domingo, 13 de agosto de 2017

ARENGA 445


O que há de melhor a fazer aqueles que se preocupam com o futuro dos filhos é refletir sobre uma realidade inexplicavelmente aceita por se tratar de grande burrada esse negócio de deixar que falsos líderes sejam responsáveis pelo destino de seus filhos. Não é mais permitido a ninguém ignorar que a administração pública foi tão desviada de suas finalidades que nada mais justifica sua presença nos moldes como é exercida por não serem aqueles para os quais foi estabelecida e que podem ser resumidos na responsabilidade de cuidar para que seja devolvido à sociedade em serviços o total dos recursos apurados com arrecadação de impostos, coisa que não ocorre em absolutamente nenhum governo no mundo. Aqueles governos nos quais o povo se acredita em posição cômoda, o que fizeram na verdade foi espoliar outros povos de modo tão brutal que atraíram para seus governados a ira dos espoliados, e agora não podem dormir sossegados com medo de inimigo à espreita. Do desvirtuamento da finalidade da administração pública resulta um vazio administrativo que estranhamente não parece interessar aos prejudicados preencher. Se a princípio a recusa de querer ver as coisas em ordem e as instituições cumprindo seu dever de administrar com dignidade possa parecer estranho, na realidade não é. Para se entender o motivo pelo qual as pessoas só se interessarem pelo futuro no que diz respeito a dinheiro é preciso considerar a influência dos meios de comunicação sobre o comportamento destas pessoas. Sendo assunto da maior importância social a realidade de ser a imprensa que molda o comportamento humano, precisa tal assunto ser pisado, repisado, esmiuçado e remoído à exaustão porque o comportamento resultante da orientação dada pelos meios de comunicação só tem trazido desarmonia e infelicidade, razão de sobra para se fazer necessário investigar o papel da imprensa na sociedade. O futebolês, idioma que nessa pátria desamada concorre em igualdade com o inglês, define com perfeição o papel da imprensa no cenário político do qual resulta o caos atual e um futuro semelhante ao inferno de Dante para as crianças de hoje porque a imprensa não joga o jogo da necessária mudança para uma nova cultura que substitua esta velha e defasada cultura produtora de infelicidades ao colocar as pessoas umas contra as outras por força do levar vantagem enraizado na personalidade formada sob o jugo dos meios de comunicação que fazem parecer normais coisas inteiramente contra os princípios que regem vida coletiva tais como a necessidade desnecessária de comprar e a agiotagem do sistema financeiro. Mas, se não joga, a imprensa levanta a bola para ser jogado o jogo da mudança, embora como parte do grupinho dono do melhor quinhão daquilo que a vida oferece, sua atuação seja pela manutenção da situação atual na qual lhe é garantido participar da divisão desonesta do erário. Porém, como formadora de comportamento, é inaceitável que ela não se dedique à implantação de um sistema social isento de injustiça por estar interessada em participar do esquartejamento do erário. Significativa fatia do bolo de Delfim Neto vai para a grande imprensa. Quando surge algum jornalzinho metido a besta de querer se insurgir contra os desmandos, a exemplo do Pasquim, Opinião, Movimento, Tribuna da Imprensa, e outros, não só são forçados a desaparecer, mas também perseguidos seus jornalistas até à morte a exemplo de Rubens Paiva e Vladmir Herzog.

Desta forma, sendo a imprensa que faz a cabeça das pessoas, e estando ela por motivos de interesses pessoais de seus proprietários conservadores a manutenção do estado atual de desordem que os beneficia e que os faz sentirem-se a cômodo nesta situação de desordem na qual vão para poucas mãos os recursos que a todos devem servir. É por isso que a imprensa se limita a noticiar crimes sem nem de longe pensar em admitir que a causa dos crimes é justamente o inexplicável e socialmente condenável ajuntamento da riqueza num só lugar, deixando ao léu os demais lugares. A importância do dinheiro é tão grande para a sociedade que dele depende a vida de cada um. Desta maneira, torna-se descabida a prática de não haver dinheiro em todos os lugares onde haja vida. Se a imprensa finge desconhecer esta realidade é por não jogar no jogo da virada para uma sociedade civilizada, o que fica evidente no fato de ser a responsável pela criação, manutenção e distribuição do pão e circo cuja última encenação é o estardalhaço sobre a festança que iluminou a Torre Eiffel para recepcionar um jogador de futebola, peça de grande importância na máquina de desviar a atenção da política para que os jogadores do jogo da corrupção possam jogar sem marcação. Entretanto, se a imprensa não joga no jogo da mudança a ser implantada quando a juventude se alfabetizar politicamente, por força da sua atividade de informar a imprensa levanta a bola para o povo jogar quando leva a conhecimento público uma situação inusitada quanto a de uma administração pública exercida para prejudicar a sociedade que administra. Se o povo não joga o jogo que resgatará de um futuro incerto para outro futuro com chance de normalidade para seus descendentes é por não querer jogar. Mas que a bola foi levantada, isso foi. E foi porque a ninguém é dado ser apenas espectador de situações assim por conta da roubalheira: estados falidos e seus funcionários dependendo de caridade para não passar fome; liberação de três bilhões de reais para campanhas eleitorais; ataques de jovens ensandecidos sobre jovens distraídos; explosões de bombas das quais resultam mortos e feridos; a existência de mais de três dezenas de aglomerações parasitárias com o nome de partidos políticos e as mais de três dezenas de aglomerações destinadas a abrigar encobertadores das irregularidades praticados pelos chefes de governo, denominadas ministérios; crimes contra o patrimônio fazem uma vítima em SP a cada 30 segundos. Por enquanto, a percepção da necessidade de mudança chega apenas à sensibilidade de poetas como Wilson Souto nos seguintes versos denominados DISTRITÃO:
É orçamento que extrapola,
Ética que à fraude embola,
E a gangue quer outra meta,
É mudar a regra do jogo,
As leis? Jogarão no fogo...
E a mutreta se completa.
 

Vão criar um DISTRITÃO,
Que só interessa a ladrão,
Sem querer perder a teta,
Dá nojo, asco, ojeriza,
Merecem mesmo uma pisa...

Ou o espeto do capeta.

Ao levar ao público o conhecimento de ter falido a administração pública, a imprensa leva junto o antídoto para seu próprio veneno, o analfabetismo político, que tanto serve às peripécias das malandragens daqueles que se escondem atrás dos cargos de administradores públicos, peripécias estas que muito beneficiam a grande imprensa que vai abocanhar grande parte daquela fortuna que o governo destinou às eleições. O efeito do antídoto contra o veneno que faz abaixar o cangote para receber a canga já pode ser percebido na impossibilidade de poderem os deputados aparecer em público sem serem apupados com ovos, vaias e sopapos, principalmente nos aeroportos, o que inutiliza a tática que passaram a usar de voar em aviões da FAB porque os aviões não podem parar senão nos aeroportos. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

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