sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

ARENGA 641

 

A pergunta “que país é esse?” com a qual Millôr Fernandes titulou seu livro, no que diz respeito às mazelas deste pedaço da américa latrina, mas que também pode ser feita a respeito da situação do mundo (QUE MUNDO É ESSE?), tal questão esse cantinho de pensar pode responder, e o faz da seguinte forma:

Se nossa terra, pátria de deus, tanto quanto o resto do mundo estão em situação deplorável o bastante para motivar semelhante questionamento é por ter seu destino na dependência de líderes cuja liderança é exercida ao contrário. Isto é, sacrificando os liderados em benefício dos próprios líderes. É uma conclusão tão evidente que independe de inteligência superior à comum a  todas as pessoas. A desarrumação humana está à vista desde que se tenha visão para além da ponta do nariz. Aí estão os palácios, as mansões, a vida regalada a lagostas e vinhos caríssimos, as verbas secretas, as emendas parlamentares, cartões corporativos e as riquezas pessoais tiradas do erário. As decisões dos líderes são compradas como as mercadorias no supermercado. Como quem pode comprar estas decisões é quem tem muito dinheiro, fica o destino do mundo e da humanidade a mercê de quem tem muito dinheiro, ou seja, os ricos. É o que mostra o estudo da História. Desde que se tem notícia de vida social é de pessoas sendo sacrificadas em benefícios de outras pessoas. Fala-se inutilmente em justiça. Mas que justiça se a realidade é muitos produzindo para que poucos desfrutem? Já é tempo de haver um despertar para novos novos ares soprarem para longe o ranço da cultura de acumulação de riqueza em poucas mãos para poucas pessoas e de mãos vazias para muitas pessoas. Mas, a depender de falsos líderes, isto jamais ocorrerá. Só haverá justiça social quando esta maioria sacrificada em benefício de poucos for despertada para a necessidade de mudar esta realidade, mas mudar de forma inteligente e duradoura, diferentemente das tentativas de mudança feitas na base da violência, todas redundantes fracassos se baixada a poeira das chamadas revoluções tudo volta à situação de poucos desfrutando do trabalho de muitos.

A única razão pela qual o povo vive de mala pior é ser ele alheio ao seu destino, deixando que falsos líderes decidam por ele. Desta forma, sendo as decisões dos falsos líderes dependentes do dinheiro dos ricos usurpadores do produto social, é chover no molhado esperar que de políticos venha para povo mais do que apenas migalhas. Nada mais do que o necessário para se ter vitalidade a fim de poder continuar fazendo a riqueza da qual não desfruta.

Numa situação hipotética, se não se realizasse uma única atividade circense durante um ano, implicaria em algum sofrimento ou morte de alguém? Evidente que não. Suponhamos agora que durante o mesmo período nenhuma atividade de assistência à saúde fosse realizada, implicaria em sofrimentos e mortes? Evidente que sim. Então, por que moleques, maltrapilhos mentais, vagabundos espirituais, verdadeira nata do excremento social em termos de intelectualidade merecem aplausos e reconhecimento da sociedade em retribuição a espetáculos circenses em vez de ser esta atenção voltada para os profissionais da saúde, segurança e educação? Está aí no blog Outras Palavras, escola de politização, matéria intitulada RELATO DE UMA ENFERMEIRA À BEIRA DO ESGOTAMENTO, enquanto no Yahoo Notícias, uma inútil “celebridade” mostra a bunda em curtição milionária na praia no mar das Maldivas.

Se não falta na imprensa um blábláblá asqueroso sobre é preciso fazer isso, é preciso fazer aquilo e mais aquilo, não passa de cinismo porque a única coisa que é preciso ser feito é castrar o poder da elite econômica. Cortar a voracidade desta casta que representa um obstáculo à circulação da riqueza retida em suas mãos sujas pelo sangue, suor e lágrimas de quem trabalha. É uma classe de tamanha estupidez que pavoneia suas montanhas de ouro ante multidões se famintos.

 Ao deixar-se levar o povo pelas artimanhas da trupe covarde de ladrões engravatados resulta um Estado tão incapacitado de cumprir sua nobre função de impor justiça social que embora a Constituição estabeleça teto salarial de quarenta mil reais para cargos públicos, funcionários do tal de alto escalão recebem quatrocentos mil. Que raios de Estado é este? Também a esta questão este caninho de pensar pode responder: é um Estado cuja população lota igrejas, terreiros de axé e de futebola em vez de lotar os órgãos da administração pública em busca de informação sobre o que está sendo feito com o dinheiro dos impostos. Nesse sentido, a indiferença do povo se assemelha à do bêbado que embarca indiferentemente ao destino do transporte.

Que se ressuscite a ideia de Marx sobre a necessidade de salvar o mundo da cultura que põe o bem-estar social na dependência de ricos investidores se o objetivo de rico é transformar o povo em bobos a fim de lhes esfolar impiedosamente. Um exemplo? No dia 19/01/2021, no Programa Bandeirantes Acontece, da Rádio Bandeirantes AM de São Paulo, o jornalista Cláudio Humberto explicava o porquê da astronômica elevação do preço da energia elétrica da seguinte maneira:

O presidente Bolsonaro, em nome do povo, autorizou à turba de ricos do setor elétrico a tomar emprestado de agiotas internacionais valor de cerca de trinta e alguns bilhões de reais para serem pagos pelo povo com aumentos nas contas de luz. Daí que a massa bruta de povo, tapeada com desculpas de escassez hídrica, mais isso e mais aquilo, como sempre, paga os empréstimos enquanto faz orações, bailam axé e esperneiam no futebola. Esta é a sina de quem foi induzido a crer ser possível deixar o destino a cargo de malandros.

       

 

 

 

  

 

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