quarta-feira, 31 de março de 2021

ARENGA 481

 

A realidade mostra haver impropriedade vernacular no termo civilização com que os livros de História se referem a sociedades humanas. Como se cogitar de civilização em seres tão bárbaros que buscam poder com a mesma brutalidade com que os Vikings buscavam tesouros? Acomodada no faz-de-conta das crianças e dos loucos, a humanidade se nega a encarar a realidade de se viver a mesma ilusão de quando o objetivo dos governos era construir impérios a custo de vidas humanas. Não há civilização sem que se chegue à comunhão de interesses, de ser praticado o ensinamento de Cristo sobre irmandade, de desejar ao outro o mesmo que se deseja para si, em vez de se ater às falsidades do se deus quiser, do graças a deus, do com fé em deus, da igualdade perante a lei, da justiça social ou da falsidade de ser a competição a melhor forma para se viver coletivamente.

É inegável que a humanidade marcha rumo à civilização. Mas esta marcha ocorre ao acaso, independentemente de ação voltada nesse sentido. Abandona-se determinado comportamento contrário a uma convivência civilizada apenas quando se torna inevitável a percepção de haver modo de proceder mais inteligente, o que poderia acontecer antecipadamente caso se racionasse sobre a possibilidade de haver erro naquele proceder, o que não se faz. Segue-se em frente sem interesse no futuro como se só existisse o presente como fazem os irracionais, razão pela qual não se fala em civilização de bovinos ou suínos.

Também peca a parte da História sobre importância da cultura dos romanos para o mundo ocidental em virtude de ter sido a origem da língua portuguesa, do sistema jurídico e do cristianismo. No tocante ao povo brasileiro, tais instituições em nada contribuíram para sua caminhada rumo à civilização. Se o cristianismo visava o bem, no Brasil predomina o mal, a língua portuguesa é brutalmente espezinhada por estrangeirismos e do sistema jurídico resultaram o STF e leis acobertadoras de banditismo.

A insensibilidade de brutos é o que faz a felicidade do povo brasileiro. Na imprensa, notícias sobre esportes praticados em monumentais templos para brincadeiras, para se conversar com estátua ou para comprar feijão milagroso, recolher dízimo, notícias de futilidades, pornografia e prostituição, disputam de igual para igual com notícias de sofrimento, de mortes em tão grande quantidade que faltam sepulturas, de altos roubos do dinheiro de amenizar a tortura de quem não pode respirar por falta desse dinheiro.     

domingo, 28 de março de 2021

ARENGA 480

A imprensa é uma faca de dois gumes. Se por um lado mostra os problemas que afligem a humanidade, por outro lado, salvo gatos pingados como Ladislau Dowbor, Thomas Piketty e poucos outros economistas que escrevem livros mostrando coisas como o impasse entre bem-estar social e o acúmulo em poucas de imensas riquezas privadas, bem como a insanidade da prática de se procriar sem se levar em conta a possibilidade de não ter como manter viva tanta gente.

Tirando fora os poucos escritos desse teor, no mais, a imprensa faz maior mal do que o bem que faz uma vez que suas informações distorcem a verdade. Depender de propaganda para sobreviver, e ser a propaganda a arte de explorar a estupidez humana, resulta que para a imprensa é mais conveniente um baixo nível intelectual dos ouvintes do que de pessoas intelectualmente elevadas. Esta realidade pode ser facilmente percebível na grande audiência que têm as gritarias dos programas sobre futebola, geralmente aos meios-dias, quando a ralé mental é atraída pela televisão no horário de almoço, quer em casa, quer nos restaurantes e lanchonetes. Da mesma forma, as vulgaridades de “famosos”, “celebridades” das baixarias de BBB e Fazenda, além de reis de pau oco, pessoas vulgares para as quais a imprensa carreia a atenção do povo com tamanha eficiência que jovens ficam ricos por cantar, mostrar a bunda, ou escoicear bola enquanto têm de ralar numa vida medíocres os jovens que lutam contra a pandemia, e perseguidos os que buscam justiça social, resultando daí que os seres humanos se comportam de modo a se prejudicarem a si mesmos por força das informações da imprensa.

Daí que a realidade vivida exige mudança. Quando a imprensa mostra à população o lucro dos bancos ou a jogatina do Cassino Caixa Econômica, nenhum interesse desperta na opinião pública a inviabilidade de uma situação na qual há mais vantagem na agiotagem, na jogatina, no roubo do sistema financeiro, nas atividades lúdicas e na prostituição mostrada no Yahoo Notícias do que no trabalho honesto e produtivo. 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 6 de março de 2021

479

 

Injustificável é o conformismo dos seres humanos ante as várias espécies de exploração a que são obrigados suportar, principalmente a dos gigolôs do sistema financeiro. O povo se submete à torpeza de parasitas com a mesma subserviência de pobres putas desamparadas pela vida que se apaixonam por impiedosos malandros de péssimo caráter. É por conta desta subserviência que a opinião pública não discorda do argumento canalha do parlamento que para esconder da justiça os crimes de deputados e senadores apega-se ao argumento da inviolabilidade assegurada no artigo 53 da Constituição Federal. Isto é de um cinismo de clamar aos infernos porque quando a constituição estabelece a imunidade está visando evitar que meliantes se apresentem como ofendidos por falas contundentes de parlamentares honrados em defesa da sociedade. Nunca para proteger meliantes travestidos de deputados e senadores.

Deus cagou fora do pinico quando deixou sem afogar no dilúvio alguns trastes para dar origem ao elemento asqueroso povo, corja tão espiritualmente vil que depois de se misturar com bichos, seus iguais, e contaminar-se com doenças inerentes aos bichos, desperdiça em brincadeiras e foguetórios o dinheiro de tratar as doenças e as esparrama mundo afora num injustificado deslocamento tresloucado prá lá e prá cá.

 O elemento asqueroso povo é incapaz de livrar-se de seus dois maiores males: a religião e o governo. Por um lado, a religião lhe atocha o ferro alimentando a incapacidade de raciocinar para que converse com estátua e compre feijão santo, por outro lado, o governo usa desta incapacidade para atochar-lhe o ferro fazendo-o sustentar em palácios com vida mansa uma plêiade de vagabundos da mais baixa estirpe.

No que diz respeito à religiosidade, na página 27 do livro Falando Francamente Vinicius Bittencourt nos lembra estas palavras do filósofo Thomas Paine: “Quando lemos as histórias obscenas, as libertinagens volutuosas, as cruéis e traiçoeiras execuções, as vinganças impiedosas, que enchem mais da metade da bíblia, pensamos que seria mais consistente chamá-la a palavra do demônio do que a palavra de Deus. É um relato de perversidades que contribuem para corromper e embrutecer a humanidade”.

A estas palavras o mestre do Saber Vinicius Bittencourt acrescenta: “O povo quer ser iludido. Os padres e os pastores suprem esta carência, fornecendo imposturas”.

No que diz respeito ao governo, foi ele cooptado pelo poder do dinheiro de ignorantes Reis Midas que embora sendo apenas um por cento da população botou o bundão farto em cima de noventa e nove por cento da riqueza do mundo sob completa indiferença da opinião pública cooptada pelo pão e circo.