sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Arenga 622

 

A história pode transformar a vida num imenso palco onde se apresentam acontecimentos que atraem reflexões das quais decorrem desenvolvimento mental sem necessidade de deixar a relativa tranquilidade do “lar doce lar” para se aventurar mundo afora onde a intranquilidade pode levar a se tornar vítima de terrorismo como fazem os infelizes que por fanatismo religioso se aventuram por igrejas levando suas inocentes crianças em busca de proteção e acabam encontrando facadas, bombas e rajadas de metralhadora.

Na paz destas últimas madrugadas, não obstante o latir de cães cujos donos, brutamontes mentais que certamente roncam feito bicho de barriga forra, graças a uma benvinda falta de sono, em lugar de drogas para dormir, com pequeno custo, tenho feito interessantíssima viagem pela história e visitado pensadores que deram um banho de sabedoria aos brutamontes da contemporaneidade ridiculamente chamados de civilizados. Nesta viagem por alguns séculos antes do nosso século, percebo coisas que a preocupação com o futuro das criancinhas me faz contar na esperança de que algum gato pingado entre os muitos desocupados que têm visitado este cantinho de pensar viesse a cogitar de contribuir com a luta contra a insistência dos ajuntadores de riqueza para conduzir a juventude no rumo de um caminho que a levará inevitavelmente à catástrofe porquanto os desastres climáticos estão mostrando a possibilidade de virem os humanos a ter o destino dos dinossauros. 

 Autoridades de araque e de bundas aboletadas em luxuosos palácios reúnem-se num país dito dos mais civilizados do mundo, a Escócia, e anunciam providências para surtirem efeito daqui há cinquenta anos, quando então todos eles já tiverem virado comida de germes e nenhuma serventia mais tiverem as imensas fortunas que trocaram pelo futuro de quem sobreviver a eles. Nada justifica que no século XXI ainda haja tanta estupidez se no século XV já se pensava com maior clarividência porquanto na Inglaterra, apesar de escravocrata e cuja rainha se entusiasmou tanto com o lucro do tráfico de escravos que despachou para a África um navio negreiro chamado Jesus para aprisionar negros, lá, ainda no século XV, pensadores apresentavam ideias propondo mudar a cultura do mundo, como, aliás, mais recentemente, fez o velho mestre e sábio Marx que em troca da despensa abastecida ridículos papagaios de microfone e comentadores de politicagem procuram inutilmente transformar em figura menor. O futuro haverá de mostrar quanta razão tinha Marx e o quanto a humanidade perde em não lhe dar ouvidos principalmente sobre a mais valia porque ela, quando compreendida, mostra claramente ser o emprego uma escravidão que ao contrário da revolta que a escravidão da chibata provocava nos escravos, na escravidão do emprego, em grandes filas, pessoas imploram pela oportunidade de se tornarem escravos.

Prosseguindo nossa viagem pela história, dizíamos que lá na Inglaterra onde com a Revolução Industrial e o advento do capitalismo teve início a transformação da escravidão da chibata pela do emprego, pensadores expuseram ideias que se fossem postas em prática em vez de serem desprezadas como foram as ideias de Marx o mundo não haveria de estar agora em palpos de aranha.

As ideias daqueles homens vieram a compor uma escola filosófica conhecida por Iluminismo, movimento inovador que ainda hoje a humanidade não foi capaz de assimilar, para tristeza de quem pensa, visto estarmos no século XXI e ainda nos encontramos defasados em relação ao ideário daqueles pensadores de quinhentos anos atrás como podemos ver apenas nos dois primeiros postulados do ideário dos chamados iluministas apresentados pelo historiador Edward Burns, no primeiro volume de História da Civilização Ocidental: postulado número um:

“A razão é o único guia infalível da sabedoria. Todo conhecimento tem suas raízes na percepção sensorial, mas as impressões dos nossos sentidos não são mais do que o material bruto da verdade, o qual precisa ser purificado no cadinho da razão antes que o possamos utilizar para explicar o mundo ou para indicar o caminho de uma vida melhor”.

Grande banho de sabedoria prá cima da cultura burra e individualista de ajuntar riqueza! Estes brutamontes desconhecem o que aqueles homens já sabiam: que sem sabedoria não se vive bem e nem que a razão é o guia infalível para a sabedoria. Não sabem também os brutamontes ajuntadores de riqueza que as raízes da sabedoria estão na percepção sensorial, e muitíssimo menos ainda sabem que diante da possibilidade de falha dos sentidos, toda informação por eles transmitida precisa ser cuidadosamente analisada antes de ser aceita como verdade. Soubessem disso, os Bezos e os Hangs da vida teriam percebido ser estupidez o ajuntamento de riqueza.

Postulado segundo:

“O universo é uma máquina governada por leis inflexíveis que o homem não pode desprezar. A ordem da natureza é absolutamente uniforme e de nenhum modo comporta milagres ou qualquer outra forma de intervenção divina”.

E tome banho de sabedoria. Homens como René Descartes, Baruch Espinosa, Thomas Hobbes, Isaac Newton, John Locke, os italianos Galileu Galilei e Leonardo da Vinci, os franceses Montesquieu e Rousseau entre outros, já sabiam o que ainda é ignorado hoje se doutores ainda acreditam em intervenção divina e desconhecem a necessidade de se observar as leis da natureza sob pena de sucumbência.

Embora seja inegável a evolução mental em função do decorrer do tempo como sentenciou Thomas Paine (“O tempo convence mais que a razão”), esta evolução precisa passar sebo nas canelas ou não chegará a tempo de tirar a humanidade do buraco em que se afunda cada vez mais.

    

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário