quinta-feira, 9 de maio de 2013

RECADO DE SPINOZA (II)


Na encheção passada falávamos que o Mestre do Saber Spinoza ensinava haver vantagem em observar a vida e o mundo. Quem fizer isso chegará à conclusão de ser impossível ter tranquilidade sem dinheiro. Mas ele nos transmite também valorosa lição nas seguintes palavras: “As novas opiniões são sempre suspeitas e geralmente opostas, por nenhum outro motivo além do fato de ainda não serem comuns”. Há, também aqui, esbanjamento de sabedoria. Gratificante é reconhecer ter valido a pena procurar ainda que atabalhoadamente entender as lições dos Grandes Mestres do Saber. De um total alienado na juventude, como são todos os jovens, escrevi nesse malamanhado blog sobre o erro que a humanidade comete ao se apegar às tradições em lugar das inovações e é isso mesmo o que nos ensina o sábio Spinoza. Só porque ainda não se tornaram comuns, isto é, praticadas comumente, são rejeitadas as novas opiniões, o que leva a humanidade ao mesmo procedimento do coitado do boi que passa a vida rodando em torno do eixo que movimenta a moenda. É a própria natureza a não permitir tal comportamento porque ela impulsiona à ação, mudanças e transformações.  É preciso dar a volta por cima das mesmices. As culturas mudam porque as pessoas vão descobrindo novos procedimentos em decorrência do inevitável aprendizado pela observação das coisas. O aprendizado sobre o corpo humano originou uma cultura nova que substituiu a cultura velha de não se poder escarafunchar o corpo por ter sido feito por Deus. No tempo da cultura velha teve um cara por lá que quase vira cinza por ter dito que o sangue circulava pelo corpo afora. Várias culturas velhas foram substituídas por culturas novas no decorrer da História da Humanidade. De um tempo em que todos éramos bichos, chegamos a outro tempo em que embora a humanidade ainda esteja mais bruta que os bichos, a ponto de haver bilionários ao lado de esfomeados, sem capacidade de perceber estar preparando infelicidade para si e os seus. Mas, em meio à manada já existe pessoa civilizada entre nós como prova o senhor desconhecido que me fez parar o carro para pegar e me entregar minha carteira que eu esquecera no bagageiro do teto do carro.

A resistência às inovações deve-se a quem se encontra a gosto com a situação atual. Como quem decide se a situação atual deve ser trocada é a maioria da sociedade, porque é o peso da maioria que carrega o resto consigo, por que então a permanência de um sistema onde apenas alguns se encontram a gosto e a imensa maioria vive no sufoco por causa de uma cultura velha que causa tanto sofrimento? A explicação está no fato de que a situação nova desperta medo na grande maioria da população porque ela é convencida pelos que se encontram a gosto através da mídia a custo de tanto dinheiro que todas as empresas informativas recebem montanhas de dinheiro dos que se encontram a gosto para convencer os demais de que as inovações são coisa do capeta e que bom mesmo é não estar a gosto por serem estes os preferidos de Deus.

Se tomarmos uma reforma agrária como exemplo, veremos que as pessoas que não se encontram a gosto são contra. Os deformadores de opinião das emissoras fazem crer à manada que a mudança é produto do comunismo que fuzila padre e faz churrasco com carne de criança. Amedrontados pela possibilidade de terem suas criancinhas transformadas em churrasco, a manada teme a reforma agrária e acredita no que dizem os deformadores de opinião de ser melhor uma imensa área de terra produtiva ser explorada por apenas um grupinho do qual participam muitos estrangeiros, sendo esses grupos de ricos financiados pelo dinheiro dos desgraçados dos trabalhadores através do BNDES. Entretanto, o aprendizado pela observação recomendada pelo Mestre do Saber, uma vez havendo tal observação, dela resultaria o aprendizado que levaria à conclusão de que da reforma agrária resultaria alimentos sadios porquanto produzidos em menor quantidade em cada local, diminuindo a necessidade de veneno e isto resultaria em diminuição de preço e evitaria a incidência de muitos cânceres. Além disso, desafogaria as cidades porque levas de trabalhadores acorreriam para o campo em busca de seu pedaço de terra onde viver em paz com sua família. Quando esta realidade se tornar realidade, a crença de ser a reforma agrária ofensiva a Deus cairá por terra e todos serão beneficiados com a substituição da cultura velha pela cultura nova. Ainda outro dia quando eu era criança, ninguém acreditaria em casamento entre dois homens ou duas mulheres a não ser que cada um dos dois homens se casasse com cada uma das duas mulheres. Porem, macho com macho e muié com muié, qualé, meu? Vai contar essa mais longe! Assim reagiria qualquer pessoa há setenta anos. No entanto, está aí esta coisa esquisita para alguns. Dizem até que no futuro só haverá homossexuais no mundo. Ainda bem que não terei tempo de aprender a emplumar-me para rebolar.

Quando a manada aprender a pensar descobrirá o que descobriu a sociedade francesa do final do século XVIII e que mudou tão radicalmente a cultura velha por uma nova que cepou fora a cabeça de reis, numa demonstração de selvageria própria dos seres brutos que compõem a humanidade, desde que dela se tem notícia. Com muita brutalidade foi substituída uma cultura que orientava um procedimento de respeito e até adoração pela figura do rei-Sol por uma nova cultura que orientou o procedimento de matar o rei-Sol, procedimento que visava melhorar a situação da absoluta maioria da população francesa do século XVIII que era obriga a arcar com o peso do sustento de um grupinho de ricos perdulários, o que realmente aconteceu. Porém, pela falta de conhecimento sobre o mundo e a vida, o resultado daquela monumental explosão de insatisfação do povo contra seus opressores, teve por êxito apenas conquistar novos opressores. Sendo o dinheiro o único poder que remove montanhas, os ricos trocaram o poder oriundo da estirpe familiar pelo poder da força do dinheiro, de modo que o pobre que lá na cultura velha era considerado inferior por não ter nascido em família tradicional, os pobres atuais são considerados inferiores por não terem nascido em família rica. A situação é tão semelhante que o governador de São Paulo declarou que apenas o fato de o povo desconhecer as tramas armadas contra ele evita a situação de violência da Revolução Francesa e seu banho de sangue.

Razão tem o governador porque o imperialismo do rei Deu-sol voltou a brilhar com esplendor. Se o povo daquela época tinha de se virar para sustentar ricos e autoridades, e se os ricos eram os donos do poder, nenhuma diferença há entre o tratamento dispensado ao povo pelas autoridades francesas na época da revolução e as autoridades de hoje. Sabendo o resultado que deu esse negócio de autoridade abusar da paciência do povo, não se compreende a continuação despreocupada do imenso abuso das autoridades de gastar fortunas para fazer festas enquanto uma criança de oito anos permanece num hospital com uma bala em seu corpinho até morrer à míngua por falta de dinheiro e ter de aguentar o desdém da maior autoridade da administração pública entre nós, repetindo o descaso com o povo da rainha da cultura da nobreza, ao dizer  rindo ao povo que o sistema de saúde pública estava mais do que perfeito. Inteira razão tem o governador paulista em dizer que se o povo soubesse o quanto faz papel de idiota, ira faltar guilhotinas para cepar fora as cabeças dos politiqueiros que infernizam a vida do povo tão bobo que construiu um templo chamado Instituto Lula para homenagear a figura do presidente que transformou em milionária sua família de ex pau-de-arara. Tá tudo no livro O Chefe.

Então, conhecendo-se a violência em que deu este procedimento das autoridades em relação ao povo que lhes garante a boa vida, costume de velha e defasada cultura, por que esperar o mesmo desfecho outra vez? O apego às velhas opiniões que nos conduziram a esse mar de infelicidade de ter de conviver com cadáveres à volta, com famílias infelicitadas constantemente por uma violência incontrolável, situação extremamente desagradável decorrente da falta de visão que causa o desinteresse das autoridades, tal como aconteceu no movimento francês, por tudo isso e muito mais é que é preciso compreender o ensinamento de Spinoza e substituir as velhas opiniões por opiniões novas. Inté

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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