A baixeza do
comportamento humano ficou magnificamente demonstrada pelo autor da obra que
descreveu o comportamento daqueles jovens mentalmente deformados e retratados
no filme Laranja Mecânica. A sociedade humana é tão bruta que se deixa levar
por um rumo desconhecido, mas certamente desastroso, traçado por falsos líderes
que arrancam o couro do pobre para cobrir o rico que os mantém no emprego de
falso líder. Tanto os das religiões quanto os das brincadeiras ou os da
politicagem, todos os falsos líderes vivem do trabalho e da ignorância do pobre
e, por isso mesmo, são criminosos. Os falsos líderes da política, então, estes
são genocidas. Declaram guerras onde a brutalidade tornou legal o assassinato
de milhões de pobres coitados que não sabem o que fazem e que em busca de meios
para a sobrevivência foram acabar vestidos de farda, com um fuzil na mão, e numa
situação de ter de matar ou morrer. Estes eternos bobos se estraçalham entre si
e até se odeiam realmente e se chamam de inimigos sem haver qualquer motivação para
isso porquanto os matadores de um lado tanto quanto os do outro lado, na
realidade, nada tem uns contra os outros porque nem mesmo se conhecem. São os falsos
líderes Chefes das Nações da politicagem que os convencem de se tratar de
inimigos e da necessidade de matá-los. Enquanto os eternos bobos se estraçalham,
eles tomam finas bebidas numa boa e fazem as contas de quanto dinheiro vai
ganhar com a guerra, principalmente as comissões das indústrias de armas. Como
se trata de eternos bobos, os jovens cumprem obedientemente as ordens porque
elas são “superiores” e dispensam o pensamento.
Da refrega, os que escapam creditam a Deus tal fato, mas não debitam a
ninguém a morte dos que não escaparam. Aqueles a quem “Deus salvou” viram heróis
de guerra e nem percebem terem feito na verdade um “papelão” que irão repetir
na velhice ao desfilar uma turma de velhos barrigudos como se ainda estivessem
no tempo de jovens soldados, sendo a dificuldade com dinheiro a única
semelhança entre uns e outros.
Um sujeito que pensava
e por isso mesmo não tinha tempo para requebrar os quartos nem no axé e nem no
futebola, e que se chamava Baruch Spinoza, falou o seguinte: “Não chore, não se
revolte. Compreenda. A felicidade é a compreensão lógica do mundo e da vida”. Foi
o que disse o cara, mas esta mensagem sublime nada significa para os eternos
bobos. Para eles a felicidade está no céu, no axé e no futebola, e é exatamente
por procurar a felicidade no lugar onde ela não está que os eternos bobos
também são eternos infelizes. Nem podia e nem pode ser diferente enquanto os
eternos bobos permanecerem convencidos da desnecessidade de se pensar sobre o mundo
à volta de cada um como nos ensinou aquele pensador ocupado em pensar.
Por não pensar
no mundo e na vida é que estas senhoras grávidas não descobrem que a fantasia
em torno da maternidade como “ser mãe é sofrer no paraíso” está tão longe da
realidade quanto a noção que a juventude faz do que seja a vida. Além de não
ser possível haver sofrimento num paraíso, pois assim não seria paraíso, a
realidade é que ser mãe é ter de sofrer para botar para fora do corpo um
sujeito que foi criado lá dentro e que depois de crescido pode vir a ser
inimigo de quem passou por aquele sufoco. A festa em torno da maternidade,
aquele negócio de escolher o bebê mais rechonchudo e feliz, é tudo para levar
às compras. Muito ganharia a sociedade em qualidade de vida se as senhoras
barrigudas aprendessem a realidade de ser mais importante inclusive para o bebê
mais rechonchudo e feliz se as atenções fossem voltadas para o bebê mais
magricela e infeliz porque ele será um inimigo de todos os rechonchudos do
pedaço, e são em muito maior número.
Pensando-se sobre o conteúdo da conclusão a que
chegou o senhor Spinoza, deduz-se que a humanidade é incapaz de perceber o enorme
benefício obtido se fosse observada e posta em prática a recomendação do
pensador. Quando ele fala que a felicidade está na compreensão lógica do mundo
e da vida, está a nos dizer que somos infelizes apenas pela incapacidade de
compreender a vida o bastante para saber que ela é mais seriedade do que
brincadeira. Quem vive para imbecilidades, como alguém que leva uma criancinha
de colo para um ambiente hostil de futebola, preparando aquela criança para ser
outro idiota, é alguém que não compreende nem o mundo e nem a vida. É alguém
tão alheio à lógica que acredita poder requebrar eternamente no axé e no
futebola, mesmo vendo os hospitais e as UTIs lotados de velhos com os quartos
esculhambados de tanto requebrar no axé e no futebola.
De acordo com a
lição dada pelo pensador há três séculos e até hoje não aprendida, a
compreensão da lógica do mundo e da vida mostra a realidade de que cada
nascimento representa uma contribuição para o acúmulo de pessoas do qual resultará
em explosão de violência dada a carência dos meios de subsistência. Se na
atualidade já não se bebe nem se come água e comida limpas, e muitos nem suja, não
precisa ser inteligente para perceber que tal situação tende a ficar mais grave
à medida que mais gente passa também a disputar comida. Como se vê, é preciso
refletir para se dar melhor porque a vida está muito ruim para todos, inclusive
para os infelizes jovens que não tem tempo para aprender nada sobre a vida e o
mundo, como recomendou Spinoza.
Quem se
dispuser a pensar um pouco haverá de perceber que estamos numa situação
esquisita de dar prioridade a gastos com brincadeiras enquanto pessoas amargam
conformadamente sofrimento sem fim por falta de dinheiro. Todos aqueles que
apreenderem o sentido da lição de Spinoza certamente adotarão o comportamento que
teve alguém quando deixei minha carteira no bagageiro no teto do carro e saí. Um
senhor, infelizmente desconhecido para mim, me fez parar, apanhou a carteira de
lá de cima e me entregou. Ao fazer isso ele me poupou de muitos aborrecimentos
e perda de dinheiro porque naquela época o dinheiro era em espécie e carregado
na carteira. Mas, apesar de ter sigo grande o benefício que obtive através da
ação de me fazer parar para pegar a carteira que ele percebera haver eu
esquecido sobre o carro, apesar da grande ajuda que me deu, e pela qual lhe sou
muito grato, ainda assim este benefício é menor do que aquele que pode ser alcançado
pelo acatamento da recomendação de se procurar compreender o mundo e a vida
porque este benefício beneficiaria toda a humanidade. Representaria para cada ser
humano uma felicidade ainda maior do que a que usufrui com a ação daquele senhor
que me salvou a carteira porque não pode haver felicidade maior do que viver num
ambiente onde as pessoas que pensam não tenham de conviver com quem não se
incomoda de beber água com bosta e comer comida com veneno. Um carro-pipa
abastecido com água suja não leva quem esteja desligado do mundo e da vida a
querer saber se não está trocando o problema da falta d’água por um problema
maior de saúde. Está faltando interesse em ser gente. Quem não pensa é apenas
porque ainda não sabe que pode pensar. Quando aprender, vai descobrir quanta
sabedoria está na lição do Mestre do Saber Spinoza. Como, entretanto, a prosa
já vai longe, faremos um devorteio pelaí e faremos outra encheção em torno de
outra fala do doutor Spinoza. Inté.
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