Considerando o que disse com
propriedade o Grande Mestre do Saber George Orwell de ser um ato revolucionário
dizer uma verdade num mundo de falsidades, e considerando que ato revolucionário
significa rebeldia contra um sistema estabelecido, e como o sistema político estabelecido para governar o mundo é de pura injustiça, entre muitos outros, que por dizerem verdades, a punição de Julian Assange prova
quanta lucidez há na afirmação do mestre porque no falso mudo atual falar verdade merece castigo.
Abertas as cortinas do palco da vida
humana, o cenário que se descortina é de falsidades. Lá estão pregadores
afirmando haver um deus para garantir justiça, quando, na verdade, predomina
tão exuberante injustiça que um por cento da humanidade vive nababescamente às
custas do trabalho dos outros noventa e nove por cento, entre os quais inúmeros
são os que, como cães vira-latas, precisam roer osso para sobreviver. Há
pregadores para assegurar que paz de espírito é mais importante do que
dinheiro, quando, na verdade, é
impossível ter qualquer tipo de paz em estado famélico, sobretudo se vitimado
pelas terríveis dores do câncer de estômago ou as várias enfermidades com as
quais a natureza se encarrega de nos brindar como prova de inexistência de ação inteligente.
Contudo, a maior de todas as
falsidades sobre o palco da vida é o analfabetismo político. Sem ele todas as
demais falsidades viriam abaixo porquanto é na necessidade de correr atrás de
dinheiro onde se encontra a ausência da paz. Se para não morrerem de fome, os
despossuídos buscam dinheiro recorrendo à violência que é fonte de insegurança,
num paradoxo, quem tem dinheiro em demasia, busca tê-lo cada vez mais, também pela
violência, a da exploração de quem trabalha.
Gastam-se no mundo tamanha riqueza
para sustentar o analfabetismo político que obstaculiza o avanço para a
civilização e a paz que pessoas menos estúpidas do mundo da enganação, sentindo
a consciência pesada, estão doando dinheiro para obras de assistência social,
enquanto os mais ignorantes, com o dinheiro de salvar crianças da fome e
doenças, promovem bacanais onde abundam bundas de prostitutas. A segurança do
analfabetismo político tem como contraponto a segurança da torpeza política porque
deixa à vontade a bandidagem travestida de autoridades administrando a imensa riqueza
do mundo, cenário que clama por mudança uma vez que na base da pirâmide
político/social do mundo, analfabetos políticos nomeiam falsos líderes como responsáveis
pela administração da riqueza pública produzida por quem trabalha, no vértice, como
resultado desta distorção, a falta de discernimento dos escolhedores leva-os a
escolher os maiores e mais prejudiciais de todos os ladrões, aqueles que roubam
da humanidade até sua dignidade entorpecendo-a com o efeito faustão para tornar
possível eternizar locupletação e tão esplendorosa impunidade que os próprios criminosos
fazem leis que legalizam a ilegalidade, resultando num mundo de tamanha torpeza
que bandidos são as excelências da sociedade.
Ao contrário do que pregam arautos
profissionais das falsidades, o dinheiro é o único e verdadeiro poder na face
da Terra. A falta de observação desta realidade é a fonte de onde jorra com
fulgurante esplendor a estupidez de quem gasta dezenas ou centenas de milhares
no hospital e diz que ficou bom graças a deus. Mas, sendo um mundo de falsidades,
como disse mestre Orwell, dizer esta verdade é conquistar ojeriza. Entretanto,
como o tempo é o senhor da razão e a verdade demora mas sempre aparece, como
um nascer de um sol de verão, novo horizonte dissipará as trevas da crendice, pai
e mãe do atraso, que faz doutores comungarem com analfabetos a mesma ideia de
um deus criador, farsa que já era contestada lá na Grécia há mais de mil e
quinhentos anos, mas que ainda hoje está presente no “graças a deus”, “com fé
em deus”, “se deus quiser”.