A
vida tem sido definida de várias maneiras: bonita, para Gonzaguinha; uma m...,
para muita gente; um palco iluminado, para os de veia poética. Esta última é uma
boa comparação porque tudo que se passa nos palcos do mundo são reflexões sobre
as várias modalidades de circunstâncias nas quais se envolvem as pessoas
durante a vida. Assim como as cenas sobre o palco são alcançadas com maior
abrangência por aqueles olhadores com algum conhecimento sobre o assunto
apresentado, a vida, do mesmo modo, tem seu sentido melhor apreendido por quem observa
como ela se apresenta. Para observar a vida é preciso desviar a atenção por algum
tempo da atividade de juntar dinheiro e observar as coisas que nos rodeiam e
nosso procedimento em relação a elas. Quem observou a vida por mais de três
quartos de séculos aprendeu muitas realidades que a absolutíssima maioria dos
seres humanos não aprendeu. E só não aprendeu por não ter tido em toda sua vida
uma oportunidade de ouvir uma palavra sensata que levasse ao convencimento de
que a vida não se resume em juntar dinheiro, e que ela é completamente
diferente de tudo que nos ensinaram. A cultura do enriquecimento não permite um
segundo sequer de meditação sobre outra coisa que não dinheiro. Tudo gira em
torno de dinheiro. Até a fome de pobres e infelizes seres humanos serve de
fonte de enriquecimento para a classe maldita dos especuladores na busca insana
por maior quantidade de dinheiro. Em um dos seus muitos trabalhos magistrais, o
jornalista de verdade Mauro Santayana nos mostra esse absurdo no artigo intitulado Como os Bancos
Lucram com a Fome no Mundo, publicado no Jornal do Brasil de 10/05/013, que
pode ser visto de modo simples apenas pedindo ao amigão Google fornecendo-lhe o
nome do jornalista e o nome do artigo. O trabalho magistral e bem fundamentado,
como é próprio deste grande jornalista que também fez outra obra prima do
jornalismo, intitulada A Crise da Razão
Política e a Maldição de Brasília, que também se encontra em algum lugar
deste blog malamanhado. Entre as mazelas que infelicitam a humanidade, e que
podem e devem ser apreciadas naquele trabalho, escolhi duas, sendo a primeira esta
crueldade de monstro: “A insuspeita
Fundação Gates divulgou interessante estudo sobre o controle dos preços dos
alimentos pelos bancos, por intermédio dos fundos especulativos (hedge). Da
mesma forma que os bancos atuam no mercado derivativo com as primes do mercado
imobiliário, fazem-no com os estoques de alimentos, o que aumenta
espantosamente os preços da comida, sem que os produtores se beneficiem. Um
exemplo, citado pelo estudo, que tem o título sugestivo de “People die from
hunger while banks make a killing on food” – as pessoas morrem de fome,
enquanto os bancos se enriquecem de repente, especulando com os alimentos”.
Esta
realidade monstruosa é simplesmente ignorada pela imbecilidade tanto de quem se
sujeita a tal situação quanto de quem a promove. Não passa de monstro sem
condição para viver em sociedade um filho da puta que compra alimento e o
guarda até que a escassez lhe permita vendê-lo por preço maior, indiferente ao
sofrimento de quem precisa daquele alimento, principalmente porque quem faz
isso é um sacana que não precisa de mais dinheiro do que tem. Isto só é permitido
a quem não tem visão social para entender que vai acabar muito mal porque nem
mesmo o freio da religião ou o cabresto do Estado serão capazes de segurar por
muito mais tempo os famintos espreitando de longe a comida aguardar melhor
preço e ir embora prá longe, fora do seu alcance, como acontece também nesta
outra monstruosidade de imbecis que é a segunda monstruosidade constante do
mesmo trabalho do fabuloso jornalista: “... o Fundo
Armajaro, da Grã Bretanha, que comprou 240.000 toneladas de cacau (7% da
produção mundial) e as reteve, até obter o maior preço da mercadoria nos
últimos 33 anos”. Procedimentos de monstro deste tipo são a causa de toda a
infelicidade do mundo e é por conta destes canalhas que as pessoas vivem com
medo do assalto e sendo assaltadas. A falta do dinheiro retido por estes
viciados em contemplar riqueza de perto e miséria de longe, cria a necessidade
que gera violência. É também na
Inglaterra que pais estão se submetendo à simulação de parto. Deve ser outra
face do homossexualismo ou demonstração de total imbecilidade. O mundo em
guerra, com muito sangue, explosões e cadáveres, e dementes totalmente
imbecilizados querendo sentir as dores do parto com que Deus puniu a mulher,
segundo estes mesmos imbecis enrustidos. Se um país tido como berço da
civilização como
a Inglaterra adota tais comportamentos é porque a
civilização que ele ajudou a criar é na verdade um barbarismo tão bárbaro
quanto o do tempo em que leões desossavam seres humanos por ordem dos
antepassados dos ingleses, e tal comportamento indica total desconhecimento de
sociabilidade sem o qual a vida grupal não difere da vida das manadas de
irracionais. E se um país tão velho ainda não aprendeu sociabilidade, por estas
bandas jovens de cá acontecem coisas como a seguinte declaração da presidente
da república: “O
Brasil pode fazer a melhor copa de todos os tempos. Vamos mostrar que somos um
país alegre e pacífico.” Alegre, é verdade, mas uma alegria de demente porque um
povo que vive a chorar a morte daqueles que não puderam se desviar das balas
vindas de todo lado e mesmo assim é alegre, não pode ser um povo de outro tipo
senão do tipo qualificado de moleque por De Gaulle. Moleques gostam mesmo de
alegria. Só pode ser influência de Maria Antonieta a declaração da presidente. Um
povo que chora na televisão, que a cada dia tem mais e mais famílias enlutadas,
um povo que é levado a um estado de imbecilidade tão grande que gosta de ser
assaltado como demonstra ao freqüentar bares e restaurantes portando celulares,
carteiras, dinheiro, à espera da molecada de revólver na mão, dizer que tal
povo é alegre e pacífico é não conhecer a realidade do lado de fora do bem-bom
dos palácios onde a vida não conhece dificuldade de outra ordem que não a
preparação para mais um mandato. Temos de ser infelizes enquanto a
mentalidade de jumento dominar as mentes dos energúmenos do tipo Amado Batista
que agradece o fato de ter sido torturado, preferindo ser lembrado como
ganhador de dinheiro dos aculturados como ele.