quinta-feira, 11 de julho de 2013

OBSERVANDO A VIDA


Ao exercer a atividade de pensar, chega-se à conclusão de que o universo não pode ter surgido do verbo, ainda que não se saiba de onde ele surgiu. Algum maluco genial fez uma poesia que não sei como começa, mas sei que termina assim: “... não sei para onde vou, mas sei que por esse caminho aí eu não vou”. Da mesma forma, o caminho que conduz à explicação da origem do universo através de Deus é um caminho dificílimo de ser trilhado pela mente de quem aprendeu a pensar, de modo a não dar mesmo para ir por ele. A mensagem transmitida uma pela poesia leva à reflexão sobre uma situação em que só se dispõe de uma opção, mas que leva a uma situação tão ruim que a sensatez manda refugar e deixar como está. Duas verdades orientam no sentido da impossibilidade da criação divina: a Ciência e a Observação da Vida. Se a ciência ainda não pode nos explicar a origem do universo, nem por isso ela tem deixado de provar muitas das afirmações que faz, e que os adeptos da criação divina refugam inexplicavelmente ainda que a ciência mostre em pratos limpos a prova da alegação. É mais racional estar do lado da ciência porque quando ela fala que existe vida no planeta a mais tempo do que acreditam os da criação divina, estes não aceitam, embora a afirmação da ciência pode ser comprovada, mesmo parecendo incompreensível para nós leigos. Só a ingenuidade pode levar a não acreditar na capacidade da ciência, principalmente porque as pessoas se beneficiam dela a todo instante. Eu já fui várias fezes beneficiado pela ciência. Ela me tirou fora de um enfarto sem precisar operação, embora um médico chamado Nilzon Pazos, de Salvador, quisesse me operar só pelo dinheiro. É triste ainda haver gente espiritualmente tão baixa. Entretanto, outro médico, esse sim, UM MÉDICO, a que fui aconselhado a consultar, me disse simplesmente que meu caso não era de cirurgia e que o outro médico era um excelente cirurgião, mas que tinha a mania de querer resolver tudo por cirurgia. Já se vão mais de quinze anos e estou muito bem com apenas medicamentos. Não dá para entender como pode quem vê na televisão o que se passa no mundo, ou quem fala com alguém esteja onde estiver, ou quem já foi também beneficiado pela ciência, refugar suas afirmações. Como informa a amigona Wikipédia, a ciência pode determinar a idade de um objeto de até cerca de sessenta mil anos. É impossível para quem ouve isso deixar de acatar as afirmações científicas para acatar afirmações que não podem ser provadas, ou que se baseiam apenas no “é porque é”, ou no “dispensa explicação”, comportamento que vai no sentido inverso da natureza especulativa do ser humano. Além disso, a especulação mental leva a melhor entender a vida e engrandecer-se espiritualmente. Sem o conhecimento das coisas que o sistema educacional esconde, vive-se de fantasias como vive a juventude, encantada com o requebramento de quadris, mas ignorando que um dia vai chegar a realidade da decepção de não se poder requebrar os quartos e curtir dor nas costas ao mesmo tempo. Não dá certo esse negócio de viver de fantasia. Embora muitas realidades necessitem algum verniz de fantasia, é impossível viver nas nuvens porque a realidade não pode ser ignorada sob pena de trazer consigo quando chegar, como sempre chega. Não atenta para esta realidade tem como resultado receber de chofre na caixa dos peitos a inexorável constatação da necessidade de recolher-se na velhice, levando um tombo espiritual capaz de levar ao fundo do poço. Quem violenta seu corpo com cirurgias embelezadoras, um dia perceberá que seria melhor ter ficado como era, exatamente como a história cantada magistralmente por Cauby Peixoto sobre uma garota pobre chamada Conceição que depois de ficar rica na prostituição, daria um milhão para ser outra vez Conceição. Pensando bem, não vejo motivo para a Conceição ter deixado de ser Conceição apenas por ter dado uns devorteios recomendados pela televisão.

Dá infinita maior vantagem viver-se com um pé fora de um mundo tão da lua que pessoas sentem ternura por uma figura só existente no mundo da fantasia, o Papai-Noel, mas ensinam às crianças ser realidade. Algumas fantasias são importantes na fase da inocência para estimular o funcionamento do cérebro ainda em formação. Na fase adulta, entretanto, as fantasias devem se resumir ao descanso mental, mas nunca fazer parte do cotidiano porque a realidade da vida chega na forma de decepção que estremece muito mais a quem não esperava por ela. Em algum lugar nessa imitação de blog contei o encontro com um amigo que não via há cinquenta anos, quando era adorado pelas mulheres, mas que ao chegar a realidade da velhice que consumiu seu charme e mostrou a realidade da vida que chega para todos, viu-se tão surpreendido que é imensamente infeliz e se pergunta por que Deus fez isso com ele. É o que acontece com quem vive de ilusão como as cirurgias desnecessárias já proibidas para cães e gatos. Não se justifica ingenuidade em adultos. Embora haja quem afirme ser ruim adquirir conhecimento, a única ruindade que há nisso é quando a pessoa que adquire conhecimento se acha superior às outras pessoas que ainda não puderam também adquirir conhecimento. Esse comportamento, entretanto, só faz parte da personalidade de quem ainda não completou o curso de aprendizado da vida porque é no último estágio que estão as aulas sobre a verdade de sermos iguais e termos as mesmas necessidades. Quem observa a vida sabe não ser possível alguém viver sem comer, e que atualmente a comida é comprada nas lojas com dinheiro, mas que, inexplicavelmente, nem todos tem dinheiro. Como sem dinheiro não compra, como sem comprar não come, como não se fica sem comer, da situação de haver muita gente sem poder comprar comida, o resultado é a desarmonia entre quem tem e quem não tem dinheiro para comprá-la.

O modo como se estruturou a sociedade humana não leva em conta a racionalidade que deve orientar o comportamento humano. A lógica, a preocupação, a vontade de entender o que se ouve inexiste completamente. Em função desta indisposição mental é que se acredita ser menos importante querer saber o que está sendo feito com o dinheiro dos impostos do que conversar com estátuas numa igreja que pode desmoronar sobre as orações. Analisadas, absolutamente todas as informações da religião são meras fantasias. Parece brincadeira que adultos, principalmente velhos, se deem ao ridículo de compartilhar uma infantilidade boba de partilhar uma palhaçada em que um homem como qualquer um de nós que sentamos na privada e que precisa ser protegido por vinte e dois mil policiais seja capaz de santificar lembrança de quem já morreu.

Quando se dispõe a pensar, conclui-se haver grande distância entre a verdade e o que a religião diz ser a verdade. A vantagem em ser religioso, por exemplo, tomando-se como paradigma de religiosidade o povo judeu, conclui-se só haver desvantagem em ser religioso porque os judeus, povo dos amores de Deus, é um povo que nunca teve paz em sua existência milenar. Hoje, vive em guerra. Ontem, quando deixava de ser escravizado por um povo, era escravizado por outro povo, e antes disso, cansados de tanto levar pancada, pediram a Deus que lhes desse um governo capaz de orientá-los na busca pela paz, o que não se justifica porquanto se afirma ser o próprio Deus que tudo governa. Sob o governo do rei Davi, realmente obtiveram vitórias sobre o inimigo e puderam voltar para casa depois de longa escravidão mundo afora, conquista que logo foi desconquistada pela invasão dos babilônios. O ato de pensar é o divisor entre ser e não ser religioso. Em algum lugar dessa pretensão de blog escrevi um assunto sobre a inexistência de Deus, que foi reproduzida no blog do doutor Paulo Nunes pelo professor Movér, e um religioso, a título de contestar o que escrevi, confirmou tudinho. O que escrevi dizia que o religioso dispensa a prática de pensar e concluir, bastando para eles o “é porque é”. Foram estas as palavras do ilustre comentarista: “Para quem não crê em Deus, nenhum argumento é possível. Para quem crê, nenhum é necessário”. Não devemos deixar de cogitar sobre o que nos falam. A capacidade de pensar é a nossa superioridade sobre as feras. Não exercê-la é igualar-se a elas. Não creio merecer censura a dúvida que me suscitou ao ler em Gênesis 3,22, que Deus quando soube que Adão comera o fruto da árvore da sabedoria teria dito: “Eis que o homem se tornou um de nós”. Fiquei sem entender, certamente por pura ignorância, como é que Deus ficou sabendo de algo depois de acontecido, se Ele é onisciente. Também não entendi o significado do “um de nós” visto que sempre ouvi ser Deus o único Deus. Inté

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