Não podia
estar mais errada a filosofia de Hegel ao concluir que a única coisa que se
aprende com o estudo da História é que nada se aprende com o estudo da História.
Aprende-se desde que se raciocine sobre
o fato histórico. Da maioria deles tiram-se conclusões capazes de nos ensinar
verdades até então despercebidas. Um exemplo: no capítulo 21 do livro História
da Civilização Ocidental, sobre os fatos que levaram à Revolução Francesa que
deu origem a outro tipo de sociedade, o historiador McNall Burns, autor do
livro citado, esclarece algo tão importante que se o elemento asqueroso povo
soubesse ler e parasse um pouco de dançar para ler e sua estupenda estupidez
lhe permitisse alcançar o sentido das palavras do historiador, encontraria o
caminho para uma vida digna de seres capazes que substituísse a espetacular brutalidade
humana que supera a dos irracionais. Jamais será visto grande ajuntamento de
bichos eufóricos assistindo duas feras trocando sopapos até que uma caísse
desmaiada e tivesse uma velhice infeliz por consequência deste espancamento. Mas, vejamos o que diz o
historiador sobre a sociedade francesa na época da grande revolução:
“Luiz XIV
foi a encarnação suprema do poder absoluto. Seus sucessores, Luiz XV e Luiz
XVI, arrastaram o governo aos derradeiros extremos da extravagância e da
irresponsabilidade. Além disso, os súditos desses reis eram bastante
esclarecidos para sentirem vivamente os seus agravos”. Deduz-se das últimas palavras que por
serem os súditos de Luiz XV e Luiz XVI mais esclarecidos do que os súditos de
Luiz XIV (encarnação do poder absoluto) foram eles capazes de procurar outra
forma de vida diferente daquela em que viviam oprimidos e sem direitos nenhuns.
Este fato
histórico leva à conclusão de que povo esclarecido não se deixa oprimir, pelo
menos com a mesma facilidade com que se oprime povo não esclarecido ou
politicamente analfabeto. Um povo assim se deixa levar pelas alegrias do pão e
circo endeusado por incontável plêiade de papagaios de microfone de forma tão
absoluta que é indiferente ao fato gerador de seus sofrimentos e que é o fato
de terem parasitas se apossado do Poder Estatal e submetido os governos em todo
o planeta à sua vontade mesquinha de ajuntar riqueza sem limite como se apenas
eles existissem no mundo.
Povo não
esclarecido atravessa gerações envolvido com brincadeiras e servindo a estes
parasitas sem perceber sua servidão. Ao contrário, sendo esclarecido, pode
mudar o rumo de sua sociedade quando governantes obedientes a interesses escusos
e contrários aos seus interesses de ter direito ao bem-estar que a riqueza
social pode proporcionar se empregada nesse sentido.
Na cultura
atual do venha a mim e os outros que se danem não existe povo esclarecido
exatamente para que prosperem os desmandos. Os que se acreditam esclarecidos ou
civilizados são, na verdade, tão sem esclarecimento ou incivilizados quanto os
menos esclarecidos. Se desfrutam de melhor padrão de vida foi a custo do atraso
daqueles a quem se julgam superiores.
De mais a
mais, estas sociedades “civilizadas”, além de sustentarem ridícula realiza como
enfeite em nome de uma tradição onerosa, abrigam os maiores parasitas da
humanidade que por meio de grossa agiotagem na excrescência do sistema
financeiro extraem da sociedade sem nada produzirem fortunas incalculáveis que
reinvestidas nesse perverso sistema antissocial multiplicam-se
extraordinariamente num parasitismo extremamente prejudicial e que apesar do
estrago que causa à humanidade, progride no seio das sociedades supostamente
civilizadas gerando tamanha quantidade de excluídos que já põem em risco a
tranquilidade inclusive dos próprios Midas ainda que sobre proteção de forte
segurança cada vez mais inútil.
Como uma
história puxa outra, do que vimos até agora pode-se concluir que a humanidade
está condenada a permanecer na obscuridade da falta de esclarecimento, impasse
que a impede de ser capaz de impor sua vontade legítima de viver bem aos falsos
líderes que a governam submetendo-a à exaustão de produzir a riqueza do mundo e
receber em troca mil e uma formas de festejamentos e a insustentabilidade de um
planeta tão esbarrocado que desmoronará sob chuvas.