domingo, 31 de março de 2024

ARENGA 720

 

            Fato político da maior relevância, nunca visto em nenhum lugar do mundo, ocorreu no Estado do Piauí, nesse belo país que ao mundo se apresenta apenas como a praia da corrução e falta de vergonha. O auspicioso acontecimento, entretanto, passou sem que a grande imprensa fizesse um terço do estardalhaço que faz sobre o futebola do pão e circo para fazer o povaréu religioso desprovido de da capacidade de raciocinar se gastam fortunas tão grandes que todos os envolvidos nesta armadilha esbanjam riqueza, vida regalada de mordomias, crimes e ignorância do que seja sociabilidade. Mas, afinal qual seria tão importante ocorrência? Seguinte: um grupo de jovens estudantes lá do Estado do Piauí resolveram se interessar por política e elegeram entre eles uma Câmara de Deputados para cuja presidência foi eleita uma jovem.

            Para quem por esforço próprio aprendeu a verdade de dependermos todos de uma política que aplique para nosso bem-estar a riqueza social, e está cansado de ver isto nunca acontecer, a esperança que não morre toma novo fôlego porque afinal pode ser o começo de uma nova política e nova era para a humanidade. Apenas uma juventude capaz de entender o malogro em que se deixou envolver a humanidade ao esperar que venha do céu o que deve vir de uma administração honesta, apenas ela e nada mais será nossa salvação. Mas tem de ser uma juventude de raciocínio inteligente e desprovida da mesma violência que precederam as mudanças anteriores e que por esta razão em nada mudaram em prol de justiça social porque a violência expulsa a justiça.

            Portanto, e como a injustiça social já se faz demasiadamente velha e já causou muita infelicidade, são tempos de novas mentalidades assumirem a direção do mundo. Só uma nova mentalidade no comando será capaz de nos livrar e a nossos descendentes do naufrágio anunciado para o qual a mentalidade mumificada da cultura do venha a mim e os outros que se danem conduz o navio Terra.

            É de se esperar, pois, que aqueles jovens estejam convictos da realidade de dependermos todos de uma política que em vez de bajular os governantes como queria Maquiavel, que bajule o povo, o verdadeiro e único senhor porque é ele que sua a camisa enquanto os louvores vão para párias sociais a quem a papagaiada de microfone a soldo da cultura do venha mim endeusa como celebridades e enaltecem suas enormes fortunas que na verdade deveriam estar a serviço de quem presta serviços de utilidade social. Um gari presta serviço infinitamente de maior vantagem para a sociedade do que um escoiceador de bola de mentalidade tão curta que se acha realmente digo das homenagens que recebem e que têm respaldo tanto na ignorância quanto na “esperteza”.

 

sexta-feira, 29 de março de 2024

ARENGA 719

 

            Já se fazem tempos de pensar pensamentos próprios e não mais ficar a repetir feito papagaio pensamentos de fulano e sicrano retirados dos arquivos embolorados de tempos que há muito se foram. E um bom começo é pensar sobre a questão de nosso bem-estar não se limitar apenas ao indivíduo porque sem que a sociedade esteja bem, ninguém estará bem. Portanto, e isto me ocorreu ao ver num noticiário um padre salpicando água nos carros que passavam para evitar acidentes aos viajantes, o que é de uma infantilidade exorbitante porque acidentes se evitam é com estradas em boas condições de tráfego, educação dos motoristas na observação das regras de tráfego e fiscalização eficiente. Como pode alguém imaginar que salpicar água santa nos carros previne o morticínio de todo dia se eles continuam ocorrendo? É por isto que está errado respeitar a religiosidade alheia porque religiosidade é um mal que atrofiando o desenvolvimento da maturidade mental e incrementando a ingenuidade, é tão perniciosa que faz adultos se comportar como criança induzida a crer que seu bem-estar depende da boa vontade de deus, em vez da vontade própria, razão pela qual só se tem mal-estar generalizado, aqueles que pensam estar bem tendo riqueza perceberão tarde demais o tamanho do engano em que se deixou embalar.

            Constata-se facilmente que as pessoas mais desprovidas de bem-estar são as mais religiosas e tão inocentes que escrevem em carrinhos ordinários “Foi Deus que mim deu”. Daí não se dever ser complacente com a religiosidade. Ao contrário, deve-se fazer como mestre Nietzsche que a combateu implacavelmente por ter consciência do mal que causa à humanidade. Sem ferir a susceptibilidades ou incorrer no risco de reação violenta, mostrar a inverdade da crença religiosa é praticar um ato nobre de contribuir com a civilização destas pobres e inocentes criaturas que esperam de deus o que depende delas.

            Alcançar o conhecimento da realidade da vida depende de cada um individualmente porque à cultura do venha a mim e os outros que se danem condena o conhecimento do mesmo modo como a religiosidade se ambas se nutrem da falta de dele. Por desconhecer a verdade é que faz acreditar que água santa evita acidentes e mortes. Quando adeptos desta cultura maldosa misturam-se com o povão para lavar escadas de igrejas, reverenciar imagens, e defender a preservação de culturas ligadas a pessoas aculturadas, na verdade, estão incentivando a inibição do desenvolvimento mental e impedindo que a verdade da vida venha à tona porque a cultura maldosa, egoísta, antissocial e inviável do venha a mim e os outros que se danem não sobreviverá se o povo é esclarecido o bastante para saber que seu bem-estar depende exclusivamente do dinheiro jogado fora na tentativa bem sucedida de manter enganada a opinião pública. É para isso que verdadeiras toupeiras mentais em termos de vida social recebem da sociedade em um único mês o que não recebe na vida inteira um trabalhador que mantém as ruas limpas, protegendo a saúde pública. A estes trabalhadores é que a papagaiada de microfone a serviço da cultura do venha a mim deveriam se referir como celebridades.

            Mantendo o povo entretido feito crianças com celebridades famosos de mentirinha a cultura de venha a mim encontra espaço livre para criar monstros antissociais também conhecidos como rentistas que extraem bilhões e bilhões sem pregar um prego, fazer um pão ou limpar a porta da casa. Daí ser questionável que intelectuais por mais respeito que mereçam, escrevem excelentes livros sobre o comportamento certo para uma sociedade certa sem que lhes ocorra que o poder de mudança quem tem é o povo que por não pensar por si mesmo, pensa como querem os que não querem nada mudar por se julgarem erradamente viverem no melhor dos mundos.    

 

sábado, 2 de março de 2024

arenga 718

 

            Como responsáveis pela relevantíssima e até mesmo sublime atividade de garantir conforto e tranquilidade, e por que não felicidade dos seres humanos, os políticos atuais fracassaram totalmente nessa nobilíssima missão. Embora seja comum ouvi-los condenar agressão a direitos humanos, são os maiores agressores de tais direitos porque não pode haver agressão maior do que apenas para satisfação do vício de contemplar riqueza permitir que avaros Midas desprovidos de solidariedade humana privatizem todo o dinheiro que a sociedade humana produz, deixando que por falta desse dinheiro, incontáveis outras pessoas inclusive crianças morram de fome ou amargam necessidades de todo tipo.

            Mas o certo é haver quem leva em consideração além da sua própria vida também uma vida social, e quem nem sequer sabe da existência desse outro tipo de vida. São pessoas que por ignorância ou egoísmo vivem unicamente para si mesmas. Todavia, quem observa a vida social percebe que os egoístas ajuntadores de riqueza cultuam como digno o hábito de dar esmola, e para esconder sua insensibilidade social e maldade TTexpõem imagens de Cristo em seus luxuosos escritórios e bancos. No entanto, eis o que disse São Gregório de Nissa no Sermão Contra os Usurários:

            “talvez dês esmolas. Mas, de onde as tiras, senão de tuas rapinas cruéis, do sofrimento, das lágrimas, dos suspiros? Se o pobre soubesse de onde vem o teu óbulo, ele o recusaria porque teria a impressão de morder a carne de seus irmãos e de sugar o sangue de seu próximo. Ele te diria estas palavras corajosas: não sacies a minha sede com as lagrimas de meus irmãos. Não dês ao pobre o pão endurecido com os soluços de meus companheiros de miséria. Devolve a teu semelhante aquilo que reclamaste e eu te serei muito grato. De que vale consolar um pobre, se tu fazes outros cem?”. (da página 31 do livro Pedagogia do Oprimido, de Mestre Paulo Freire, que, como todo grande homem, em vez dos apreços dispensados a toupeiras mentais tidos como famosos e celebridades, foi escorraçado deste rico, espoliado e infeliz Brasil onde política é assunto de polícia.