O Mestre do
Saber Vinicius Bittencourt, em seu fabuloso livro Falando Francamente, nos
lembra o fato aparentemente controvertido de que a moeda ruim expulsa do
mercado a moeda boa. A política econômica sempre foi uma forma de roubar do
povo o produto do seu trabalho, de sacrificar o povo em benefícios do trio
maligno que domina a humanidade desde sempre: politicagem (porque nunca houve
política para o povo), religião e pessoas muito ricas (o que sempre houve).
Estes três elementos constituem o apanágio do sistema capitalista que destruirá
o futuro das gerações vindouras por ter sua base assentada sobre a
monstruosidade tanto de escravizar uma parcela da sociedade necessária ao
trabalho de produzir a riqueza para uso daquelas três categorias parasitárias, quanto
eliminar o excedente incômodo da população pelas guerras, violência policial, fome
e sucateamento da assistência à saúde e educação para os pobres. Entretanto, os
pobres já começam a perceber a realidade de também terem direito a um
lugarzinho ao sol como se vê pela pipocação de protestos de todos os tipos e em
todos os lugares. Sendo eles em número infinitamente maior, disto resultará uma
confusão capaz de transformar num inferno o futuro destas crianças cujos pais e
avós dizem amar.
As moedas
boas são expulsas pelas moedas ruins por meio do conjunto das tramóias que
formam o Sistema Econômico que os ricos garantem ser beleza pura e transformam
esta mentira em verdade através dos seus papagaios assalariados que atualmente
portam caneta e microfone e os meios de comunicação para repetir mentiras
tantas vezes até transformá-las em verdades. São milhares de “economistas” em
todas as emissoras de rádio e televisão a fazer apologia do compra-compra e
garantir que as crianças devem acreditar em Papai Noel e tomar coca-cola, e que
os adultos não podem deixar de visitar os Estados Unidos e a Europa. Outro dia,
um radialista, a título de mostrar que estivera por lá, ao cumprimentar o
colega de trabalho que chegava para substituí-lo, acrescentou: “Falei muito em
seu nome lá nos Estados Unidos”.
Voltando ao
nosso assunto das moedas, quando o dinheiro circulante eram moedas feitas de
ouro e prata, ocorriam duas formas de roubar o povo que nasceu para ser
roubado: ladrões comuns raspavam das moedas o ouro ou a prata, o que diminuía
seu peso, ou o governante, que na época era um rei, cunhava as moedas com menor
quantidade de ouro ou prata, adicionando outro metal qualquer para manter o
peso, o que tornava de qualidade inferior as moedas adulteradas, embora
permanecessem com o mesmo poder de compra das moedas sem adulteração. Assim,
quem possuía moedas boas, guardava-as, retirando-as de circulação e usavam as
adulteradas, sendo esta a razão pela qual as moedas ruins expulsavam as boas.
Atualmente,
são as pessoas de qualidade superior que são expulsas da sociedade pelas
pessoas de qualidade inferior. Na política, por exemplo, Plínio de Arruda
Sampaio e Eloisa Helena, ambos com um passado de luta por uma organização
social de paz e harmonia entre nós são substituídos pelas pessoas atualmente
nos postos de mando da administração pública com um passado descrito nos livros
Brasil Privatizado, Privataria Tucana, Honoráveis Bandidos e O Chefe. Esta
valorização do ruim em detrimento do bom ocorre em todos os quadrantes da vida
social. Ignorantes crassos que não sabem fazer um “o” com um copo são
considerados pela sociedade “celebridades”, “famosos”, enfim, merecedores de
vida faustosa, enquanto um professor é desprezado, os policiais são mantidos na
condição de seres humanos inferiores e incapazes de compreender a função nobre
que desempenham na manutenção da ordem social, convictos de serem seus inimigos
aqueles que lhes pagam o salário. As Forças Armadas, Instituição que deveria
ser motivo de orgulho do seu povo, embora contem com grandes homens, são
dirigidas pelos que mancomunaram com os ricos dos Estados Unidos para submeter
seu país ao jugo dos americanos das bundas brancas em 1964.
Estamos vendo
nesse momento pessoas de baixa qualidade a execrar um homem sensato, um juiz tão
corajoso quanto Heloisa Helena, que se recusou a punir uma pessoa por vender
maconha, alegando ser isso injusto porque ninguém é punido por vender tabaco ou
bebida alcoólica, o que é corretíssimo do ponto de vista da sensatez. Estas
pessoas de qualidade inferior não o fazem por desconhecimento da realidade.
Fazem-no pelo salário que lhes pagam os grandes traficantes contra os quais
ninguém se insurge como prova o caso do Helicóptero do Pó. Quem desconhece a realidade
são aqueles que se deixam enganar pelos argumentos destes deformadores de
opinião, verdadeiras “moedas falsificadas”. Suas alegações de inobservância de
preceitos constitucionais são hilárias ante tantas inobservâncias de tais
preceitos tais como garantia de sermos todos iguais perante a lei e as
garantias de terem todos direito à saúde, segurança e educação. Se em todos os lugares
do mundo onde as pessoas desfrutam de padrão de vida melhor do que o nosso a
maconha pode ser usada, então, por que entre nós não pode?
Este juiz é
moeda de ouro do melhor e merece nossos aplausos e votos de muita felicidade
junto com seus familiares. Inté.