Tirando
fora as atividades de enfiar comida por cima e despejar por baixo, amorcegar
nos corrimãos dos coletivos para atender ao apito da fábrica, amar Deus e pipoco
de bomba, fora destas atividades sobra para o elemento povo apenas a serventia
de ser obediente aos meios de comunicação. Povo é constituído de pessoas cujo
desenvolvimento mental recusou acompanhar o desenvolvimento físico e permaneceu
na infantilidade. A princípio, pode até parecer haver sabedoria em ter mentalidade
infantil uma vez que as crianças estão imunes às preocupações com a realidade
da vida. Tal suposição, entretanto, é falsa porque a realidade da vida chega
independentemente das preocupações. Assim, faz-se necessário amadurecer para participar
com eficiência do mundo da política porque é exclusivamente ele o responsável
pela qualidade de vida. Mas as pessoas estão tão distantes desta realidade que
até mesmo entre aquelas pessoas do povo cuja percepção das coisas da vida as
leva a manifestarem-se sobre assuntos políticos, o que as distingue da massa
bruta de povo, como, por exemplo, leitores de jornais, não obstante o
esclarecimento emitem opiniões que demonstram infantilidade, realidade que
aparece, por exemplo, ao se deparar com o caderno Painel do Leitor do jornal
Folha de São Paulo, seção do jornal destinada às opiniões dos leitores,
portanto, opiniões de pessoas capazes da percepção da importância da política
em nossas vidas. Entretanto, tais opiniões demonstram grande distância do que
realmente ocorre no mundo da política. Tomando por exemplo os acontecimentos da
Venezuela, três comentaristas disseram o seguinte:
“Também considero que a Venezuela já
"descambou" para a ditadura há algum tempo. Também entendo que essa
mudança de status quo é complicada e tem profundas implicações, não podendo ser
objeto de briguinhas ideológicas. Fora da democracia, só existe o arbítrio”.
“Está correta a Folha, só um pouco atrasada. A Venezuela é uma ditadura, e não é
de hoje”.
“De acordo com o "Manual da Redação", a Folha passa a designar o regime de
Nicolás Maduro como ditadura. Por que não designar, então, o governo Temer como
golpista?”.
Estas
opiniões passam a anos luz de um desenvolvimento mental capaz de conduzir as
sociedades à civilização porque nem de longe tocam na questão primordial da
desorganização da qual resulta a infelicidade humana, desorganização esta que
provém da deturpação da política vigente no mundo, razão pela qual em vez de se
focar atenções sobre a defasada e cansada política atual, comportamento
adequado é voltar as atenções para uma nova política, uma política sem os obscuros
subterfúgios considerados necessários pela corrupção na administração pública
exercida no sentido contrário do interesse da população. É uma situação tão
extravagante quanto a situação de uma empresa privada na qual de seus
proprietários fossem escondidas as decisões tomadas a respeito da atuação de
seus dirigentes. Faz-se necessário uma política que ao contrário das
artimanhas, seja exercida com pleno conhecimento coletivo sobre as atividades
de seus executores. Uma política que vise o esclarecimento político das
populações em vez do analfabetismo político fomentado pelo pão e circo,
integrado inclusive pela religiosidade. O mundo carece de uma política exercida
por homens probos, cuja probidade além de real, precisa estar à toda prova. Uma
política que desperte por ela o mesmo interesse desperdiçado pela religião.
Enfim, uma política exercida com honestidade suficiente para dispensar o pão e
circo.
Mas mesmo
às pessoas interessadas em política escapa a realidade de ser a política, em
qualquer parte do mundo, exercida contra o povo, realidade palpável pelo fato
de ter sido o povo transformado pela política num drone manuseado pelos meios
de comunicação manuseados pelo grupinho de um por cento da população que
escraviza noventa e nove por cento da população. É infantilidade considerar
democracia como contraponto para a ditadura como fazem os comentaristas do
Painel do Leitor porque nos moldes da política atual a democracia é nada mais
que uma forma de ditadura, a ditadura do capital que escraviza através do
instituto do emprego, maldição renegada na frase de grande sabedoria do poeta
Elomar Figueira quando afirma seu ideal de não ser empregado nem patrão. É a
necessidade de emprego a razão para a existência da prostituição da consciência
de pessoas que por troca da necessária manutenção da família, interfere na
mente dos seres humanos induzindo-os a aceitarem como boas, coisas nocivas como
a atividade dos bancos e do agribiuzinesse, atividades inteiramente antissociais
por prejudicar a sociedade em benefício dos avarentos e inescrupulosos
integrantes do grupinho antissocial de um por cento que se orgulha de sua
ignorância de possuir noventa e nove por cento da riqueza do mundo, o que lhe
trará algum dia os mesmos problemas que tiveram de enfrentar os nobres na época
da Revolução Francesa. Nada, absolutamente nada, mudará até haver um povo para
o qual o sentido de refinamento social, em vez de significar conhecimentos medíocres
sobre requintes de comportamento à mesa, qual o vinho adequado para determinado
prato ou o talher que se deve usar para peixe ou carne, enfim, um povo capaz de
entender refinamento social como uma elevação espiritual da qual resultem comportamentos
compatíveis com um modo coletivo de vida, por ser o único possível num mundo
que abriga mais de sete bilhões de pessoas no qual hão há espaço para o egoísmo
da individualidade. O único caminho para a humanidade é o caminho da
sociabilidade que tem a ver com irmandade, e não com frescura.
A questão
do emprego é de importância vital para o futuro da humanidade. Nela se reflete
melhor a falta de sintonia com a realidade, estando mais para a mediocridade de
fechar os olhos para o perigo como faz o avestruz que acredita estar a salvo
por não ver o perigo que o ameaça. É uma falsidade do tamanho do mundo
considerar o emprego como base de estabilidade social. Além de ser impossível
haver emprego para todos os seres humanos, a tecnologia de fabricar dinheiro os
suprime, como mostra esta notícia no jornal Folha de São Paulo: “Robôs podem ocupar metade dos postos de
trabalho, diz pesquisa, o que reduziria o emprego menos qualificado e elevaria
a produtividade”. Outra inconsistência do emprego é que sua necessidade, nunca
é demais repetir, transforma o empregado de tal forma dependente que ele
defende de com todas as forças a situação que lhe garante um emprego, por mais
absurda que seja. Não pode ser outro o motivo pelo qual mestres graduados pelas
mais requintadas universidades do mundo, como os professores Gary Allen e Larry
Abraham, dizem na página 39 do livro Política, Ideologia e Conspirações, da
Faro Editora, que “o comunismo não é um
movimento das massas oprimidas, mas um movimento criado, manipulado e usado por
bilionários famintos de poder para passar a controlar o mundo”. Ora, tal
afirmação não tem outra finalidade que não engrossar o mar das confusões que
visam impedir o surgimento da realidade de ser ora de surgir no horizonte uma
nova forma de vida. Não faz sentido dizer que os bilionários desejam controlar
o mundo porque são eles que o controlam. A Operação Lava Jato está mostrando
esta realidade, que, aliás, existe desde que o mundo é mundo. Os próprios
autores do livro citado confirmam a soberania dos ricos quando dizem o seguinte
nas páginas 35 e 36: “Um artigo
publicado pela North American Newspaper Alliance em agosto de 1967 revela que
os membros da família Rockefeller, apesar de sua enorme riqueza, na realidade
não pagam imposto de renda. O artigo revela que um deles pagou o enorme total
de 685 dólares de imposto de renda em um ano recente. Os Kennedy são donos do Merchandise Mart de Chicago, de mansões, iates,
aviões, tudo propriedade de uma miríade de funções e trustes familiares.
Imposto é para peão!”
A confusão
reinante demonstra o fim da presente era pela inconsistência de ser
fundamentada em irrealidades entre as quais mestres das melhores universidades
do mundo, mesmo diante da realidade irrefutável de ter sido o mundo tornado
propriedade privada de poucos em detrimento dos outros seres humanos, recusam-se
a reconhecer tal situação e afirmam que eles, os ricos, estão pretendendo ser
donos do mundo, quando já o são, motivo da miséria humana. Para engrossar o
caldo das confusões que levarão à exaustão a atual sociedade humana por conta
de sua mediocridade, os eruditos escritores admitem na página 36 a
possibilidade de serem os problemas sociais solucionados se os ricos doassem
suas riquezas aos pobres, afirmando não haver nenhuma lei que impeça os ricos
de doarem sua riqueza aos aflitos pela pobreza. Ora, isto beira à estultice
porque problemas sociais se resolvem com política e não com esmola. Como se vê,
o mundo padece por não ter coragem de encarar a realidade e viver falsidades
tão berrantes quanto elevar párias sociais à categoria de excelências, famosos
e celebridades. Inté.
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