quarta-feira, 17 de novembro de 2021

arenga 625

 

À primeira vista, a frase “insanos governam porque covardes toleram” parece conter infinita sabedoria visto que sem a obediência de quem se submete às insanidades de brutamontes travestidos de líderes não haveria governantes tão insanos a ponto de abandonar sua responsabilidade com seus governados que lhes garantem tripa forra e vida suntuosa deixando-os ao leu para se juntar aos Bezos e Hangs do mundo com os quais formam uma casta tão privilegiada que se coloca fora do alcance das leis que obrigam as demais pessoas.

Porém, procedendo de acordo com a sábia orientação para que se purifique as informações antes de acatá-las como verdades, conclui-se não ser bem assim. A não rejeição à política praticada por governantes insanos em todo o mundo, da qual resulta a desgraça que infelicita a humanidade, sem maiores conjeturas pode levar realmente à conclusão de se tratar de covardia conformar-se com ela. Mas, na verdade, se o jugo nunca foi aceito sem despertar rebeldia é ser diferente de falta de coragem sua aceitação. Se covardia é incapacidade de superar o medo, superaram todos os medos estes jovens que matam e morrem tanto em busca de meios necessários à sobrevivência quanto aqueles que induzidos por por falsos líderes, sabujos da indústria de guerra, sacrificam-se nos campos de batalha. Portanto, se superaram o medo tanto os que enfrentam o aparato policial dos Bezos e dos Hangs quanto os que enfrentam supostos inimigos é porque não são covardes, cabendo, portanto, buscar outra explicação para a passividade com que se entrega o pescoço ao jugo.

Recorrendo ao ensinamento de mestre Platão, – O rumo que a educação dá à criança em seus primeiros passos determina o destino do adulto em que se transformará aquela criança –,  e observando que a educação na cultura vigente, contando com bênçãos divinas, orienta as crianças no rumo do conformismo com o sofrimento e da submissão aos desmandos, percebe-se ser a educação e não a covardia a causa da conformação.  Crianças educadas para se tornarem cidadãos e cidadãs em vez de religiosos, bailarinos de axé, torcedores e admiradores de “famosos”, “celebridades” e reis de pau oco jamais aceitariam governantes insanos e sem noção de honradez. Para evitar a possibilidade de virem as crianças a se transformarem em cidadãos e cidadãs é que se institui ensino religioso e se fomenta o pão e circo com verbas suficientes para acabar com a pobreza no mundo. Mas as notícias na imprensa dão conta de precariedade de recursos para educação e exuberância de recursos para festejamentos, copas do mundo, e salários fabulosos para promotores das brincadeiras nas quais se deixa envolver a atividade cerebral da humanidade.

 

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