As pessoas
que não pensam, e que são a maioria delas, acreditam tratar-se de religiosidade
o fato de que toda maldade praticada algum dia volta contra seu praticante. Quanto
maior o número de pessoas atingidas pela maldade, maior o preço a exigido. Nada
há de mistério nisso. É que a maldade deixa mágoa e esta deixa cicatrizes na
alma onde fica o registro daquele ativo a ser cobrado. É por isso que a
harmonia, em virtude de ser a única forma de se eliminar os rancores dos quais
provém tanta infelicidade, é infinitamente superior para o convívio social do que
a desarmonia que leva um a magoar o outro, e este, por sua vez, magoará de
volta quem lhe magoou, criando um ciclo infindável de infelicidade gerando
infelicidade. Como não temos ainda
condição de viver civilizadamente face à vizinhança espiritual com nossos
antepassados ainda peludos, que apesar de terem menor capacidade de raciocinar
em função de ainda estar o seu cérebro gatinhando na arte de pensar, ainda
assim, nos ensinaram a sábia lição nunca aprendida da necessidade de vivermos
juntos. Sendo imprescindível que vivamos juntos, nesse caso, devemos viver em
paz. Não há explicação para seres que pensam e sabem disso viverem se agredindo
mutuamente.
Por
desconhecer a necessidade da harmonia como condição indispensável à existência
de uma sociedade civilizada é que vive a humanidade a infelicidade de viver dentro
de várias e infindáveis guerras sempre em busca de tomar alguma coisa de
alguém. Embora as pessoas também creditem à religião o caráter das pessoas e as
classifiquem de boas ou más, o comportamento de quem está sempre à espreita de
alguma vantagem como os empreiteiros, os banqueiros, aos quais se juntam todos
os demais parasitas da sociedade, cuja ação é tão perniciosa para o corpo
social da humanidade quanto prejudicial é para o corpo de uma pessoa ter sua
vitalidade sugada por uma sanguessuga. Entretanto, embora seja realmente danoso
o comportamento do parasita social, ele acredita ter a mesma necessidade de
parasitar que tem a sanguessuga cuja vida depende disso. Embora imaginária a
necessidade do parasita social, ele está certo de ser real porque seu cérebro
ainda não se desvinculou do aprendizado dos tempos em que a natureza o obrigava
a orientar nossos primos ainda peludos a matar até seres da mesma espécie na
busca difícil de comida. O peso deste lado bruto ainda supera o lado que a
humanidade conseguiu polir através de um sistema tão falho de educação que os
aprendizes ainda não aprenderam ser tão necessário cuidar da sociedade quanto
da família de cada um porquanto a sociedade é tão importante para a família de
cada um quanto é importante para cada um a sua família. Como estamos longe de
tal compreensão, e pensamos que ainda precisamos viver sacrificando outro vivente
para viver, resulta daí muito choro na televisão.
Depois de
caídos os pelos e mais desenvolvida a capacidade do cérebro, não mais se
justifica ainda se viver tomando a coisas das outras pessoas como fazem os
parasitas sociais, ajuntadores da riqueza produzida pelos trabalhadores de todo
o mundo, eternamente obrigados a servir a todo tipo de senhores. Da submissão de
se entregar a leões famintos para serem devorados, passando pela submissão ao
chicote e à senzala do senhor da casa grande e do rei, até à submissão moderna
aos parasitas sociais dos bancos, dos planos de saúde, das empreiteiras, das
autoridades e da FIFA, sendo esta forma de servidão moderna considerada até lisonjeira
sob o nome pomposo de Liberdade Democrática, forma de administração social tão
incoerente consigo mesma que se baseia nas orientações de uma lei tida como
maior e intitulada Constituição Federal, que deveria ser tão importante para os
administradores públicos quanto importante é a bíblia para o religioso fanático
dada a exuberância de sua promulgação e sua denominação de Lei Máxima e resultado
da inspiração de homens protegidos por Deus, apesar de tudo isso jaz inerte e
desmoralizada porque até as crianças sabem que de nada vale sua afirmação de serem
todos iguais perante a lei. A opressão exercida sobre o povo pelos parasitas
sociais, ainda que compulsivamente exigida pela lembrança dos tempos de
antanho, é também uma maldade porque toda ação parasitária prejudica o
parasitado, também chamado de hospedeiro. Como a maldade tem efeito bumerangue,
nos lugares do mundo onde as maldades já estão voltando contra seus arquitetos,
suas vítimas se insurgem de vários modos sobre seus opressores e pipocar de
bombas vai tornar o mundo num São Joaozão. Até por aqui uma pequena parte da
juventude percebeu estar sendo vítima de maldade por parte das classes
parasitárias, sendo de se lamentar que a maioria absoluta da juventude continua
parasitada e satisfeita em correr alienadamente para os terreiros de futebola e
axé, como muito bem me lembrou o professor Edmilson Movér ao ler um escrito que
escrevi estropiando a gramática chamado TRITUBO À JUVENTUDE, onde manifesto
grande entusiasmo com a ação heróica destes jovens que adiantaram-se aos demais
na percepção do que seja sociabilidade, ou seja, uma mistura de conhecimento
científico e espiritualidade em que se resume a capacidade de viver bem em
grupo, única forma de que dispomos para viver. É extremamente necessário que os
outros jovens se juntem aos que estão lutando pelo futuro dos filhos de todos.
É preciso botar na cabeça ainda vazia que sua qualidade de vida depende totalmente
do resultado da luta em que se empenham bravamente os poucos jovens que
despertaram para o engodo em que se encontram todos vocês e lutam contra ele
combatendo seus enganadores. É extremamente injusto que apenas uns gatos
pingados como afirma o professor Movér se sacrifiquem por milhões de idiotas a
se interessar pelo resultado do exame de urina do jogador de futebola enquanto
quem luta pelo bem-estar de todos sofre e até perde a vida. Temos vivido uma
situação esquisita em que a convicção das pessoas não corresponde à realidade e
é preciso mudar esse negócio mal amanhado. O processo da perfeita comunicação
está capenga porquanto na comunicação, ao receber uma informação, o cérebro de
quem a recebe e examina e manda a resposta ao informante. Não é o que acontece
com nosso povo, tirando fora esses gatos pingados que bravamente estão nas ruas
a impor moralidade no trato social, única maneira de se proteger as crianças de
hoje, o resto da juventude continua alienada. Em conversa com um jovem
universitário, perguntei sobre o comentário entre seus colegas a respeito dos
protestos e recebi a triste notícia de que eles nada comentavam. A indiferença
às inconseqüências em que vivemos mergulhados é a causa dos tormentos
causadores de tanto choro na televisão. De todo lado chove absurdos aos quais o
povo é indiferente. Do mundo da Economia Política ouve-se o absurdo de ser muito
bom produzir muitos carros, quanto mais, melhor. Isto é mentira. Os canos de
descarga estão infelicitando a velhice e as crianças impedindo-as de respirar,
além de tornar difícil e já quase impossível a locomoção dos jovens
trabalhadores, e de encarecer o preço das mercadorias. Também se ouve e acata como coisa boa a coisa
ruim de atender ao chamado do berrante das lojas e comprar bugigangas adoidado.
Isso terá como resultado uma montanha de lixo tão grande de fazer medo. Também
nos informam os mentirosos da economia que só há maravilha no fato de tirar
dinheiro do povo através de um tal de PROER para dar a banqueiros canalhas que
apesar de já não saber o que fazer com tanto dinheiro, ainda assim, compram
estoques de alimento para especular e ganhar mais dinheiro com o aumento de
preço ocasionado pela falta da comida escondida à espera de lucro.
Dos lados
da política ouve-se que as autoridades são tão superiores ao povo que devem
determinar seus salários, o horário de trabalhar e o de folgar, as regalias
complementares que incluem viagens e gastos no exterior, passaportes especiais
inclusive para os apaniguados que levarão vantagem sobre os inferiores sujeitos
às complicações para embarcar. De lambuja, ainda contam as autoridades com cartões
de crédito para fazer compras a serem pagas pelo povo. Como a comunicação não
depende de apenas palavras, a visão de enganadores do povo que chegam pobres a
seus postos e saem ricos deveria dizer a esse povo que ele está sendo roubado.
Os enganadores do povo estão se tremendo com medo de que muitos outros jovens
se juntem àqueles bafejados por uma espiritualidade mais elevada que os
convenceu da necessidade de dar um basta a tanto sofrimento, e ante a
possibilidade de serem expulsos dos seus postos de arquitetar maldades contra o
povo, estão propondo medidas a serem executadas por eles mesmos. Se estes
corajosos jovens não se cuidarem, serão engabelados pela viscosidade dos
politiqueiros e dos ricos seus apaniguados. É preciso que a juventude tome nas
mãos a tarefa de expulsar da cena política os politiqueiros e colocar
estadistas em seu lugar. Os politiqueiros e os ricos construíram seu próprio
mundo independente do mundo do povo e nesse se acastelaram sob o mundo de mil
benesses pagas pelo povo do outro lado da fronteira que separa o mundo daqueles
a quem nada falta do mundo daqueles a quem tudo falta. Mas, como a prosa vai se
fazendo longa e chata, prosearemos e chatearemos depois de esvaziados os sacos.
Inté.