O que há de
melhor a fazer aqueles que se preocupam com o futuro dos filhos é refletir
sobre uma realidade inexplicavelmente aceita por se tratar de grande burrada
esse negócio de deixar que falsos líderes sejam responsáveis pelo destino de
seus filhos. Não é mais permitido a ninguém ignorar que a administração pública
foi tão desviada de suas finalidades que nada mais justifica sua presença nos
moldes como é exercida por não serem aqueles para os quais foi estabelecida e
que podem ser resumidos na responsabilidade de cuidar para que seja devolvido à
sociedade em serviços o total dos recursos apurados com arrecadação de impostos,
coisa que não ocorre em absolutamente nenhum governo no mundo. Aqueles governos
nos quais o povo se acredita em posição cômoda, o que fizeram na verdade foi
espoliar outros povos de modo tão brutal que atraíram para seus governados a
ira dos espoliados, e agora não podem dormir sossegados com medo de inimigo à
espreita. Do desvirtuamento da finalidade da administração pública resulta um
vazio administrativo que estranhamente não parece interessar aos prejudicados
preencher. Se a princípio a recusa de querer ver as coisas em ordem e as
instituições cumprindo seu dever de administrar com dignidade possa parecer
estranho, na realidade não é. Para se entender o motivo pelo qual as pessoas só
se interessarem pelo futuro no que diz respeito a dinheiro é preciso considerar
a influência dos meios de comunicação sobre o comportamento destas pessoas. Sendo
assunto da maior importância social a realidade de ser a imprensa que molda o
comportamento humano, precisa tal assunto ser pisado, repisado, esmiuçado e
remoído à exaustão porque o comportamento resultante da orientação dada pelos meios
de comunicação só tem trazido desarmonia e infelicidade, razão de sobra para se
fazer necessário investigar o papel da imprensa na sociedade. O futebolês,
idioma que nessa pátria desamada concorre em igualdade com o inglês, define com
perfeição o papel da imprensa no cenário político do qual resulta o caos atual
e um futuro semelhante ao inferno de Dante para as crianças de hoje porque a
imprensa não joga o jogo da necessária mudança para uma nova cultura que
substitua esta velha e defasada cultura produtora de infelicidades ao colocar
as pessoas umas contra as outras por força do levar vantagem enraizado na
personalidade formada sob o jugo dos meios de comunicação que fazem parecer
normais coisas inteiramente contra os princípios que regem vida coletiva tais
como a necessidade desnecessária de comprar e a agiotagem do sistema
financeiro. Mas, se não joga, a imprensa levanta a bola para ser jogado o jogo
da mudança, embora como parte do grupinho dono do melhor quinhão daquilo que a
vida oferece, sua atuação seja pela manutenção da situação atual na qual lhe é garantido
participar da divisão desonesta do erário. Porém, como formadora de
comportamento, é inaceitável que ela não se dedique à implantação de um sistema
social isento de injustiça por estar interessada em participar do
esquartejamento do erário. Significativa fatia do bolo de Delfim Neto vai para
a grande imprensa. Quando surge algum jornalzinho metido a besta de querer se
insurgir contra os desmandos, a exemplo do Pasquim, Opinião, Movimento, Tribuna
da Imprensa, e outros, não só são forçados a desaparecer, mas também
perseguidos seus jornalistas até à morte a exemplo de Rubens Paiva e Vladmir
Herzog.
Desta
forma, sendo a imprensa que faz a cabeça das pessoas, e estando ela por motivos
de interesses pessoais de seus proprietários conservadores a manutenção do
estado atual de desordem que os beneficia e que os faz sentirem-se a cômodo nesta
situação de desordem na qual vão para poucas mãos os recursos que a todos devem
servir. É por isso que a imprensa se limita a noticiar crimes sem nem de longe
pensar em admitir que a causa dos crimes é justamente o inexplicável e
socialmente condenável ajuntamento da riqueza num só lugar, deixando ao léu os
demais lugares. A importância do dinheiro é tão grande para a sociedade que
dele depende a vida de cada um. Desta maneira, torna-se descabida a prática de
não haver dinheiro em todos os lugares onde haja vida. Se a imprensa finge
desconhecer esta realidade é por não jogar no jogo da virada para uma sociedade
civilizada, o que fica evidente no fato de ser a responsável pela criação,
manutenção e distribuição do pão e circo cuja última encenação é o estardalhaço
sobre a festança que iluminou a Torre Eiffel para recepcionar um jogador de
futebola, peça de grande importância na máquina de desviar a atenção da
política para que os jogadores do jogo da corrupção possam jogar sem marcação.
Entretanto, se a imprensa não joga no jogo da mudança a ser implantada quando a
juventude se alfabetizar politicamente, por força da sua atividade de informar
a imprensa levanta a bola para o povo jogar quando leva a conhecimento público uma
situação inusitada quanto a de uma administração pública exercida para
prejudicar a sociedade que administra. Se o povo não joga o jogo que resgatará
de um futuro incerto para outro futuro com chance de normalidade para seus
descendentes é por não querer jogar. Mas que a bola foi levantada, isso foi. E
foi porque a ninguém é dado ser apenas espectador de situações assim por conta
da roubalheira: estados falidos e seus
funcionários dependendo de caridade para não passar fome; liberação de três
bilhões de reais para campanhas eleitorais; ataques de jovens ensandecidos
sobre jovens distraídos; explosões de bombas das quais resultam mortos e
feridos; a existência de mais de três dezenas de aglomerações parasitárias com
o nome de partidos políticos e as mais de três dezenas de aglomerações
destinadas a abrigar encobertadores das irregularidades praticados pelos chefes
de governo, denominadas ministérios; crimes contra o patrimônio fazem uma
vítima em SP a cada 30 segundos. Por enquanto, a percepção da necessidade
de mudança chega apenas à sensibilidade de poetas como Wilson Souto nos
seguintes versos denominados DISTRITÃO:
É orçamento que extrapola,Ética que à fraude embola,
E a gangue quer outra meta,
É mudar a regra do jogo,
As leis? Jogarão no fogo...
E a mutreta se completa.
Vão criar um DISTRITÃO,
Que só interessa a ladrão,
Sem querer perder a teta,
Dá nojo, asco, ojeriza,
Merecem mesmo uma pisa...
Ou o espeto do capeta.
Ao levar ao
público o conhecimento de ter falido a administração pública, a imprensa leva
junto o antídoto para seu próprio veneno, o analfabetismo político, que tanto
serve às peripécias das malandragens daqueles que se escondem atrás dos cargos
de administradores públicos, peripécias estas que muito beneficiam a grande
imprensa que vai abocanhar grande parte daquela fortuna que o governo destinou
às eleições. O efeito do antídoto contra o veneno que faz abaixar o cangote
para receber a canga já pode ser percebido na impossibilidade de poderem os
deputados aparecer em público sem serem apupados com ovos, vaias e sopapos,
principalmente nos aeroportos, o que inutiliza a tática que passaram a usar de
voar em aviões da FAB porque os aviões não podem parar senão nos aeroportos.
Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário