sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

ARENGA 636

 

Outra madrugada, outra xícara de café forte, desta vez com uísque no lugar de açúcar, outra visita ao livro A Produção do Fracasso Escolar, de Maria Helena Souza Patto e outra conclusão de que intelectuais, assim como chefes religiosos, estes por interesses inconfessáveis, aqueles, talvez por inocência, mas o fato é que uns e outros se negam a reconhecer a realidade de à cultura vigente do venha a mim e os outros que se danem interessa acima de tudo uma juventude totalmente desligada da realidade da vida. Embora o livro acima citado não veja por esse lado, mas o titulo no livro está o motivo do fracasso educacional. É que este fracasso é produzido, isto é, intencional. Para que algo seja produzido é preciso haver a intenção de agir nesse sentido.  Vai daí que para manter a juventude em analfabetismo político é preciso que não haja um sistema educacional eficiente como propunha mestre Paulo Freire. Portanto, O título do livro dispensa seu conteúdo porque absolutamente todos os problemas que a educação enfrenta no mundo inteiro são engendrados propositalmente. A alfabetização nas sociedade bisonhamente chamadas de civilizadas,  todos ou quase todos aprenderem ler e escrever apenas. Entretanto, no que diz respeito ao analfabetismo não são diferentes dos analfabetos das sociedades chamadas de atrasadas ou em desenvolvimento porque também por lá se acredita não haver necessidade de se interessar pela destino do erário, as autoridades de lá, como as de cá, estão mancomunadas com os ricos para explorar os pobres, do mesmo modo como os iletrados de cá os letrados de lá são indiferentes às armas, às guerras e à transformação da natureza em dinheiro para os rufiões do sistema financeiro.

Assim é que para evitar uma juventude esclarecida evita-se uma educação que ensine cidadania. Ao contrário, nas tidas como melhores universidades do mundo aprende mil e uma maneiras de ludibriar incautos para levar vantagem sobre seu despreparo quanto à jogatina financeira. Aprende-se o absurdo de ser competição o ideal para a vida em sociedade como afirma o Frankenstein americano da bunda branca Henry Kissinger. Nem mesmo Francis, o burro que falava dos filmes antigos admitiria que comunidade alguma haveria de se dar melhor brigando pelos meios de subsistência do que compartilhando-os harmonicamente.   

   Pensar sobre a vida faz perceber a existência de uma plêiade de papagaios de microfone assalariados por empresas privadas com verbas públicas para transformar mentira em verdade. Como povo não pensa por si, uma vez que a educação lhe ensinou que falsos líderes pensam por ele, é indiferente às mazelas que o vitimam e que são arquitetadas pelos seus algozes, os Bezos e Hangs do sistema financeiro, praia de bandidos chamados de banqueiros que extorquem a sociedade com voracidade verdadeiramente sanguinária, o que também acontece nas comunidades bisonhamente chamadas de civilizadas como se vê do livro A Hidra Mundial, de François Morin, sobre a ação de banqueiros e bancos, não obstante serem abençoados pela trupe de puxa sacos do sistema:“... as autoridades judiciárias dos Estados Unidos, britânicas e a Comissão Europeia têm multiplicado as investigações e as multas que demonstram que vários bancos – especialmente onze deles (Bank of América, BNB Paribas, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deustsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland, UBS) organizaram de forma sistemática acordos de formação de quadrilha”. 

Como água limpa (quando havia) no meu copo de cristal de tomar Blue Label, embora pareça infindável o número de problemas que infelicitam a humanidade, é tudo facilmente perceptível desde que se disponha a pensar. Ao fazer isto, percebe-se que a fim de serem enganadas, as pessoas devem ser mantidas na ignorância. É só isso e nada mais. Coisas como baixo aproveitamento e evasão escolar, toupeiras intelectuais transformadas em celebridades milionárias e professores amargando necessidades, tudo isso é parte de um esquema monstruoso que vem tendo sucesso absoluto em fazer do povo completo idiota. 

Nessa pátria de deus, então, a coisa parece mais feia que em qualquer lugar como se vê neste trecho do livro de Eduardo Bueno, A Coroa, A Cruz E A Espada, na página 35, sobre como era exercida a política portuguesa que foi trazida para esse recanto da América Latrina e que orienta a humanidade como mostram a pose e a vida faustosa de seus falsos líderes:

“Embora recebessem altos salários, muitos burocratas engordavam seus rendimentos com propinas e desvio de verbas públicas. Inúmeras evidências permitem afirmar que, na Península Ibérica, a máquina administrativa não era apenas ineficiente, mas corrupta. Outra de suas características mais notórias é que o número de funcionários destacados para o cumprimento de qualquer função revelava-se, na maioria dos casos, bem superior ao necessário para a realização do trabalho. Em Portugal, tanto a justiça quanto a Fazenda encontravam-se nessa situação. A Casa de Suplicação (tribunal de última instância), permanentemente sobrecarregada de processos, era famosa pela lerdeza e avareza de seus magistrados. Já a Casa dos Contos, núcleo de controle das receitas e despesas do reino, era alvo frequente de investigações oficiais, geralmente incapazes de evitar as fugas de prestação de contas. As autoridades judiciais e fiscais que, a partir de março de 1549, iriam desembarcar no Brasil com a missão de instalar o Governo-Geral enquadram-se nesse perfil. O Ouvidor Geral, uma espécie de ministro da justiça, desembargador Pero Borges, e o provedor-mor, espécie de ministro da Fazenda Antônio Cardoso Barros, além de ganharem bastante bem e terem obtido seus cargos graças a indicações nos meandros da Corte, desempenhavam suas funções assessorados por contingentes de funcionários em número sem dúvida desproporcionando para as coisas do governo. Além disso, ambos – Pero Borges antes de vir para o Brasil e Cardoso de Barros depois – foram acusados de desviar dinheiro do Tesouro Régio. Quanto ao primeiro bispo do Brasil, Pero Fernandes Sardinha, ele provocaria uma onda de indignação na colônia ao perdoar os pecados dos fiéis em troca de dinheiro”.

Como se vê e como já foi dito, para que o mundo seja melhor só falta à humanidade pensar. 



segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

ARENGA 635

 

Às duas da madrugada, depois de uma xícara de café forte com uísque no lugar de açúcar e da leitura do livro Ciência Política, Estado e Justiça, no qual Jônatas Luiz Moreira de Paula, em 536 páginas discorre sobre o que pensaram cerca de uma centena de pensadores a respeito da sociedade humana, novos pensamentos ocorreram a respeito de ser totalmente inútil a intelectualidade dos intelectuais no tocante à melhor maneira para se viver bem. Não obstante o elevado conhecimento de todos os pensadores mencionados no livro em questão, de Sócrates ao mais atual, absolutamente nenhum deles foi capaz de trazer luz sobre o motivo pelo qual a humanidade apesar de constituída de seres pensantes vive de modo tão infeliz que é como se não pudessem pensar para chegar à conclusão de estar vivendo do mesmo modo como vivem os seres desprovidos de raciocínio que se limitam a trabalhar, comer, descomer e reproduzir. Apesar de nenhuma dificuldade oferece a compreensão da realidade de ser a estupidez a única causa que impede a humanidade de viver sem tantos sofrimentos, mil e dois arrodeios giram os argumentos sobre a questão. Como poderia a comunidade humana viver melhor com Bezos e Hangs acumulando em suas mãos usurárias fortunas incalculáveis com objetivo único de satisfazer um egoísmo mórbido só justificado pela falta de sensibilidade social? A riqueza existente é produzida por quem trabalha e não pelos proxenetas que especulam no mercado financeiro e em benefício de toda a comunidade deve ser gasta em vez de ficar a mercê da avareza de Reis Midas.

O espelho que reflete a alma da sociedade, a imprensa, está a refletir uma alma tão desequilibrada quanto a de uma sociedade industrial na qual os responsáveis por trabalhos inferiores como coleta de lixo merecessem maior reconhecimento da parte dos sócios do que o reconhecimento dispensado aos responsáveis pelo trabalho complicado de produção e administração. É como está estruturada a sociedade humana. É de todo inadmissível que toupeiras intelectuais sejam agraciadas com a condição celebridades e direito a padrão de vida recusado a executores de tarefas nobres.  

O porquê desta inversão de valores deve merecer o melhor da atividade intelectual dos intelectuais. Não obstante ser aí onde está o cerne da infelicidade humana, nenhum pensador se dedica a esclarecer o motivo pelo qual iletrados chutadores de bola ou cantadores e requebradores de quadris atraem multidões ao passo que importantes questões relativas ao bem-estar presente e futuro são simplesmente ignoradas. Por que Pelé é mais conhecido que Paulo Freire? Esta questão envolve tanta coisa que ao serem esclarecidas o mundo tomará feição totalmente oposto à que tem.

Por que pensadores não pensam sobre isto? Muitos, como se sabe, a exemplo do Frankenstein americano da bunda branca Henry Kissinger,  prostituíram suas consciências recebendo riqueza em troca de falsas opiniões. Outros, certamente, por receio de perseguição a exemplo de Marx, Paulo Freire, Luther King, Marielle Franco, Julien Assange e quantos mais que se indispuseram contra a instituição da injustiça social, receosos de terem o mesmo destino. se omitem. No entanto, em vez do é preciso fazer isso e aquilo, tão comum na imprensa apenas a título de cumprir o dever de falar ou escrever, o que é realmente preciso é se debruçar sobre o fato de estar o mundo nas garras peçonhentas de avaros reis midas cuja atividade especulativa, ou seja, agiotagem, lhes rende maiores vantagens do que o trabalho produtivo. Se todos precisam comer, morar, vestir, ter assistida sua saúde, segurança e educação, atividades que demandam trabalho, como explicar que atividade meramente especulativa ou a agiotaria rendam melhores frutos?

 Não pensar, como recomenda a religião, é mel na sopa para este tipo de cultura do absurdo e da malandragem instituída pelos parasitas que mudaram de mala e cuia para o poder político de onde engendram artimanhas como leis que legalizam o banditismo e invertem o faroeste americano para fazer do bandido mocinho.

Para a malandragem política e para o estelionatário, nada pode ser mais conveniente do que a indiferença do lesado. Desta forma, enquanto o povo lesado pela malandragem política se esbaldo no axé, nas igrejas e no futebola, correm livres e soltas as fraudulentas emendas parlamentares, verbas de gabinete, cartões corporativos, orçamento secreto, semana de três dias para parlamentares, caviar e vinhos finos para "autoridades" de diversas instituições, licitações fraudulentas e etc., etc., e bota etc. nisso.

A propósito de contrassenso, veja-se esta pérola: São Paulo afirmava que o homem é pecador por natureza. Ora, se foi deus que fez a natureza, não como não admitir ter sido deus quem fez o pecado que é por ele condenado. Assim, se o mundo está mal, credita-se este mal à falta de raciocínio que elimina qualquer diferença entre humanos e bichos. Portanto, juventude futucadora de telefone, admiradora de “celebridades” e indiferente ao futuro dos filhos, tá na hora de pensar na vida.

 

sábado, 18 de dezembro de 2021

ARENGA 634

 

Sendo este um cantinho de pensar, novos pensamentos fizeram concluir pela necessidade de trazer alguma luz sobre a questão de saber qual seria o destino de uma sociedade formada por pessoas que foram educadas para ser egoístas, desonestas e totalmente desconhecedoras do que seja responsabilidade cívica que faz os que maiores riquezas têm serem os que menos impostos pagam.  A conclusão a que se chega é que uma sociedade assim tem necessariamente de ser do jeito que é a sociedade humana: infeliz por ser totalmente desorientada e indiferente a seu estado de desgraça que não obstante a imensidão, em função de tantos festejamentos e alegrias de bobos, é como se não existisse.  A infelicidade humana, em vez de ser combatida, é aceita conformadamente. As pessoas se negam a participar de um esforço no sentido de evitar sofrimentos passíveis de serem evitados como, por exemplo, os sofrimentos decorrentes da ignorância. O comportamento humano se assemelha ao do urso macho que na tentativa de matar o filhote (comportamento normal entre algumas espécies animais a fim de apressar o cio da fêmea) entrou em luta em com a mãe do filhote e ambos, macho e fêmea, despencaram no despenhadeiro. Não é diferente o comportamento de quem se deixa influenciar pela indústria do turismo e esvoaça mundo afora espelhando doenças fatais que proliferam em virtude da ação predatória da natureza executada pelos biltres humanos.

Acreditando que de criaturas celestes depende seu destino, deixam os seres humanos de cuidar de si para deixar sua qualidade de vida e mesmo a própria vida a cargo de divindades e  falsos líderes. Tamanha é a incapacidade de questionamento dos bichos humanos que disto se beneficia a má política e a religião que impede a humanidade de tomar em suas mãos o seu destino, permanecendo apegada à mesma crendice do homem primitivo originada do medo do desconhecido ante a grandeza dos fenômenos naturais.  

Este trecho copiado do primeiro volume de História da Civilização Ocidental, de mestre Edward McNall Burns, mostra a ingenuidade que evoluiu para a crendice na qual ainda hoje se apegam os seres humano:

“O mais antigo dos cultos era o mitraísmo, nome que se deriva de Mitra, o principal lugar-tenente de Mazda na luta contra as forças do mal. Mitra, a princípio apenas uma divindade menor da religião zoroástrica, encontrou finalmente agasalho no coração de muitos persas como deus mais merecedor de oração. A razão dessa mudança foi, provavelmente, a auréola emocional que cercava os acidentes de sua vida. Acreditava-se que nascera num rochedo em presença de um pequeno grupo de pastores, que lhe trouxeram presentes em sinal de reverência pela sua grande missão na terra. Passou então a sujeitar todos os seres vivos que encontrava, conquistando e tornando úteis ao homem muitos deles. Para melhor desempenho dessa missão, fez um pacto com o sol, obtendo calor e luz para que as plantações pudessem florescer. O mais importante de seus feitos, foi, contudo, a captura do touro divino. Agarrando o animal pelos chifres, lutou desesperadamente até forçá-lo a entrar numa caverna, onde, em obediência a uma ordem do sol, o matou. Da carne e do sangue do touro provieram todas as espécies de grãos e outras plantas valiosas para o homem. Mal esses feitos foram realizados, Ahriman provocou uma seca na terra, mas Mitra enfiou sua lança numa rocha e as águas dela borbulharam. Em seguida o deus do mal mandou um dilúvio, mas Mitra mandou construir uma arca para permitir a salvação de um homem com os seus rebanhos. Depois de terminados os seus trabalhos, Mitra participou de um festim sagrado com o sol e subiu aos céus. No devido tampo voltará e dará a todos os crentes a imortalidade”.

Apesar de o tempo convencer mais que a razão, segundo garante com propriedade mestre Thomas Paine, o decorrer do tempo ainda não foi capaz de convencer a humanidade de que sua ingenuidade faz dela incapaz de chegar à conclusão de que só dela mesma e de nada mais depende sua maior ou menor infelicidade. Decorridos milhares e milhares de anos, ainda hoje a humanidade  espera inutilmente pela volta de ser divino e imaginário que a redima de males dos quais cabe a ela se livrar mediante uso da inteligência.


    

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

ARENGA 633

 

Se cada dia que chega encontra o brasileiro mais infeliz do que estava no dia que se foi, então, é a exuberância do ridículo desse povo mais reles do mundo que explica a espera de que o ano a chegar lhe traga melhores condições do que as que lhe trouxe o ano que passou. Afinal, o ano é o resultado da somatória de trezentos e sessenta e cinco dias infelizes e mais um de lambuja a cada seis anos.

Quando se trata de ridículo, ninguém supera o brasileiro. nem mesmo no tocante a divindades. Se no Estado Teocrático as autoridades se faziam respeitar como representantes da vontade divina, no nosso Estado Teocrático as autoridades não merecem um pingo sequer de respeito porque se auto desmoralizam de forma tão espetacular que não podem aparecer em público sem voltar para o luxo de suas mansões pagas pelo povo sem levar impropérios do mais baixo calão que o vernáculo comporta. Como a questão do ovo e da galinha, resta saber se o ridículo maior está no povo que dá vida mansa às autoridades de araque ou se está na pose das falsas autoridades que nada têm de autoridades responsáveis pela criação e zelo de normas que assegurem estabilidade social, missão para a qual existem, uma vez que são elas as autoridades entre aspas as maiores transgressoras destas normas.

Mas o ridículo do brasileiro supera qualquer outro ridículo. Se o ridículo das pessoas do mundo ridiculamente chamado civilizado faz delas tão imbecis que dão dinheiro a ignorantes de responsabilidade cívica para ser esbanjado em especulação espacial, construção de mortíferas máquinas de destruição, o ridículo do povinho desse recanto da América Latrina o faz dar dinheiro a jogador de bola para dar gorjeta de cem mil reais a uma garçonete, enquanto um trabalhador recebe mil por um mês inteiro de trabalho.

Como a finalidades deste cantinho de pensar é pensar, ocorreu de pensar o seguinte: qual será o destino de uma sociedade (a humana) formada por indivíduos educados em criança para se tornarem seres egoístas, avaros e sem noção do que seja responsabilidade cívica?

 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

ARENGA 632

 

Assusta a docilidade com que os seres humanos se submetem a desmandos. Ou não dá o que pensar o fato de haver pobreza se não precisa haver pobreza? A degradação política a ponto de haver orçamento secreto, demonstrando claramente assombroso assalto ao erário sob a mais completa indiferença pública é algo estarrecedor porque sendo do erário que depende tudo, escola, saúde, segurança, educação e comida na mesa, como ser indiferente ao desbaratamento da riqueza pública pela ratazana do banditismo político?

O servir sem questionar constitui objeto de estudo da parte de intelectuais que o denominam de servidão voluntária. Mas como a atividade de pensar é a razão de ser deste cantinho de pensar, o assunto é tratado aqui considerando não ser de vontade própria que alguém se submete à servidão, visto ser da própria natureza o sentimento de liberdade. Como afirmou mestre Rousseau no Contrato Social, todos nascem livres e a liberdade lhes pertence. Renunciar a ela, conclui mestre Rousseau, é renunciar à própria qualidade de homem. E, continua o mestre: apesar de ter nascido livre, por alguma razão, o homem acaba perdendo à liberdade. Tais ponderações nos leva à conclusão de que se renunciando à liberdade para se submeter às várias modalidades de servidão, entre as quais a do emprego, o homem renuncia também à condição de homem, logo, assemelha-se inevitavelmente ao burro-de-carroça. Tal conclusão leva a outra: a possibilidade de estar aí a causa da infelicidade humana visto que união de burros-de carroça não dá origem a sociedade na qual seres humanos possam sentir-se bem. Como pensamento atrai pensamento, a partir daí se conclui ser desperdício de tempo ater-se a problemas de fome, injustiça, excesso de pobreza ao lado de excesso de riqueza, violência, doenças, miséria, inflação, banditismo político, se tudo que há de errado se deve ao fato de tratar-se de reunião de manada de burros-de-carroça e não de seres pensantes.

Não há vários problemas. Há apenas um: desconhecer que tudo tem origem na incapacidade de racionar para que se conclua haver necessidade de reconhecer a realidade de se viver de forma totalmente adversa às exigências indispensáveis à vida comunitária porquanto vive a humanidade dentro de uma cultura tão estúpida que segundo ela quem tem garras maiores subjuga quem as tem menores. O que resulta desse destrambelhamento monumental é haver na mesma sociedade quem tenha posses infinitamente mais do que precisa e quem nada tenha além de necessidades.

Nunca que poderá ter sucesso a sociedade humana se estruturada sobre tais bases. Papagaios de microfone esgoelam impropérios contra criminosos infinitamente menos danosos à sociedade do que autores do crime de fomentar a ignorância responsável pelo demais crimes. Orientados pelo instinto e não pela inteligência, como é natural no burro-de-carroça, os responsáveis pela administração pública são orientados pela astúcia que só vai até a obtenção da vantagem, diferentemente da inteligência que vai até as consequências decorrentes da obtenção da vantagem. A história é farta em demonstrar fatos trágicos por falta de planejamento inteligente o bastante para reconhecer a realidade de não se poder viver em sociedade cuidando cada um de interesses exclusivamente individuais, ignorando a existência da vida coletiva.

Usando de astúcia, engendrou-se uma tramoia satânica tão maleficamente bem engendrada que embora servindo, acredita-se estar sendo servido. O emprego materializa esta realidade. As imensas fortunas dos Bezos e Hangs da vida, como demostrou o velho e sábio Marx, razão pela qual é odiado pelos ajuntadores de riqueza, não obstante serem feitas pelos empregados, agradece-se a deus quando se tem oportunidade de se tornar mais um dos construtores da riqueza destes monstros de cuja boca escorre baba de dragão.

Vive-se tão alheio à realidade que um trabalhador recebe mil reais para trabalhar um mês enquanto um jogador de bola dá gorjeta de cem mil reais a uma garçonete sem que isso chame a atenção de ninguém. É nesta indiferença que se encontra a fonte de onde brota a aceitação pacífica do servilismo, cabendo, pois, em nome da racionalidade, superar o desinteresse pela vida como única maneira de se alcançar a civilização verdadeira.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

ARENGA 631

 

Do ponto de vista do pensador Eduardo Galeano, utopia seria um sonho irrealizável. Serve apenas para não deixar apagar a chama da esperança em dias melhores. Do pondo de vista de outro pensador, o Thomas More, que inventou uma sociedade humana bem-sucedida, seria um sonho inteiramente realizável, no que tinha razão.  Se sociedades de vários tipos como comerciais e até sociedades voltadas para o crime são bem-sucedidas, para ter sucesso uma sociedade formada pela comunidade humana nada mais é preciso do que observar os procedimentos adotados pelas sociedades bem-sucedidas, como rigor na aplicação do capital e pronto! Resolvida a questão. Tudo de que carece a humanidade e bom senso na distribuição da riqueza pública. Para tanto e antes de tudo é preciso ter consciência de ser do dinheiro e não de divindades nem de falsos líderes que depende o bem-estar social. Outro elementos imprescindível ao sucesso da sociedade humana é verdade. É por se basear em mentiras, sendo a mais prejudicial delas a afirmação de  haver maior vantagem na competição do que na cooperação para a vida social. Sem que o elemento sinceridade seja rigorosamente observado pelos membros, qualquer sociedade estará fadada ao fracasso. O sucesso das organizações religiosas que apesar de terem a falsidade por base parece serem eternas é mera ilusão. A eternidade delas não passa de engano visto que um ou dois milênios para a eternidade é como se fosse um segundo para nós. Estão aí as antigas religiões de gregos, romanos e nórdicos transformadas em mitologias.

Aliás, os gregos que contribuíram com os maiores pensadores da história do mundo nos dão provas de que a religiosidade constitui empecilho ao desenvolvimento intelectual e, portanto, ao avanço civilizatório, visto terem sido os eles o primeiro povo na história do mundo a buscar outra explicação para a criação do universo independente de divindade.     

Fora de qualquer dúvida, pois, não se poder abrir mão da verdade e sinceridade no relacionamento entre as pessoas para que a sociedade utópica se torne real. Se a sociedade contemporânea vai de mal a pior, deve-se a inconsequências como a afirmação e prática de que o desenvolvimento econômico significa bem-estar social. É o que mostra estre trecho do economista e escritor Eduardo Moreira no livro em Economia do Desejo: “...da década de 1960 à de 2010 a quantidade de riqueza gerada no mundo (PIB Global) multiplicou-se por mais de oito vezes. Se, mesmo multiplicando a quantidade de riqueza gerada no mundo por tantas vezes (o que levou a vários recursos naturais darem sinais claros de esgotamento), temos ainda metade da população vivendo em situação de pobreza, como imaginar um mundo capaz de oferecer os recursos naturais necessários para tirar toda a população dessa situação?”

Não obstante ter mostrado capacidade de raciocinar há pelo menos três milhões de anos ao usar lascas de pedra como arma, permanece a humanidade incapaz de sair do barbarismo e se projetar na verdadeira civilização. E por culta de quem ou de que? De viver em falsidade. Esta questão foi levantada por grandes pensadores. Há mais de dois mil anos Platão avisava que ser governado por pessoas inferiores é a penalidade por se recusar a participar da política. Robert Green Ingersol, há mais de duzentos anos lembrava a quem acredita em deus que eles deveriam questionar a falta de fundamento da recomendação de não se discutir os assuntos divinos porque se o deus deles lhes deu um cérebro é para pensar. Caso contrário, seria o mesmo que proibir os pássaros de voar depois de lhes ter dado asas.

Por fim, quanto à imprescindível necessidade de se pensar a respeito da vida em vez de seguir tradições, deixamos aqui o capítulo intitulado A IGNORÂNCIA, do livro Falando Francamente, do pensador Vinicius Bittencour: “O flagelo da humanidade não é a peste, a guerra, a fome, a idolatria, a corrupção ou o crime. O flagelo da humanidade é a ignorância. Sem ela, essas calamidades não existiriam ou seriam drasticamente reduzidas. Apesar disso, o homem foge dos livros como o diabo da cruz. Reencarnando os párias, os impuros ou os intocáveis da velha Índia, nossos professores vivem na miséria. Os rebentos das classes abastadas desperdiçam o tempo com televisão e jogos eletrônicos. Os das classes pobres não têm livros, escolas, professores, nem motivação para estudar. Por toda parte alastra-se a ignorância. E nela se cevam os políticos, os curandeiros, os pastores de almas, os publicitários, a mídia eletrônica, a corrupção e o crime. A peste não existe onde há saneamento básico, assepsia, higiene. Na Idade Média, entretanto, a peste era atribuída a sortilégio e combatida com exorcismos. Em vez de matar os micróbios, cuja existência desconheciam, nossos antepassados matavam as feiticeiras. A guerra seria evitável se os povos não fossem ignorantes. Como disse Frederico, o Grande, se os soldados raciocinassem, abandonariam o comandante na primeira esquina. A fome não ocorre onde não há latifúndios improdutivos ou explosão demográfica. O fanatismo desaparece quando a sabedoria arranca a máscara dos ídolos ou sacode seus pés de barro. A corrupção elimina-se com a vigilância, a efetiva aplicação das leis e a transparência dos atos administrativos”.

Como se vê, tudo depende de bancar o inteligente em vez de burro. 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

ARENGA 630

 

Adultos têm comportam de criança  quando se descontrolam no momento em que a bola passa pelo goleiro, um carro de corrida ultrapassa outro, compram feijão milagroso ou conversam com estátuas, momentos em que são tomados emoção forte o bastante para tirá-los do sério, desconhecendo que este procedimento na verdade ridículo independe de sua vontade tanto quanto o hipnotizado que sem ser ridículo procede como tal quando o hipnotizador determina. Não é por vontade própria que são indiferentes a coisas contrárias ao bom senso como, por exemplo, a substituição dos bons pelos maus costumes não obstante o malefício decorrente para os filhos.

E não podem mesmo saber o motivo pelo qual agem de modo irracional porque seu raciocínio se encontra sob influência que independente de sua vontade. 

Quem se mantem lúcido percebe algo de errado no comportamento humano. A série O Império Romano na Netiflix mostra que para confundir o raciocínio da plebe romana, evitando que ela sentisse o efeito da má política desempenhada pelo imperador Calígula, desperdiçando o dinheiro público, ele fortaleceu o pão e circo revigorando os espetáculos no Coliseu das lutas entre gladiadores. Com isso, a turba era tomada da euforia tamanha que esperneava de alegria, indiferente a tudo o mais. Mulheres, eufóricas, desnudavam os seios e, aos berros, saudavam o gladiador que trespassava o adversário com a espada. Na atualidade, o Coliseu foi substituído pelos estádio de futebola onde, do mesmo jeito, a turba berra, esperneia e as mulheres dão jeito de acontecer.

A humanidade recusa evoluir mentalmente. Evolui na arte de matar, orar, dançar, inventar modalidades de jogo e roubo. No que diz respeito a elevação espiritual, entretanto, nega-se terminantemente a avançar. De tolice em tolice é que os seres humanos adotaram a cultura de desenvolvimento econômico que além da insensatez de produzir riqueza para poucos e pobreza para muitos, custa a destruição dos recursos naturais, consequentemente, a impossibilidade de vida para os próprios seres humanos.

No afã de repassar às inocentes vítimas do pão e circo algo do que nos ensinam os Grandes Mestres do Saber é que este cantinho de pensar vai de encontro a demonstrações de ingenuidade de quem nega a necessidade imperiosa de fazer com que a evolução material seja acompanhada de evolução mental. Negar esta realidade corresponde a ser tão inocente quanto quem acredita que a humanidade tem origem num casal formado por um Adão feito de barro e uma Eva feita da costela dele, quando, na realidade, basta nossa semelhança com as espécies inferiores para mostrar que resultamos da evolução de alguma delas como afirma a ciência.

A falta de discernimento humano desponta, por exemplo, ao levar à exuberância atividades lúdicas, atribuindo-lhes maior importância que as atividades das quais dependem não só o bem-estar, mas também a vida. Sendo alegria o objetivo do divertimento, demonstração de alegria quando se está em perigo só a idiotia pode justificar. Assim, a exuberância dos espetáculos circenses denuncia perigoso estado de afetação mental ou idiotia.


 

 

sábado, 4 de dezembro de 2021

ARENGA 629

 

Para não ser obrigada à tarefa irrealizável de evitar pandemias, limpar as águas, o ar e repor a fertilidade dos solos a juventude mundial precisa exorcizar de suas mentes o espírito maligno do pão e circo que não só transforma adultos em crianças e anula a vivacidade mental dos jovens transformando-os em analfabetos políticos de tamanha obtusidade que nem lhes desperta a curiosidade o motivo pelo qual outros jovens com infinito menor esforço viram celebridades e têm seus nomes em manchetes na imprensa mundial ganhando montanhas de dinheiro para chutar bola. Estupidez não é próprio da juventude. Algo de espantosamente grave acontece com os jovens para torná-los tão apáticos ao seu futuro e dos seus descendentes seriamente ameaçado pela indiferença da juventude com os absurdos que acontecem no mundo. Tal como acontecia em tempos imemoriáveis, ainda hoje a humanidade não percebe ser impossível deixar seu destino a cargo de falsos líderes. Por toda canto ouve-se e se lê que é preciso fazer isso, fazer aquilo e mais aquilo quando a única coisa que é preciso fazer é despertar a juventude que é a força viva do mundo para a irrealidade em que está envolvida.

Se nas sociedades tidas como civilizadas seus falsos líderes levam os jovens a se estraçalharem nas guerras, nos recantos do mundo como aqui em nossa américa latrina chega-se al absurdo de terem as autoridades às quais caberia o exercício jurisdicional assumido papel político para cuja desempenho é exigida escolha por meio de votação popular.

A alienação dos jovens permite que afeta o mundo sobressai espetacularmente em nosso país faz com que sejamos tão infelizes que o patriotismo de suas autoridades, tanto quando a moral e hombridade, sempre estiveram à venda, e a justiça esteja totalmente desmoralizada posto que, como foi dito, encontra-se contaminada pela politicagem. Tão desonradas estão nossas autoridades que eminente político (para os padrões brasileiros) que foi prefeito da segunda cidade mais importante do país, o Rio de Janeiro, foi recusado com justa razão pela África como embaixador brasileiro naquele país visto serem nossos assuntos políticos tratados nas páginas policiais.

A ausência de amor próprio do brasileiro o faz semelhante ao marido que fecha os olhos para a promiscuidade sexual da mulher, quando, segundo nossa cultura, do ponto de vista do homem honrado, seu papel deve ser pegar o boné e ir embora, sem, contudo, negligenciar o cuidado com filhos. Mas o brasileiro desconhece o que é vergonha na cara e à juventude cabe a tarefa de consertar o que está a clamar por conserto como, por exemplo, o fato de ser a criança brasileira educada para se tornar adulto isento do nobre sentimento de honradez, realidade materializada na irresistível imitação por inveja das coisas dos outros países em detrimento de sua pátria. Desta forma, o que realmente é precisos fazer é despertar nosso juventude para a tarefa de fazer com que nossa sociedade passe a ter a dignidade que nunca teve para que possa ser merecedora de respeito pelos bons exemplos que venha a dar às outras sociedades em vez de sermos merecedores descomposturas como a de musa política Heloisa Helena quando da tribuna do senado bradou corajosamente que aquele senado não merece respeito porque não se faz respeitar. Um viva para Heloisa Helena e que a juventude se mire em seu caráter.