sábado, 22 de junho de 2013

OS QUASE HUMANOS


                O tapa-olho da estupidez do consumismo desenfreado conduzido pelo berrante do mercado mantém a visão da manada humana sempre voltada para as portas das lojas e isso cria absoluta incapacidade de diversificação de pensamento, e, consequentemente, menor ou nenhuma capacidade de raciocinar, o que deixa a humanidade condenada a um eterno mesmismo mecânico que dispensa a necessidade do raciocínio. Os três setores mais importantes para a vida social, EDUCAÇÃO em primeiro lugar, porque havendo educação muitos dos outros problemas estariam resolvidos, o que diminuiria bastante o trabalho dos outros dois setores que são SAÚDE e JUSTIÇA. Sem estas instituições em funcionamento satisfatório nenhum grupo pode se constituir numa sociedade tranquila. Entretanto, de tanto ouvir falar de saúde e justiça as pessoas acreditam que elas existem e que funcionam. Quem conseguiu burlar o tapa-olho e enxerga o que a absolutíssima maioria dos seres humanos não enxerga, como nos ensinam os Grandes Mestres do Saber, conhece a realidade da inexistência de educação, saúde e justiça. A começar pela estrela-guia de uma sociedade agradável, a educação, inexiste totalmente em toda a humanidade, mormente para os moradores das bandas de cá. Uma pessoa educada é alguém preparado para viver numa sociedade pacífica e por isso mesmo fica deslocada no meio dos beligerantes seres humanos. Em nenhum lugar do mundo a educação ensina que a parte mais nobre do ser humano, a espiritual, não pode ser encontrada em outro lugar senão em si mesmo. Ao contrário, ensina que a espiritualidade está no céu ou no inferno. O sistema educacional no Brasil nem mesmo o objetivo de preparar técnicos em juntar dinheiro consegue alcançar em vista de estar o governo despudoradamente sendo obrigado a contratar seis mil técnicos estrangeiros por absoluta incapacidade dos nacionais.

No que diz respeito à JUSTIÇA, a educação que não ensina espiritualidade, irmandade, companheirismo e respeito ao próximo, ensina desprezo a tudo isso e enaltece um individualismo egoísta e sem caráter, ambiente no qual não se pode falar em justiça, como nos mostra uma das muitas aberrações que ornamentam esta democracia de mercado dos ricos e seus representantes politiqueiros sempre com o berrante soando para atrair a manada humana que obedientemente acha legal construir estádios com o dinheiro de lhe diminuir o choro e a espera no corredor do hospital quando a inevitável necessidade chegar. O hábito de não pensar é a causa de todos os males que afligem o povo. Os recursos de lhes atender as necessidades são desbaratados de todas as formas Abre-se um jornal, e pronto! Lá está alguma malandragem. Esta que vejo no momento conta a seguinte história: Um riquíssimo escritório de advocacia de um advogado tipo chapa branca do Rio de Janeiro, o que quer dizer ser bom de conchavos, chamado Sergio Bermudes, amigo íntimo do ministro Luis Fux do Supremo Tribunal Federal. Óia o desenlace da tramóia: o rico e influente advogado é também patrão de uma filha do seu amigão ministro Luis Fux. Esta advogada é postulante ao cargo de desembargadora e a nomeação é feita pelo corrupto governador do Rio que também participaria da festança em homenagem do ministro. Magina só se havia possibilidade de não ser a filha do ministro nomeada pelo governador festeiro apanhado numa festança em Paris com o lenço na cabeça. Desta transação resultaria uma desembargadora sem necessidade de provar habilidade para o cargo, excluindo possivelmente outra pessoa talvez mais preparada e mais necessitada do emprego, resultaria ainda numa dívida do ministro para com o patrono da festa que nomeou sua filha, e ainda de lambuja um débito também com o governador festeiro a ser saldado pelo povo uma vez que o patrono da festança também é patrocinador de causas milionárias que vão ser submetidas à apreciação do ministro moralmente de rabo preso e que teria de dar nó em cobra para entortar a verdade sobre uma decisão num processo do interesse de seu bem-feitor. Como falar em justiça?

Quanto a saúde, é suficiente dar uma espiada nos corredores do hospital e a quantidade de jovens cancerosos e com outras doenças que só vitimavam pessoas adultas como problemas circulatórios. A monstruosidade dos administradores algozes dos administrados transformou o sofrimento dos pobres em fonte de riqueza para os parasitas da sociedade através dos famigerados planos de saúde. É preciso ser cego em todos os sentidos para não perceber ser a hora de procurar outro rumo por onde seguir. Não faltam pessoas com capacidade para escolhê-lo. Falta apenas a convicção da necessidade de fazê-lo, necessidade flagrante, mas que está fora do campo de visão permitido pelo tapa-olho que veda a visão de outros caminhos. Vivemos todos mergulhados numa grande rede de intrigas e calhordices de todos os tipos que precisam ser retiradas da cultura humana, feito realizável tão somente através de uma verdadeira educação que ensinasse às crianças coisas diferentes das que lhes são ensinadas. Só há desatinos na sociedade humana. Num dos países onde o povo alcançou o mais elevado nível educacional deste tipo de educação que educa a humanidade, a Inglaterra, seu povo ignora os pobres do mundo e presta atenção num programa de televisão onde uma mulher fica nua e dois homens analisam e comentam o aspecto físico do seu corpo. Não há outra explicação senão bestialidade e desinteresse por assuntos sérios porquanto o corpo de uma mulher nua deve ser utilizado para coisa bem diferente, agradável e salutar do que ser explicado. Se o suprassumo da civilização é capaz de tamanha imbecilidade, dá tristeza pensar na situação de uma sociedade formada de requebradores de quadris onde um ex-ministro da justiça passa de defensor do povo para defensor da quadrilha que assaltou esse povo para ficar com uma parte do roubo, e tal absurdo ser encarado com naturalidade. O crime praticado por quem tem o dever de coibi-lo é mais grave ainda. Comportamento assim vem do sistema de educação que põe o dinheiro acima da moral. Uma pessoa que aceita dividir o roubo do dinheiro público, aquele dinheiro de salvar a menininha que ficou oito dias no hospital com uma bala em seu corpinho e morreu por falta dele, é uma pessoa inteiramente deseducada para outro tipo de vida social que não a sociedade de Chás Beneficentes onde rescende aroma de perfumes finos entre plumas e mesuras.

Não se admite que o ser humano seja capaz de aprender tão pouco a ponto de haver necessidade de limitar sua atuação a apenas um ponto entre os muitos que sua atividade abrange. Fiz uma consulta a um escritório de advocacia de Salvador e recebi resposta de não serem os advogados competentes para responder a consulta por se tratar de vários assuntos. Três, na verdade. Não está bem em termos de justiça uma educação que faz advogados de belos escritórios, mas incompetentes para esclarecer ao leigo qualquer dúvida sobre determinado comportamento frente às leis. Se o técnico do direito lida com as leis não se explica que não tenha conhecimento do que a lei estabelece em relação a questões sobre regras de convivência. Portanto, também pelo lado da educação, estamos de recibo passado.

No setor de SAÚDE, então, o descalabro é proposital. A exigência de dinheiro para se ter acesso aos serviços dos profissionais da saúde tem por objetivo a morte dos pobres para não causar transtorno aos ricos. Os bailarinos de axé e de futebola, tanto quanto os leitores de bíblia, não sabem disso, se fossem menos estúpidos e quisessem cuidar de proteger a pele da prole deveriam aprender a ler e depois ler um livrinho chamado O Horror Econômico, da escritora de renome internacional Viviane Forrester, pela Editora UNESP. Lá, perceberão a monstruosidade do individualismo da sociedade em que vivemos e o destino dos filhos que dizem amar. A autora afirma a intenção dos ricos de eliminar do mundo os pobres excedentes ao número necessário para tocar suas máquinas. Enquanto isso, os pais que dizem amar seus filhos estão a requebrar os quadris, indiferentes ao futuro deles. Inté.

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário