segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ARENGA 443


Tirando fora as atividades de enfiar comida por cima e despejar por baixo, amorcegar nos corrimãos dos coletivos para atender ao apito da fábrica, amar Deus e pipoco de bomba, fora destas atividades sobra para o elemento povo apenas a serventia de ser obediente aos meios de comunicação. Povo é constituído de pessoas cujo desenvolvimento mental recusou acompanhar o desenvolvimento físico e permaneceu na infantilidade. A princípio, pode até parecer haver sabedoria em ter mentalidade infantil uma vez que as crianças estão imunes às preocupações com a realidade da vida. Tal suposição, entretanto, é falsa porque a realidade da vida chega independentemente das preocupações. Assim, faz-se necessário amadurecer para participar com eficiência do mundo da política porque é exclusivamente ele o responsável pela qualidade de vida. Mas as pessoas estão tão distantes desta realidade que até mesmo entre aquelas pessoas do povo cuja percepção das coisas da vida as leva a manifestarem-se sobre assuntos políticos, o que as distingue da massa bruta de povo, como, por exemplo, leitores de jornais, não obstante o esclarecimento emitem opiniões que demonstram infantilidade, realidade que aparece, por exemplo, ao se deparar com o caderno Painel do Leitor do jornal Folha de São Paulo, seção do jornal destinada às opiniões dos leitores, portanto, opiniões de pessoas capazes da percepção da importância da política em nossas vidas. Entretanto, tais opiniões demonstram grande distância do que realmente ocorre no mundo da política. Tomando por exemplo os acontecimentos da Venezuela, três comentaristas disseram o seguinte:

“Também considero que a Venezuela já "descambou" para a ditadura há algum tempo. Também entendo que essa mudança de status quo é complicada e tem profundas implicações, não podendo ser objeto de briguinhas ideológicas. Fora da democracia, só existe o arbítrio”.

“Está correta a Folha, só um pouco atrasada. A Venezuela é uma ditadura, e não é de hoje”.

“De acordo com o "Manual da Redação", a Folha passa a designar o regime de Nicolás Maduro como ditadura. Por que não designar, então, o governo Temer como golpista?”.

Estas opiniões passam a anos luz de um desenvolvimento mental capaz de conduzir as sociedades à civilização porque nem de longe tocam na questão primordial da desorganização da qual resulta a infelicidade humana, desorganização esta que provém da deturpação da política vigente no mundo, razão pela qual em vez de se focar atenções sobre a defasada e cansada política atual, comportamento adequado é voltar as atenções para uma nova política, uma política sem os obscuros subterfúgios considerados necessários pela corrupção na administração pública exercida no sentido contrário do interesse da população. É uma situação tão extravagante quanto a situação de uma empresa privada na qual de seus proprietários fossem escondidas as decisões tomadas a respeito da atuação de seus dirigentes. Faz-se necessário uma política que ao contrário das artimanhas, seja exercida com pleno conhecimento coletivo sobre as atividades de seus executores. Uma política que vise o esclarecimento político das populações em vez do analfabetismo político fomentado pelo pão e circo, integrado inclusive pela religiosidade. O mundo carece de uma política exercida por homens probos, cuja probidade além de real, precisa estar à toda prova. Uma política que desperte por ela o mesmo interesse desperdiçado pela religião. Enfim, uma política exercida com honestidade suficiente para dispensar o pão e circo.

Mas mesmo às pessoas interessadas em política escapa a realidade de ser a política, em qualquer parte do mundo, exercida contra o povo, realidade palpável pelo fato de ter sido o povo transformado pela política num drone manuseado pelos meios de comunicação manuseados pelo grupinho de um por cento da população que escraviza noventa e nove por cento da população. É infantilidade considerar democracia como contraponto para a ditadura como fazem os comentaristas do Painel do Leitor porque nos moldes da política atual a democracia é nada mais que uma forma de ditadura, a ditadura do capital que escraviza através do instituto do emprego, maldição renegada na frase de grande sabedoria do poeta Elomar Figueira quando afirma seu ideal de não ser empregado nem patrão. É a necessidade de emprego a razão para a existência da prostituição da consciência de pessoas que por troca da necessária manutenção da família, interfere na mente dos seres humanos induzindo-os a aceitarem como boas, coisas nocivas como a atividade dos bancos e do agribiuzinesse, atividades inteiramente antissociais por prejudicar a sociedade em benefício dos avarentos e inescrupulosos integrantes do grupinho antissocial de um por cento que se orgulha de sua ignorância de possuir noventa e nove por cento da riqueza do mundo, o que lhe trará algum dia os mesmos problemas que tiveram de enfrentar os nobres na época da Revolução Francesa. Nada, absolutamente nada, mudará até haver um povo para o qual o sentido de refinamento social, em vez de significar conhecimentos medíocres sobre requintes de comportamento à mesa, qual o vinho adequado para determinado prato ou o talher que se deve usar para peixe ou carne, enfim, um povo capaz de entender refinamento social como uma elevação espiritual da qual resultem comportamentos compatíveis com um modo coletivo de vida, por ser o único possível num mundo que abriga mais de sete bilhões de pessoas no qual hão há espaço para o egoísmo da individualidade. O único caminho para a humanidade é o caminho da sociabilidade que tem a ver com irmandade, e não com frescura.

A questão do emprego é de importância vital para o futuro da humanidade. Nela se reflete melhor a falta de sintonia com a realidade, estando mais para a mediocridade de fechar os olhos para o perigo como faz o avestruz que acredita estar a salvo por não ver o perigo que o ameaça. É uma falsidade do tamanho do mundo considerar o emprego como base de estabilidade social. Além de ser impossível haver emprego para todos os seres humanos, a tecnologia de fabricar dinheiro os suprime, como mostra esta notícia no jornal Folha de São Paulo: “Robôs podem ocupar metade dos postos de trabalho, diz pesquisa, o que reduziria o emprego menos qualificado e elevaria a produtividade”. Outra inconsistência do emprego é que sua necessidade, nunca é demais repetir, transforma o empregado de tal forma dependente que ele defende de com todas as forças a situação que lhe garante um emprego, por mais absurda que seja. Não pode ser outro o motivo pelo qual mestres graduados pelas mais requintadas universidades do mundo, como os professores Gary Allen e Larry Abraham, dizem na página 39 do livro Política, Ideologia e Conspirações, da Faro Editora, que “o comunismo não é um movimento das massas oprimidas, mas um movimento criado, manipulado e usado por bilionários famintos de poder para passar a controlar o mundo”. Ora, tal afirmação não tem outra finalidade que não engrossar o mar das confusões que visam impedir o surgimento da realidade de ser ora de surgir no horizonte uma nova forma de vida. Não faz sentido dizer que os bilionários desejam controlar o mundo porque são eles que o controlam. A Operação Lava Jato está mostrando esta realidade, que, aliás, existe desde que o mundo é mundo. Os próprios autores do livro citado confirmam a soberania dos ricos quando dizem o seguinte nas páginas 35 e 36: “Um artigo publicado pela North American Newspaper Alliance em agosto de 1967 revela que os membros da família Rockefeller, apesar de sua enorme riqueza, na realidade não pagam imposto de renda. O artigo revela que um deles pagou o enorme total de 685 dólares de imposto de renda em um ano recente. Os Kennedy são donos do Merchandise Mart de Chicago, de mansões, iates, aviões, tudo propriedade de uma miríade de funções e trustes familiares. Imposto é para peão!”

A confusão reinante demonstra o fim da presente era pela inconsistência de ser fundamentada em irrealidades entre as quais mestres das melhores universidades do mundo, mesmo diante da realidade irrefutável de ter sido o mundo tornado propriedade privada de poucos em detrimento dos outros seres humanos, recusam-se a reconhecer tal situação e afirmam que eles, os ricos, estão pretendendo ser donos do mundo, quando já o são, motivo da miséria humana. Para engrossar o caldo das confusões que levarão à exaustão a atual sociedade humana por conta de sua mediocridade, os eruditos escritores admitem na página 36 a possibilidade de serem os problemas sociais solucionados se os ricos doassem suas riquezas aos pobres, afirmando não haver nenhuma lei que impeça os ricos de doarem sua riqueza aos aflitos pela pobreza. Ora, isto beira à estultice porque problemas sociais se resolvem com política e não com esmola. Como se vê, o mundo padece por não ter coragem de encarar a realidade e viver falsidades tão berrantes quanto elevar párias sociais à categoria de excelências, famosos e celebridades. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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