Pessoas que
sabem onde tem o nariz sempre afirmaram ser a ignorância a única causa de todos
os nossos males. Estão com razão porque pessoas inteligentes e estudadas,
comprovadamente bem preparadas profissionalmente, não obstante, demonstram
total ignorância no que diz respeito à compreensão da vida, além de serem de
baixíssima sensibilidade espiritual, o que denota inaptidão para vida em
sociedade por absoluta falta de sociabilidade. Desconhecem inteiramente os
requisitos indispensáveis para a existência de uma sociedade sadia e se deixam
levar pela mesma inocência que leva o brutamontes a correr atrás de dinheiro
porquanto a cultura do TER é incompatível com civilização. Um médico de
Salvador me diagnosticou cirurgia do coração apenas pelo dinheiro que ia
ganhar. Um dentista colocou aparelho corretivo dos dentes em duas filhas minhas
quando crianças apenas para ganhar o dinheiro porque naquela idade não podia
ser feito, como realmente, tive de pagar novo tratamento. Um advogado já agiu
canhestramente comigo, me causando prejuízo. Entretanto, esta ignorância de
sociabilidade não decorre de desinteligência. Toda a inocência sobre a vida e à
sociabilidade que assola a humanidade decorre unicamente do não uso da
capacidade de pensar. Acredita-se ser uma perda de tempo e, principalmente,
dinheiro. O potencial de inteligência das pessoas está totalmente direcionado
para o lado material da existência e por isso não há disposição para observar a
vida, porque isso faz pensar. Ao concentrar toda a atenção disponível na luta
pela sobrevivência, ou para ficar rico, ou para ficar mais rico, nada sobra
para a elevação espiritual através do exercício do pensamento, evolução
espiritual alcançada apenas por meio da leitura de bons livros. Pessoas ainda
que nascidas inteligentes, mas que se veem num ambiente tão desinteligente que iletrado
jogador de futebola é homenageado na Academia Brasileira de Letras e multidões
acorrem para um terreiro onde passam numa velocidade espantosa carros cujo preço
daria para alimentar milhares de famintos por um mês inteiro, espatifando-se alguns
deles. Fica desinteligente quem vive em meio a quem acorre para um terreiro
onde aviões passam zunindo prá lá e prá cá sobre suas cabeças a soltar fumaça
colorida no ar. Tem de ficar desinteligente quem acorre para um terreiro a
festejar a chegada de um homem como qualquer um de nós, com as mesmas
necessidades e vulnerabilidade, mas um santo para os pobres de espírito
incapazes de perceber que tudo isso não passa de atividade comercial, haja
vista a manchete no jornal O PAPA VENDE sobre a venda de porcarias como
santinhos, bíblias, imagens, e bugigangas incapazes de proteger contra o único
mal da humanidade: A BURRICE. Acreditar num santo que toma tiro de revolver e
procura proteção no hospital, come feijão, bebe vinho e santa na privada é
absoluta prova da burrice humana.
O
comportamento humano é adverso à inteligência e bom senso. Qual a inteligência
demonstrada por quem bate com uma barra de ferro na cabeça de quem também não
pensa até matá-lo por causa de uma brincadeira de futebola? Brincadeira que
consiste em vinte três homens no meio de um descampado. Dez deles tentam levar
uma bola até uma das extremidades do descampado e botar a bola dentro de uma
casinha em cuja porta fica outro homem para impedir que a bola entre na
casinha. Outros dez homens tentam fazer o mesmo na direção oposta ao outro
grupo, tentando colocar a bola dentro de outra casinha no lado oposto do
descampado, onde também alguém procura evitar a entrada da bola. O vigésimo
terceiro homem corre prá lá e prá cá vigiando se algum dos vinte e dois homens que
lutam desesperadamente para colocar a bola dentro da casinha comete alguma
irregularidade nas regras estabelecidas para a brincadeira. Como se vê, coisa
para criança. Apesar disso, chega-se a matar e morrer pelo resultado da
palhaçada. Além disso, estes homens recebem pela brincadeira salários
infinitamente superiores a um professor e são gastas fortunas imensas na
construção desses descampados, resultando num gasto fabuloso de dinheiro cuja
falta faz os choros no corredor do hospital. E cadê inteligência em quem vai na
onda da imprensa idiotizadora e se liga no nascimento de um bebê real, se a
realeza foi escorraçada pela Revolução Francesa? Há na internete dezenove
milhões de referências à pobre criança rica destinada a ser mais um imbecil em
função da criação que vai ter. Os bonecos programados da mídia esboçam ar de
felicidade para falar do bebê real. Ninguém com noção de sociabilidade contestaria
ser verdade que vivemos monumental burrice e falsidade provenientes da falta do
hábito de meditar sobre o que se ouve e vê. Esse engessamento da capacidade de
pensar é adredemente mantida pelo sistema educacional montado pela politicagem
com a finalidade de fazer crer não haver necessidade de se pensar sobre a vida
e os fatos com os quais nos relacionamos no dia a dia. Isso mantém as pessoas
afastadas da possibilidade de descobrir que na vida não há motivo para tanto
festejamento porque está a caminho uma velhice que se faz acompanhar de doenças
que levam ao choro no corredor do hospital. O destino de quem não faz parte do
time das autoridades ou dos ricos é inevitavelmente o corredor do choro e da
morte para os que não são nem ricos nem autoridades, embora sejam exatamente estes
que trabalham para que exista o hospital. Sabendo-se disso, a inteligência, se
houvesse, orientaria o futuro chorão a procurar evitar tal desfecho. Em vez
disso, a desinteligência leva os desinteligentes a preferir as festas até não
aguentar mais os requebros, quando então começa o martírio das dores, das
filas, das salas abafadas e entupidas de doentes a respirar o ar já respirado
pelos demais.
Pode-se
constatar na prática a afirmação de ser a ignorância a causa de todos os males.
O comportamento humano demonstra total indiferença à realidade das coisas. Não
pensar sobre o que se houve é próprio de deficientes mentais que não podem
pensar direito. Tomemos alguns fatos demonstrativos da indiferença de se fazer
uma análise sobre a vida: Um grande jornalista chamado Mauro Santayana escreve
artigos excelentes que denunciam práticas prejudiciais à sociedade,
demonstrando real interesse em proteger as futuras gerações como fazem os
estadistas. Denunciou que bancos compram estoques imensos de alimento para
esconder e ganhar dinheiro com a venda na alta produzida pela escassez causada
pela ação criminosa do colarinho branco. É uma grande defesa da sociedade
porque esta monstruosidade de provocar fome gera violência apenas para ganhar
mais dinheiro do que já tem é um caminho para a guilhotina, como disse o
governador de São. Ao avisar a sociedade de tal aberração, o grande jornalista
presta inestimável serviço às futuras gerações caso os jovens estivessem mais
interessados nas coisas das quais depende o bem-estar dos seus filhos em vez de
estar a lamber o saco do papa. É a conclusão a que se chega ao refletir sobre o
fato absurdo e inaceitável de se especular criminosamente com alimentos.
Entretanto,
esse mesmo jornalista, em outro trabalho, demonstra total falta de
sensibilidade social ao condenar os médicos por estarem na rua em busca de
melhores condições de vida e de trabalho. Complementa esta declaração citando
como exemplo de ética médica um socialmente inocente médico caridoso em cujo
consultório havia um aviso de que pobre não pagava consulta. Esta é uma
recomendação contrária à pratica que leva a uma sociedade pacífica e saudável
porque a caridade é um mal em vez de um bem, por mais estranho que possa
parecer aos inocentes. As pessoas que não pensam não sabem o que está realmente
por trás da caridade. Como solução para o problema social da pobreza ela é
inócua haja vista que existe desde o tempo em que se escrevia a bíblia e até hoje
há mãos estendidas. Na própria matéria jornalística do grande jornalista está a
prova da perniciosidade resultante do comportamento caridoso do médico aludido.
Para não passar fome, teve sua velhice custeada pelo mesmo povo que recebia sua
caridade porque a Câmara Municipal do lugar precisou conceder uma pensão
vitalícia face sua pobreza. As consequências de trabalho mal remunerado pode
ser percebido no resultado dos baixos salários dos professores que se faz
acompanhar de uma educação que forma seres humanos socialmente deseducados. A caridade
é um mal em vez de um bem, por mais estranho que possa parecer aos inocentes.
As
evidências de decorrerem os sofrimentos da falta de capacidade de raciocinar
para escolher o melhor caminho por onde caminhar estão por toda parte. Neste
exato momento, além da festa de futebola e do corredor do hospital abarrotado
de chorões, temos várias outras demonstrações da falta de tudo que não seja
bestagem. Além do pobre bebê real, temos a repetição incessante dos beócios da
imprensa da bobagem que disse o papa de não haver vantagem em descriminalizar a
compra de drogas porque isso não diminuiria os consumidores. Tal orientação é
oposta à dos cientistas, mas estes tem maior credibilidade porque a ciência tem
ajudado a diminuir sofrimentos, enquanto a bíblia e a religião gostam dele.
Deus matou mais do que as guerras modernas e o papa mata milhões de inocentes
africanos ao lhes proibir usar a camisinha e mata mulheres proibindo o aborto.
As Cruzadas sob o comando do papa Urbano II matou milhares. Para quem é contra
ceifar a vida de tantos jovens pobres que para comer são obrigados a se envolver
com drogas e prostituição, impedindo-os de um futuro, a opinião da ciência deve
prevalecer. Quem não pensa não é gente. É bicho. Inté.