidade de haver ação deliberada no sento de manter a maior parte deles desprovida das condições necessárias à vida, e o fato de ser infinitamente maior o número destes infelizes do que o número dos abastados, não pode haver dúvida quanto a se estar frente com uma situação de risco. Os recursos dispendidos pelos abastados para impedir que os necessitados se abasteçam na despensa deles são suficientes para impedir que os necessitados sejam causa de inquietação para os abastados. O caminho único para a tranquilidade humana é fazer da verdade o único objeto de culto e mandar as falsidades para os quintos dos infernos. Só assim poder-se-á chegar a uma sociedade civilizada, objeto a ser aspirado por uma juventude mentalmente sadia. Enquanto for a juventude um amontoado de palermas futucadores de telefone e adoradores de igreja, “famosos” e “celebridades” o mundo continuará de cabeça para baixo e as pessoas serão cada vez mais infelizes enquanto tiverem a riqueza por objetivo maior, cultura que aterrorizaria as crianças, não fossem elas desprovidas de discernimento, ante a perspectiva embutida na seguinte notícia em matéria publicada no blog Outras Palavras, escola de alfabetização política que deveria ser frequentada pelos analfabetos políticos, principalmente os da juventude:

“A história do Brasil, não é novidade, foi forjada por uma sucessão de saques contra as nossas riquezas naturais. A lista é longa: pau-brasil, açúcar, ouro, diamantes, algodão, café, ferro, borracha, nióbio, sal, mogno, petróleo, etc. Como o que está ruim pode piorar, como diria um pessimista empedernido, eis que agora podemos acrescentar a água a esta lista.    -   para produzir 1 quilo desta leguminosa são necessários 1.500 litros de água”. E então, ó juventude boca aberta, vai ficar a futucar telefone enquanto o agribiuzinesse manda embora bilhões de quilos de soja destinada a produzir proteína animal para os robustos povos das bundas brancas, levando cada quilo mil e quinhentos litros da água da qual depende a vida de seus filhos, ou que eles venham a ser mortos por famintos em decorrência do resultado do que mostra uma notícia da Folha de São Paulo sobre o fato de que nos últimos quatorze anos o governo premiou grandes empresas com subsídios que superaram os destinados a programas sociais, ou àquela outra notícia também do blog Outras Palavras, sobre o fato de ter o presidente Temer comprado o Congresso por dezessete bilhões? Os filhos de vocês, jovens, os amaldiçoarão por tanta pusilanimidade. Nada, absolutamente nada pode justificar a indiferença ante o fato inexplicável de o governo direcionar bilhões para campanha eleitoral. Então, o povo vai dar dinheiro para que os meios de comunicação lhes convença a votar errado? Não se pode ser indiferente a um congresso comprado, pois pode? Pode não. Inté.  

   

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ARENGA 443


Tirando fora as atividades de enfiar comida por cima e despejar por baixo, amorcegar nos corrimãos dos coletivos para atender ao apito da fábrica, amar Deus e pipoco de bomba, fora destas atividades sobra para o elemento povo apenas a serventia de ser obediente aos meios de comunicação. Povo é constituído de pessoas cujo desenvolvimento mental recusou acompanhar o desenvolvimento físico e permaneceu na infantilidade. A princípio, pode até parecer haver sabedoria em ter mentalidade infantil uma vez que as crianças estão imunes às preocupações com a realidade da vida. Tal suposição, entretanto, é falsa porque a realidade da vida chega independentemente das preocupações. Assim, faz-se necessário amadurecer para participar com eficiência do mundo da política porque é exclusivamente ele o responsável pela qualidade de vida. Mas as pessoas estão tão distantes desta realidade que até mesmo entre aquelas pessoas do povo cuja percepção das coisas da vida as leva a manifestarem-se sobre assuntos políticos, o que as distingue da massa bruta de povo, como, por exemplo, leitores de jornais, não obstante o esclarecimento emitem opiniões que demonstram infantilidade, realidade que aparece, por exemplo, ao se deparar com o caderno Painel do Leitor do jornal Folha de São Paulo, seção do jornal destinada às opiniões dos leitores, portanto, opiniões de pessoas capazes da percepção da importância da política em nossas vidas. Entretanto, tais opiniões demonstram grande distância do que realmente ocorre no mundo da política. Tomando por exemplo os acontecimentos da Venezuela, três comentaristas disseram o seguinte:

“Também considero que a Venezuela já "descambou" para a ditadura há algum tempo. Também entendo que essa mudança de status quo é complicada e tem profundas implicações, não podendo ser objeto de briguinhas ideológicas. Fora da democracia, só existe o arbítrio”.

“Está correta a Folha, só um pouco atrasada. A Venezuela é uma ditadura, e não é de hoje”.

“De acordo com o "Manual da Redação", a Folha passa a designar o regime de Nicolás Maduro como ditadura. Por que não designar, então, o governo Temer como golpista?”.

Estas opiniões passam a anos luz de um desenvolvimento mental capaz de conduzir as sociedades à civilização porque nem de longe tocam na questão primordial da desorganização da qual resulta a infelicidade humana, desorganização esta que provém da deturpação da política vigente no mundo, razão pela qual em vez de se focar atenções sobre a defasada e cansada política atual, comportamento adequado é voltar as atenções para uma nova política, uma política sem os obscuros subterfúgios considerados necessários pela corrupção na administração pública exercida no sentido contrário do interesse da população. É uma situação tão extravagante quanto a situação de uma empresa privada na qual de seus proprietários fossem escondidas as decisões tomadas a respeito da atuação de seus dirigentes. Faz-se necessário uma política que ao contrário das artimanhas, seja exercida com pleno conhecimento coletivo sobre as atividades de seus executores. Uma política que vise o esclarecimento político das populações em vez do analfabetismo político fomentado pelo pão e circo, integrado inclusive pela religiosidade. O mundo carece de uma política exercida por homens probos, cuja probidade além de real, precisa estar à toda prova. Uma política que desperte por ela o mesmo interesse desperdiçado pela religião. Enfim, uma política exercida com honestidade suficiente para dispensar o pão e circo.

Mas mesmo às pessoas interessadas em política escapa a realidade de ser a política, em qualquer parte do mundo, exercida contra o povo, realidade palpável pelo fato de ter sido o povo transformado pela política num drone manuseado pelos meios de comunicação manuseados pelo grupinho de um por cento da população que escraviza noventa e nove por cento da população. É infantilidade considerar democracia como contraponto para a ditadura como fazem os comentaristas do Painel do Leitor porque nos moldes da política atual a democracia é nada mais que uma forma de ditadura, a ditadura do capital que escraviza através do instituto do emprego, maldição renegada na frase de grande sabedoria do poeta Elomar Figueira quando afirma seu ideal de não ser empregado nem patrão. É a necessidade de emprego a razão para a existência da prostituição da consciência de pessoas que por troca da necessária manutenção da família, interfere na mente dos seres humanos induzindo-os a aceitarem como boas, coisas nocivas como a atividade dos bancos e do agribiuzinesse, atividades inteiramente antissociais por prejudicar a sociedade em benefício dos avarentos e inescrupulosos integrantes do grupinho antissocial de um por cento que se orgulha de sua ignorância de possuir noventa e nove por cento da riqueza do mundo, o que lhe trará algum dia os mesmos problemas que tiveram de enfrentar os nobres na época da Revolução Francesa. Nada, absolutamente nada, mudará até haver um povo para o qual o sentido de refinamento social, em vez de significar conhecimentos medíocres sobre requintes de comportamento à mesa, qual o vinho adequado para determinado prato ou o talher que se deve usar para peixe ou carne, enfim, um povo capaz de entender refinamento social como uma elevação espiritual da qual resultem comportamentos compatíveis com um modo coletivo de vida, por ser o único possível num mundo que abriga mais de sete bilhões de pessoas no qual hão há espaço para o egoísmo da individualidade. O único caminho para a humanidade é o caminho da sociabilidade que tem a ver com irmandade, e não com frescura.

A questão do emprego é de importância vital para o futuro da humanidade. Nela se reflete melhor a falta de sintonia com a realidade, estando mais para a mediocridade de fechar os olhos para o perigo como faz o avestruz que acredita estar a salvo por não ver o perigo que o ameaça. É uma falsidade do tamanho do mundo considerar o emprego como base de estabilidade social. Além de ser impossível haver emprego para todos os seres humanos, a tecnologia de fabricar dinheiro os suprime, como mostra esta notícia no jornal Folha de São Paulo: “Robôs podem ocupar metade dos postos de trabalho, diz pesquisa, o que reduziria o emprego menos qualificado e elevaria a produtividade”. Outra inconsistência do emprego é que sua necessidade, nunca é demais repetir, transforma o empregado de tal forma dependente que ele defende de com todas as forças a situação que lhe garante um emprego, por mais absurda que seja. Não pode ser outro o motivo pelo qual mestres graduados pelas mais requintadas universidades do mundo, como os professores Gary Allen e Larry Abraham, dizem na página 39 do livro Política, Ideologia e Conspirações, da Faro Editora, que “o comunismo não é um movimento das massas oprimidas, mas um movimento criado, manipulado e usado por bilionários famintos de poder para passar a controlar o mundo”. Ora, tal afirmação não tem outra finalidade que não engrossar o mar das confusões que visam impedir o surgimento da realidade de ser ora de surgir no horizonte uma nova forma de vida. Não faz sentido dizer que os bilionários desejam controlar o mundo porque são eles que o controlam. A Operação Lava Jato está mostrando esta realidade, que, aliás, existe desde que o mundo é mundo. Os próprios autores do livro citado confirmam a soberania dos ricos quando dizem o seguinte nas páginas 35 e 36: “Um artigo publicado pela North American Newspaper Alliance em agosto de 1967 revela que os membros da família Rockefeller, apesar de sua enorme riqueza, na realidade não pagam imposto de renda. O artigo revela que um deles pagou o enorme total de 685 dólares de imposto de renda em um ano recente. Os Kennedy são donos do Merchandise Mart de Chicago, de mansões, iates, aviões, tudo propriedade de uma miríade de funções e trustes familiares. Imposto é para peão!”

A confusão reinante demonstra o fim da presente era pela inconsistência de ser fundamentada em irrealidades entre as quais mestres das melhores universidades do mundo, mesmo diante da realidade irrefutável de ter sido o mundo tornado propriedade privada de poucos em detrimento dos outros seres humanos, recusam-se a reconhecer tal situação e afirmam que eles, os ricos, estão pretendendo ser donos do mundo, quando já o são, motivo da miséria humana. Para engrossar o caldo das confusões que levarão à exaustão a atual sociedade humana por conta de sua mediocridade, os eruditos escritores admitem na página 36 a possibilidade de serem os problemas sociais solucionados se os ricos doassem suas riquezas aos pobres, afirmando não haver nenhuma lei que impeça os ricos de doarem sua riqueza aos aflitos pela pobreza. Ora, isto beira à estultice porque problemas sociais se resolvem com política e não com esmola. Como se vê, o mundo padece por não ter coragem de encarar a realidade e viver falsidades tão berrantes quanto elevar párias sociais à categoria de excelências, famosos e celebridades. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ARENGA 442

Qual será o futuro de uma juventude cuja sociedade dá origem a notícias desse tipo?
3        Muro que separa turistas de moradores da Vila Esperança tem 3 metros de altura, 25 centímetros de espessura e 1 quilômetro de extensão na rodovia dos Imigrantes.
5  -  Após virar ministro, Meirelles recebeu 50 milhões no exterior, diz site   -    De acordo com reportagem do BuzzFeed, ele também recebeu 167 milhões pouco antes de assumir. Recursos vieram de clientes como a J&F, de Joesley Batista.  -  Três meses antes de assumir o mais alto posto da economia brasileira, Henrique Meirelles recebeu 167 milhões de reais em contas que mantinha no exterior e que foram usadas para pagamentos por serviços prestados por sua empresa de consultoria, a HM&A. Entre os grandes clientes está a J&F, de Joesley Batista. Após quatro meses no cargo de ministro da Fazenda, foram mais 50 milhões de reais depositados nas contas no exterior. 
5  -  Sem dinheiro, estado do Rio perde reforço de 4 mil policiais -   A unidade da federação que já contabiliza a morte de 91 policiais em 2017, tem 4 mil agentes de segurança aprovados em um concurso de 2014 que ainda não chegara às ruas porque o estado não tem dinheiro para treiná-los.
6  -  Deputado Wladimir Costa faz tatuagem com o nome de Michel Temer "Temer é um trilhão de vezes melhor que vagabundos socialistas.
Mas então, é nas mãos de tipos assim que os jovens deixam o destino de seus filhos enquanto correm atrás de um diploma que lhes possibilite ganhar o dinheiro que terá o destino mostrado nas notícias? O que leva as pessoas a não se ligarem na situação de sua sociedade a ponto de ter deputado ridículo bastante para gravar no corpo o nome de homem e tão socialmente míope que confunde socialismo com a politicagem de que participa, desconhecendo que o socialismo está implícito no próprio conceito de sociedade, uma vez que toda sociedade exige a participação de seus integrantes? Se a sociedade humana é infeliz, deve esta infelicidade ao individualismo próprio de idiotas, termo como que os gregos antigos se referiam aos indiferentes aos assuntos pertinentes à sociedade.
Falta um elo de união entre o ser humano e sua sociedade porque nenhuma ligação fazem os indivíduos entre sua pessoa e a sociedade, o que equivale a abdicar da paz espiritual e a satisfação interior de cada um, como deve ser compreendido o conceito de felicidade, impossível de ser alcançada numa sociedade conturbada. Erra fragorosamente quem entrega seu destino a cargo de analfabetos políticos além de desordeiros travestidos de autoridades. E as pessoas agem desta maneira absurdo a fim de lhes dobrar tempo para cuidar da vida particular, o que é uma bobagem muito grande porquanto cuidar do social é tão importante quando cuidar da individualidade. Apesar de imprescindíveis os bens materiais, eles perderão o sentido quando o passar do tempo trouxer a incapacidade de agir fisicamente, quando, então, a espiritualidade encontrada nos pensamentos serão as únicas coisas a ocuparem a atividade, fase da vida em que o conhecimento é mais importante do que o enriquecimento. É algo de muito interessante observar como as pessoas se acham eternas, pensando que terão energia para sempre. A ninguém ocorre ficar sem poder trabalhar, de se locomover, de ir ao banco, de cuidar de dinheiro, ainda que vendo ao lado pessoas desprovidas até mesmo da privacidade de sua higiene íntima. Enorme distância separa os seres humanos da realidade de que a vida social é tão importante quanto a vida individual, merecendo, pois, a sociedade, a mesma atenção dispensada à vida individual, principalmente por parte da juventude que herdará o resultado do presente.
A declaração do doutor Sergio Moro de que os políticos não têm interesse em combater a corrupção e faltar um discurso mais vigoroso da classe política nesse sentido é algo de estarrecedor do ponto de vista da saúde social uma vez que na atual conjuntura, a sociedade é administrada exclusivamente pelos políticos. Se os responsáveis pela sociedade não têm interesse em combater a corrupção, como realmente não têm, evidente fica o fracasso de administração pública vigente porque se aos executores da política interessa a corrupção, nesse caso, será a institucionalização do banditismo como mostram as notícias da imprensa, o que ocorre em função da cultura do enriquecimento a qualquer preço, enraizada na alma dos seres humanos, o que leva à prática de corrupção todo aquele que detém algum poder. Uma vez implantada a cultura da vantagem de ser rico, esta cultura tornou a riqueza uma necessidade, e esta necessidade deu origem à corrupção uma vez que não se pode ser rico honestamente. O próprio trabalho da Operação Lava Jato tem demonstrado como se fazem as grandes fortunas. Portanto, o que se diz a respeito de solução para os problemas que afligem não só nossa sociedade de idiotas, mas também a sociedade humana, pode ser descartado como inútil porque os seres humanos serão eternamente infelizes enquanto depositar na riqueza a esperança de viver bem, cultura que orientou o comportamento humano desde que se tem notícia de sociedades humanas. É chegado o momento de uma nova cultura despontar no horizonte a fim de se poder ter esperança em tempos menos piores. A história da humanidade está a iniciar uma nova fase. O medo de mudar para o novo, característica do comportamento dos seres vivos, dará lugar à coragem diante da ameaça de iminente perigo permanecendo como está. É chegada a hora de reconhecer estar falido o modelo de vida escolhido pelos dirigentes do mundo, a começar pelo absurdo de apenas alguns gatos pingados serem juízes da humanidade, o que é uma forma de corrupção porque esses poucos com poder de mando sobre muitos têm usado desse poder para explorar o trabalho daqueles a fim de satisfazer a necessidade na verdade desnecessária de produzir para eles a riqueza que acreditam necessitar, por força da cultura do enriquecimento que já deu provas suficientes de sua antissocialidade. Já sopram novos ventos trazendo a realidade de ser erro grosseiro uma sociedade na qual poucos possam esbanjar riqueza ao lado de muitos esbanjando pobreza. Esta cultura mumificada persiste por força da dificuldade de se trocar por novas as ideias enraizadas, ainda que falsas. Com O Mito da Caverna, Platão mostrou esta realidade irrefutável. Para a reviravolta da qual resultará uma sociedade menos infeliz, uma vez que ser totalmente feliz é ilusão própria da velha sociedade, só falta que a juventude perceba, e isto acontecerá mais cedo ou mais tarde, a necessidade de transferir sua atenção para uma política de bem-estar social. Para tanto, faz-se necessário eliminar a “frouxidão” nas normas de comportamento impostas pelo direito por não ser ele, o direito, uma ciência exata, como mencionou o doutor Moro. As normas de direito precisam acima de tudo ser exatas e rigorosas no que diz respeito à preservação e ao resguardo dos interesses da sociedade. Agredir a harmonia social tem que resultar necessariamente em eficaz reparação com a retirada do agressor do convívio social e ressarcimento dos danos causados à coletividade. Esta é a única maneira de se reverter a cultura do enriquecimento às custas do desassossego social. Está muito errado quem conquistou um lugarzinho que imagina cômodo numa sociedade em polvorosa por ser impossível haver algum oásis de sossego em meio à uma guerra. Os defensores desse tipo de sociedade com um por cento da população escravizando o resto são tão inocente que nem mesmo sabem estar entre os escravizados.
A única maneira de se encontrar meio menos desinteligente de vida é trocando por novas as mentalidades bolorentas que infelizmente ditam as regras para uma juventude conformada e submissa a tais regras. O que se diz a título de solução para os problemas representam nada mais do que a necessidade de fazer crer estar trabalhando. Quando o general chefe do nosso exército afirma que as próximas eleições trarão normalidade ao caos político, está apenas tentando mostrar serviço porque os futuros eleitos não serão diferentes dos atuais, representantes de interesses antissociais dos grandes empresários, realidade que a Lava Jato trouxe à tona, mas que encontrava escondida debaixo dos panos. Agora que apareceu, não há nada a esperar de novas eleições porque a chave do cofre onde se encontram as soluções para todos os problemas continuará nas mãos de falsos líderes para cujos princípios morais, ao contrário de homens honrados, têm por fundamento a desonestidade de usarem dos cargos públicos para se locupletarem. Sempre foi assim e assim será sob a orientação das ideias ultrapassadas que uma juventude mentalmente sadia varrerá para os quintos dos infernos. Na página 45 do livro Histórias da Gente Brasileira, de Mary Del Priore, consta o seguinte: “Quando d. Pedro I, ainda na qualidade de regente português, cruzou o Vale a caminho da capital da província de São Paulo, as fazendas de café já impressionavam. Por exemplo, a do capitão das Ordenanças de Baependi, Hilário Gomes Nogueira, de velha família mineira, que abriu as portas para receber a comitiva do príncipe, em suas terras onde desabrochavam cafezais, trigais e plantações de anil. Só no ano de 1822, na sua fazenda de São João Marcos, Hilário colheu 500 arrobas de café, exportando-as para a corte. Era dono de oitenta e seis escravos que cultivavam milho, arroz, feijão e criavam porcos para o comércio de toucinho. Num outeiro, voltado para o levante e protegido do vento frio do Sul, ergueu uma das maiores e mais imponentes sedes da província, com suas senzalas e a grande tulha para armazenar grãos. No entorno, frentes de escravos abriam clareiras, derrubando perobas, canelas e cabinas para plantar café. O riacho Pirapetinga, os rios Bananal e Turvo hidratavam a região”. A cultura do uso de cargos públicos em proveito próprio é mais uma evidência da necessidade de ideias novas porque é na dilapidação do erário que está a causa da desarmonia social que infelicita os necessitados, mas que a todos infelicitará indistintamente. Na página 95 do mesmo livro há referência a um americano chamado Daniel Parish Kidder que foi encarregado pela Sociedade Bíblica Americana para difundir a bíblia no Brasil. Absolutamente nenhum futucador de telefone é capaz de saber o que escondem as entrelinhas desta notícia. Pensarão que os americanos estavam preocupados com o bem-estar espiritual dos brasileiros em sua ingenuidade sobre os preceitos divinos. Por trás disto, jovens inocentes e conduzidos feito manada, está a causa de padecer a sociedade de tudo que precisa e que podia ter, mas não tem.
São os próprios associados à sociedade humana que se submetem à condição de inferioridade aceitando quem lhes seja superior, cultura também embolorada que precisa dar lugar a uma nova cultura que considere os seres humanos como uma irmandade, portanto, de seres igualmente merecedores de viver com dignidade. Na página 26 do livro Curso de Direito Romano, de José Cretella Júnior, consta que da sociedade romana faziam parte os patrícios, classe privilegiada, detentora do poder e desfrute de todas as vantagens. Do lado oposto, os plebeus, que apesar de habitarem a cidade, não participavam da organização política. Queiram ou não os preconceituosos, somos todos irmãos e com as mesmas necessidades. Falta é elevação mental suficiente para perceber esta realidade, mas que uma juventude melhor que a atual haverá de reconhecer. Inté.