Malamanhadamente
como sempre faço, em algum lugar nesse malamanhado blog escrevi sobre as drogas
e o tráfico, afirmando ser bobagem esse negócio de proibir uso de drogas e que
teríamos mais tranquilidade se elas fossem compradas nos mesmos locais onde são
comprados o roliúde e a cachaça. Assim, não haveria de ser comprada às
escondidas e custando tão caro que se o sobre valor virasse imposto e fosse aplicado
corretamente sob a vigilância dos compradores de drogas seria suficiente para
promover campanhas que mostrassem aos jovens a estupidez que é danificar seus
corpos e ter como resultado uma velhice infeliz na UTI, com aspecto de ser
muito mais velho do que realmente é. Esta é uma tarefa dura de enfrentar, mas
não impossível haja vista haver jovens convencidos a se imolar. Certamente será
mais fácil convencê-los a se preservar porque vale muito a pena economizar um
pouco de vitalidade para usar depois. Isto dá melhor resultado do que
economizar apenas dinheiro porque na hora em que a saúde debilita completamente
o dinheiro vai inutilmente para o hospital.
Do meu fraco ponto de vista, também afirmei
haver só vantagens em transformar as fortunas bilionárias que enriquecem os mafiosos do tráfico em conluio com os politiqueiros. Estes recursos seriam suficientes para montar bons
hospitais onde seria restabelecida a saúde dos fracos e infelizes jovens já com
aparência de velhos.
Certamente
ninguém leu o que escrevi porque ninguém lê nem quem sabe escrever, quanto mais
quem não sabe. Supondo haver alguma alma
penada que lesse, com certeza ficaria horrorizada com tais idéias por instigarem
o desrespeito à moral e aos bons costumes que, na realidade, são costumes
imorais e torpes.
Entretanto, pessoas
de nobres conhecimentos fazem declarações nas quais se confirmam todas as
afirmações deste iletrado. Certa vez, da tribuna do Senado Federal, o saudoso e
honesto senador Jefferson Peres (que a juventude não sabe quem é, assim como
também não sabe o que é “homem honesto”), convocou os senadores a pensar na
idéia de liberar o comércio de drogas no Brasil, no que foi prontamente contestado
pelo religioso senador Pedro Simon.
Os religiosos
sempre se insurgiram contra uma inovação. Eles precisam de seguidores
acostumados a seguir sem querer saber para onde está seguindo. É esse pessoal
que garante a refeição dos gigolôs de religiões. É de se observar, entretanto,
que as coisas contra as quais se insurgem os religiosos acabam por se instalar na
sociedade. Este fato encontra explicação no fenômeno conhecido por “desgaste natural” e que, como diz o
nome, é o envelhecimento que produz a fraqueza e a necessária substituição de
coisas enfraquecidas por coisas vigorosas. Nada impedirá, por exemplo, que
venham a ser adotados o tratamento por célula tronco, a legalização do aborto e
a liberação do comércio de drogas. Também o divórcio já foi demonizado pelos
religiosos e hoje reina tranquilo.
Mas a gente tratava era sobre a
opinião que emiti a respeito do comércio de drogas e da proibição que só
faz consumir imensos recursos no ralo da corrupção e da morte de muitos jovens.
Este é o ponto de vista que a observação da vida me levou a crer ser o mais
acertado. Qual não é minha surpresa ao encontrar grandes pensadores que pensam
de modo a confirmar as afirmações deste iletrado e censurado por quem mal sabe
quando um livro está ao contrário. Aqui está a prova material de estar meu ponto
de vista combinando com o ponto de vista nada menos que do Dr. Alexandre Vital
Porto, escritor e diplomata. Mestre em
direito pela Universidade de Harvard, trabalhou nas embaixadas em Santiago,
Cidade do México e Washington e na missão do país junto à ONU, em Nova York.
Escreve aos sábados, a cada duas semanas, no caderno "Mundo" do jornal
FOLHA DE SÃO PAULO, que publicou a seguinte matéria da autoria do Dr.
Alexandre, intitulada A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS:
“Os astecas comiam
cogumelos alucinógenos; os antigos hindus fumavam maconha; os romanos
misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca houve sociedade sem drogas.
Sem contar os usuários
das drogas já regulamentadas, como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e
6,6% da população adulta do mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha,
cocaína e anfetaminas.
A maioria destes fará
uso eventual, sem maiores consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a
13% desenvolverão problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV
e doenças infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.
De cada cem mortes no
mundo, uma decorre de atividades relacionadas ao tráfico de narcóticos.
Estima-se que os custos dos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas
ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões anualmente.
Os prejuízos causados
pela atividade ilegal – mas muito lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da
população. É como se o povo subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais.
É o pior de dois mundos.
Em 1961, a ONU aprovou
sua Convenção Única sobre Entorpecentes com o objetivo de combater o problema
das drogas por meio da repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento,
assinado por 184 países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a
elaboração das legislações mundiais sobre o tema.
No entanto, mesmo em
países com leis especialmente severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o
tráfico e o consumo de drogas persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse
enfoque, a Lei Seca, tentou proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e
1933. O que acabou conseguindo foi transformar Chicago num antro de crime e
criar personagens da linhagem de Al Capone.
Enquanto se persegue a
utopia do mundo sem drogas, o comércio internacional de entorpecentes movimenta
cerca de US$ 300 bilhões por ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse
dinheiro paga propinas e estimula a corrupção das instituições democráticas.
A história mostra que
parte da população mundial vai continuar se drogando. Mesmo que, para isso,
tenha de desafiar as leis. Se políticas de repressão estrita funcionassem, o
Irã não teria uma das legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores
índices de dependência de heroína do mundo.
Os países que
resolveram enfrentar a questão por meio de políticas inovadoras, que consideram
o tema como de saúde pública e incluem a descriminalização do consumo de drogas
leves, como a maconha, têm tido resultados encorajadores na reabilitação de
usuários e no combate à criminalidade e outras consequências negativas da
dependência.
A proibição das drogas
só dá lucro aos traficantes. Não elimina o consumo nem seus efeitos deletérios,
mas impede o controle, a tributação e potencializa o problema. Torna-se um
fator de corrupção. Mas, acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que
"um mundo livre de drogas", como quis a ONU, talvez não seja
possível. O jeito é conviver com elas pagando o menor preço.”
Aí
está. Quem tem maior autoridade para falar desse assunto, a requintada
superioridade intelectual do Dr. Alexandre, o cientista, ou o religioso, grosseiro,
e bem nutrido Datena, capaz de ofender pessoas cujos sentimentos são
infinitamente mais nobres do que o sentimento de quem recebe gordo salário para
destilar ódio contra nossos infelizes irmãos que a vida jogou na marginalidade
e as pessoas nem ligam para elas. Preferem passar perfume para ir à igreja.
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