quarta-feira, 26 de junho de 2013

TRIBUTO À JUVENTUDE


Perdão, jovens, por ter escrito um livreto chamado A Inferioridade do Brasileiro, onde os considero imprestáveis para outra coisa que não bailar axé e futebola, além de enfeitar como faziam os índios seus corpos com espetos enfiados da sobrancelha às “partes”. Estas eram as únicas coisas em que vocês se ligavam quando eu disse tal coisa. Ninguém poderia jamais imaginar que vocês fossem capazes de fazer o que estão fazendo! Qual cabeça conceberia a idéia de que aqueles jovens aparentemente abobalhados que aceitavam todo tipo de desmando, que se sentiam à vontade nas filas onde conversavam alegremente sobre futebola, Pelé, Neymar, Ivete Sangalo, Ronaldinho, Daniela Mercury, e tantas nulidades do ponto de vista social viessem a se ligar na sociedade? A diferença entre o que os jovens prometiam e o que estão fazendo é tão positivo para a sociedade quanto negativo foi o que Lula prometia fazer e o que realmente fez. Venho pedir perdão de joelhos à juventude por sua iniciativa heróica e quero agradecer de todo o coração a alegria de ter alcançado em vida a possibilidade de ver acontecer o que sempre desejei: o início dos trabalhos para a construção de um Brasil sem miséria, sem tanto choro e tanta ignorância, um Brasil onde as futuras gerações pudessem ser livres dos perigos que rondam nosso ir e vir, assunto que até agora, embora da maior importância para quem cuida dos filhos,  inteiramente ignorado pelos jovens anteriores a estes que estão nas ruas. Não era sem razão, portanto, o descrédito que eu lhes atribuía.

E o que houve com a juventude? Houve o mesmo que sempre houve e sempre haverá de haver com todos os enganados do mundo. Um dia eles despertam do berço esplêndido onde dormiam o sono dos injustiçados. Todos os povos de todo o mundo vivem enganados porquanto não há necessidade de haver miséria e fome num mundo abarrotado de dinheiro empregado em suntuosidades como edifícios cristalinos que chegam às nuvens, ou em esplendorosos terreiros destinados a brincadeiras, ou em aventuras pelo espaço sideral em vez de cuidar do planeta onde vivemos. Um pouco da realidade de haver as autoridades deixado de lado sua obrigação de cuidar da sociedade começa a bafejar os jovens mais espertos e eles percebem a sujeira em que foi transformado o sistema de administrar os recursos públicos, e embora tenham ficado decepcionados em ser feito de bobos, passaram a exigir educadamente a devida correção de rumo para uma posição de se observar o merecido respeito à sociedade. Era inteiramente impossível imaginar que aqueles supostos idiotas fossem capazes não só de fazer, mas, ainda por cima, fazer melhor do que sempre se fez quando são descobertas as safadezas que dão origem à falta de dinheiro para as coisas básicas. Nestas ocasiões costuma haver morticínio. Nossos jovens, porém, apesar de terem descoberto que estão sendo enganados, tiveram a lucidez da maturidade espiritual de dar um basta aos sofrimentos desnecessários sem causar novos sofrimentos como sempre se fez através da História. A atitude de nossos jovens é uma lição de paz para os demais oprimidos do mundo.

Os que ainda se servem do povo para ajuntar fortunas são pessoas que ainda não perceberam a diferença entre os tempos modernos quando o mundo abriga mais de sete bilhões de seres humanos, e o tempo em que por aqui não havia nem mesmo um terço de toda esta gente e não havia tantos necessitados a espreitar a riqueza acumulada. Continuam os ajuntadores de riqueza a proceder como se procedia no tempo do rei Salomão, que escravizava seu povo em troca de suntuosidade. A juventude a quem tive a burrice de chamar de imprestável se mostra altamente prestável, principalmente por adotar o procedimento altamente positivo de convencer às suas crianças da necessidade de haver necessidade de se cuidar da sociedade e que isso não é feito porque os recursos públicos são desviados em razão do gene de rato que determina o caráter de ladrão do brasileiro. Assim, agora que a juventude resolveu participar da administração da montanha de dinheiro mostrada no Impostômetro, teremos daí que uma fiscalização eficiente fará com que jorre dinheiro das pastas pretas dos frequentadores de corredores de palácios. O entusiasmo despertado pela juventude é a prova mais contundente de que a esperança não morre antes do esperançoso. Estamos diante da possibilidade do surgimento de uma sociedade de jovens que mereçam a nobreza encerrada nas palavras HOMEM e MULHER, e não deixa de ser interessante o fato de eu ter desejado isso no livreto em que os xinguei.

 Não dava mais para seguir este caminho absurdo. Se até os irracionais que vivem em sociedade procedem instintivamente de modo a não prejudicar sua sociedade, então, por que entre seres que raciocinam há tão grande desunião entre as pessoas? A filha de uma autoridade, o Dr. Guilherme Afif Domingues, que felizmente foi salva para felicidade de todos, principalmente para sua família, de um ataque de bandidos que poderiam matá-la. O que felizmente a salvou foi a proteção do carro blindado no qual se encontrava. Gratificante o fato de ter sido um ser humano salvo de uma morte desnecessária e evitável, sobretudo se tratando de uma jovem com muitas coisas ainda por fazer na vida. Entretanto, vai longe da razão uma administração pública que arruma as coisas de modo a que as famílias do povo, aquelas que pagam a proteção para os filhos das autoridades sejam obrigadas a chorar a morte de seus filhos e filhas para os quais não há proteção alguma. Estas coisas evidenciaram a realidade decepcionante do desinteresse das autoridades pelo povo e a juventude não podia deixar de perceber isso porquanto todos os caminhos levam a esta conclusão. Até mesmo a jogatina do Cassino Caixa Econômica Federal deixa ver que o interesse das autoridades pelo povo é o mesmo interesse que tem o dono de cassino pelos seus frequentadores.

O Brasil acordou! Bradam os mesmos jovens que levavam a mão ao peito em sinal de respeito a uma bandeira que só justificava sua presença nos campos de futebola. Uma vez despertos, devem assumir o poder e estabelecer novos valores entre os quais a convicção da necessidade de haver um limite para o ajuntamento de riqueza individual. É causa de desarmonia a posse de bens que chegam a valores infinitamente superiores às reais necessidades de seu dono para viver uma vida magnificamente boa. A busca por riqueza acompanha a humanidade desde sempre, e sempre lhe fez muito mal. Assim, os jovens que assumirem o poder deverão estabelecer que só se pode ser rico a partir do momento em que não mais houver pobreza. No livreto que escrevi e que renego, eu disse que os filhos dos jovens atuais haveriam de se envergonhar de seus pais pela indiferença quanto ao futuro de seus filhos. Quanto engano! Felizmente, que engano maravilhosamente enganador! Os filhos destes jovens iluminados por uma espiritualidade de irmãos para lutar pelo futuro de seus filhos, só haverão eles de lhes dedicar o mais puro reconhecimento por tanta nobreza e firmeza de caráter ao enfrentar os malfeitores que se beneficiam com os recursos produzidos com o trabalho de seus pais. Estes heróis deram início a um sistema mais racional de se administrar a sociedade, cabendo aos seus sucessores a tarefa de aprimorá-lo, o que será possível apenas com fiscalização sobre a aplicação dos recursos produzidos pela população e que deverão visar acima de tudo a educação e saúde sem que se precise pagar mais nada além dos impostos que são pagos. Não faz sentido enriquecer donos de escolas e planos de saúde, verdadeiros parasitas da sociedade. Se todo o dinheiro desembolsado pelo povo para os gastos com educação e saúde fossem efetivamente aplicados em educação e saúde, haveria realmente educação e saúde sobrando para todos. Entretanto, a parte destinada a recompensar os inúteis atravessadores entre o Estado e o usuário do serviço é maior do que o gasto real com o serviço prestado. Se, num passe de masga, os próprios pagadores de impostos fossem seus aplicadores, ou se por outra masga pudessem saber o que acontece com o dinheiro de custear as despesas sociais, certamente discordariam com o enriquecimento de parasitas e a displicência das autoridades em sua omissão criminosa de delegar suas obrigações à ganância de ajuntadores de riqueza, usando para politicagem o tempo de trabalhar pela sociedade. Apenas o dinheiro carreado pelos parasitas planos de saúde é suficiente para não haver choro nos corredores dos hospitais. Se aplicados pelos próprios usuários, os recursos que enriquecem os donos das empresas de transporte seriam suficientes para proporcionar locomoção eficiente a todos.

Ainda bem que ao lado dos impropérios que dirigi aos jovens, eu disse também que a juventude é a máquina que move o mundo. Os últimos acontecimentos comprovam o dito.

 

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