quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ARENGA 442

Qual será o futuro de uma juventude cuja sociedade dá origem a notícias desse tipo?
3        Muro que separa turistas de moradores da Vila Esperança tem 3 metros de altura, 25 centímetros de espessura e 1 quilômetro de extensão na rodovia dos Imigrantes.
5  -  Após virar ministro, Meirelles recebeu 50 milhões no exterior, diz site   -    De acordo com reportagem do BuzzFeed, ele também recebeu 167 milhões pouco antes de assumir. Recursos vieram de clientes como a J&F, de Joesley Batista.  -  Três meses antes de assumir o mais alto posto da economia brasileira, Henrique Meirelles recebeu 167 milhões de reais em contas que mantinha no exterior e que foram usadas para pagamentos por serviços prestados por sua empresa de consultoria, a HM&A. Entre os grandes clientes está a J&F, de Joesley Batista. Após quatro meses no cargo de ministro da Fazenda, foram mais 50 milhões de reais depositados nas contas no exterior. 
5  -  Sem dinheiro, estado do Rio perde reforço de 4 mil policiais -   A unidade da federação que já contabiliza a morte de 91 policiais em 2017, tem 4 mil agentes de segurança aprovados em um concurso de 2014 que ainda não chegara às ruas porque o estado não tem dinheiro para treiná-los.
6  -  Deputado Wladimir Costa faz tatuagem com o nome de Michel Temer "Temer é um trilhão de vezes melhor que vagabundos socialistas.
Mas então, é nas mãos de tipos assim que os jovens deixam o destino de seus filhos enquanto correm atrás de um diploma que lhes possibilite ganhar o dinheiro que terá o destino mostrado nas notícias? O que leva as pessoas a não se ligarem na situação de sua sociedade a ponto de ter deputado ridículo bastante para gravar no corpo o nome de homem e tão socialmente míope que confunde socialismo com a politicagem de que participa, desconhecendo que o socialismo está implícito no próprio conceito de sociedade, uma vez que toda sociedade exige a participação de seus integrantes? Se a sociedade humana é infeliz, deve esta infelicidade ao individualismo próprio de idiotas, termo como que os gregos antigos se referiam aos indiferentes aos assuntos pertinentes à sociedade.
Falta um elo de união entre o ser humano e sua sociedade porque nenhuma ligação fazem os indivíduos entre sua pessoa e a sociedade, o que equivale a abdicar da paz espiritual e a satisfação interior de cada um, como deve ser compreendido o conceito de felicidade, impossível de ser alcançada numa sociedade conturbada. Erra fragorosamente quem entrega seu destino a cargo de analfabetos políticos além de desordeiros travestidos de autoridades. E as pessoas agem desta maneira absurdo a fim de lhes dobrar tempo para cuidar da vida particular, o que é uma bobagem muito grande porquanto cuidar do social é tão importante quando cuidar da individualidade. Apesar de imprescindíveis os bens materiais, eles perderão o sentido quando o passar do tempo trouxer a incapacidade de agir fisicamente, quando, então, a espiritualidade encontrada nos pensamentos serão as únicas coisas a ocuparem a atividade, fase da vida em que o conhecimento é mais importante do que o enriquecimento. É algo de muito interessante observar como as pessoas se acham eternas, pensando que terão energia para sempre. A ninguém ocorre ficar sem poder trabalhar, de se locomover, de ir ao banco, de cuidar de dinheiro, ainda que vendo ao lado pessoas desprovidas até mesmo da privacidade de sua higiene íntima. Enorme distância separa os seres humanos da realidade de que a vida social é tão importante quanto a vida individual, merecendo, pois, a sociedade, a mesma atenção dispensada à vida individual, principalmente por parte da juventude que herdará o resultado do presente.
A declaração do doutor Sergio Moro de que os políticos não têm interesse em combater a corrupção e faltar um discurso mais vigoroso da classe política nesse sentido é algo de estarrecedor do ponto de vista da saúde social uma vez que na atual conjuntura, a sociedade é administrada exclusivamente pelos políticos. Se os responsáveis pela sociedade não têm interesse em combater a corrupção, como realmente não têm, evidente fica o fracasso de administração pública vigente porque se aos executores da política interessa a corrupção, nesse caso, será a institucionalização do banditismo como mostram as notícias da imprensa, o que ocorre em função da cultura do enriquecimento a qualquer preço, enraizada na alma dos seres humanos, o que leva à prática de corrupção todo aquele que detém algum poder. Uma vez implantada a cultura da vantagem de ser rico, esta cultura tornou a riqueza uma necessidade, e esta necessidade deu origem à corrupção uma vez que não se pode ser rico honestamente. O próprio trabalho da Operação Lava Jato tem demonstrado como se fazem as grandes fortunas. Portanto, o que se diz a respeito de solução para os problemas que afligem não só nossa sociedade de idiotas, mas também a sociedade humana, pode ser descartado como inútil porque os seres humanos serão eternamente infelizes enquanto depositar na riqueza a esperança de viver bem, cultura que orientou o comportamento humano desde que se tem notícia de sociedades humanas. É chegado o momento de uma nova cultura despontar no horizonte a fim de se poder ter esperança em tempos menos piores. A história da humanidade está a iniciar uma nova fase. O medo de mudar para o novo, característica do comportamento dos seres vivos, dará lugar à coragem diante da ameaça de iminente perigo permanecendo como está. É chegada a hora de reconhecer estar falido o modelo de vida escolhido pelos dirigentes do mundo, a começar pelo absurdo de apenas alguns gatos pingados serem juízes da humanidade, o que é uma forma de corrupção porque esses poucos com poder de mando sobre muitos têm usado desse poder para explorar o trabalho daqueles a fim de satisfazer a necessidade na verdade desnecessária de produzir para eles a riqueza que acreditam necessitar, por força da cultura do enriquecimento que já deu provas suficientes de sua antissocialidade. Já sopram novos ventos trazendo a realidade de ser erro grosseiro uma sociedade na qual poucos possam esbanjar riqueza ao lado de muitos esbanjando pobreza. Esta cultura mumificada persiste por força da dificuldade de se trocar por novas as ideias enraizadas, ainda que falsas. Com O Mito da Caverna, Platão mostrou esta realidade irrefutável. Para a reviravolta da qual resultará uma sociedade menos infeliz, uma vez que ser totalmente feliz é ilusão própria da velha sociedade, só falta que a juventude perceba, e isto acontecerá mais cedo ou mais tarde, a necessidade de transferir sua atenção para uma política de bem-estar social. Para tanto, faz-se necessário eliminar a “frouxidão” nas normas de comportamento impostas pelo direito por não ser ele, o direito, uma ciência exata, como mencionou o doutor Moro. As normas de direito precisam acima de tudo ser exatas e rigorosas no que diz respeito à preservação e ao resguardo dos interesses da sociedade. Agredir a harmonia social tem que resultar necessariamente em eficaz reparação com a retirada do agressor do convívio social e ressarcimento dos danos causados à coletividade. Esta é a única maneira de se reverter a cultura do enriquecimento às custas do desassossego social. Está muito errado quem conquistou um lugarzinho que imagina cômodo numa sociedade em polvorosa por ser impossível haver algum oásis de sossego em meio à uma guerra. Os defensores desse tipo de sociedade com um por cento da população escravizando o resto são tão inocente que nem mesmo sabem estar entre os escravizados.
A única maneira de se encontrar meio menos desinteligente de vida é trocando por novas as mentalidades bolorentas que infelizmente ditam as regras para uma juventude conformada e submissa a tais regras. O que se diz a título de solução para os problemas representam nada mais do que a necessidade de fazer crer estar trabalhando. Quando o general chefe do nosso exército afirma que as próximas eleições trarão normalidade ao caos político, está apenas tentando mostrar serviço porque os futuros eleitos não serão diferentes dos atuais, representantes de interesses antissociais dos grandes empresários, realidade que a Lava Jato trouxe à tona, mas que encontrava escondida debaixo dos panos. Agora que apareceu, não há nada a esperar de novas eleições porque a chave do cofre onde se encontram as soluções para todos os problemas continuará nas mãos de falsos líderes para cujos princípios morais, ao contrário de homens honrados, têm por fundamento a desonestidade de usarem dos cargos públicos para se locupletarem. Sempre foi assim e assim será sob a orientação das ideias ultrapassadas que uma juventude mentalmente sadia varrerá para os quintos dos infernos. Na página 45 do livro Histórias da Gente Brasileira, de Mary Del Priore, consta o seguinte: “Quando d. Pedro I, ainda na qualidade de regente português, cruzou o Vale a caminho da capital da província de São Paulo, as fazendas de café já impressionavam. Por exemplo, a do capitão das Ordenanças de Baependi, Hilário Gomes Nogueira, de velha família mineira, que abriu as portas para receber a comitiva do príncipe, em suas terras onde desabrochavam cafezais, trigais e plantações de anil. Só no ano de 1822, na sua fazenda de São João Marcos, Hilário colheu 500 arrobas de café, exportando-as para a corte. Era dono de oitenta e seis escravos que cultivavam milho, arroz, feijão e criavam porcos para o comércio de toucinho. Num outeiro, voltado para o levante e protegido do vento frio do Sul, ergueu uma das maiores e mais imponentes sedes da província, com suas senzalas e a grande tulha para armazenar grãos. No entorno, frentes de escravos abriam clareiras, derrubando perobas, canelas e cabinas para plantar café. O riacho Pirapetinga, os rios Bananal e Turvo hidratavam a região”. A cultura do uso de cargos públicos em proveito próprio é mais uma evidência da necessidade de ideias novas porque é na dilapidação do erário que está a causa da desarmonia social que infelicita os necessitados, mas que a todos infelicitará indistintamente. Na página 95 do mesmo livro há referência a um americano chamado Daniel Parish Kidder que foi encarregado pela Sociedade Bíblica Americana para difundir a bíblia no Brasil. Absolutamente nenhum futucador de telefone é capaz de saber o que escondem as entrelinhas desta notícia. Pensarão que os americanos estavam preocupados com o bem-estar espiritual dos brasileiros em sua ingenuidade sobre os preceitos divinos. Por trás disto, jovens inocentes e conduzidos feito manada, está a causa de padecer a sociedade de tudo que precisa e que podia ter, mas não tem.
São os próprios associados à sociedade humana que se submetem à condição de inferioridade aceitando quem lhes seja superior, cultura também embolorada que precisa dar lugar a uma nova cultura que considere os seres humanos como uma irmandade, portanto, de seres igualmente merecedores de viver com dignidade. Na página 26 do livro Curso de Direito Romano, de José Cretella Júnior, consta que da sociedade romana faziam parte os patrícios, classe privilegiada, detentora do poder e desfrute de todas as vantagens. Do lado oposto, os plebeus, que apesar de habitarem a cidade, não participavam da organização política. Queiram ou não os preconceituosos, somos todos irmãos e com as mesmas necessidades. Falta é elevação mental suficiente para perceber esta realidade, mas que uma juventude melhor que a atual haverá de reconhecer. Inté.

    










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