A realidade mostra haver impropriedade vernacular no termo
civilização com que os livros de História se referem a sociedades humanas. Como
se cogitar de civilização em seres tão bárbaros que buscam poder com a mesma brutalidade
com que os Vikings buscavam tesouros? Acomodada no faz-de-conta das crianças e
dos loucos, a humanidade se nega a encarar a realidade de se viver a mesma ilusão
de quando o objetivo dos governos era construir impérios a custo de vidas
humanas. Não há civilização sem que se chegue à comunhão de interesses, de ser
praticado o ensinamento de Cristo sobre irmandade, de desejar ao outro o mesmo
que se deseja para si, em vez de se ater às falsidades do se deus quiser, do
graças a deus, do com fé em deus, da igualdade perante a lei, da justiça social
ou da falsidade de ser a competição a melhor forma para se viver coletivamente.
É inegável que a humanidade marcha rumo à civilização. Mas esta
marcha ocorre ao acaso, independentemente de ação voltada nesse sentido.
Abandona-se determinado comportamento contrário a uma convivência civilizada apenas
quando se torna inevitável a percepção de haver modo de proceder mais inteligente,
o que poderia acontecer antecipadamente caso se racionasse sobre a possibilidade
de haver erro naquele proceder, o que não se faz. Segue-se em frente sem
interesse no futuro como se só existisse o presente como fazem os irracionais, razão
pela qual não se fala em civilização de bovinos ou suínos.
Também peca a parte da História sobre importância da cultura
dos romanos para o mundo ocidental em virtude de ter sido a origem da língua
portuguesa, do sistema jurídico e do cristianismo. No tocante ao povo
brasileiro, tais instituições em nada contribuíram para sua caminhada rumo à
civilização. Se o cristianismo visava o bem, no Brasil predomina o mal, a
língua portuguesa é brutalmente espezinhada por estrangeirismos e do sistema
jurídico resultaram o STF e leis acobertadoras de banditismo.
A insensibilidade de brutos é o que faz a felicidade do povo
brasileiro. Na imprensa, notícias sobre esportes praticados em monumentais
templos para brincadeiras, para se conversar com estátua ou para comprar feijão
milagroso, recolher dízimo, notícias de futilidades, pornografia e prostituição,
disputam de igual para igual com notícias de sofrimento, de mortes em tão
grande quantidade que faltam sepulturas, de altos roubos do dinheiro de
amenizar a tortura de quem não pode respirar por falta desse dinheiro.