sexta-feira, 29 de março de 2013

SERVIDÃO HUMANA



                      O escritor William Somerset Maugham escreveu um livro chamado A Servidão Humana, cuja história gira em torno de uma das figuras mais desconcertantes que a humanidade já produziu. É um sujeito chamado Philip, cuja figura é a cópia fiel da humanidade. Todo tipo de sofrimento que se possa imaginar, e até mesmo inimagináveis acometeram aquela representação de uma desgraçada figura criada pela mente privilegiada do escritor para nos mostrar não haver limite para a degradação moral a que pode chegar um ser humano cujo cérebro se encontra dominado por força negativa tão grande que o faz convencer ao resto do corpo de que faz parte de ser ele tão vil a ponto de ser incapaz de um gesto de nobreza. Causa mal estar a quem pensa sobre as coisas da vida ser identificado pelo mesmo substantivo “homem” que também serve para identificar figuras como Philip ou a maioria absoluta das pessoas que compõem a humanidade em sua degradação moral capaz de deixar Philip e a humanidade ainda mais baixos do que a situação de quem se encontra de quatro.

O pobre Philip era complexado por ser portador de um defeito no pé que o fazia mancar. Tinha uma personalidade deformada pela criação num ambiente de grande religiosidade, onde certamente lhe teria sido inoculada a cultura da submissão ao sofrimento, tarefa ingrata de toda religião. O sofrimento deve ser encarado com rejeição, jamais acolhido com satisfação. Os sofrimentos inevitáveis, estes serão mais facilmente suportáveis se forem entendidos como obras do acaso, razão pela qual são inevitáveis. Esta forma simples e despida de fantasias dá maior tranquilidade para encarar os sofrimentos inevitáveis a quem pensa sobre a vida. Ao contrário, quem vive apenas em função de dinheiro e futilidades, como nada sabem sobre as outras coisas, mortificam-se infinitamente mais ante os infortúnios que a natureza nos impõe.

 O escritor limitou à desconcertante figura do infeliz Philip, seu personagem, a servidão que submete toda a humanidade. Cada ser humano é um Philip na realidade. Se os ricos são servos da necessidade de acumular riqueza e da preocupação em guardá-la a salvo de quem dela precisa, por um lado, por outro lado também se encontram escravizados à necessidade de fazer de conta que não sabem do sofrimento dos pobres que fazem suas riquezas, mas que são obrigados a conviver com a situação da garotinha que chegou ao hospital com um braço quebrado, vinte e quatro horas depois ainda se encontrava no mesmo lugar, chorando, com o bracinho já inchado e na mesma espera, enquanto em outro hospital, outra menina que foi baleada em tiroteio permaneceu durante oito dias à espera por socorro até morrer num abandono cruel. Os ricos sabem, mas precisam ser indiferentes a estas coisas que atrapalham os negócios. Os pobres não sabem, mas precisam saber que a situação de sofrimento daquelas menininhas se deve por falta das montanhas de dinheiro escondidas nos infernos fiscais, provenientes de roubo de todo tipo, inclusive do suor do trabalhador cujo trabalho não ajuda sua filha, mas ajuda Lula a fazer orgias no alto em luxuoso avião planando no céu azul.

A observação da vida nos mostra que absolutamente ninguém, individualmente, é capaz de admitir uma situação em que duas crianças morram por abandono e que seus pais sejam obrigados servilmente a contribuir com tratamentos sofisticadíssimos que salvaram da morte Lula e Dilma.

A humanidade precisa acertar o passo. Marcha em desordem tão grande que se encontra numa situação confusa de dupla personalidade. Individualmente, ninguém deixa de condenar o sofrimento daquelas menininhas, entretanto, coletivamente, aceitam indiferentemente aquela situação de duas crianças submetidas a uma condição infinitamente inferior à dos cães e gatos. O comportamento humano ainda se encontra muito ligado ao comportamento dos irracionais que apenas vivem. É preciso incluir no processo de viver a atividade de pensar. A vida não pode ser levada na base do simplesmente “toca prá frente” porque ninguém individualmente toca nem prá frente e nem prá trás sem antes querer saber o que vai encontrar lá na frente ou lá atrás. Entretanto, em conjunto, as pessoas caminham sem saber para onde.

Se for perguntado a cada uma das pessoas perfumadas antes de entrar na igreja, não haverá uma sequer a concordar com o sofrimento daquelas duas menininhas. Entretanto, quando em reunião de “irmãos”, nem se lembram de indagar qual a origem da situação daquelas duas irmãzinhas lá longe. Só há necessidade de preocupação quando se trata de pessoa da família. Mas, e irmãos não fazem parte de uma família? Se assim é, e se todos são filhos de Deus, todos são irmãos. Então, as menininhas também são. Como pode, então, irmão ignorar sofrimento de irmão? É que a tal irmandade é pura hipocrisia. Desaparece quando se atravessa a porta de saída da igreja do mesmo modo como desaparece a indignação com os problemas sociais quando se desliga a televisão.

A humanidade vive a situação aparentemente inexplicável de ser cada indivíduo obrigado a ser do jeito que ele não quer ser. É exatamente a isso que se pode chamar de servidão porque outra coisa não é senão servidão o fato de ter cada indivíduo da humanidade de conviver com as coisas que ele gostaria de evitar tais como filas, planos de saúde, descontos no extrato bancário, barulho, ser impedido de embarcar, embora com a passagem na mão. Ninguém concorda com isso individualmente, coletivamente, porém, todos estão de acordo e dão boas risadas nas filas. Desse modo, quem é obrigado a proceder do jeito que não quer, é por ser servil a alguém. Quem é servil é por ter o procedimento do servo, e servo é aquele que vive sob alguma forma de escravidão. Portanto, quem é servil ainda não alcançou o nível de dignidade que distingue o homem sociável das bestas humanas.

Nestas afirmações, nem mesmo o religioso ferrenho será capaz de encontrar desrespeito ao seu Deus. Não se pode atribuir a elas outra intenção senão duas, mas nenhuma contrária ao que pregam todas as religiões. A primeira intenção é incentivar o sentimento de irmandade para todas as crianças do mundo na situação daquelas duas menininhas infelizes. A segunda intenção é manifestar um grande desejo de ver a humanidade ser constituída de irmãos sem aspas e sem escravidão.

No que diz respeito a ser contrário à escravidão, embora os religiosos não aceitem que Deus tenha aprovado a escravidão, Ele o fez. Em Êxodos, 21, Deus estabelece regras para a escravidão. Tem até outras passagens por lá também sobre o mesmo assunto, mas vou deixar de citar para não ficar parecendo pirraça. As menções do endereço citado são suficientes para provar a conivência de Deus com a escravidão. Embora ninguém individualmente concorde com essa afirmação de que Deus é escravagista, coletivamente, porém, todos carregam a bíblia com as regras ditadas por Deus sobre como conduzir os escravos. Embora não aceitem, por ser a desmoralização de Deus, fazem de conta que  não existe o que realmente existe. Basta abrir a bíblia naquele lugar citado para fazer de conta que não está lá o que lá está. Afinal, todos são obrigados a proceder do modo diferente do preferido. Fazê o quê, né não?

 

segunda-feira, 25 de março de 2013

O CIDADE ALERTA X O CIENTISTA


Malamanhadamente como sempre faço, em algum lugar nesse malamanhado blog escrevi sobre as drogas e o tráfico, afirmando ser bobagem esse negócio de proibir uso de drogas e que teríamos mais tranquilidade se elas fossem compradas nos mesmos locais onde são comprados o roliúde e a cachaça. Assim, não haveria de ser comprada às escondidas e custando tão caro que se o sobre valor virasse imposto e fosse aplicado corretamente sob a vigilância dos compradores de drogas seria suficiente para promover campanhas que mostrassem aos jovens a estupidez que é danificar seus corpos e ter como resultado uma velhice infeliz na UTI, com aspecto de ser muito mais velho do que realmente é. Esta é uma tarefa dura de enfrentar, mas não impossível haja vista haver jovens convencidos a se imolar. Certamente será mais fácil convencê-los a se preservar porque vale muito a pena economizar um pouco de vitalidade para usar depois. Isto dá melhor resultado do que economizar apenas dinheiro porque na hora em que a saúde debilita completamente o dinheiro vai inutilmente para o hospital.

 Do meu fraco ponto de vista, também afirmei haver só vantagens em transformar as fortunas bilionárias que enriquecem os mafiosos do tráfico em conluio com os politiqueiros. Estes recursos seriam suficientes para montar bons hospitais onde seria restabelecida a saúde dos fracos e infelizes jovens já com aparência de velhos.

Certamente ninguém leu o que escrevi porque ninguém lê nem quem sabe escrever, quanto mais quem não sabe.  Supondo haver alguma alma penada que lesse, com certeza ficaria horrorizada com tais idéias por instigarem o desrespeito à moral e aos bons costumes que, na realidade, são costumes imorais e torpes.

Entretanto, pessoas de nobres conhecimentos fazem declarações nas quais se confirmam todas as afirmações deste iletrado. Certa vez, da tribuna do Senado Federal, o saudoso e honesto senador Jefferson Peres (que a juventude não sabe quem é, assim como também não sabe o que é “homem honesto”), convocou os senadores a pensar na idéia de liberar o comércio de drogas no Brasil, no que foi prontamente contestado pelo religioso senador Pedro Simon.  

Os religiosos sempre se insurgiram contra uma inovação. Eles precisam de seguidores acostumados a seguir sem querer saber para onde está seguindo. É esse pessoal que garante a refeição dos gigolôs de religiões. É de se observar, entretanto, que as coisas contra as quais se insurgem os religiosos acabam por se instalar na sociedade. Este fato encontra explicação no fenômeno conhecido por “desgaste natural” e que, como diz o nome, é o envelhecimento que produz a fraqueza e a necessária substituição de coisas enfraquecidas por coisas vigorosas. Nada impedirá, por exemplo, que venham a ser adotados o tratamento por célula tronco, a legalização do aborto e a liberação do comércio de drogas. Também o divórcio já foi demonizado pelos religiosos e hoje reina tranquilo.

Mas a gente tratava era sobre a opinião que emiti a respeito do comércio de drogas e da proibição que só faz consumir imensos recursos no ralo da corrupção e da morte de muitos jovens. Este é o ponto de vista que a observação da vida me levou a crer ser o mais acertado. Qual não é minha surpresa ao encontrar grandes pensadores que pensam de modo a confirmar as afirmações deste iletrado e censurado por quem mal sabe quando um livro está ao contrário. Aqui está a prova material de estar meu ponto de vista combinando com o ponto de vista nada menos que do Dr. Alexandre Vital Porto, escritor e diplomata. Mestre em direito pela Universidade de Harvard, trabalhou nas embaixadas em Santiago, Cidade do México e Washington e na missão do país junto à ONU, em Nova York. Escreve aos sábados, a cada duas semanas, no caderno "Mundo" do jornal FOLHA DE SÃO PAULO, que publicou a seguinte matéria da autoria do Dr. Alexandre, intitulada A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS:

“Os astecas comiam cogumelos alucinógenos; os antigos hindus fumavam maconha; os romanos misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca houve sociedade sem drogas.

Sem contar os usuários das drogas já regulamentadas, como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e 6,6% da população adulta do mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha, cocaína e anfetaminas.

A maioria destes fará uso eventual, sem maiores consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a 13% desenvolverão problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV e doenças infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.

De cada cem mortes no mundo, uma decorre de atividades relacionadas ao tráfico de narcóticos. Estima-se que os custos dos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões anualmente.

Os prejuízos causados pela atividade ilegal – mas muito lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da população. É como se o povo subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais. É o pior de dois mundos.

Em 1961, a ONU aprovou sua Convenção Única sobre Entorpecentes com o objetivo de combater o problema das drogas por meio da repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento, assinado por 184 países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a elaboração das legislações mundiais sobre o tema.

No entanto, mesmo em países com leis especialmente severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o tráfico e o consumo de drogas persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse enfoque, a Lei Seca, tentou proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e 1933. O que acabou conseguindo foi transformar Chicago num antro de crime e criar personagens da linhagem de Al Capone.

Enquanto se persegue a utopia do mundo sem drogas, o comércio internacional de entorpecentes movimenta cerca de US$ 300 bilhões por ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse dinheiro paga propinas e estimula a corrupção das instituições democráticas.

A história mostra que parte da população mundial vai continuar se drogando. Mesmo que, para isso, tenha de desafiar as leis. Se políticas de repressão estrita funcionassem, o Irã não teria uma das legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores índices de dependência de heroína do mundo.

Os países que resolveram enfrentar a questão por meio de políticas inovadoras, que consideram o tema como de saúde pública e incluem a descriminalização do consumo de drogas leves, como a maconha, têm tido resultados encorajadores na reabilitação de usuários e no combate à criminalidade e outras consequências negativas da dependência.

A proibição das drogas só dá lucro aos traficantes. Não elimina o consumo nem seus efeitos deletérios, mas impede o controle, a tributação e potencializa o problema. Torna-se um fator de corrupção. Mas, acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que "um mundo livre de drogas", como quis a ONU, talvez não seja possível. O jeito é conviver com elas pagando o menor preço.”

Aí está. Quem tem maior autoridade para falar desse assunto, a requintada superioridade intelectual do Dr. Alexandre, o cientista, ou o religioso, grosseiro, e bem nutrido Datena, capaz de ofender pessoas cujos sentimentos são infinitamente mais nobres do que o sentimento de quem recebe gordo salário para destilar ódio contra nossos infelizes irmãos que a vida jogou na marginalidade e as pessoas nem ligam para elas. Preferem passar perfume para ir à igreja.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 18 de março de 2013

O ATEU E O RELIGIOSO




Se o crescimento espiritual da humanidade cresce como rabo de cavalo, é de se imaginar a quantas anda a espiritualidade do povo brasileiro, tão conformado em ser escória da humanidade a ponto de servir de monturo para outros povos, cujo lixo é transformado em camisas com as quais jovens brasileiros desfilam orgulhosamente pelos parques, circos, campos de futebola e terreiros de axé.

Agora, se o Brasil é escória, que dizer da Bahia? Em Salvador, certa vez, recebi no braço uma bolota de catarro cuspida de uma janela da casa vizinha para onde me dirigia, onde fui socorrido com a devida higienização, estando vivas ainda muitas das pessoas desta casa. E se a Bahia não tem como ser mais desclassificada, que dizer de Vitória da Conquista, nossa cidade? Não há cidade habitável no Brasil, é verdade. Entretanto, nessa daqui, a situação está mais prá bicho que prá gente. Aliás, ontem, o carro de barulho do mercado Santo Antônio fazia barulho quando eu entrava no prédio e xinguei o jovem que o dirigia, ao que ele disse: “Tá estressado? Vai morar no mato!”

Não pode haver maior demonstração de ignorância do pobre jovem que pensa ser a cidade própria para se fazer barulho, e que os mais sensíveis devem ir para o mato, lugar de bicho, colocando os bichos acima de sua capacidade de racionar e dos seus patrões cuja ânsia por juntar dinheiro não permite que suas mentalidades se elevem acima do caldo que escorre do esgoto pelas ruas onde os bichos humanos, estes sim, verdadeiros bichos, convivem com a imundície de pisar em caldo de fezes e suportar o barulho que os bichos do mato não suportariam.

Aqui está uma parte de um texto e da fonte da informação sobre os males causados pelo barulho:

(Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5261)

“Trata-se de fato comprovado pela ciência médica os malefícios que o barulho causa à saúde. Os ruídos excessivos provocam perturbação da saúde mental. Além do que, poluição sonora ofende o meio ambiente e, conseqüentemente afeta o interesse difuso e coletivo, à medida que os níveis excessivos de sons e ruídos causam deterioração na qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano ou prejudiciais ao repouso noturno e ao sossego público, em especial nos grandes centros urbanos.

Os especialistas da área da saúde auditiva informam que ficar surdo é só uma das conseqüências. Os ruídos são responsáveis por inúmeros outros problemas como a redução da capacidade de comunicação e de memorização, perda ou diminuição da audição e do sono, envelhecimento prematuro, distúrbios neurológicos, cardíacos, circulatórios e gástricos. Muitas de suas conseqüências perniciosas são produzidas inclusive, de modo sorrateiro, sem que a própria vítima se dê conta.

O resultado mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados de ruído, porque lentamente vão causando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos. Além disso, sintomas secundários aparecem: aumento da pressão arterial, paralisação do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo impotência sexual”.

Isto significa que os barulhentos de hoje serão amanhã velhos e velhas bichonas nervosas, surdas, com a pele ressecada, e loucas.

Ante a ignorância generalizada da juventude barulhenta e para sua própria proteção, pedi ao Ministério Público o seguinte:

“VITÓRIA DA CONQUISTA, 15 DE MARÇO DE 2013.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROMOTOR PÚBLICO DE JUSTIÇA NESTA CIDADE.

             José Mário Ferraz, brasileiro, idoso, casado, RG. 00316055-67, residindo no bairro Candeias, rua pastor Artur de Souza Freire, 650, apartamento 1001, juntamente com as pessoas que assinam as folhas anexas, tendo em vista ter esta cidade se tornado inabitável para os poucos moradores com noção de higiene, saúde e educação, vem, respeitosamente, apoiados nos artigos primeiro, item III, e quinto, item XXXIV, letra a, da Constituição Federal, e na legislação pertinente ao assunto aventado (cópias anexas), requerer se digne Vosselência de obrigar a administração municipal omissa a cumprir sua obrigação de corrigir as seguintes faltas:

1 – Caldo de esgoto a céu aberto, tanto no centro como nos bairros, e os carros salpicando as pessoas com o caldo putrefato além de possibilitar o transporte de doenças nos sapatos para dentro de casa.

2 – Lufadas de fumaça preta saídas dos canos de descarga em consequência de motores desregulados.

3 – Barulho infinitamente superior ao legalmente permitido, inclusive com os carros do G. Barbosa e do Supermercado Santo Antônio a disputar quem grita mais alto, cujo resultado danoso à saúde, como afirmam os médicos, faz parte dos documentos anexos a este requerimento, inclusive fotos mal feitas, mas que dão uma amostra da situação das calçadas.

4 – Concessão de HABITE-SE a prédio ainda em construção, deixando nós, entretanto, de citar um caso específico por ser injusto ante a impossibilidade de citar todos. O prédio em que moro, por exemplo, foi autorizado a ser habitado antes de estar concluído.

         5 – Calçadas quase intransitáveis para jovens e completamente intransitáveis para velhos e deficientes de outro tipo de deficiência, sendo utilizada grande parte das boas calçadas para comerciantes exercerem sua atividade comercial.

6 – Trânsito caótico com carros sobre as calçadas, carroças em meio aos carros, bicicletas e até motos trafegando em sentido contrário ao fluxo de veículos.

É por tudo isso que rogamos socorro por parte desta nobre instituição do Direito e da Justiça.

Atenciosa e respeitosamente,

José Mário Ferraz.”

Uma jovem e competente doutora em assuntos nutricionais ficou admirada quando eu lhe disse não ter apego a esta vida medíocre. Nenhum jovem pode compreender tal situação, nem mesmo os jovens responsáveis e bons profissionais. Esta vida só é boa para quem não teve tempo de aprender nadinha sobre ela. A cultura estabelecida pelo sistema capitalista transforma os seres humanos em apenas ganhadores de dinheiro e adoradores de divindades representadas por espertalhões mancomunados com politiqueiros na demoníaca tarefa de fazer com que só se pense em dinheiro, diversão, e oração, ficando distantes e indiferentes ao sofrimento de outras pessoas, apesar de se tratarem entre si de “irmãos”.

São inúmeros os casos de infortúnio como o da garotinha com uma bala na cabeça que ficou num hospital sem atendimento até morrer. Outro caso de cortar o coração, mas que as pessoas nem ligam, preferindo fazer reuniões nas igrejas, longe do hospital onde um senhor que dirige o seu bom táxi me contou ter chegado lá em determinado dia da semana passada e ficou penalizado ao ver uma garotinha com o braço torto, quebrado, sentadinha à espera no seu canto. Ao contar o final desta história, aquele homem demonstrou sentimento de grande revolta. É que no dia seguinte ele teve de retornar ao mesmo hospital e viu a menininha a chorar, no mesmo lugar, e com braço já bastante inchado.

Alguém que está nas igrejas se incomoda com isso? Pois, a mim, que gostaria de destruir todas as igrejas, causou uma tristeza infinita. É por isto que detesto as igrejas e seus frequentadores perfumados e ignorantes, indiferentes ao sofrimento de quem sofre, enquanto a um ateu causa sofrimento o padecer das pessoas porque para o ateu nós é que temos obrigação de cuidar de nós mesmos, e, portanto, não é possível que apenas alguns estejam excessivamente bem e outros excessivamente mal.

           Para que possa um jovem psicólogo ou psiquiatra preparado por técnicas inventadas penetrar no entendimento da espiritualidade que causa a uma mal-estar a uma pessoa sofrimento de outra pessoa ainda que desconhecida, é preciso que tal psicólogo ou psiquiatra seja alguém de capacidade extraordinariamente notável. O fato de saber ser a desunião a causa de quase todos os males, e ter de viver em meio a tanta desunião não me permite gostar do tipo de vida que sou obrigado a viver. É vida infeliz apenas porque ninguém faz nada para fazê-la pelo menos não tão infeliz. Ninguém faz reunião para pedir que se economize nos festejos do futebola lá na Fonte Nova e dê à menininha do braço quebrado a felicidade de sair daquele sofrimento, e do sofrimento de todos os menininhos e menininhas de todos os lugares. Amém.

 

 

 

 








 



 
 
 
 
 


quarta-feira, 13 de março de 2013

MONSTRUOSIDADE E SANTIDADE DE MÃOS DADAS

É de fazer pena a quem pensa, a pobreza espiritual da humanidade. Imagine só que nesse momento o mundo se alvoroça à espera de uma bufa colorida saída de uma chaminé italiana. Mas não é uma lufada de qualquer fumaça, não. É fumaça santa. Esta bufa colorida é uma mensagem santificada que causa suspiros na manada aglomerada à espera daquela mensagem em cores dizendo que os santos homens que se vestem de vermelho haviam escolhido o mais santo entre eles para representar o chefão de tudo que a mentalidade antediluviana das bestas humanas diz ser tão bom que nem presta. Chamam-no de Deus. A cada dia diminui no mundo o número de pessoas dispostas a dar dinheiro para sustentar malandragem de pastores bilionários e santos padres, todos criminosos. A mais recente notícia de crime praticado pelos chefes religiosos é a maior demonstração do papel de palhaços daquelas pessoas embevecidas e suspirantes em função da bufa colorida. Aquelas pobres criaturas ainda não sabem que entre os santos homens de vermelho está o cardeal americano Roger Mahony, condenado pela justiça de seu país a pagar dez milhões de dólares como indenização por crime de abuso sexual contra menores. É ser mesmo muito babaca uma imprensa medíocre como a nossa que dedica quase tanto tempo à palhaçada da bufa colorida quanto ao tempo despendido naquilo que melhor faz a imprensa: bobagens como manchetes anunciando venda de xoxota. Afora estes, o assunto principal dos babacas da imprensa é o resultado a que teria chegado os santos de vermelho, com o voto de um santo estuprador de criança. Até o povo americano, o mais estúpido na estupidez religiosa, depois deste infeliz Brasil, já começa a perceber a estupidez que é esperar proteção divina com as igrejas soterrando quem vai prá lá e os cadáveres no asfalto de pessoas que iam puxar o saco de algum santo. Fica muito feio para a multidão à espera do santo de cuja escolha participou um bandido que infelicitou o futuro de crianças. Como o povo americano, o mais estúpido e perverso do mundo, povo que joga bomba sobre as pessoas que ocupam lugar onde haja petróleo, estando agora a receber de volta as bombas que jogou. Tudo para aquele povo de grandes bundas brancas pode ser transformado em dinheiro, e logo buscarão transformar em ouro o que tocarem. Desta fome insaciável por dinheiro nasce a indiferença pela lembrança infeliz a atormentar o futuro das crianças molestadas por estes santos monstros. Para a estupidez dos branquicelas, entretanto, basta pagar para que se passe uma esponja no assunto.