terça-feira, 1 de outubro de 2019

ARENGA 591


Encontramo-nos entre um velho mundo que morre, e um novo mundo que luta para nascer. Esta frase é de Umair Haque, em reportagem no blog Outras Palavras. Como integrante do mundo capitalista, o autor da frase cometeu ato falho ao admitir que o seu mundo capitalista está morrendo. Nem podia ser de outra forma uma vez que o capitalismo concentrou noventa e nove por cento da riqueza do mundo nas mãos de apenas um por cento da humanidade. Qualquer jeca pode perceber ser insustentável uma situação para a qual, existem pessoas que não têm necessidades a serem atendidas. A avareza dos malditos Reis Midas os faz crentes de ser possível eternizar tamanha injustiça social. À juventude cabe acordar para a realidade de se tratar da inviabilidade do futuro das próximas gerações. Este é realmente um mundo que morre para dar lugar a um mundo no qual todos possam satisfazer suas necessidades. O grande problema é que as atenções dos jovens que são o motor que movimenta o mundo estão voltadas para esse mundo que morre. Igrejas, axé e futebola prendem de modo tão absoluto a atenção da juventude que os jovens nem desconfiam de que por trás da militarização da educação de seus filhos atrofia a capacidade de raciocinar deles porque militar aprende a obedecer sem questionamentos. É contando com esta incapacidade de raciocinar que “autoridade” como a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos disse que as meninas são estupradas porque não usam calcinha. E sugeriu construir fábricas de calcinhas como solução.

Os jovens são obrigados a redigir textos sobre fatos históricos de nenhuma importância para a qualidade de vida presente e futura, num sistema educacional bolorento que induz a juventude a se ater a uma erudição incapaz de torná-los aparelhados mentalmente para solucionar os problemas que os afligem. A solução destes ´problemas depende unicamente de ação em vez da omissão política que caracteriza a juventude. Depende, por exemplo, de ler e raciocinar apenas sobre o que dizem os primeiros capítulos do livro O BRASIL PRIVATIZADO, de Aloysio Biondi, Grande Mestre do Saber, da moralidade e da honradez, e do livro O MAPA DA CORRUPÇÃO NO BRASIL, de Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura. No primeiro, podem ser vistas coisas assim: “Em cinco anos, o governo Fernando Henrique Cardoso não destruiu apenas a alma nacional, tornando-a dependente do exterior. Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional”. (Página 11). E, no segundo, página9: “... atraso para o fornecimento de documentos e recusa para investigar denúncias ...”. Até quando permanecerão os jovens indiferentes a assuntos de tamanha relevância política?

É para assegurar esta indiferença que o oráculo do presidente Bolsonaro considera Paulo Freire inimigo do governo. O motivo? Simplesmente porque o método de ensino proposto por Freire incluía matéria para desenvolver a capacidade de raciocinar da criançada. Aí está o motivo da ojeriza. Para trogloditas, raciocinar é algo tão ruim quanto doença braba. Mirem-se, jovens, no exemplo da garotinha que se dirigiu a estas múmias pestilentas e desavergonhadas nos seguintes termos: “Vocês fracassaram conosco. Vocês roubaram minha infância e agora estão roubando meu futuro. Por dinheiro”.

É por aí. Inté.