sábado, 31 de outubro de 2015

ARENGA 183

Rolou no Aerobar entre goles de uísque a seguinte historinha: Face à presença de vários deputados no meretrício, alguém perguntou a alguém qual seria o motivo e a resposta foi de se tratar do dia das mães. Historinhas desse tipo existem aos milhares pelaí, o que demonstra a quantas anda a falta de vergonha, de hombridade, enfim, a canalhice dos impropriamente chamados políticos por não passarem de politiqueiros, cuja diferença é a mesma existente entre água potável e água de esgoto. A massa ignorante de povo, entretanto, se limita a brincar com assunto de tal seriedade. Já era para se ter concluído pela necessidade de mudança por ser inteiramente inadmissível se conformar em ser representado por pessoas merecedoras de tamanha desqualificação. Se apenas um bilionésimo de tudo que é armado contra o povo é capaz de despertar o perigoso ódio que começa a ser exteriorizado pela população, não é difícil imaginar o que ocorrerá no mundo inteiro quando os povos imbecilizados, porque todos eles o são, atinarem com a realidade de nunca terem sido outra coisa através do séculos senão um gigantesco burro de carga utilizado por líderes que desconhecem o significado de liderança. A vida faustosa de todos os governantes no mundo é o bastante para mostrar aos povos a burrice que é entregar o dinheiro dos impostos a seres espiritualmente vis que o desbaratam acintosamente na cara de seus verdadeiros donos.
A vilania, no presente, assumiu proporções tão alarmantes que a qualquer ora a subserviência que levava a massa bruta de antanho a beijar as mãos dos reis vai fazer com que as massas brutas atuais beijem os pés ou o saco dos governantes que degradaram a nobre atividade de administrar a riqueza pública a ponto de terem o direito de carrearem imensas riquezas consigo. De nada valeu para nenhum povo do mundo o exemplo de simplicidade dado por José Mujica, não sendo de causar estranheza seja ele motivo de gozação para governantes ladravazes. O prefeito do Rio de Janeiro não fez gozação com Lula por achar que ele roubava pouco? O desprezo é a recompensa de quem pretende implantar justiça social em sua sociedade. Quando escritores assalariados e a papagaiada de microfone caem de pau prá cima de Fidel Castro, condenando-o pela morte de crianças nos naufrágios quando da fuga para os Estados Unidos, nem de longe mencionam o fato de serem estes fugitivos adeptos da antissocialidade e desejosos do ambiente antissocial da competição dos americanos cujo resultado é a infelicidade que grassa naquele país de bundas brancas apavorados pelo medo de serem explodidos a qualquer momento. Por que será que os tais escritores assalariados ganhadores do Nobel de literatura, aqueles da revista Seleções do Reader’ Digest e tantos outros, inclusive a papagaiada de microfone, puxa saco de seus patrões, os ricos donos do mundo, não se espantam com o número infinitamente maior de criancinhas mortas ou condenadas à morte por terem sido obrigadas a se tornarem marginais por obra e graça do sistema capitalista cujas botas eles fazem questão de lamber? Inté.
 

domingo, 25 de outubro de 2015

ARENGA 183

Tinha me esquecido da desculpa esfarrapada que um dia inventei de inventar ter sonhado como pretexto para escrever bestagem. Só não posso jurar por Deus porque aprendi com os Grandes Mestres do Saber que Deus só existe nas cabeças desprovidas da capacidade de pensar. Contudo, garanto e assino embaixo que sonhei o seguinte sonho: Sara me chamou para ver algo interessante na televisão como sempre faz quando passa algo que ela acredita me interessar. Tratava-se de uma poderosa associação mundial englobando toda a humanidade com o objetivo de exigir que os governantes cumprissem o acordo feito entre ela e as autoridades mediante o qual a sociedade humana fornecia os meios e as autoridades os administrariam com a lisura devida. O entusiasmo com a notícia sobre algo inteligente contrastou com a realidade de ver no jornal a notícia de que a Campeã do BBB será pela sexta vez ring girl. Assim mesmo, sem aspas.
Palavras novas não são novidades em qualquer idioma. Quando eu ainda era vaqueiro não existia a palavra “deletar” e hoje eu deleto adoidado. Mas as palavras novas são de autoria desconhecida à exceção de “imexível” que foi criada por um ministro semianalfabeto de Collor, apanhado na Inglaterra com duas belas mulheres comprando relógios. Mulheres onde há facilidade de dinheiro são como moscas onde há facilidade de açúcar. Como Ministro do Trabalho, entretanto, o criador de “imexível” nunca foi visto a lutar pela valorização do trabalhador transformado em material humano, na verdade coisa, ou escravo.
Como velho que procura aprender algo com os Grandes Mestres do Saber não deixa de especular as informações, matutei sobre o assunto e cheguei à conclusão de termos um genial criador de palavras novas. Alguém já viu as palavras “ring” e “girl” em algum dicionário da nossa língua? Pois os autores de novos dicionários terão de incluí-las porque se não há nenhum sinal indicando tratar-se de palavras estrangeiras, como se faz ao escrever palavras diferentes das palavras do vernáculo em que se escreve. Se nada diz tratar-se de palavras alienígenas é por serem aquelas palavras esquisitas irmãs das nossas palavras e integrarem nossa língua portuguesa. Como todo brasileiro sabe falar “ingreis”, também sei que “ring” é uma palavra da língua inglesa que significa anel e “girl” significa moça. Mas qual a ligação entre moça e anel? Talvez pelo fato de toda moça gostar de anel. Resolvi que não era por aí. O fato de ser a bunda grande tão importante que eleva sua dona à condição famosa e celebridade, lembrei-me, então, de já ter ouvido durante minha longa e atribulada vida de quase oitentão algo sobre um tal anel de couro que eu nunca soube o que significa e nunca tive coragem de perguntar a ninguém com medo de ser coisa feia. Inté.
 

sábado, 24 de outubro de 2015

ARENGA 182




Seria bom se houvesse realmente um Deus a quem pedir para derreter a malta estúpida que habita esse país com enxofre e lava vulcânica como se fez em Sodoma e Gomorra uma vez que a putaria por aqui supera a de lá. Dá nojo olhar os jornais pela manhã e deparar com tanta esculhambação. Tão nauseante quanto as notícias da roubalheira desenfreada é o lengalenga do negar as acusações. Onde já se viu ladrão declarar-se ladrão? E que dizer sobre a obrigação de se viver em meio a um povo tão desprovido de inteligência que apesar de tudo vive a paparicar o canceroso ladrão da voz enjoativa e aspecto repugnante? A explicação, não é demais repetir, está na identidade gastronômica dos adoradores de Lula com a do peru. Pelo jeito, o governo português não deixa por menos ao encontrar motivo de homenagear figura tão desprezível considerando-o doutor por motivo de honra, não obstante o livro O Chefe. A indignação expressa no “Que país e esse?” é insuficiente para dar ideia do que ocorre por aqui. A família do presidente da câmara dos deputados é criminosa e sujeita a ir parar na cadeia antes do seu chefe que chegará mais tarde por contar com proteção na mais alta corte de justiça do país através da imunidade parlamentar. Por aqui bandido tem proteção da justiça. Quando algum juiz se mete a sério recebe vinte e um tiros ao chegar em casa depois de um dia de trabalho em defesa da sociedade.

Não se abre um jornal sem se deparar com os maiores absurdos praticados contra a multidão ignorante de frequentadores de igreja, axé e futebola. Nada justifica ser indiferente à ação criminosa dos assassinos que trocam por carros de luxo o leite das crianças pobres. A população tem serventia de capacho com sua indiferença por já ter se acostumado a ser escrava do lamaçal que tomou conta dos palácios. A escravidão consentida envolve covardia, mau caratismo e indignidade. Na escravidão do chicote, ao contrário, a revolta pela falta de liberdade provocava reação dos escravizados, diferentemente da escravidão moderna em que o feitor é a televisão e o chicote são os papagaios de microfone. Mas estupidez de montão se encontra mesmo é na presunção humana de se achar obra prima de Deus. Era só o que faltava! Povo ser obra prima. Nem mesmo satanás teria capacidade de produzir obra de tamanho primor em negatividade, na verdade, uma fábrica de bosta. Fosse transparente o corpo humano não haveria motivo para orgulho tal a imundície por dentro da “obra prima de Deus”.

A mais baixa qualidade do ser humano é o conformismo com as injustiças materializado na aceitação da condição de escravo satisfeito com a escravidão. Na bela canção do poeta cantador Elomar Figueira, O Peão na Amarração, até o burrico atira sua carga no chão, enquanto a besta humana carrega seu fardo discutindo futebola alegremente nas filas do banco.

A afirmação de Thomas Hobbes no Leviatã segundo a qual o homem perdeu a liberdade quando se submeteu a uma autoridade dá o que pensar porquanto sem uma força coibidora da selvageria humana, nem mesmo se poderia mostrar a cara na janela e ficar com ela inteira. Por outro lado, esta mesma selvageria leva a autoridade a ser o próprio agressor da sociedade, anulando, assim, a razão de ser da autoridade. O livro Os Ben$ Que os Políticos Fazem mostra imensas áreas de terras usurpadas na mão grande por autoridades, com prejuízos sociais incalculáveis. Inté.

 
 
 





sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ARENGA 181



A imprensa noticia o aparecimento de uma igreja que emergiu de dentro das águas de um rio que baixou em função da seca severa que castiga o México, fato naturalíssimo porquanto em função da infantilidade dos seres humanos as igrejas sempre os acompanharam.  Apesar de não haver novidade nisso, o fato assume foros de mistério. Entretanto, não se cogita de mistérios quando igrejas soterram fiéis ou bombas os mandam pelos ares juntamente com pedaços da igreja onde foram em busca de paz. Buscar paz através de religião deixa também inúmeros veículos esbagaçados ao lado de cadáveres espichados nas estradas. Há contrassenso na declaração do Papa de ser inadmissível a pena de morte porque o próprio Deus, seu chefe, matou populações inteiras, inclusive crianças. Em Números 35, 36, Deus mandou matar um pobre coitado cujo crime foi apanhar lenha num dia de sábado. Desperta, humanidade! Você já está bem velhinha para ser ainda tão boba. A bíblia, uma vez lida sem o fanatismo que leva analfabetos a se julgarem de maiores conhecimentos do que cientistas são contos que não convencem nem mesmo a criança esperta. A história de toda religião começa sempre com um fanático sendo seguido por um bando vagabundos, e assim permanece até hoje com multidões a seguir representantes de Deus à procura da paz que cada indivíduo tem consigo, mas por não saber disso, vai procurar em outro lugar. A paz, ó bando de energúmenos, não pode coexistir com a fome e a doença, males que só podem ser sanados com dinheiro e nunca com orações. Assim, enquanto o povo se liga em inutilidades, a imprensa noticia que o ministro Gilmar Mendes mandou arquivar pedido de abertura de processo contra Eduardo Cunha, mesmo depois de provado ter ele roubado o dinheiro de estabelecer as condições sociais para a existência da paz, sendo o ladrão denunciado nada menos que o Presidente da Câmara dos Deputados, e seu protetor, Gilmar Mendes, Ministro da mais alta corte de justiça, o Supremo Tribunal Federal. É se ligando nestas coisas que se encontra a paz. Inté.  

 
 
 











 









quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ARENGA 180




A despeito da crise, bancos não abrem mão de lucros imensos. Este é o título de matéria publicada na seção Opinião, do Jornal do Brasil de 21/10/15. Diz que no primeiro semestre o lucro de bancos privados no país superam R$ 30 bilhões, no total. Está certo um negócio desse? Apesar de estar muitíssimo errado, é o que aí está na cara desse povinho frequentador de igreja, axé e futebola. É esta a lógica da competição que orienta o comportamento irracional do humano. Afirmar que tal brutalidade é a melhor forma de sociedade como fazem os escritores assalariados e a papagaiada de microfone, é a mais contundente prova de que estes sacanas não passam de grandiosíssimos sacanas. Por ser este o trabalho do qual depende a subsistência deles, nem por isso deixa de ser sacanagem mentir tão descaradamente ao afirmar haver vantagem em ser depenado tão impiedosamente por banqueiros possuídos do espírito de Satanás. É a esta monstruosidade de vencedor e perdedor que o horroroso Henry Kissinger afirmou ser a melhor forma de se viver. É mentira, canalha! A melhor forma de se viver será a que vier a vigorar quando esta juventude de bosta aprender a pensar, concluir da necessidade, e implantar uma forma de vida baseada na cooperação em vez da competição. Uma forma de vida na qual as pessoas se preocupam umas com as outras da mesma forma como acontece entre os membros de uma família que mereça o nome de família porque num ambiente assim ninguém arrancará a pele de ninguém.

Depois de ultrapassadas as infinitas etapas evolutivas no sentido de superar a alma de lobo que Thomas Hobbes afirmou existir em cada ser humano, caso a matilha não se destrua antes de superar a brutalidade, no dia em que a humanidade abrigar maior quantidade de gente do que de povo, nessa ocasião vai se ver diante de um Nó Górdio trançado com cabo de aço que é prá nenhum sabidinho cepar com espada. A natureza está a anunciar um futuro tenebroso para a sociedade em decorrência da indiferença da juventude imprestável para com o destino de sua sociedade. Absolutamente nada pode explicar tanta estupidez na única espécie de ser vivo capaz de pensar. Só loucura total ou total estupidez justifica viver em festas ante a certeza da ruína total. Triste destino terão estas pobres criancinhas que os pares de mastodontes mentais colocam no mundo. A incapacidade de raciocinar dos seres humanos não lhes permite outra classificação que não a de pré-macacos. Faz-se, portanto, mais que necessário mudar esta forma estúpida de vida. Não existe problema sem solução. Certa vez o humorista Golias citou como problema insolúvel fazer retornar para dentro do tubo de pasta o conteúdo dele depois de posto para fora. Trata-se de uma verdade apenas aparente porque se levar a pasta e o tubo à mesma máquina que acondicionou a pasta dentro dele, a pasta será novamente acondicionada sem maior problema. Na verdade, até mesmo a morte só é problema para biltres mentais porque quem se eleva espiritualmente não á vê como problema. A morte, na verdade, em vez de problema é solução para o desconforto em que se transforma a vida depois de transformar em trapo o que foi um ser vivo e atuante de qualquer espécie, como ensina o mestre Schopenhauer.

O estado deplorável da mente humana ainda vai ter muito que rebolar para alcançar a luz do entendimento de como funciona a vida. Este entendimento é o que separa o homem da besta. O fato de não terem ainda o homem adquirido tal entendimento denuncia sua qualidade de besta, qualidade esta que permanecerá enquanto as crianças não aprenderem a necessidade de analisar bem as informações que lhes são passadas. Ouvir com naturalidade o crime pavoroso que os banqueiros cometem ao arrancar das criancinhas o direito de tomar o seu leite é prova de uma burrice maior do que o próprio mundo onde tal aberração acontece. E bota aberração nisso porque já se chegou à situação não menos aberrante em que as próprias autoridades cometem crimes contra a sociedade. Inté.

 
 
 









quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ARENGA 179




A afirmação do filósofo Bertold Brecht de que as pessoas indiferentes à política são os responsáveis pelos desmandos sociais, e mais a afirmação de Rui Barbosa de que todos os males do mundo têm a ignorância como causa, estas duas afirmações se transformam em realidade cristalina materializada na situação social de miserabilidade em que chafurda esse povinho de merda no qual, infelizmente, a natureza me colocou. Por vezes chego a ser levado a ser indiferente ao sofrimento daquele amontoado de chorões que a televisão mostra nos corredores dos hospitais porque sei perfeitamente que aquela situação é causada pelos próprios sofredores com sua estúpida incapacidade de perceber não haver motivo para nada daquilo. A indignação assume ares de ódio quando vejo estúpidos pais levando seus filhos para as igrejas onde aprenderão a se tornarem também futuros chorões infelizes. Os monstros espirituais que ensinam monstruosidade espiritual a seus filhos estão convencidos erradamente de que o bem-estar deles estará garantido pela posse de bens materiais, no que incorrem no erro monumental de ensinar a seus filhos nada mais do que dinheiro e lamber as botas de Deus. Vinha eu remoendo estas tristezas quando parou em minha frente um espécime de povo esfregando euforicamente as mãos e exclamando com entusiasmo: “Hein, Zé, e o Corinthians hoje Zé, digaí Zé?

 Nesta cena espiritualmente macabra está a confirmação daquilo que disseram o filósofo Bertold Brecht e o jurista Rui Barbosa. Trata-se de uma só opinião escrita com palavras diferentes porque a ignorância citada por Rui Barbosa como fonte de todos os males é a mesma ignorância da qual resulta o analfabetismo político citado por Brecht. Já ouvi alguém dizer que o político não rouba nada dele, razão pela qual não vê o porquê de se preocupar com roubo na política. Quanta verdade há nas palavras daqueles sábios! O comportamento daquele infeliz pai de família eufórico com a perspectiva de um jogo de futebola manipulado pela corrupção dos esportes será repassado para seus filhos, os filhos dos seus filhos, aprendizado que levará à choradeira nos corredores dos hospitais. É apavorante a realidade de ser esta irrealidade fomentada pelas próprias autoridades a fim de manter o povo incapaz de se elevar mentalmente que é para ter o comportamento do burro de carroça que se sente recompensado com uma moita de capim à noitinha quando lhe são retirados os arreios do lombo.

Do que aprendem as crianças resulta a incapacidade mental. Ao saber que eu chegara dirigindo de Brasília, um profissional liberal, portanto pessoa estudada, me disse que Deus foi generoso comigo ao me permitir estar tão vigoroso aos setenta e nove anos de idade. Que motivo teria Deus para cuidar deste velho ateu e abandonar crianças para morrerem em águas geladas ou enjauladas em cárceres imundos por terem sido abandonadas pela sociedade que lhes dispensa tratamento inferior ao dispensado às feras nos zoológicos? O mudo, na verdade, está de cabeça prá baixo, mas alguns Arquimedes já despontam por aí à procura de um ponto de apoio a partir do qual movê-lo para a posição certa. Os doutores Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Heloisa Helena e Eliana Calmon são alguns destes Arquimedes. Dê-lhes um ponto de apoio e uma alavanca que tudo entrará nos eixos bonitinho. Inté.

 
 
 


domingo, 18 de outubro de 2015

ARENGA 178




Não seria interessantíssimo uma redação cujo tema fosse “Coisa Nenhuma”? Pois foi sobre coisa nenhuma o tema da redação pedida aos vestibulandos: ÉTICA PROFISSIONAL. Alguém é capaz de encontrar ética em alguma profissão? Portanto a moçada discorreu sobre coisa nenhuma. Já me foi prescrita por um médico mercenário, um tal Nilzon, de Salvador, cirurgia urgente para colocação de ponte de safena, mentira tão inescrupulosa quanto aquele cirurgião canalha. Já me foi também prescrita desnecessariamente uma cirurgia para retirar pedra do rim. E os advogados dos luxuosos e caríssimos escritórios que botam a mão no fogo pela santidade dos bandidos milionários? Sendo a ética o sentimento do qual resultam comportamentos ilibados, como falar de ética numa sociedade de canalhas na qual os postos onde deveriam estar autoridades estão bandidos? Entre bandidos não pode haver ética porque esta encerra algo de socialmente positivo em sentido amplo de sociedade humana. Numa sociedade de criminosos, pode haver códigos de honra dos quais nunca participará o sentido de comportamento socialmente correto e necessário para que a sociedade humana pudesse existir sem os conflitos que a inviabilizam. Embora os intelectuais dão mil e uma voltas em torno do que seja ética, é mais simples encará-la como sabedoria que se observada levará à irmandade indispensável à boa convivência. Entretanto, tendo a sociedade humana se transformado num bando de ladrões e num bando de imbecis satisfeitos em serem roubados, conclui-se pela inexistência de ética por falta de uma ética-mãe que a partejasse. Inté. 

 
 
 

ARENGA 177

“Os dados são oficiais: de 2000 a 2010, foram assassinados 230 mil jovens no Brasil. Duzentos e trinta MIL, senhores!” Esta exclamação indignada diante de tal monstruosidade é do jornalista Alex Ferraz do jornal Tribuna da Bahia. Mas, por que apenas o jornalista se sente indignado? Ninguém mais se incomoda ante o esfacelamento da sociedade onde viverão seus filhos? Para a turba em marcha rumo às igrejas e aos campos de futebola estes jovens morreram porque mereceram. Quem mandou deixar o caminho certo e seguir pelo errado na encruzilhada do livre arbítrio? Pois agora tem o que merecem! Criancinhas afogando em águas geladas, pessoas com a cabeça cepada fora do corpo, pedaços de cadáver espalhados pelas ruas, rios apodrecidos, comida, água e ar envenenados, corredores de hospitais abarrotados de chorões, pocilgas com nome de presídios servindo de abrigo para crianças, podridão no lugar de política. Tudo isso para os frequentadores de igreja e futebola decorre em função da opção errada ao se tomar deliberadamente o rumo do pecado lá na encruzilhada do livre arbítrio, onde devia haver uma seta orientadora. A imbecilidade chega ao extremo de Tribunais de Justiça se ocupando da tarefa de decidir sobre inconstitucionalidade da obrigação de haver bíblias nas bibliotecas de um país que se diz laico. Mas não há do que se espantar porque a justiça é encarregada também de decidir se a bola passou ou não passou entre as pernas do jogador de futebola, ou então se a quantidade de droga encontrada na urina dele é suficiente para deixá-lo mais animado que os demais. Afora estas atividades importantíssimas num mundo de “celebridades”, também tem a justiça a tarefa nobilíssima de proteger ladrões ricos.  É para isto que a malta ignorante se estafa na correria para ganhar o dinheiro de pagar impostos? A ninguém parece ocorrer que a sociedade está resumida a um bando de otários a fazer figa na revista Forbes com suas montanhas de riqueza, e, de outro lado, idiotas destinados a por máquinas em funcionamento e serem esmagados por escombros de igrejas ou desastres de ônibus na busca por proteção divina. É tão patética a expressão de alguém proseando com estátua quanto patética é a expressão de quem se posta em frente a um bolo de aniversário escutando o coro de quem canta Parabém prá Você. A patetice está na inocência de ser tudo aquilo maquinado por especialistas em propaganda, a arte de explorar a estupidez humana, para levar às compras tanto os que cantam quanto o que ouve o “... nesta daaaaaata querida”. Nenhum festejador dos vários tipos de festejamento tem a atenção despertada pelas notícias sobre construção de esplendorosos templos para se brincar como se ainda fossem crianças, ou para orar inúteis orações, ao lado de notícias dando conta do fechamento de escola e hospital. A fonte geradora desta indiferença é o desconhecimento ou a ignorância a que se referiu Rui Barbosa como causa de todos os males do mundo. É por tudo isso que no meu túmulo estará grafado: “Esta vidinha medíocre que a natureza me deu para trabalhar, comer e trepar, eu devolvo para ele enfiar”. Inté.



sábado, 17 de outubro de 2015

ARENGA 176


 

O instinto de destruição que leva as crianças a arrebentar seus brinquedos é inato no ser humano. Como a natureza os dotou com a capacidade de pensar, ante a realidade de não se poder viver senão em coletividades, concluíram pela necessidade de conter a própria selvageria que se corresse solta acabaria por inviabilizar a sociedade. Criaram normas punitivas aos comportamentos antissociais e instituições destinadas a aplicá-las aos infratores. Entretanto, como os encarregados de zelar pela comunidade, sendo também dotados do mesmo instinto animal, acabaram usando da autoridade conferida pela comunidade para praticarem atos a ela prejudiciais em vez de protegê-la. Tal prática criminosa desenvolveu através dos tempos de tal modo que atualmente aqueles protetores ou administradores públicos, como vieram a ser chamados, deixaram a condição de empregados da comunidade e se autoproclamaram uma casta privilegiada de senhores absolutos com poder ilimitado sobre a sociedade que se vê na obrigação de cumprir suas ordens sem direito de opinar sobre coisa nenhuma. Lançam na cara de quem lhes garante a despensa abastecida não lhes interessar a opinião pública. Tendo por justificativa a complexidade proveniente do incremento populacional, multiplicaram as normas de comportamento de forma tão complicada que se fez necessária a profissão de jurista para interpretá-las. Um conjunto de normas passou a ter denominação de Lei e o conjunto das leis passou a ser Sistema Jurídico, havendo, inclusive, justamente para complicar, várias leis sobre o mesmo assunto, e uma infinidade de penduricalhos acrescentando modificações a determinados artigos destas leis. No frigir dos ovos, afinal, é tudo uma canalhice por ser a enrolação a praia dos canalhas.  


De toda esta embromação resulta na realidade escabrosa de que a lei passa a ser a vontade do seu intérprete, o que equivale a dizer que a lei passa a ser favorável à vontade de quem tiver maior poder de “molhar” a consciência do jurista. Assim, é ridícula a pose dos cientistas políticos na televisão a discutir sobre Democracia, Capitalismo, Constituição Federal, Ações Governamentais, Economia Política. Tudo não passa de baboseira porque absolutamente nada beneficiará a população enquanto ela ficar a esperar pelas autoridades. Basta subir num murundu e olhar para o mundo. O panorama descortinado, para o povo, apenas para o povo, supera o Inferno de Dante. Inté.  

 
    

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

ARENGA 175





A notícia no Yahoo Notícias sobre uma garotinha americana de doze anos que teria reagido indignada contra a declaração de que Deus não existe e os comentários de apoio à indignação daquela inocente criança provam a realidade da irrealidade em que vive a humanidade. O que faz uma criança pensar da forma como pensam a garotinha indignada e os comentaristas também indignados ante a realidade da inexistência de Deus, senão o aprendizado a que foram submetidos? Entender o motivo pelo qual se ensinam às crianças a necessidade de Deus é de vital importância para se chegar à civilização da qual a humanidade está a uma distância inalcançável mesmo para telescópio. A farsa da religiosidade só não é percebida porque o ser humano não pensa. Acata como verdade o que lhe é transmitido simplesmente. A situação aflitiva em que se encontra a humanidade, não fosse a recusa em se meditar sobre o que se ouve, seria bastante para que os seres humanos procurassem novos padrões que lhes orientasse o comportamento. Como admitir que se converse com estátua? A história mostra ter sido a vida humana pautada pela violência. O livro no qual os brutos seres humanos dizer conter a palavra do seu líder máximo, Deus, se espremido, pinga sangue. Como se admitir um entidade puramente espiritual que precisa ser bajulado e exige pedaços e sangue de inocentes novilhos, pombas, carneiros? Nada, absolutamente nada explica tanta estupidez nos seres humanos senão a falta de meditação. Espiritualidade para estes brutos e estúpidos animais se resume a orações, igrejas e palhaços fantasiados de representantes de Deus. A cegueira mental não permite chegar-se à conclusão de ter por causa a miséria humana a situação insustentavelmente perigosa de dispor noventa e nove por cento da população da Terra de apenas um por cento da riqueza da Terra para prover suas necessidades primárias, enquanto apenas um por cento da população da Terra ter em suas mãos de Midas noventa e nove por cento da riqueza da Terra para satisfazerem necessidades suntuosas. Mas, para os biltres que levam seus filhos para as igrejas é tudo uma questão de falta de Deus. Considerando tal estupidez, como esperar que o mundo marche para outro destino senão a derrocada que já está prestes a desembocar no vale de lágrimas? É só uma questão de tempo, e não de muito tempo.
É tudo uma questão de administração pública deixada a cargo de falsos líderes. Não tem tamanho a cegueira mental que impede perceber tratar-se de engodo a crença de serem aqueles que não podem satisfazer suas necessidades os preferidos de Deus, se os que podem são sem sombra de dúvida os menos infelizes. O que existe de real é uma ignorância maior que o próprio mundo a orientar desde sempre o comportamento humano no sentido de haver vantagem no ludíbrio. É aqui que está o fonte da infelicidade que infelicita a humanidade. É simplesmente de causar horror em termos de convivência ser encarada com naturalidade a situação inexplicável do gasto de um milhão de dólares a cada dia com a segurança da família do recém eleito presidente americano. O medo que apavora, consequentemente que infelicita aquela família, decorre exatamente do acúmulo de riqueza. Se assim é, e é assim que é, não há, como de fato não há, vantagem em se acumular riqueza porque o necessitado estará sempre de olho nela, o que dá origem à necessidade de proteção e medo.
O verdadeiro dono da riqueza do mundo é a humanidade e se faz extremamente necessário que os seres humanos percebam estar completamente errado ignorar esta realidade, permitindo que falsos líderes a usem como tem sido feito desde sempre. A nobreza existente na liderança é impossível de ser encontrada em seres tão brutos que se acastelam em suntuosos palácios e uma vida irreal porquanto não pode haver vida na qual não se necessite de absolutamente nada. A humanidade nunca terá a tão buscada tranquilidade enquanto estiver dividida entre enganados e enganadores. Se a felicidade absoluta é impossível, por outro lado, é evitável a infelicidade absoluta daqueles que não podem comer e daqueles que se atiram mar a dentro em toscas canoas sacrificando os filhos ao fugirem da miséria, do medo, da morte. Diante de tanta desgraça, contudo, os brutos seres humanos se apegam à figura execrável de Deus em vez de buscarem a paz só existente na espiritualidade só encontrada no sentimento de irmandade. Inté.
 

 
 


   

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

ARENGA 174




Os governantes sempre se recusaram terminantemente a tirar a bunda de cima do poder. Embora a existência dos governos tenha por justificativa cuidar de suas sociedades a fim de ter o povo paz e tranquilidade, a existência de guerras, violência desacerbada, fome, sofrimento, tudo leva a duas conclusões: ou os governos não se dedicam às atividades que justificam sua existência ou então fracassaram completamente na tentativa de promover bem-estar social. Sendo assim, qual a justificativa para continuar existindo os governos? Não haverá possibilidade de que as sociedades cuidem de si mesmas? O apego exagerado ao poder demonstrado pelos governantes, muitos deles sendo desgrudados do trono à força, inclusive com a cabeça cepada fora do corpo, esta paixão pelo posto demonstra nada ter a ver com o trabalho de zelar pela sociedade porque ninguém amaria um trabalho com tanto apego que levasse o trabalhador a perder a vida para não deixar de trabalhar. O estudo da História da Humanidade revela coisas escabrosas que governantes aprontaram prá cima dos governados. Houve ocasiões que os governados se rebelaram contra seus governantes, não passando de grande burrice porquanto os governados fornecem aos governantes homens e armas com os quais os governantes massacram os governados. Os governados estão para os governantes assim como a czarina estava para Rasputin.

Segundo a imprensa, Luís Octávio Índio da Costa, do Banco Cruzeiro do Sul, deu uma rasputinada nos brasileiros e hoje mora num apartamento de duzentos milhões em Nova Iorque. Ângelo Calmon de Sá deu outra rasputinada de dezesseis bilhões de reais. Edmar Cid Ferreira deu mais outra rasputinada de dois bilhões de reais e novecentos milhões. O Banco FonteCindam não deixou por menos e deu outra rasputinada de um bilhão e quinhentos milhões. Pastas 007 raspitinam impiedosamente os frequentadores de igreja, axé e futebola transitando absolutamente livres pelos corredores palacianos, contando, inclusive, com a proteção dos detratores da Lava Jato. Desta forma, prá que governo? Inté.

 
 
 







sábado, 10 de outubro de 2015

ARENGA 173




A declaração do Instituto Lula de ser agressão à democracia a depredação sofrida por aquela instituição, é a mesma coisa que declarar estar falida esta panaceia de democracia sobre a qual se diz com acerto ser a melhor forma de administração pública por serem piores todas as outras formas. Só o fato de existirem instituições com a finalidade de preservar a memória de pessoas prejudiciais à sociedade que banca a conta de tais instituições já demonstra que essa tal de democracia não passa de uma grande bosta. Ela resultou da explosão da ira dos ricos mantidos na obscuridade pelos nobres, o que já é suficiente para merecer desconfiança porque nenhuma instituição criada por ricos terá outra finalidade senão torná-los ainda mais ricos, portanto, contra os reais interesses da coletividade uma vez que não se pode ser rico sem ser antissocial porquanto o acúmulo de riqueza num só lugar vai fazer falta em outros lugares. A democracia já deu o que tinha de dar e precisa cair fora porque sob sua orientação uma desarrumação maior que o próprio mundo tomou conta do mundo.

Do espírito democrático resultou em que os humanos causam danos infinitamente maiores à espécie humana do que os danos que as feras causas às suas espécies de feras. Não pode mesmo ter bom resultado uma forma de administração da riqueza pública cujos administradores são determinado pela massa ignara e ignorante de povo. Este detalhe, apesar de passar desapercebido, é o Nó Górdio que prende a humanidade ao subdesenvolvimento espiritual e ao superdesenvolvimento material merecedor de todas as atenções, razão dos desencontros que infelicitam os seres humanos. Está aí na imprensa, declaração de um jornalista do país carro-chefe da democracia no mundo, os Estados Unidos, o jornalista americano Seymour Hersh, afirmando não só que seu país deve desculpas ao mundo pelo caos no Oriente Médio, mas também que cada vez mais os governantes americanos se tornam idiotas e ladrões. É nisso que dá deixar a cargo de frequentadores de igreja, axé e futebola a responsabilidade de escolher quem vai ficar com a chave do cofre na mão. É preciso inovar, sem sombra de dúvida. Inté.

 
 
 


 



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ARENGA 172




Seu Manuelito, um trabalhador rural dos melhores, me contou um acontecido com ele que é o retrato retocado do ideal político do politiqueiro. O interesse social do politiqueiro corresponde exatamente ao interesse socialista de seu Manuelito, demonstrado na seguinte história: Convidado a se juntar a um grupo que ia ocupar uma terra a ser dividida entre os ocupantes, seu Manuelito, a princípio, recusou. Como o amigo que o convidara insistisse na chance de ter seu pedaço de terra, sonho de quem nasceu e cresceu trabalhando as terras de outras pessoas, resolveu ir junto, mas muito desconfiado.  – Quá... Esse negócio num vai dá certo, não. – Remoía seu Manuelito em pensamentos. – Chegando ao local, o desânimo se juntou ao bafo quente da lona preta da barraca, e nosso bolchevique desanimado deu no pé de volta prá casa. O entusiasmo de seu Manuelito por uma reforma agrária é sem tirar nem pôr o mesmo entusiasmo que leva a cambada de politiqueiros a digladiar por um cargo na administração pública e que outro não é senão mancomunar com a cambada de falcatrueiros ora posta a descoberto pela Lava Jato. A notícia de que um terço das crianças com menos de 2 anos bebe refrigerante demostra bem a farsa da turma de canalhas quando fazem pose para demonstrar preocupação com o social. Qual será o destino de uma população que vive de mentiras e cinismo? Ouvem-se mentiras nas igrejas, nos livros de escritores assalariados, na tagarelice da papagaiada de microfone quando se refere à bíblia como o livro mais vendido no mundo, omitindo o fato altamente significativo de ser ela comprada até por analfabetos como amuleto. Bíblias emboloradas, criadouro de ácaros e fungos são vistas sobre móveis toscos nos casebres em meio a crianças. Vive-se, portanto, mentira. Só mentira, falta de vergonha e inteligência, situação que não é privilégio das repúblicas de banana porque os países tidos como os mais civilizados do mundo não passam de agiotas safados que compactuam com ladrões que roubam junto com dinheiro de outros países também o direito das crianças de tomarem o seu leitinho, escondendo o produto do roubo para especular no maldito Mercado Financeiro, monstruosidade própria do sistema capitalista que escritores assalariados garantem ser a melhor forma de administração pública. Tudo mentira. Só mentira, safadeza e falta de senso comum.

A farsa é alimentada por cérebros privilegiados e preparados nas mais famosas universidades do mundo para distorcer a verdade. A única chance de sair do atoleiro em que afunda o mundo das mentiras é ter capacidade de percepção. Acontece que para se ter esta capacidade se faz necessário haver interesse em tê-la. Acontece, por outro lado, que o interesse das pessoas no mundo inteiro vai em direção oposta àquela da qual resultaria seu próprio benefício. Tornou-se obrigatória a desonestidade em função da falsa crença de ser necessário possuir mais coisas do que realmente se necessita, farsa inegável em razão da necessidade de se viver em sociedade, o que é incompatível com a desarmonia inevitável quando as pessoas procuram através de ardis enganar umas às outras para tomar-lhes o que têm. É por esse meio que fazem as grandes fortunas, razão pela qual todo rico não passa de reles ladrão. São pessoas sem noção do que seja viver em sociedade. Alguém que pensa mostrou esta realidade em uma charge na qual, em sonho, um macaco se vê portanto um porrete. Depois, já menos macaco, portando arco e flecha. Depois, menos macaco ainda, se vê de armadura e espada. Depois com fuzil e, finalmente, já como ser humano, com uma metralhadora. Desperto, sentiu-se tão entristecido que se enforcou na mesma árvore em que se recostara para descansar. Inté.

 
 
 

















      










ARENGA 171



 “O Brasil não tem mais jeito”. Afirmam os frequentadores de igreja, axé e futebola quando se referem à total esculhambação que tomou conta do país. Em parte estão certos. Mas apenas enquanto à administração pública interessar a manutenção da esculhambação que a beneficia. Ao sistema de administração pública vigente no mundo não interessa uma sociedade de cidadãos. Interessa, isso sim, por mais absurdo que pareça, uma sociedade de criminosos dos quais fazem parte as autoridades responsáveis pelo governo porque não poderia haver roubo numa sociedade de cidadãos, isto é, de pessoas conhecedoras da obrigação que têm os governantes de governaram em benefício da sociedade em vez de seus próprios benefícios, o que excluiria a necessidade das guerras. Desvirtuou-se completamente o sentido de administração pública, o que se deve à falta de interesse do povo nos assuntos a ela relacionados. Enquanto persistir esta indiferença será realmente impossível haver jeito de sair da merda em que se encontra a sociedade humana, principalmente as sociedades das repúblicas de banana porque nenhum problema pode ser solucionado enquanto perdurar as condições que o criaram. Disse o Grande Mestre do Saber, com muita propriedade. Ante a realidade de que permanecerão os efeitos enquanto permanecer a causa, e sendo a causa da infelicidade humana o analfabetismo político, transformar estes analfabetos políticos em cidadãos será a única maneira de se viver um mundo civilizado. Assim, todo o problema é que às autoridades interessa mesmo é o analfabetismo político que leva um candidato a presidente da república a se apresentar perante os votantes em companhia de um jogador de futebola como promessa de fazer um bom governo. Trata-se apenas da incapacidade de pensar demonstrada na transformação tanto de biltres em “famosos” e “celebridades”, quanto na lembrança de pessoas mortas em santos. Inté.

 

 

 

 

Enquanto perdurar a causa, certamente produzirá o efeito. Sendo a causa disto que está aí a mentalidade torpe de todo ser humano, elevada à milésima potência nos brasileiros, é certo não poder haver jeito a depender de modificações levadas a efeito por mafiocratas, ratocratas e cleptocratas. Desta forma, substituídos os ladrões pelos perseguidores de ladrões doutores Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot, Eliana Calmon e Heloisa Helena, estará dado o jeito. Simples, não? Todo o circo montado em torno da balbúrdia é próprio da ignorância humana que adora barulho. Basta olhar as lojas. As mais barulhentas são as mais frequentadas, prova de absoluta ignorância porque o barulho causa tantos males que entre eles se incluem envelhecimento precoce, ressecamento de pelo e disfunção sexual. Quem diz isso são os cientistas da ONU, coisa irrelevante para os brasileiros para os quais a ciência nada sabe ante a palavra do chefe religioso, muitos deles analfabetos.

Mas, como chegar à solução? Não se chega lá assim só. Há etapas a serem vencidas e a primeira delas é acordar a juventude da demência de futucar telefone para avisar às rádios que há um buraco na rua. Em seguida, despertar na juventude o interesse pelos livros a fim de alcançar o que disse o governador de São Paulo sobre guilhotina caso ela, a juventude, viesse a saber o que se passa lá debaixo dos panos. Substituída a imbecilidade por cidadania, a juventude despertará para o aparente enigma de haver crianças usando telefone celular, embora desse uso decorrem os problemas citados no verso do teclado da Microsoft, único, parece, a fazer o aviso. É apenas aparentemente incompreensível a motivação que leva pais a comprometerem deliberadamente a saúde física e psíquica dos filhos, como chama a atenção o aviso do teclado, inteiramente compreensível depois de saber ler nas entrelinhas.  E os refrigerantes, por que os pais levam para casa um líquido insosso, suportável apenas quando gelado, e por causa do açúcar? E a inversão de valores que leva professores a mendigar aumento enquanto prostitutas, atores pornôs, escoiceadores de bola, cantores de porcarias, são “celebridades”? A rádio que tem um programa chamado Young Professional anuncia também maravilhosa entrevista com uma repórter de moda. Logo haverá para deleite da imbecilidade um “fashion journalism”. Enfim, para que tudo esteja ajeitado, é necessário apenas que a juventude seja capaz de querer saber o motivo pelo qual avião de autoridade é apanhado carregado com dinheiro e cocaína sem terem seus donos obrigação sequer de explicar porque a justiça lhe dá direito de não falar. Assim, o “não tem jeito” continuará prevalecendo por depender tudo da mentalidade de pré-macacos. Inté.

 
 




quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ARENGA 170




Não tem futuro uma sociedade cujo governo faz parceria com ladrões do dinheiro público. Esta prática milenar já mereceu algum recatamento por parte dos falsos líderes que comandam desde sempre o destino da humanidade, prática desumana a ser substituída quando houver menos burrice no mundo. Os únicos líderes aos quais é atribuída uma liderança autêntica são o senhor Jesus Cristo cuja existência é contestada, e o senhor Abu al-Qasim Muhammad ibn 'Abd Allah ibn 'Abd al-Muttalib ibn Hashim. Segundo a amigona Wikipédia, estes impropérios são o nome do senhor Maomé. Estes dois líderes lideram até hoje as mentes humanas, e o resultado é o incremento da infelicidade das guerras, e uma nova forma de peste em substituição à Peste Negra da Idade Média que leva moléstias cardíacas e câncer até mesmo para crianças. Só a falta de lucidez proveniente na recusa em se pensar sobre o que se ouve leva alguém a confiar numa liderança que recomenda resolver problemas através de orações. Da liderança dos líderes que lideram a humanidade resultou na inexistência de um só lugar em todo o mundo onde viver com tranquilidade. A organização social vigente no mundo sob orientação de falsos líderes eliminou a superioridade atribuída pela natureza aos seres humanos e os igualou às espécies inferiores que precisam matar para viver.

É inaceitável que os seres humanos continuem sendo conduzidos como manada, indiferentes ao destino. Nas reuniões internacionais para decidir os destinos da humanidade, participam apenas os países ricos. Se todo o mal do mundo decorre justamente da ações de produzir riquezas, a orientação de tais reuniões não é diferente da orientação de filósofos que assinam um contrato de trabalho obrigando-se a filosofar mediante salário. A mando de seus empregadores, os ricos donos do mundo e da grande imprensa que emprega tais filósofos, eles sugerem a necessidade de viajar e comprar coisas como excelente meio de se obter paz espiritual. Tá certo um negócio desse? Paz espiritual só pode ser obtida através da leitura dos Grandes Mestres do Saber e da observação da vida. Quem faz isso não precisa fazer compras em Me Ame para se sentir bem. A monotonia do dia-a-dia pode ser superada apenas com um passeio de não mais que uma semana no próprio país.

A inquietação em que vivem os seres humanos é evidência de haver algo muito errado com eles. Há grande semelhança entre a quantidade de aviões nos céus e a revoada de urubus que depois de se refastelarem na carniça esvoaçam nas alturas. O ser humano só saberá que a vida é diferente do que pensa ser depois de passada a euforia da juventude desperdiçada em bobagens. É por isso que Maurício de Souza afirmou em entrevista a vantagem de haver preparação do jovem para a velhice. A falta desta preparação resulta em velhos com cabelos pintados, ojeriza às novidades, apavorados ante a inevitabilidade da morte. O mundo precisa de uma orientação diferente da que sempre teve. O conhecimento do que nos ensinam os Grandes Mestres do Saber sobre o comportamento dos seres humanos através de sua existência dá certeza da necessidade de novo rumo. O livro História da Raça Humana, de Henry Thomas, é suficiente para mostrar a barbárie que tem sido a vida até agora. Inté.   

 

 

 

 

 

 

 
 
 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

ARENGA 169


 
 Este país de mais baixa espiritualidade no mundo parece condenado à balbúrdia eterna. Pagar Delfim Neto para apresentar soluções aos infinitos problemas que ele mesmo ajudou a criar é uma coisa só admissível por quem não tem o menor interesse em ver esta terra infeliz ter algum alívio em sua infelicidade. O Brasil sofre de um tipo perigoso de doença como a pressão alta cujos sinais exteriores não são suficientes para levar à busca de tratamento. Por se recusar a manter a pressão arterial sob controlo por meio de drogas muita gente se encontra agora com a saúde tão fragilizada que depende de transplante renal. O analfabetismo político leva à mesma indiferença quanto aos resultados da doença crônica que aos poucos mina a saúde da sociedade brasileira desde a chegada das caravelas. As riquezas naturais foram carreadas e a exploração do país é aceita com tanta naturalidade pelos brasileiros que eles até se tornaram admiradores de seus exploradores. A matança de jovens brasileiros em 1964 que o governo americano obrigou os militares brasileiros a fazer é retaliada com uma paixão tão grande pelos Estados Unidos que aviões lotados de brasileiros apaixonados por aquele país partem diariamente do Brasil para lá. Os habitantes das repúblicas de banana depenadas pelo governo americano sentem-se tão obrigados a visitar os Estados Unidos quanto os muçulmanos em visitar Meca. Mas nada do que ocorre por aqui lhes desperta atenção. As instituições foram transformadas em covil de bandidos perigosos enquanto a turba vive em infindáveis festejamentos que fazem crer se tratar de uma lugar onde tudo é boa-venturança. Que motivos para festas pode ter um povo condenado a ser tosquiado antes mesmo de crescer a lã restante da última tosquia?

Em nenhum lugar do mundo pode ainda o ser humano prescindir de condução em virtude da brutalidade da desunião. Não sendo possível viver senão em grupo porque isolado o ser humano se sente como o peixe fora d’água, e uma vez que a vida em grupo exige harmonia, faz-se necessária uma força para domar a fera que habita a personalidade de cada ser humano. Como todos os seres humanos ainda se encontram na fase de pré-macacos, orientados unicamente pelo instinto, resulta na impossibilidade de haver seres humanos cuja espiritualidade tenha se elevado o suficiente para dotá-los do desprendimento material indispensável para o exercício de liderança inerente à personalidade de quem tem a responsabilidade de conduzir uma sociedade. Não precisa ser inteligente para perceber esta realidade. Basta olhar em volta e ver que as crianças foram transformadas em bandidos e os presídios estão abarrotados de criminosos, pessoas que foram levadas a esta situação pela necessidade das coisas indispensáveis que a sociedade lhes nega. Portanto, a sociedade é responsável pela existência do banditismo. Por mais que se iluda a massa ignorante com a promessa de boa-venturança no céu, a exigência natural da busca pela comodidade própria de todo ser vivo leva à revolta manifestada pelos bandidos, incentivada pela demonstração de opulência dos biltres espirituais na revista Forbes.

Da orientação seguida por frequentadores de igreja, axé e futebola, resulta ser mais importante saber o que havia na urina do jogador do que saber o que se passa de estranho nos bastidores de uma administração pública denominada de mafiocracia e plutocracia. Nada pode justificar a substituição de escolas por terreiros para brincadeiras, nem a indisposição de estancar o choro e o sofrimento nos corredores de hospital. Em vez disso, a massa estúpida se interessa pela notícia de que a biografia de Andressa Urach, que foi de vice Miss Bumbum e prostituta a evangélica teve 400 mil cópias vendidas em pouco mais de um mês. Uma biografia de Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Heloisa Helena ou Eliana Calmon, teria a mesma apreciação? Inté. 

 

 
 

domingo, 4 de outubro de 2015

ARENGA 168




A declaração do presidente Obama sobre a necessidade de se proibir a venda de armas nos Estados Unidos, se existisse esse tal de Deus que as pessoas pensam existir, poder-se-ia afirmar ser castigo Dele a consequência da fabricação de tanta arma cujo obreiro maior foram exatamente os Estados Unidos, razão pela qual agora margam as consequências da violência pela qual os americanos nutrem grande afeição. A ilusão do “American Way Of Life” é exemplo maior da inutilidade de se ajuntar riqueza. O desconforto da população americana não tem outra origem senão o olho grande dos necessitados sobre a montanha de riqueza que os governos americanos ajuntaram matando e saqueando povos com menor poder de fogo. Não por outro motivo que o horroroso Henry Kissinger afirma e assina embaixo ser o melhor modo de se viver aquele em que o mais forte toma do mais fraco o que ele tem. Eu vi, com estes olhos que até hoje as mulheres elogiam, na televisão, crianças com os braços arrancados no Iraque a pelas bombas que o governo dos Estados Unidos mandou jogar com o fim de tomar dos iraquianos o petróleo. A sabedoria concluiu acertadamente que a violência gera violência. Ela sempre dá um jeito de aparecer para se vingar e está agora fazendo com que os americanos vivam sob a possibilidade de terem seus braços arrancados por explosões.

A proibição da venda de armas como meio de conter a violência, argumentada pelo presidente Obama, tem a mesma eficácia de tirar o sofá da sala para evitar o chifre. A violência não está na arma. Está é nas cucas transtornadas pela paranoia da necessidade de ajuntar riqueza, o que não se faz senão através da violência que Marx chamou de Mais Valia. Os americanos agora estão se vendo em palpos de aranho ante a revanche das almas penadas desencarnadas por ordem de seus governantes que sempre se gabara de ser valentões, bons no gatilho, e coisa e tal. Agora está aí no que deu tanta valentia, se borrando de tanto medo que se assustam até se alguém deixa escapar um pum mais alto. Bem feito! Ninguém mandou encabeçar um sistema tão perverso de administração pública e ainda por cima obrigar outros povos a seguir no mesmo caminho, procedimento ao de Maomé ao convencer um bando de maria-vai-com-as-outras a matar todos que não se dispunham a bajular o seu Deus. Inté.

 
 
 



sábado, 3 de outubro de 2015

ARENGA 167

A mediocridade, os embustes e mentiras de toda sorte constituem a base de sustentação da sociedade capitalista, razão pela qual personalidades dotadas de grandes conhecimentos das várias ciências, inclusive das sociais, indispensáveis à formação de uma sociedade onde haja justiça social, são preteridas e nulidades são transformadas em “celebridades” e “famosos” por conhecimentos sobre vulgaridades. Assuntos relacionados a nudez, tamanho de rola, bunda e peito, calcinha, cueca, trepadas em lugares públicos, são os que conduzem pessoas medíocres à fama e à celebridade. O ostracismo é a recompensa para quem tem dignidade numa sociedade indigna e medíocre. A doutora Eliana Calmon tem dado mostras não só de ser conhecedora das mazelas que infelicitam este pobre país, mas também de ser contra elas. No entanto, foi preterida para o senado, enquanto que a heroína Heloisa Helena foi preterida em favor de Fernando Collor, ao tempo em que o doutor Sergio Moro é ameaçado de punição por querer tomar de volta dos bandidões do colarinho branco o dinheiro de comprar o leite das criancinhas que eles roubaram, mesmo motivo pelo qual também está sendo perseguido o bravo futuro presidente desta república sem sorte, o doutor Joaquim Barbosa. Não pode, não deve, e não vai demorar esta forma de administração pública que vigora no mundo, exatamente por ter por base a mentira e suas pernas curtas. Assim como a gripe acaba por ceder lugar para a saúde, também a burrice, aos poucos, vai dando lugar ao conhecimento. Dia chegará em que existirá uma geração capaz de entender a desfaçatez da qual resulta a miséria. Ao tomar conhecimento da realidade de não haver motivo para existir miséria nem tanto sofrimento no mundo, a exigência natural por comodidade levará tal geração à promoção da mudança do mundo cão para um mundo justo e agradável.
Por enquanto, a regra é a sem-vergonhice de escritores e filósofos assalariados ao lado de incontáveis papagaios de microfone a transformar mentira em verdade, trabalho nefasto que tem tido sucesso até agora, mas que já começa a fraquejar das pernas em função do desconhecimento da necessidade de ser impossível esperar à parte que a administração pública promova o bem-estar social por todos almejado, necessário e possível, mas inalcançável graças à indiferença dos interessados. Ao deixar a busca do bem-estar social a cargo de terceiros a sociedade ignora o dito de quem quer, vai, quem não quer, manda ir. Deste modo de agir resulta uma cultura tão chula que uma apresentadora de televisão anunciou o seguinte: “FRISSON NO FASSHION WEEK”. Como se diz pelaí, PODE? Por enquanto, pode. Ainda não chegou a vez de uma juventude esperta. Inté.
 
 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ARENGA 164


 
Completamente na contra mão da realidade está o poeta que escreveu o verso que diz “Cada um por si e Deus por todos nós”. Os poetas têm o dom de enxergar mais longe do que nós, as pessoas comuns, não se justificando, portanto, que um poeta se dirija à massa de ignorantes sugerindo-lhe mais ignorância. São Paulo afirmava que se Deus era por ele, Ninguém poderia ser contra ele. No entanto, foi assassinado. A ideia de Deus é nada mais que uma criação, invenção destinada a manter a classe desfavorecida conformada com a situação de apenas contemplar de longe as benesses desfrutados pelos ricos. Tivessem todos os seres humanos a visão de mundo que têm quem dispensa Deus e procura cuidar por si mesmo de sua sociedade, a humanidade não sofreria de nenhum sofrimento que pudesse ser evitado mediante ação humana. Não porque fosse necessário matar ninguém, mas simplesmente porque a compreensão de quem tem experiência para distinguir a mentira da verdade sabe perfeitamente da impossibilidade de haver paz e tranquilidade se depender de divindades. E não precisa ser inteligente para se chegar a esta constatação. Basta tomar conhecimento da história da humanidade para se perceber que nunca deixou de haver grande quantidade deuses e nenhum deles foi capaz de aliviar os sofredores de seu eterno sofrimento. A indiferença dos religiosos anta o sofrimento de quem sofre é uma brutalidade espiritual sem limite. 

A afirmação infeliz do poeta reafirma a monstruosidade da declaração do monstruoso Secretário de Estado Americano Henry Kissinger, que, representando Satanás, afirmou ser a competição ideal para a humanidade no lugar da cooperação. Tal afirmação corresponde a sugerir que os seres humanos vivam do mesmo modo como vivem as feras em sua eterna disputa pela sobrevivência, o que é o maior absurdo do mundo porque o ser humano pode produzir tudo de que necessita, não havendo, portanto, motivo para disputar coisa nenhuma. É por causa da disputa que a imprensa noticia ser alguém assassinado nas grandes cidades do Brasil a cada meia hora, o que acontece, na verdade, no mundo inteiro. Precisa maior evidência de estar a sociedade humana equiparada à sociedade dos irracionais? Pois o que impede a todos o bem-estar de que deveriam desfrutar é a espera que ele venha por obra e graça das divindades em vez de buscá-lo com o próprio esforço, como o poeta insinua. Deixe-se de lado a proteção divina e se compenetrem todos da necessidade de se elevar espiritualmente à compreensão de sermos dependentes uns dos outros, de que devemos nos respeitar e estimar mutuamente como se fôssemos apenas uma família unida e o mundo cão virará mundo bom. Entretanto, a depender de esperar por Deus, o mundo estará cada vez mais próximo do Inferno de Dante.

Todos os pichadores do mundo devem pichar em todos os muros do mundo que a espera por Deus atrasa o início da construção de uma humanidade sadia e sábia o bastante para manter suas águas com o dinheiro jogado fora na construção de naves para procurar água no universo. Eu cuidaria muito melhor da humanidade do que Deus porque eu montaria um sistema de educação que ensinasse às pessoas a realidade de que viver harmoniosamente e em paz é melhor que viver com a testa franzida de preocupação com dinheiro e com medo de bomba. Inté.  

 
 






ARENGA 165




As pessoas têm necessidades reais ou primárias como também as tem todos os outros seres vivos de qualquer espécie, o que iguala uns e outros, provando ser falsa a ideia de criação do homem como perfeita por ser obra prima e preferida do Deus criador. A natureza que tudo criou não faz distinção entre suas criaturas. A hiena e o mais refinado ser humano em nada diferem no que diz respeito a estas necessidades. Por mais requintadas que sejam as mansões, não podem abrir mão das latrinas, como lembrou o personagem de Jorge Amado no livro Subterrâneos da Liberdade. A impossibilidade de se atendar a estas necessidades produz inquietação física e mental capaz de impedir a concentração, impossibilitando o bem-estar que os frequentadores de igreja, axé e futebola denominam de felicidade. Ao lado das necessidades primárias também existem as necessidades suntuárias provenientes do instinto de pavão cultivado pela mediocridade espiritual dos seres humanos ainda apegados aos tempos em que os selvagens espichavam os beiços como se espicha couro e espetavam ossos neles, nas orelhas e nariz, do mesmo modo como fazem ainda hoje os jovens imbecis, procedimento que se torna mais ridículo em senhores grisalhos.  Sabendo-se que a impossibilidade de se satisfazer as necessidades primárias resulta na impossibilidade de desenvolveram as atividades espirituais, e sendo necessário dinheiro para satisfazer as necessidades primárias, seria obrigatório que todos tivessem dinheiro. Mas não é o que acontece. As pessoas responsáveis pela administração das sociedades estão certas de haver quem não tenha necessidades a serem atendidas. Que há quem não sinta fome, frio, sede, doença, falta de tranquilidade e lazer, não necessitando, portanto, do dinheiro com o qual se obtém estas coisas. Estão redonda e perigosamente erradas. Quem tem sede, frio e fome vai buscar água, agasalho e comida onde quer que eles estejam. A busca de comodidade foi o elemento que impulsionou o ser humano ao movimento e não vai deixar de fazê-lo nunca. Como são muitos os necessitados, arma-se a confusão que aí está. Papagaios de microfone e escritores e filósofos assalariados procuram a todo custo, a mando dos ricos donos do mundo, fazer crer que as coisas de que se necessitam são conseguidas através do “Deus proverá”, mas não se pode encontrar a paz e a tranquilidade quando se tem fome, sede ou frio e a comida que as igrejas servem é hóstia, bebida lá é vinho que só os padres bebem e o cobertor é a promessa da proteção divina que não aparece nunca.
A origem dos sofrimentos humanos está na impossibilidade de todos irem aos empórios buscar as coisas das quais depende seu bem-estar. Enquanto as massas excluídas estiverem indiferentes às causas das quais resulta sua exclusão e permanecerem conformadas com a falta de bem-estar proveniente da forma como é administrada a riqueza pública, enquanto for assim, a humanidade será cada vez mais infeliz. Portanto há de se repetir à exaustão a necessidade de haver por parte dos governados sobre o que fazem os governantes interesse maior do que o interesse dos próprios governantes porque só o dinheiro que se entrega a eles para administrar pode proporcionar o bem-estar social indispensável à paz e tranquilidade de que o ser humano não pode nem deve abrir mão. Inté.