domingo, 18 de outubro de 2015

ARENGA 178




Não seria interessantíssimo uma redação cujo tema fosse “Coisa Nenhuma”? Pois foi sobre coisa nenhuma o tema da redação pedida aos vestibulandos: ÉTICA PROFISSIONAL. Alguém é capaz de encontrar ética em alguma profissão? Portanto a moçada discorreu sobre coisa nenhuma. Já me foi prescrita por um médico mercenário, um tal Nilzon, de Salvador, cirurgia urgente para colocação de ponte de safena, mentira tão inescrupulosa quanto aquele cirurgião canalha. Já me foi também prescrita desnecessariamente uma cirurgia para retirar pedra do rim. E os advogados dos luxuosos e caríssimos escritórios que botam a mão no fogo pela santidade dos bandidos milionários? Sendo a ética o sentimento do qual resultam comportamentos ilibados, como falar de ética numa sociedade de canalhas na qual os postos onde deveriam estar autoridades estão bandidos? Entre bandidos não pode haver ética porque esta encerra algo de socialmente positivo em sentido amplo de sociedade humana. Numa sociedade de criminosos, pode haver códigos de honra dos quais nunca participará o sentido de comportamento socialmente correto e necessário para que a sociedade humana pudesse existir sem os conflitos que a inviabilizam. Embora os intelectuais dão mil e uma voltas em torno do que seja ética, é mais simples encará-la como sabedoria que se observada levará à irmandade indispensável à boa convivência. Entretanto, tendo a sociedade humana se transformado num bando de ladrões e num bando de imbecis satisfeitos em serem roubados, conclui-se pela inexistência de ética por falta de uma ética-mãe que a partejasse. Inté. 

 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário