Algumas reflexões
sobre a mediocridade a que foi reduzida a vida pela estupidez em que mergulha a
humanidade em decorrência de sua ignorância me levaram a uma dose dupla de
uísque e muita tristeza por ser obrigado a viver num ambiente cuja brutalidade supera
a brutalidade das feras. A insatisfação se transforma em tristeza à medida que
observo o comportamento das demais pessoas que compõem a sociedade infeliz da
qual sou brigado a fazer parte, e ser também infeliz. O comportamento humano é tão
estúpido que ultrapassa os limites da própria estupidez, da burrice e da ignorância.
São bichos como também o são o burro que puxa a carroça ou a junta de bois
carreiros puxados pelo nariz a arrastar um toro de madeira. Os brutos seres
humanos são incapazes de perceber que só a união de todos num ambiente coletivo
e harmonioso é capaz de nos trazer a paz e o bem-estar provedores do conforto corporal
e espiritual. Em vez de procurar esta felicidade no lugar certo que é onde se
unem o congraçamento e a irmandade, procuram-no nas igrejas onde ela não está. Os
bichos de dois pés vivem uma vida destinada exclusivamente a orar, ver putaria
na televisão, se interessar pelas notícias de Neymar
e Marquezine, saber
os lugares inusitados onde Xuxa já trepou, ter curiosidade em saber que Daniela
Mercury quer ser engravidada pela namorada, procriar, encher latrinas, ficar em
filas, ouvir barulho, fazer compras, pagar impostos, adorar os Estados Unidos e
Europa, enfim, chafurdar na mediocridade.
O
mais elementar dos pensamentos leva à conclusão de que foi anulada nos humanos
a capacidade da reflexão, o que os iguala aos irracionais. Pessoas portadoras
do título de doutor tem o mesmíssimo comportamento dos analfabetos com os quais
comungam a religiosidade própria dos mal informados, e a indiferença ante o destino
trágico à espera de seus filhos. São incapazes de perceber que a alegria e os
bons momentos perduram apenas enquanto perdurar o vigor da juventude. São
incapazes de compreender que esse vigor vai se exaurindo a cada tique-taque do
relógio, e que um dia nada mais dele restará. A incapacidade de racionar não
permite a percepção de que a alegria, as brincadeiras, os requebramentos de
quadris serão um dia, tão certo quanto dois e dois são quatro, substituídos por
uma imobilidade que cresce à medida do esbanjamento da vitalidade. Entretanto,
como se essa vitalidade fosse eterna, os brutos seres humanos desperdiçam-na estupidamente
usando drogas e adotando comportamentos dos quais resultam o sucateamento dos
corpos, atitude equivalente à construção da ponte que liga os terreiros das
brincadeiras à UTI para os que podem pagar, e ao choro no corredor do hospital
os que não podem pagar.
O
tempo útil de que dispomos é estupidamente desperdiçado de todas as formas. Nem
só os estúpidos o dilapidam no corre-corre do ajuntamento de dinheiro. Escritores
brilhantes escrevem trilhões de palavras em volumosos livros para dizer coisas que
poderiam ser ditas de modo simples e sem arrodeios. Sobre a inutilidade das
religiões, por exemplo, em lugar de palavreados infinitos e montanhas de livros,
é suficiente observar que os lugares mais infelizes são aqueles onde há mais
religiosidade. Esta verdade foi expressada pelo sociólogo que afirmou haver mais infelicidade nos lugares
onde há maior número de igrejas e farmácias. Com efeito, é nesses lugares onde
se verifica maior número de doenças provenientes da falta de saneamento, e,
consequentemente, a compra desenfreada de remédios até sem indicação médica, o
que faz o paraíso das farmácias. Por outro lado, a falta de leitura faz o
paraíso das igrejas porque só a leitura de bons autores convence da safadeza
das religiões que levam pastores às fortunas e o vaticano aos escândalos bancários.
A inocência dos analfabetos faz a festa das religiões. Nunca se viu um ateu
analfabeto. O conhecimento da verdade não pode ser alcançado sem boas leituras
que mostrem a realidade das religiões através de sua história. A mentira da preferência divina pelos pobres
pode ser verificada no fato visível de estar no sofrimento da pobreza a base de
sustentação da riqueza. Se não houver pobres necessitando de emprego para tocar
as máquinas dos ricos não haveria as monstruosas mega empresas a dominar o
mundo e convencer os pobres de que é bom ser pobre.
A
garantia religiosa de um mundinho de paz em companhia de Deus só perdura até o esgotamento
inevitável da vitalidade e o sofrimento na UTI, destino inevitável desenhado
pelas atribulações da vida moderna tanto na busca infindável por riqueza quanto
pelo consumo de alimentação, água e ar envenenados. A água Schin, por exemplo,
apresenta um Ph melhor do que muitas outras águas engarrafadas, mas produzido
por uma doze de 19,55% de bicarbonato de sódio danoso à saúde do estômago. As
lufadas de fumaça preta saídas dos canos de descarga dos veículos arruinarão os
pulmões dos jovens tão burros que nem sabem disso. O barulho causa danos tantos
que o menor deles é danificar o sistema nervoso a ponto de causar impotência
sexual e ressecamento da pele que provoca envelhecimento precoce. Mas os
idiotas que requebram os quadris não pensam nas consequências disso tudo na
saúde de seus filhos. Entretanto, quem pensa, não precisa de algumas doses de
uísque?
A
crença na existência de um Deus bom e que sabe o que se passa no pensamento de
cada um de nós é desmentida pela realidade: ou Deus não sabe o que se passa na
cuca de cada um, ou Ele não é bom. Se
soubesse, saberia da intenção do monstro de dois pés de tacar gasolina e fogo
na menininha do Maranhão. Se fosse bom, não deixaria acontecer aquela
monstruosidade. Do mesmo modo, a crença de que fazer o bem é bom porque agrada
a Deus é desmentida cotidianamente pelos acontecimentos da vida sem fantasia
como prova o padecimento do garotinho americano de oito anos que salvou seis
pessoas de um incêndio, mas morreu queimado quando voltou para buscar seu avô.
A crença de valer a pena rebolar os quadris no axé e no futebola desaparece
ante a realidade de uma velhice chorosa no corredor do hospital. Para retirar
da sarjeta os que lá se encontram, basta inocular-lhes dignidade em vez de
religiosidade e piedade. Aos que buscam tranquilidade
escondendo-se atrás de uma montanha de dinheiro, lembremos-lhes que um dia
serão achados.
Para
proceder coerentemente não há necessidade de desperdiçar tantas palavras e intelectualidade.
Basta raciocinar sobre o cotidiano da vida. Hoje, no caixa de um supermercado, pelo
hábito de procurar aproximação com os trabalhadores que produzem a riqueza do
mundo e que deveriam ter melhores condições de vida, convidei a funcionária do
caixa e o empacotador do supermercado a tomarem comigo uma dose do uísque de
fina qualidade que lá comprei. A funcionária agradeceu, mas o empacotador, num
gesto de desaprovação à bebida próprio dos religiosos, frisou com orgulho que
não bebia. A certeza de estar aquela pobre criatura em posição superior à minha
é desmentida pelo fato de ter eu um padrão de vida infinitamente superior à
dele. Se lhe fosse mostrada esta verdade, certamente argumentaria que sua vida
boa está a lhe esperar no céu. Enquanto isso, vai empacotando compras e
ajudando os gringos donos do supermercado e do Brasil e do mundo a ficarem cada
vez mais ricos. É esta a finalidade da religião, convencer aos humildes de que
vale a pena ser humilde. Isto está visível na qualidade inferior dos carros
baratos que ostentam os dizeres “Deus mim ama”, “presente de Deus”, e bobagens
que tais.
Se as
crenças que dão origem aos comportamentos correspondessem à realidade, o mundo
não estaria tão ruim e as pessoas cultivariam a amizade e o entendimento em vez
de cultivar a malquerença que produz as guerras. A ninguém é dado o direito de
desconhecer estar tudo errado. As pessoas mais insignificantes e vulgares são
exatamente as mais apreciadas e valorizadas pela sociedade. A vulgaridade se
tornou meritória como mostra esta notícia da imprensa: “Globo dá
passo a frente com beijo lésbico”, esta notícia é ilustrada por uma foto de duas mulheres com a
língua de uma dentro da boca da outra, o que é, na realidade, milhares de passos atrás.
Verdadeiros
monumentos à ignorância são alçados a uma vida faustosa enquanto jovens marcham
numa idiotia neles inoculada para torná-los conformados com uma vida de escravidão
consentida sem perceber que uma velhice doentia e sem onde se tratar os espera porque
os recursos por eles produzidos serão canalizados para as caixas fortes dos
ricos e para as brincadeiras que desviam a atenção dos assuntos onde devia
estar: a administração dos recursos públicos e a atividade da classe
parasitária dos ricos e seus lacaios politiqueiros. A leitura dos livros Brasil
Privatizado, Honoráveis Bandidos, Privataria Tucana e O Chefe, só não mostra à
juventude o motivo pelo qual falta dinheiro para as coisas sérias porque as brincadeiras
funcionam como um imã que atrai a atenção transformando nulidades em
celebridades. As futilidades escondem as falcatruas dos politiqueiros e dos
ricos donos do mundo. Os juros e amortizações que a dívida pública brasileira canalizou
para o bolso dos parasitas em 2011 consumiram 45,05% do orçamento da União,
produto do trabalho dos jovens alienados, enquanto à saúde destinaram-se apenas
4,07%, e à educação apenas 2,99%.
É daí que
provém a ignorância produtora dos sofrimentos, da compra de remédios e da
religiosidade. Inté.
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