As pessoas
têm necessidades reais ou primárias como também as tem todos os outros seres
vivos de qualquer espécie, o que iguala uns e outros, provando ser falsa a
ideia de criação do homem como perfeita por ser obra prima e preferida do Deus
criador. A natureza que tudo criou não faz distinção entre suas criaturas. A hiena
e o mais refinado ser humano em nada diferem no que diz respeito a estas necessidades.
Por mais requintadas que sejam as mansões, não podem abrir mão das latrinas,
como lembrou o personagem de Jorge Amado no livro Subterrâneos da Liberdade. A impossibilidade
de se atendar a estas necessidades produz inquietação física e mental capaz de
impedir a concentração, impossibilitando o bem-estar que os frequentadores de
igreja, axé e futebola denominam de felicidade. Ao lado das necessidades
primárias também existem as necessidades suntuárias provenientes do instinto de
pavão cultivado pela mediocridade espiritual dos seres humanos ainda apegados
aos tempos em que os selvagens espichavam os beiços como se espicha couro e
espetavam ossos neles, nas orelhas e nariz, do mesmo modo como fazem ainda hoje
os jovens imbecis, procedimento que se torna mais ridículo em senhores
grisalhos. Sabendo-se que a
impossibilidade de se satisfazer as necessidades primárias resulta na
impossibilidade de desenvolveram as atividades espirituais, e sendo necessário
dinheiro para satisfazer as necessidades primárias, seria obrigatório que todos
tivessem dinheiro. Mas não é o que acontece. As pessoas responsáveis pela
administração das sociedades estão certas de haver quem não tenha necessidades
a serem atendidas. Que há quem não sinta fome, frio, sede, doença, falta de
tranquilidade e lazer, não necessitando, portanto, do dinheiro com o qual se
obtém estas coisas. Estão redonda e perigosamente erradas. Quem tem sede, frio
e fome vai buscar água, agasalho e comida onde quer que eles estejam. A busca
de comodidade foi o elemento que impulsionou o ser humano ao movimento e não
vai deixar de fazê-lo nunca. Como são muitos os necessitados, arma-se a
confusão que aí está. Papagaios de microfone e escritores e filósofos
assalariados procuram a todo custo, a mando dos ricos donos do mundo, fazer
crer que as coisas de que se necessitam são conseguidas através do “Deus proverá”,
mas não se pode encontrar a paz e a tranquilidade quando se tem fome, sede ou
frio e a comida que as igrejas servem é hóstia, bebida lá é vinho que só os
padres bebem e o cobertor é a promessa da proteção divina que não aparece
nunca.
A origem
dos sofrimentos humanos está na impossibilidade de todos irem aos empórios
buscar as coisas das quais depende seu bem-estar. Enquanto as massas excluídas
estiverem indiferentes às causas das quais resulta sua exclusão e permanecerem
conformadas com a falta de bem-estar proveniente da forma como é administrada a
riqueza pública, enquanto for assim, a humanidade será cada vez mais infeliz.
Portanto há de se repetir à exaustão a necessidade de haver por parte dos
governados sobre o que fazem os governantes interesse maior do que o interesse
dos próprios governantes porque só o dinheiro que se entrega a eles para
administrar pode proporcionar o bem-estar social indispensável à paz e
tranquilidade de que o ser humano não pode nem deve abrir mão. Inté.Será necessário haver tanta pobreza, choro, sofrimento? Que jovens pobres tenham que se endividar para estudar? Estará certa a conduta tradicional de terem as pessoas de trabalhar para sustentar as autoridades vivendo em palácios e com todas as suas necessidades pagas, inclusive riqueza pessoal para levar quando deixarem seus postos de trabalho? Há necessidade de tantas autoridades? Que tal matutarmos sobre estas coisas? Este é o objetivo deste blog. Nenhum mal haverá de fazer.
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