quinta-feira, 2 de maio de 2024

ARENGA 732

 

Cadê a Assembleia Legislativa simbólica que a juventude universitária do Piauí elegeu entre estudantes e presidida por uma jovem? Ou os jovens esmoreceram no caminho ou então a papagaiada de microfone foi proibida por seus patrões de voltar ao assunto. Em algum jornal na internet vi a notícia de que jovens do Estado do Piauí, por meio de voto democrático e consciente elegeram uma simbólica Câmara de Deputados feita de jovens, com uma jovem na presidência, fato animador desde que esta jovem seja tipo Heloisa Helena ou Eliana Calmon.

Com que finalidade teriam os estudantes se dado a tal trabalho? Se foi por brincadeira teria sido bobagem porque além de já existir brincadeira demais e não se dever brincar com assunto sério, do que também já estamos saturados, além disso, por que desperdiçar o tempo de trabalhos ligados aos estudos?

Certamente que a iniciativa despertou interesse em quem sabe da importância que a política tem em nossas vidas a atitude dos universitários. Nós cá do cantinho de pensar conjecturamos várias hipóteses com nosso travesseiro. Às vezes nós achamos que teria sido para ensinar aos deputados de verdade o que é preciso para ser deputado uma vez que eles não sabem porque se soubessem não haveria de haver notícias nas páginas policiais e nem estaria a política tão desacreditada que tendo os eleitores de votar para escolher o menos pior, o desânimo é visível nas filas de votantes por obrigação e a custo de cinco bilhões.

Por tudo isso não se ouve nas filas de eleitores nenhuma conversa entusiasmada sobre os planos de nenhum candidato, algo mais ou menos assim: “Cê viu cara? Te falei que dessa vez tem um homem certo prá gente votar e que esse homem é seu Zé do Buraco Redondo? Semana passada no derradeiro discurso que faz lá no Buraco Redondo não teve quem duvidasse do que o homem falou. Falou que vai pegar o mundaréu de terra sem utilidade e fazer a reforma agrária. Disse que já combinou antes mesmo a eleição com o DNER para abrir estradas, com a engenharia das Forças Armadas para soldados construírem casas, escolas, hospitais, e garantir mercado para os produtos dos novos agricultores. Falou que isso vai desafogar as cidades para evitar violência e doenças. Também falou que vai organizar um corpo de cientistas para fazer vacinas para a doençada que vem aí.

quarta-feira, 1 de maio de 2024

ARENGA 731

 

Se, como disse o filósofo, uma mentira de tanto repetida tomo foros de verdade, uma verdade, quanto mais repetida, mas verdade se mostra. Como mentiras trouxeram a humanidade à camisa de onze varas em que se encontra, brigar contra as mentiras deve ser dever todo ser humano. Daí a implicância desse cantinho de pensar em relação à crendice na existência de um senhor deus porque tal crendice impede que as pessoas sintam-se responsáveis por seu destino e fiquem a espera de que esse senhor cuide disso e o resultado é o sofrimento humano ter chegado à situação extrema que ao contrário da realidade cada ser humano está certo de ser suficiente cuidar ainda que bem cuidado apenas de si e dos seus, ignorando a necessidade igualmente importante de também cuidar da vida social porque o ser humano foi feito para viver em comunhão com outros seres humanos em um relacionamento impossível de ser descrito porquanto esta dependência começa quando somos colocados no mundo e só termina quando alguém se livra das cinzas da cremação.

Sobre nossa dependência, há séculos o filósofo Thomas Paine fez a seguinte observação:

“...a força de um homem é tão desproporcional às suas necessidades, e o seu espírito é tão inadequado à solidão perpétua, que em breve é obrigado a procurar assistência e conforto com outra pessoa que, por seu turno, quer a mesma coisa”. E olha que o filósofo ainda foi parcimonioso em seu julgamento porque antes de virar pó a ‘..divindade, tanto quanto os magnatas atuais, passavam e passarão pela fase de matéria putrefata, em oposição ao processo higiênico da cremação.

               por falta desse cuidado com o TODO é que a vida está tão deteriorada a ponto de haver comida sobrando, a vida foi prolongada até três ou mais vezes mais do que no tempo das primeiras pessoas sobre a Terra quando só havia o que comer se fosse encontrada comida, e quando não se cogitava ainda de um senhor deus, não obstante passado tanto tempo para adquirir experiência, não se pode afirmar com certeza se aquelas pessoas eram menos infelizes do que nós.

Em algum lugar desse cantinho de pensar há uma proposta que vai aqui repetida para que façamos a experiência de pôr de lado durante uma década todas as divindades do mundo e dedicar cada grupo social a atenção que dedicava às divindades para ajudar na administração de sua sociedade se interessando em saber o custo de cada obra, o porquê das viagens dos administradores, enfim, o mesmo zelo que tem com os gastos com a família que tem uma zelosa dona de casa. Findo o período, se tudo continuasse o mesmo uma vez impossível estar pior, então votar-se-ia a atenção coletiva para as divindades.

Aliás, a respeito de divindades, estou vendo aqui na página 35 de Senso Comum, quando o governante se chamava rei, e para o povo era uma divindade, a seguinte referência do filósofo àquelas divindades: “Que heresia o título de sagrada majestade aplicada a um verme que no meio de seu esplendor se desfaz em pó”.

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terça-feira, 30 de abril de 2024

ARENGA 730

 

 

1 – Desembargador rejeita pedido do MP e mantém Eduardo Cunha elegível.

2 – Justiça eleitoral de SP autoriza candidatura de Eduardo Cunha à Câmara dos Deputados.

3 – Eduardo Cunha atua como consultor de deputados do União Brasil e do PL do RJ.

4 – STF anula condenação de Eduardo Cunha a quase 16 anos de prisão na Lava Jato.

5 – Supremo Tribunal Federal anula condenação do ex-deputado Eduardo Cunha na Lava Jato.

Estas notícias na imprensa, não dão a impressão de ter sido vítima de calúnia o senhor Eduardo Cunha, cidadão honrado e zeloso no cumprimento de seus deveres políticos? Se não, por que haveria um deputado, o vice-presidente da República e tantos órgãos da justiça, inclusive a mais alta corte de justiça do país, se empenhado tanto em protegê-lo? Afinal, é para proteger cidadãos de bem e resguardar a sociedade do pernicioso contágio de cidadãos do mal é que existem todas estas autoridades a custo de ouro.

Mas, como nem sempre aquilo que aparenta ser é o que, a verdade nesse caso, lamentável e infelizmente para as futuras gerações é bem outra que clama aos céus por província que socorra o futuro destas inocentes crianças de hoje que por inocência, apesar do amor que os pais dedicam aos filhos, por desconhecimento da verdade, pais têm ensinado aos filhos o grande erro de procurar no céu o conforto espiritual impossível de ser encontrado em meio à violência que a todos infelicita, inclusive aos que a praticam. Esse episódio que envolveu o honrado cidadão doutor Janot é de tamanha imoralidade política que tornaria ainda mais duras as palavras de Rui Barbosa caso ele fosse capaz de conceber o quanto pioraria aquilo que há tanto tempo ele já achava desonroso para homens de bem.

Prestem atenção na narrativa do doutor Janot porque ela expõe as chagas purulentas que tomaram conta do corpo político desse belo país de triste sorte e povo tomado pelo maior índice de analfabetismo político do mundo. Nosso país não merece tamanho desprezo político se é dela, da política, que depende não só a qualidade de vida, mas a própria vida, chavão que este cantinho de pensar vai repetir à exaustão por ser uma verdade incontestável que se o povo não observa é por não saber que pode pensar.

Vejamos, então, o que nos conta o doutor Janot. Se quem vai ler não quer que os cabelos fiquem de pé como os de Supla, deve untá-los com um unguento à base de cola. Dito isto, vamos lá:

Chamado ao Palácio do Jaburu (que o povo paga a peso de ouro para moradia da figura inútil de um do vice-presidente da república), nesse caso o doutor Michel Temer, que recebeu o doutor Janot ao lado do deputado Henrique Eduardo Alves, amigo próximo do vice-presidente. Disse este ao doutor Janot tê-lo chamada para ter uma conversa não com o procurador-geral da República, mas com um brasileiro preocupado com o Brasil, com um patriota. Foram as palavras do doutor Michel Temer. Feita esta introdução, tomou a palavra o deputado já citado e que disse ao procurador-geral da República que ele não podia investigar o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha por ter recebido uma propina de 40 milhões de dólares em transação para compra de dois navios porque este podia ter uma reação que colocasse o Brasil em risco.

Quem está pasmo até aqui se segura porque vem chumbo ainda mais grosso. Vamos lá:

Indignado, o procurador perguntou ao Vice-presidente Michel Temer se ele estava ciente da gravidade do que propunha ao procurador-geral da República, ao que o Vice-presidente, sem se abalar, disse que aquele pedido não era feito ao procurador, mas sim ao patriota Rodrigo Janot, ao que este respondeu: “o que os senhores estão me propondo é que eu cometa um crime de prevaricação. Isso eu não farei jamais”. Como devem ser realçadas as raras atitudes dignas em meio ao mar de lama costumeiro, diz o doutor Janot que o então ministro da justiça José Eduardo Cardoso que a tudo assistira calado veio depois a se prontificar para testemunhar o ocorrido quando necessário.

E então, senhores pais, é ou não é necessário mudar radicalmente nosso mundo político, ou vão admitir que seus filhos aprendam ser patriotismo prevaricar para proteger criminoso?

É dever de todo cidadão brasileiro assumir alguma parcela da tarefa de nos salvar a todos, inclusive estas almas que o bem perdeu para o mal. São pessoas que por falta da convicção de ser este um caminho que possivelmente conduzirá a uma infeliz velhice de remorsos e sofrimento, precisam ser reconduzidas para o caminho certo.

Ah, ia esquecendo: embora sejamos capazes dos próprios pensamentos, algumas pessoas do passado nos deixaram pensamentos sobre os quais vale a pena pensar, como este de Platão: “O preço que os homens bons pagam pela indiferença dos negócios políticos é serem governados pelos homens maus”.

Tal afirmação mostra que uma pessoa que existiu há mais de três séculos antes de Cristo já sabia o que o povo ainda não sebe hoje: a verdade de depender da política nossa qualidade de vida.   

 

          

  

 

 

 

domingo, 28 de abril de 2024

ARENGA 729

 

É costume se encontrar aqui no cantinho de pensar assuntos já tratados. Mas é que por considerar de suma importância tais assuntos para a a vã esperança de despertar interesse para a importância da política em nossas vidas que o cantinho sempre volta a alguns assuntos já tratados. A repetição torna falsa o dito de ser inútil malhar em ferro frio porque de tanto malhar o ferro esquenta. Dito isto, vamos lá: de tanto ler na imprensa escrita e ouvir na imprensa falada as palavras comunista, socialista e terrorista, como manchas máculas que denigrem o caráter de alguém, e por não pensar por si mesmo, mas por receber seus pensamentos prontos e acabados nos laboratórios satânicos dos ricos donos do mundo, o povão tomou horror àquelas palavras sem saber que por trás desse horror rolam coisas do arco da velha. Verdade que as palavras em questão têm servido para definir comportamentos brutais. Mas, se não se aplica aqui o raciocínio de Thomas Paine de que uma mentira de tanto repetida acaba virando verdade, porque se as brutalidades praticadas pelas ideias das pessoas que professam o ideário dos comunistas, socialistas e terroristas ou esquerdistas, são verdades também crueldade ainda maior à qual o povo é indiferente apenas por ser camuflada pela atividade do pão e circo que tira as pessoas do sério e as leva para brincadeiras e vulgaridades. Presenciasse o povão a realidade a que se refere Ladislau Dowbor na página 17 do fabuloso livro O Capitalismo Se Desloca, de haver 850 milhões de pessoas passando fome no planeta, das quais mais 150 milhões são crianças, as pessoas deixariam a indiferença para se comiserar da infelicidade daquelas pessoas que são em maior número do que as vítimas das ideias das esquerdas, principalmente no que diz respeito a crianças. O fato é que nada justifica a violência nem de esquerda nem de direita considerando a conveniência do diálogo uma vez que os seres humanos podem se expressar com palavras.

Se não se pode aplicar aqui a conclusão de Thomas Paine de que mentira muito repetida acaba se tornando verdade, porque violência é uma realidade, lembremos que Paine também observou que o tempo faz mais convertidos que a razão, o que é uma verdade do tamanho do mundo. Basta observar que o tempo converteu em mitologias as religiões antigas e ninguém mais faz orações para o espírito de um rio caudaloso a fim de atravessá-lo sem incidentes desagradáveis como se fazia, assim também serão convertidas em mitologias as religiões atuais e nenhum profissional de alguma das muitas espécies de fé aspergirá água santa em transportes para evitar acidentes.

Podemos estar certos de que as realidades inventadas, que é como o filósofo se refere a fenômenos não naturais, portanto sociais. Nenhuma fé em divindade entre as muitas que existem será capaz de amenizar os sofrimentos cada dia maiores. A ganância humana tudo deturpa para obter vantagem. O acontecido com as ideias generosas de Cristo para uma vida simples e feliz, a brutalidade humana deturpou de tal forma que santarrões em nome de um tal de Senhor, envolvidos em falcatruas políticas, levam barras de ouro tiradas de uma sociedade infelicitada por muitas necessidades desatendidas. E isto em nome de Deus. Abundam templos faraônicos onde sob as mais absurdas alegações e crendice são arrecadadas fortunas que somadas aos custos destes templos serão suficientes para resolver a questão da pobreza no mundo. Até uma excrecência de invenção satânica de banco, o Banco do Vaticano, existe em lugar da recomendação cristã de vida simples.

E assim é que não há como esperar de esquerda nem de direita aquilo que só pode acontecer quando o povo se tornar civilizado, ou seja, no dia em que galinha nascer dente por ser mais fácil civilizar uma fera do que o elemento povo condenado à infelicidade pela exorbitância da estupidez de deixar que as artimanhas malignas do pão e circo lhe tirem a capacidade de raciocinar e perceber que seu maior ou menor bem-estar depende é de dinheiro, do dinheiro jogado fora pela má política e de forma alguma depende da ilusão de esperar inutilmente que venha de santidades inexistentes. Querer saber o que está sendo feito com o dinheiro dos impostos tem resultado infinitamente maior do que um quaquilhão de orações.     

 

 

 

  

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

ARENGA 728

 

O jornal Gazeta do Povo do dia 22/04/2024 noticia o seguinte: O resultado desastroso do método Paulo Freire nas escolas dos Estados Unidos.

Qual será o motivo para ser considerado desastroso um método de ensino que desenvolva nas crianças a capacidade raciocinar, como queria mestre Paulo Freire? As entrelinhas desta notícia no jornal revelam tantas coisas que se a juventude mundial tivesse tido desenvolvido o raciocínio em criança seria capaz de perceber o tamanho das maldades do mundo como as que a notícia contém e quanto o mundo seria diferente para melhor!

No livrinho Convite À Filosofia consta que perguntado a um filósofo qual a utilidade da filosofia, respondeu que é evitar ser acatada sem meditar a respeito as informações que nos chegam. Que tal, então, meditarmos um pouco sobre a notícia do jornal?

Em primeiro lugar, a quem interessa um povo que não aprendeu raciocinar, senão aos líderes mundiais que conduziram o mundo para a calamidade na qual chafurda a humanidade vitimada por tamanha exclusão social a fim de que insignificante percentual dos humanos possa satisfazer um vício mais pernicioso do que qualquer outro posto que dele resulta infelicidade para todos e que é o vício de ajuntar para si a riqueza que a todos deve servir?

Em segundo lugar, qual é o povo no mundo todo que por não ter aprendido em criança a raciocinar é tão enganado que acredita ser o tempo dinheiro senão o povo americano a quem o método de Freire é desastroso senão? Assim, O que a notícia contém nas entrelinhas é o medo dos defensores da cultura do venha a mim e os outros que se danem, medo de que venha o povo a perceber a impossibilidade de apaziguar os padecimentos de que é vítima a humanidade enquanto orientada pela cultura de poucos com muito e muitos sem nada. Estes poucos com muito só não percebem a impossibilidade de vida social em tais termos por não terem também aprendido a raciocinar em criança.

Outro jornal, A tribuna da Bahia, traz outra notícia cujas entrelinhas provam o erro monumental a que por não raciocinar incorreu o povo americano, e esta notícia é a seguinte: “Somos Hamas”: o inacreditável clamor vindo de universidades americanas. Manifestantes de Columbia também ameaçam estudantes judeus com um “7 de outubro todos os dias”; protestos se disseminam.

Aí está. A cultura do ajuntamento de riqueza está levando universitários americanos ao absurdo de aprovar o terrorismo. Não é crível que estes jovens prefiram as infelicidades resultantes da violência. O que acontece com eles o resultado da observação de Thomas Paine em Senso Comum, de que o tempo faz mais convertidos que a razão. Assim, com o passar do tempo, estes jovens estão percebendo a inviabilidade do modo como é conduzida sua política, e, ademais, a política mundial que infelicita a humanidade. 

 

     

domingo, 21 de abril de 2024

ARENGA 727

 

Tantos infortúnios a atormentar evidenciam que a humanidade tem uma qualidade de vida inferior à que poderia ter se se dedicasse a refletir sobre o porquê de viver tão mal. Pior é pensar que nós, cá da América Latrina, ainda não alcançamos nem esta inferioridade como mostra a Operação Lava Jato condenada à exaustão não só por quem se dá bem com o mal, mas também pessoas acima de suspeita condena o trabalho dos destemidos garotos do Paraná que até hoje pagam caro por terem mostrado uma pontinha do iceberg da corrupção que suga nossos recursos impiedosamente,  expondo pela primeira vez a tremenda culundria que macula nosso sistema político, sob argumentos dos mais absurdos e desinteligentes de ter havido falhas no trabalho que pela primeira vez levou ladrões ricos a confessar a desonestidade que os levou à prisão. Ora, se realmente houve tais alegadas falhas, em vez de perseguir como perseguiram e ainda perseguem a Lava Jato, o correto seria corrigir estas faltas em vez de interromper um trabalho que resgatava bilhões de dinheiro público roubado de um povo pobre por Midas insaciáveis a quem por maior que seja a riqueza ainda é pouca.

 Embora não seja privilégio do Brasil a distorção na arte de administrar a sociedade, que é como entendemos a política, porquanto é exercida de modo a prejudicar o povo em benefício de gatos pingados que orbitam o poder público feito urubus numa tramoia de desonestidades das quais o povo festivo e requebrador não faz o altíssimo preço que paga por tamanha indiferença política que chega ao absurdo de condenar ideias socialistas como coisa do demônio quando o próprio nome “socialismo” traz a ideia de justiça social uma vez que pretende usar o produto do trabalho coletivo em benefício da coletividade. Se há distorção do socialismo, também como na Lava Jato, cabe corrigi-las em vez de condenar tais ideias.

 As riquezas particulares não só contam com indiferença dos administradores públicos, mas também com o favorecimento deles, o que se explica pela inexistência de liderança autêntica em meio a seres ainda tão brutos como são os seres humanos. Daí o empenho de todo governante em manter o povão festivo e sempre alegre ligado em igrejas e festejamentos de vários tipos com objetivo de desviar sua atenção dos jogos macabros que rolam pelos corredores do poder onde pastas 007 tramitam prá lá e prá cá levando a possibilidade de melhores condições de vida da população e deixando atrás de si um rastro de pobreza, fome, doenças e violência, comportamento inimaginável a um líder de verdade para o qual o interesse dos liderados vem em primeiríssimo lugar, o que até hoje ainda não foi e nunca será o caso de nenhum governante no mundo enquanto permanecer a falta de interesse do povo sobre o que acontece nos bastidores do poder. É de causar pasmo que embora em outras épocas, mas houve um tal de Nicolau Maquiavel que dizia ser melhor o governante se temido do que amado. Esta é a humanidade que pena necessidade enquanto dá vida faustosa para falsos líderes e apaniguados.

Thomas Paine diz que uma mentira tida como verdade acaba por adquirir foros de verdade apesar de não deixar de ser mentira. Assim é que o triste elemento povão tristemente alegre nunca deixou de prestigiar quem seja capaz de convencer de que uma mentira seja verdade. Onde quer que seja chamado a comparecer, lá estará a malta festiva e saltitante a ovacionar e dar seu apoio até a corrida de tartaruga caso seja realizada do mesmo modo como são as corridas de cães, cavalos, idiotas da São Silvestre e carros dirigidos por bonecos do pão e circo que até um pum vira motivo para alarde na imprensa. Onde quer que seja anunciada alguma alegria lá estará a multidão para aplaudir. Até bolo do comprimento de um quilômetro merece alegria de povo antes de só restarem as migalhas, o que acontece com impressionante rapidez.

A humanidade nada faz para superar sua incapacidade de organizar uma sociedade civilizada. A melhor forma até hoje inventada para esse fim e que foi um Poder Estatal para conter a brutalidade que inviabiliza a ideal forma de vida em comunidade e em paz. Como não podia deixar de ser, esta invenção não surtiu o efeito esperado e nem podia surtir porquanto sendo o desempenho do Poder Estatal exercido por seres tão brutos quanto aqueles a quem deveriam educar, o resultado são as guerras por mais poder e ter a administração pública sido tão profundamente deturpada que aos governantes interessa um povo incapaz de raciocinar inteligentemente, mas, ao contrário, um povo tão fácil de ser conduzido que vê celebridade e motivo de fama no escoiceamento de bola e as vulgaridades das “famosas” e “celebridades” famosas e célebres não raro pela vulgaridade de expor ao público suas “partes”.

sábado, 20 de abril de 2024

ARENGA 726

 

 

“Vivemos em um país que produz muito alimento e tem muita gente passando fome. Para além do escândalo ético, isso é uma aberração em termos de organização econômica e social. A fome não admite neutralidade, e, em termos jurídicos, considerando a nossa Constituição, um governo que não toma nenhuma medida para assegurar o acesso básico à alimentação da população, quando os alimentos existem em abundância, está, no mínimo, incorrendo em prevaricação. Não há argumentos quando crianças passam fome”. (do livro DA FOME À FOME – diálogos com Josué de Castro), de Tereza Campello e Ana Paula Portoletto.

Por que será que a intelectualidade não merece da sociedade a mesma admiração dispensada à beleza e à vulgaridade da exposição da nudez? Quando a juventude souber a resposta a esta questão, o mundo ficará bom de se viver nele. Mas, se houver tempo para esta aprendizagem porque o mau humor da natureza em respostas aos maus tratos da praga humana não tá prá brincadeira, não. Mas, isso é outra história porque no momento o cantinho de pensar tem sua atenção voltada para o que disse mestre Josué de Castro, médico e intelectual que dedicou a vida ao estudo da problemática em torno da fome, principalmente da fome desnecessária.

Vemos constantemente na imprensa notícia de dezenas de milhões de toneladas de grãos  e carne produzidos pelo agribiuzinesse endeusado pela falsidade da papagaiada de microfone em troca da despensa abastecida. Por que, então, a despeito de tanto alimento, há fome? Por que o povo dá mais atenção a escoiceadores de bola do que a um assunto tão relevante quanto a crianças morrendo de fome? Quando doutores repudiam a palavra socialismo não estariam sendo indiferentes à monstruosidade de inocentes crianças em tamanha penúria? Não seriam moralmente mais dignas as ideias socialistas na incessante luta por justiça social? A repugnância de quem torce o nariz para o socialismo não será menos desejável do que ser indiferente a crianças morrendo de fome? Não teria sido esta repugnância resultante de trabalho dos Midas a fim de embolsarem a riqueza necessária à salvação destas infelizes crianças que por ignorância do que seja vida social não só pobres como ricos despejam no mundo, indiferentes à realidade de que o ser humano demanda os recursos que a natureza vai cansar de produzir?

Sabem os senhores? O curioso nisso tudo é que tirando fora os religiosos para os quais quem sofre é porque merece sofrer, e os ricos para os quais pobre é pobre por ser preguiçoso, fora estes anormais, qualquer pessoa ao ver uma criança morrendo por fome compadece e toma alguma atitude para amenizar aquele sofrimento. Entretanto, como as pessoas não veem, então, é como se não existisse o problema. Se não dormem não por lhes pesar na consciência este drama, mas sim pelo resultado dos males trazidos para a vida, entre eles a insônia.

Dói na alma de quem não conta com deus, ver pais de crianças bem nutridas agradecendo a um tal de senhor de bondade infinita a mesa farta, sem pensar que outras crianças, esquálidas, nada têm para comer simplesmente porque os bilhões de quilos de comida produzidos são destinados a serem trocados por lucro a fim de aumentar a riqueza de quem só precisa de riqueza por vício e nunca por necessidade, como determina a cultura cruel do venha a mim e os outros que se danem.

Cruel, além de antissocial, porque quando se trata de vida em sociedade, ou todos estejam bem ou ninguém estará, realidade tão à vista que nem mesmo as engendragens satânicas do pão e circo conseguem mais esconder na totalidade uma vez que insatisfações pipocam mundo afora com resultado imprevisível.