Nas
manifestações de protestos aqui em Conquista havia um cartaz com o verbo protestar
conjugado, ou declinado, como parece melhor, num tempo presente que não sei o
nome, mas tenho lembrança de um tal presente de indicativo, embora nunca
soubesse indicativo de quê. Como acredito que o importante é se fazer entender,
a terceira pessoa do plural (eles) que deveria ser “eles protestam”, em vez
disso, se lia no cartaz: “eles se acovardam”. Em todas as outras pessoas era o
verbo protestar. Apenas a última fazia referência a acovardar. Isto é um forte
sintoma de que começa a tomar foros de verdade uma profecia profeciada por esse
profeta mambembe. Em algum lugar, comparei o poder do povo ao poder físico de
um gigante completamente desprovido de poder mental, o que anulava seu poderio,
tornando-o um bobão, motivo de chacota para todo tipo de gente tão baixa na
escala da civilização a ponto de não ser capaz de perceber coisas como, por
exemplo, respeito às pessoas, principalmente com algum problema. A demonstração
do poder do povo que fiz na época foi inspirada na cena do filme O Gladiador,
na qual a autoridade máxima, o dono do poder, e que também se achava dono do
mundo, teve de abaixar a crista e levar o maior desaforo prá casa por medo do
povo. É isso mesmo: o rei-deus ficou com medo do povo tanto quanto estão as
autoridades agora com medo de que muitos outros jovens deixem de ser bailarinos
de axé e se tornem cidadãos como está acontecendo com alguns deles. Ao empunhar
seus cartazes em frente ao Hotel Copacabana, onde se realizava uma festa
milionária, no qual se lia uma constatação jamais verificada nesse país de sono
eterno. O cartaz desta manifestação contra a festa dizia: “casar com dinheiro
do povo dá azar”. É que a festa era do casamento da filha de um milionário
chamado rei dos ônibus. O povo já percebe alguma coisa errado em tudo isso.
Como pode alguém ajuntar fortunas a ponto de ser chamado de rei explorando quem
precisa se deslocar? É mais um rei mambembe para juntar aos outros parasitas
que fazem pose por aí. Se a sina do Brasil é viver de sonhos, sonhemos agora
com a possibilidade do povo se interessar mais por política do que pelo exame
de urina do jogador de futebola, como gostam os politiqueiros para que ninguém
perceba o que eles estão tramando. E haja trama para justificar as fortunas tão
ilícitas quanto a desse rei dos ônibus, que certamente é um fornecedor de
dinheiro arrancado de quem precisa ir ao trabalho para engordar a corrupção da
politicagem.
Voltando à história
do rei-deus com medo do povo, ela se passou numa época em que era costume as
autoridades tratarem mal o povo do mesmo modo como se faz ainda hoje. Entretanto,
como ainda não havia o SUS, nem os planos de saúde, nem os bancos, nem as
empreiteiras, nem as filas, com que satisfazer seu sadismo, eis que as
autoridades do tempo em que se passa a história usavam para seu deleite obrigar
pessoas a lutarem com arma branca até à morte. Feitos estes devorteios, a
história do reizão com medo do povo se passa desse jeito: o chefão poderoso, o
rei-deus, se encontrava doente da pior doença: ciúme. Atormentava-lhe a
possibilidade de haver um certo apreceiamento no olhar de sua bela mulher
quando ela olhava para um bravo comandante do seu exército. Assim como o poder atual
faz Snowden e Julian Assange virar criminosos, o poder do deus ciumento deu um
jeito de transformar o comandante-herói, homem nobre e íntegro, em marginal.
Depois, deu outro jeito de obrigá-lo a participar das lutas a que estavam tão
obrigadas as pessoas daquela época quanto obrigados estão os lutadores e as
lutadoras atuais na luta insana pela sobrevivência, da qual também participa a
morte. Entretanto, para decepção do todo poderoso dono do poder, o bravo
general vencia tudo que lhe aparecia pela frente, o que fazia o rei se sentir cada
vez mais enraivado, decepcionado e ciumento. Ao término de mais uma luta em que
seu Ricardão imaginário vencera, não suportou mais e determinou a um ordenança
que providenciasse a morte do dito cujo. A desistência de tal ordem foi
aconselhada imediatamente pelos seus conselheiros que prudentemente observaram
a necessidade de se pensar na revolta do povo, tal a estima que dedicava àquele
herói no qual via um defensor.
Aí está
como a força do poder do povo quando direcionada numa só pretensão se torna um
poder maior do que qualquer outro poder. Foi isso o que disse o cartaz com o
“Eles se acovardam”. Tanto se acovardaram que concordaram em perder alguns
anéis. O medo fez Sarney e Renan Calheiros se regozijarem com a qualificação de
hediondo para o crime de corrupção. Não precisa ser inteligente para perceber
que nada mudará enquanto estiverem nos postos de mando aqueles que já tiveram a
boca entortada. Só um completo idiota não percebe que corruptíssimos fiquem
felizes pelo fato de tornar hediondo um crime por eles praticado desde sempre. Dessa forma, uma vez que as mudanças
violentas se mostraram incapazes de promover bem-estar coletivo, e considerando
também não ser possível o país ser administrado como tem sido, o que evidencia
necessidade de mudança, e ainda considerando que os politiqueiros se borram com
medo de faltar votos, em vez de distúrbios, gritaria, dança, pulinhos, apitos,
cartazes para virar lixo, correria e ferimentos, seria suficiente participar da
vida pública. Para isso não precisa ser vereador, deputado ou senador. Basta se
interessar por entender como funciona a política. Vão descobrir que não é do jeito
como está funcionando. Uma vez sabedores de como é que deve ser, basta expulsar
da política quem estiver do jeito que não deve ser não votando mais nele. Um
pretendente ao cargo de presidente da república que faz propagando posando ao
lado de um jogador de futebola, para quem sabe como funciona a política, merece
a expulsão por ser mal intencionado. Quem quiser saber o que se passa no mundo
do futebola é só perguntar ao amigão Google o que diz a respeito o deputado
Romário.
Até hoje o
brasileiro viveu no mundo da lua. Embora a maioria absoluta da juventude
mundial seja constituída de imbecis, como prova a imbecilidade das apostas que
os ingleses estão disputando quem acerta a cor dos olhos, dos cabelos, o sexo,
e até a futura profissão de uma criança real a nascer, numa demonstração de
total idiotice. Não sabem que é deles, não só dos ganhadores e perdedores das
apostas, mas também de quem não apostou, a tarefa de sustentar aquela criatura
durante toda sua vida de rei, e que, portanto, sua profissão já é conhecida
para quem não é idiota: parasita. Outra grande demonstração de imbecilidade é a
reunião de uma montanha de jovens de todo o mundo no Rio de Janeiro para
paparicar um papa ridículo que pede a Nossa Senhora Aparecida para proteger os
participantes da JMJ. Melhor confiar na desconfiança desse profeta mambembe e
se cuidar por si mesmo porque a estrada que leva à santa a quem se pede
proteção tem matado muitas pessoas que vão lá atrás de proteção. Inté mais
proseamento.
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