Somos uma
Nação vagabunda e um Estado zero à esquerda de outro zero. O conceito de nação
está ligado à espiritualidade mais do que a qualquer outra coisa. É um
sentimento comum a todos os membros de um grupo considerável de pessoas que
comungam a mesma cultura e que se sentem ligados por laços sentimentais
oriundos principalmente do fato de terem sofrido os mesmos sofrimentos e
regozijado os mesmos regozijos. Isto é o que faz com que as pessoas de todos os
lugares do território sobre o qual se assenta a nação brasileira entendam e
sejam capazes de continuar a cantar a segunda estrofe se eu chegar e cantar a
primeira de, por exemplo, “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar”. Ainda
que não cantar, quem assim ouvir saberá que a continuação é: “Vamos dar a meia
volta, volta e meia vamos dar”. Assim, estando a idéia de nação vinculada à
idéia de sentimento, entende-se a razão pela qual a nação brasileira é uma nação
vagabunda. É que esse sentimento coletivo que caracteriza a noção de nação é
produto da soma do sentimento individual de todos os componentes do povo
daquela nacionalidade. Como o sentimento dos brasileiros é de vagabundos, tão
vagabundos que suas empresas só dão lucro depois de passadas para as mãos de
gringos da bunda branca, e tão vagabundos que vivem a devorteiar no axé e no
futebola enquanto acontecem coisas tenebrosas que comprometem seu bem-estar, em
consequência desta vagabundagem temos a desordem total. Recentemente uma
revista inglesa, o que significa tratar-se da opinião de um povo um milionésimo
de milímetro menos bruto do que o nosso, falou que isso aqui é uma grande esculhambação.
Quem procurou ridicularizar a matéria da revista foi Delfim Neto. Como o povo
só quer saber de requebrar os quartos e orar, não quer saber da farsa de tudo
isso. Seja lá qual for o motivo da revista inglesa, não se pode negar que isto
aqui é realmente uma grande esculhambação. Até cenas de assassinatos são
apresentadas ao vivo dentro das casas. A esculhambação por aqui chega ao ponto
do governo fazer campanha incentivando a prostituição e criar uma bolsa estupro
a ser colocada em algum lugarzinho ainda desocupado no lombo do povo a quem será também imposta a obrigação de criar
os filhos gerados em decorrência de violência sexual. A ironia da defesa do
ex-ministro Delfim Neto é que ele foi um dos responsáveis pela esculhambação,
e, portanto, nenhuma novidade em querer esconder o resultado da politicagem da
qual participou ativamente para nossa infelicidade. Assim, em se tratando de
pessoas que não pensam e que em função disso não raciocinam, o único sentimento
a alimentar a espiritualidade do brasileiro é o de vagabundagem e
sem-vergonhice. Tão baixo é o astral de nossa nação que qualquer bunda branca
esculhamba com ela.
Se do ponto
de vista de Nação estamos afundados na lama, do ponto de vista de Estado
estamos de recibo passado porque o Estado é sinônimo de Poder, poder este
exercido por representantes que o povo nomeia para administrar o dinheiro que
ele, o povo, lhes entrega para as despesas de cuidar de todos. E para bem poder
desempenhar esse papal de cuidar da sociedade o povo delega poder àqueles seus
representantes ao outorgar-lhes autoridade sobre as demais pessoas para exigir
que elas se comportem de modo a não prejudicar o convívio social, chegando o
poder concedido às autoridades até mesmo decidir se uma pessoa deve morrer.
Parece razoável a idéia de ter quem zele por manter a casa arrumada para
aqueles que labutam e providenciam os meios de atender às despesas. Mas, só no
papel. Os seres humanos são ainda muito bestiais para que alguém detenha
qualquer forma de poder sem usá-lo em seu próprio benefício. Isto só pode acontecer entre pessoas
convencidas da necessidade de se viver civilizadamente, o que não acontece
entre seres que se matam entre si, inclusive por ordem do Estado, quando só
entre irracionais se justifica o ato de matar porque a indiferença que muitos
negam haver na natureza assim os condiciona. Entre pessoas não deve haver isso
de haver morte sem ser de doença incurável. Se uma pessoa não tem condição de
viver em meio a outras pessoas, em casos assim é preciso retirá-la do convívio
social até que adquira a compreensão da necessidade de se observar o
comportamento necessário à convivência, ou, no caso de ser impedida por algum
distúrbio de absorver tal aprendizado, neste caso o anti-social deve ser
mantido no retiro, mas tratado com o respeito devido a todo ser humano, o ser
que devia ser superior a todos os outros seres em razão da sua espiritualidade,
a qual, não raro, se mostra inferior ao instinto dos irracionais.
Todos os
Estados do mundo estão administrados por autoridades que se colocam fora da
obrigação de observar o comportamento exigido para a sociedade. Alguns povos,
tão idiotas quanto os demais, mas que acreditam ser civilizados, estes ainda recebem
um pouco mais de atenção das autoridades. Os ainda inferiores na inferioridade
humana, estes coitados vivem ainda mais subjugados pelas autoridades. Entre
nós, por exemplo, as autoridades ainda merecem a mesma veneração merecida pelo deus
que havia na figura do rei quando era rei que governava. Aqui, as autoridades
montaram para elas um verdadeiro paraíso. Para se ter uma idéia da pose das
autoridades sobre o povo, basta pedir ao amigão Google para mostrar um artigo
do Mestre do Jornalismo Mauro Santayana intitulado A CRISE DA RAZÃO POLÍTICA E
A MALDIÇÃO DE BRASÍLIA. Ali as autoridades dão um espetáculo de superioridade
sobre a população. É verdade que o melhor meio de convivência entre seres
brutos é à sombra do cassetete, mas que sua exigência de comportamento social
adequado atinja a todos, sem a odiosa, desumana e injustificável divisão entre
povo com direito apenas a trabalhar e pensar que está vivendo de um lado, e, de
outro lado, autoridades & ricos com direito de apenas desfrutar o resultado
do trabalho do povo. Da mediocridade mental de todos surgiu um sistema em que
as autoridades sejam submissas aos ricos que as colocam nos postos de
autoridade, resultando daí uma situação absurda em que as autoridades mal
suportam o povo em face da convivência contagiante do bem bom do mundo dos
ricos que atrai mais que a luzinha mágica da televisão.
A
superioridade das autoridades está na razão inversa do esclarecimento do povo
sob seu governo. Nosso povo, por exemplo, tido como manada humana atraída pelo
berrante das lojas, nomeia para suas autoridades pessoas tão anti-sociais que
nada fazem senão bajular e ajudar os ricos a ficarem mais ricos, além de também
ficarem ricas elas mesmas. Está aí na imprensa duas fotos portadoras de tal poder
de convencimento que confirmam a afirmação de mais valer um cartaz do que mil
palavras. Numa destas fotos a líder máxima desse povo bailarino de axé e de
futebola aparece numa demonstração de grande apreço pelo escroque e bilionário
Eike Batista, cuja atividade é roubar o povo como é demonstrado pelo vasto
conhecimento do jornalista Hélio Fernandes no seu heróico jornal Tribuna da
Imprensa. Outra prova material do conluio entre autoridade e rico é a denúncia
do jornalista Carlos Newton na Tribuna da Imprensa de que a líder máxima dos
escutadores do berrante das lojas se recusou a receber de volta o roubo
praticado contra as pessoas prejudicadas por ação fraudulenta da Rede Globo em
São Paulo. Ao contrário deste apego aos ricos, na outra foto, a fisionomia da
líder máxima dos requebradores de quadris está com uma fisionomia de desagrado
por estar participando da posse de Joaquim Barbosa, inimigo dos ladrões do povo
roubado de todos os lados como nos dá notícia matéria do jornalista Alex
Ferraz, publicada na Tribuna da Bahia de 12/06/2013, intitulado Corrupção ridiculariza programas oficiais. Pedir
ao amigão Google para dar uma olhada lá dá uma boa idéia de como as autoridades
se sentem totalmente à vontade para usar o lombo do povo como depósito de suas pretensões
escusas na maior das vezes, como trepadas no espaço. Sabe duma coisa? Cala-te
boca e inté.
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