sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ARENGA 164


 
Completamente na contra mão da realidade está o poeta que escreveu o verso que diz “Cada um por si e Deus por todos nós”. Os poetas têm o dom de enxergar mais longe do que nós, as pessoas comuns, não se justificando, portanto, que um poeta se dirija à massa de ignorantes sugerindo-lhe mais ignorância. São Paulo afirmava que se Deus era por ele, Ninguém poderia ser contra ele. No entanto, foi assassinado. A ideia de Deus é nada mais que uma criação, invenção destinada a manter a classe desfavorecida conformada com a situação de apenas contemplar de longe as benesses desfrutados pelos ricos. Tivessem todos os seres humanos a visão de mundo que têm quem dispensa Deus e procura cuidar por si mesmo de sua sociedade, a humanidade não sofreria de nenhum sofrimento que pudesse ser evitado mediante ação humana. Não porque fosse necessário matar ninguém, mas simplesmente porque a compreensão de quem tem experiência para distinguir a mentira da verdade sabe perfeitamente da impossibilidade de haver paz e tranquilidade se depender de divindades. E não precisa ser inteligente para se chegar a esta constatação. Basta tomar conhecimento da história da humanidade para se perceber que nunca deixou de haver grande quantidade deuses e nenhum deles foi capaz de aliviar os sofredores de seu eterno sofrimento. A indiferença dos religiosos anta o sofrimento de quem sofre é uma brutalidade espiritual sem limite. 

A afirmação infeliz do poeta reafirma a monstruosidade da declaração do monstruoso Secretário de Estado Americano Henry Kissinger, que, representando Satanás, afirmou ser a competição ideal para a humanidade no lugar da cooperação. Tal afirmação corresponde a sugerir que os seres humanos vivam do mesmo modo como vivem as feras em sua eterna disputa pela sobrevivência, o que é o maior absurdo do mundo porque o ser humano pode produzir tudo de que necessita, não havendo, portanto, motivo para disputar coisa nenhuma. É por causa da disputa que a imprensa noticia ser alguém assassinado nas grandes cidades do Brasil a cada meia hora, o que acontece, na verdade, no mundo inteiro. Precisa maior evidência de estar a sociedade humana equiparada à sociedade dos irracionais? Pois o que impede a todos o bem-estar de que deveriam desfrutar é a espera que ele venha por obra e graça das divindades em vez de buscá-lo com o próprio esforço, como o poeta insinua. Deixe-se de lado a proteção divina e se compenetrem todos da necessidade de se elevar espiritualmente à compreensão de sermos dependentes uns dos outros, de que devemos nos respeitar e estimar mutuamente como se fôssemos apenas uma família unida e o mundo cão virará mundo bom. Entretanto, a depender de esperar por Deus, o mundo estará cada vez mais próximo do Inferno de Dante.

Todos os pichadores do mundo devem pichar em todos os muros do mundo que a espera por Deus atrasa o início da construção de uma humanidade sadia e sábia o bastante para manter suas águas com o dinheiro jogado fora na construção de naves para procurar água no universo. Eu cuidaria muito melhor da humanidade do que Deus porque eu montaria um sistema de educação que ensinasse às pessoas a realidade de que viver harmoniosamente e em paz é melhor que viver com a testa franzida de preocupação com dinheiro e com medo de bomba. Inté.  

 
 






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