A história pode transformar a vida num
imenso palco onde se apresentam acontecimentos que atraem reflexões das quais
decorrem desenvolvimento mental sem necessidade de deixar a relativa
tranquilidade do “lar doce lar” para se aventurar mundo afora onde a
intranquilidade pode levar a se tornar vítima de terrorismo como fazem
os infelizes que por fanatismo religioso se aventuram por igrejas levando suas
inocentes crianças em busca de proteção e acabam encontrando facadas, bombas e
rajadas de metralhadora.
Na paz destas últimas madrugadas, não
obstante o latir de cães cujos donos, brutamontes mentais que certamente roncam
feito bicho de barriga forra, graças a uma benvinda falta de sono, em lugar de
drogas para dormir, com pequeno custo, tenho feito interessantíssima viagem pela
história e visitado pensadores que deram um banho de sabedoria aos brutamontes
da contemporaneidade ridiculamente chamados de civilizados. Nesta viagem por
alguns séculos antes do nosso século, percebo coisas que a preocupação com o
futuro das criancinhas me faz contar na esperança de que algum gato pingado
entre os muitos desocupados que têm visitado este cantinho de pensar viesse a cogitar
de contribuir com a luta contra a insistência dos ajuntadores de riqueza para conduzir a juventude no rumo de um caminho que a levará inevitavelmente
à catástrofe porquanto os desastres climáticos estão mostrando a possibilidade
de virem os humanos a ter o destino dos dinossauros.
Autoridades de araque e de bundas aboletadas
em luxuosos palácios reúnem-se num país dito dos mais civilizados do mundo, a
Escócia, e anunciam providências para surtirem efeito daqui há cinquenta anos,
quando então todos eles já tiverem virado comida de germes e nenhuma serventia
mais tiverem as imensas fortunas que trocaram pelo futuro de quem sobreviver
a eles. Nada justifica que no século XXI ainda
haja tanta estupidez se no século XV já se pensava com maior clarividência
porquanto na Inglaterra, apesar de escravocrata e cuja rainha se entusiasmou
tanto com o lucro do tráfico de escravos que despachou para a África um navio
negreiro chamado Jesus para aprisionar negros, lá, ainda no século
XV, pensadores apresentavam ideias propondo mudar a cultura do mundo, como,
aliás, mais recentemente, fez o velho mestre e sábio Marx que em troca da
despensa abastecida ridículos papagaios de microfone e comentadores de
politicagem procuram inutilmente transformar em figura menor. O futuro haverá
de mostrar quanta razão tinha Marx e o quanto a humanidade perde em não lhe dar ouvidos principalmente sobre a mais valia porque ela, quando compreendida, mostra claramente ser o emprego uma escravidão que ao contrário
da revolta que a escravidão da chibata provocava nos escravos, na escravidão do
emprego, em grandes filas, pessoas imploram pela oportunidade de se tornarem
escravos.
Prosseguindo nossa viagem pela
história, dizíamos que lá na Inglaterra onde com a Revolução Industrial e o advento do capitalismo teve início
a transformação da escravidão da chibata pela do emprego, pensadores expuseram
ideias que se fossem postas em prática em vez de serem desprezadas como foram as
ideias de Marx o mundo não haveria de estar agora em palpos de aranha.
As ideias daqueles homens vieram a
compor uma escola filosófica conhecida por Iluminismo, movimento inovador que
ainda hoje a humanidade não foi capaz de assimilar, para tristeza de quem pensa, visto estarmos no século XXI e ainda nos encontramos defasados em relação ao
ideário daqueles pensadores de quinhentos anos atrás como podemos ver apenas
nos dois primeiros postulados do ideário dos chamados iluministas apresentados
pelo historiador Edward Burns, no primeiro volume de História da Civilização
Ocidental: postulado número um:
“A razão é o único guia infalível da
sabedoria. Todo conhecimento tem suas raízes na percepção sensorial, mas as
impressões dos nossos sentidos não são mais do que o material bruto da verdade,
o qual precisa ser purificado no cadinho da razão antes que o possamos utilizar
para explicar o mundo ou para indicar o caminho de uma vida melhor”.
Grande banho de sabedoria prá cima da
cultura burra e individualista de ajuntar riqueza! Estes brutamontes
desconhecem o que aqueles homens já sabiam: que sem sabedoria não se vive bem e
nem que a razão é o guia infalível para a sabedoria. Não sabem também os brutamontes ajuntadores de riqueza que as
raízes da sabedoria estão na percepção sensorial, e muitíssimo menos ainda sabem
que diante da possibilidade de falha dos sentidos, toda informação por eles
transmitida precisa ser cuidadosamente analisada antes de ser aceita como
verdade. Soubessem disso, os Bezos e os Hangs da vida teriam percebido ser
estupidez o ajuntamento de riqueza.
Postulado segundo:
“O universo é uma máquina governada
por leis inflexíveis que o homem não pode desprezar. A ordem da natureza é
absolutamente uniforme e de nenhum modo comporta milagres ou qualquer outra
forma de intervenção divina”.
E tome banho de sabedoria. Homens
como René Descartes, Baruch Espinosa, Thomas Hobbes, Isaac Newton, John Locke,
os italianos Galileu Galilei e Leonardo da Vinci, os franceses Montesquieu e
Rousseau entre outros, já sabiam o que ainda é ignorado hoje se doutores ainda
acreditam em intervenção divina e desconhecem a necessidade de se observar as
leis da natureza sob pena de sucumbência.
Embora seja inegável a evolução
mental em função do decorrer do tempo como sentenciou Thomas Paine (“O tempo
convence mais que a razão”), esta evolução precisa passar sebo nas canelas ou
não chegará a tempo de tirar a humanidade do buraco em que se afunda cada vez
mais.